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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sábado, 24 de abril de 2021

Cine Especial: Oscar 2021: 'Meu Pai' e 'Minari'

Sinopse: Anthony tem 81 anos de idade. Ele mora sozinho em seu apartamento em Londres, e recusa todos os cuidadores que sua filha, Anne, tenta impor a ele. 

O subgênero suspense psicológico transita entre o horror e o drama, já que neste último caso o horror se encontra através de uma mente que, por vezes, se encontra fragmentada. Filmes como, por exemplo, o clássico "A Repulsa do Sexo" (1965), ou recentes como "Cisne Negro" (2009), são exemplos de filmes que sintetizam o fato de que o nosso pior horror vem de nossas próprias mentes que tentam enganar a nós todo momento. "Meu Pai" (2021) é um drama caprichado, mas que se envereda em alguns momentos para o suspense, pois quase nunca temos uma exata certeza do que realmente está acontecendo na tela.

Dirigido por Florian Zeller, o filme conta a história de um homem idoso que se recusa toda a ajuda de sua filha à medida que envelhece. Ela está se mudando para Paris e precisa garantir os cuidados dele enquanto estiver fora, buscando encontrar alguém para cuidar do pai. Ao tentar entender suas mudanças, ele começa a duvidar de seus entes queridos, de sua própria mente e até mesmo da estrutura da realidade.

Baseado em uma peça teatral, o filme se limita somente no cenário em que os protagonistas se encontram, ou seja, em um determinado apartamento em Londres. Porém, na medida em que o filme avança, nunca sabemos ao certo se é o mesmo apartamento, já que aos poucos percebemos que estamos enxergando os eventos através da perspectiva de Anthony e fazendo a gente ficar na dúvida sobre o que realmente está acontecendo. O protagonista sofre de mal de alzheimer e cuja sua doença se torna um verdadeiro pesadelo para o próprio a cada dia.

Florian Zeller capricha em uma edição quase frenética, já que a sua câmera vai passeando em vários cômodos do cenário na medida em que o protagonista vai andando no local e se deparando com situações que, por vezes, o abalam. Personagens entram e saem na medida em que o protagonista vai caminhando pelo local, mas fazendo com que nós jamais tenhamos certeza sobre as reais identidades deles, pois em alguns casos eles representam lembranças que ele tenta manter em sua mente em declínio. São situações em que sentimos tristeza e aflição ao mesmo tempo, pois é uma situação verossímil e que muitos de nós viveram ou viverão ao longo dos anos.

Anthony Hopkins, novamente, nos entrega um dos grandes trabalhos de sua carreira, pois seu Anthony é uma pessoa pretensiosa pelo que ele foi no passado, mas não conseguindo esconder o problema que carrega ao longo do percurso. No decorrer da trama, o seu personagem luta para tentar montar as peças de um quebra cabeça, mas cuja as peças quase sempre nunca se encaixam, já que a sua mente nunca permite isso. Um trabalho intenso e merecedor de todo o reconhecimento.

Porém, Olivia Colman, vencedora do Oscar de melhor atriz pelo filme "A Favorita" (2019), não fica muita atrás na questão de atuação, já que ela interpreta uma personagem que carrega um pesado fardo de cuidar de um pai que, aos poucos, vai se perdendo entre explosões e enfraquecimento mental. Em determinados momentos, por exemplo, nunca sabemos ao certo sobre suas reais escolhas sobre o destino que ela irá traçar para ele, já que somente testemunhamos os acontecimentos pela perspectiva dele. Por conta disso, quando achamos que iremos julgá-la mal pelos seus atos, eis que o filme revela uma pessoa que tenta fazer o melhor pelo seu ente querido, mesmo quando alguns próximos a ela lhe dizem para agir ao contrário.

Quando se chega no ato final, observamos as reais peças desse tabuleiro, ao ponto que testemunhamos um Anthony não somente encarando o fato de estar doente, como também de saber que negou para si uma triste realidade que o próprio achava insustentável. É preciso ter coração de pedra para não se derramar nenhuma lágrima, já que Anthony é uma representação de muitos pais que chegam em uma idade cujo os cuidados não são muito diferentes de cuidarmos de um bebê recém-nascido, mas que sintetiza o círculo da vida como um todo. Indicado a seis prêmios para o Oscar deste ano, "Meu Pai" é sobre laços familiares que lutam contra um mal invisível, mas que se torna um fardo ao percebemos que isso é algo inevitável.

Onde Assistir: Locação e venda pelo Youtube e Now. 


 ‘Minari’  

Sinopse: David é um menino coreano-americano de sete anos de idade, que se depara com um novo ambiente e um modo de vida diferente quando seu pai, Jacob, muda sua família da costa oeste para a zona rural do Arkansas. 

Se atualmente os EUA ainda vende a sua propaganda que se diz ser a terra das oportunidades, por outro lado, os últimos acontecimentos do mundo revelaram que o problema é mais embaixo e revelando um país que mais criminaliza os estrangeiros do que acolher eles como um todo. O cinema, por sua vez, tem revelado nas telas nos últimos anos cada vez mais uma terra norte americana conservadora, da qual ainda abre os braços para o estrangeiro, mas não prometendo futuros frutos. "Minari" (2020) fala de uma família tradicional coreana, que vai aos EUA em busca do sonho americano, mas para alcançá-lo é preciso passar por certos pesadelos.

Dirigido por Lee Isaac Chung, a trama se passa nos anos 80. David (Alan S. Kim), um menino coreano-americano de sete anos de idade, que se depara com um novo ambiente e um modo de vida diferente quando seu pai, Jacob (Steven Yeun), muda sua família da costa oeste para a zona rural do Arkansas. Entediado com a nova rotina, David só começa a se adaptar com a chegada de sua avó. Enquanto isso, Jacob, decidido a criar uma fazenda em solo inexplorado, arrisca suas finanças, seu casamento e a estabilidade da família.

Do primeiro ao segundo ato da trama há uma construção com relação ao cenário em que irá se passar toda a trama, onde os personagens buscam se encaixar naquela nova realidade, mesmo no contragosto de alguns deles. Uma vez estabelecido se começa então a luta pela busca do sonho norte americano, mas para isso é preciso de certo empenho e sacrifícios. Ao mesmo tempo parece que há uma preocupação na família de se interagir com os demais norte-americanos do local e aí que surge uma curiosa mistura entre as duas culturas, mas que há muito em comum entre ambas do que se imagina.

Há, por exemplo, a influência da igreja entre os dois lados sendo que o lado norte americano é mais representativo pelo curioso personagem Paul, interpretado pelo ator Will Pattom. Por ele, se observa uma sociedade norte americana alimentada pela fé, mesma que por vezes cega, mas que ao menos a mantem ainda vida. Ao vermos ele carregando uma cruz em determinado momento da trama, constatamos ali uma sociedade movida pelo que acredita, mesmo pagando um alto preço ao longo da vida.

Mas, ao meu ver, o coração do filme se concentra no desenvolvimento familiar, principalmente na relação entre o neto e sua avó, interpretada pela ótima atriz veterana Yuh Jung Youn e vista regularmente nas obras do cineasta Hong Sang-Soo. Ali se há uma relação que não se encaixa muito bem no princípio, mas que logo ganha contornos interessantes e revelando cada vez mais as suas personalidades complexas e a maneira como ambos enxergam as situações em que eles vivem em uma terra estranha. A relação entre os dois é tão boa que acabamos até mesmo se esquecendo do conflito entre o marido e a esposa, muito embora eles não deixam de serem importantes ao longo da trama.

O ato final se encaminha em situações em que fortes emoções enlaçam os protagonistas e os apertam de tal forma que não há mais escapatória. Ao mesmo tempo, o roteirista se preocupa em logo em seguida em solucionar tudo e deixando a estranha sensação de que algo ficou faltando para se ter chegado a esse ponto seguro. Talvez seja uma forma de nos passar uma harmonia entre ambos os povos, mas que acaba meio se tornando artificial no último minuto.

De qualquer forma, "Minari" é um ótimo filme sobre a questão dos imigrantes em território norte americano, onde se vê, não exatamente uma terra das oportunidades, mas talvez um novo e árduo começo de um novo ciclo.

NOTA: Em cartaz nos cinemas.  

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quarta-feira, 21 de abril de 2021

Cine Especial: Oscar 2021: 'Estados Unidos Vs Billie Holiday' e 'Rosa e Momo'

Sinopse: Billie Holiday é investigada pela Agência Americana de Narcóticos no auge do seu sucesso. 

Está fácil adivinhar o começo, meio e fim de determinadas cinebiografias de cantores famosos, pois as fórmulas são quase sempre as mesmas. Conhecemos a origem do cantor(a), testemunhamos o seu auge, vícios decadência para então, enfim, a sua redenção. Por melhor que fosse, por exemplo, "Bohemian Rhapsody" (2018) eu já sabia como iria terminar, mas não pelo fato de conhecer a carreira do cantor ou da banda em si, mas sim por já conhecer as velhas fórmulas que os roteiristas usam para a elaboração desse tipo de produção.

Mas isso não significa que defeito, mas sim uma forma mágica do cinema de nos identificarmos com esses artistas, pois por mais que sejam talentosos, eles no final das contas não deixam de serem seres humanos. Por outro lado, se torna interessante quando embarcamos sobre a vida de um artista sem ao menos saber muito sobre ela. "Estados Unidos Vs Holiday" (2021) embarquei sem muito saber sobre a cantora Billie Holiday e me surpreendi.

Dirigido por Lee Daniels, do filme "O Mordomo da Casa Branca" (2013), o filme retrata sobre a famosa cantora de jazz Holiday, interpretada pela cantora e agora atriz  Andra Day durante o auge de sua carreira. No entanto, ela se torna alvo do Departamento Federal de Narcóticos com uma operação secreta liderada pelo Agente Federal Jimmy Fletcher (Trevante Rhodes), com quem ela teve um caso tumultuado no passado.

Como eu disse acima, pouco sabia sobre a cantora, muito embora tenha ouvido a música dela algumas vezes na vida. Ao embarcar na trama, testemunho uma entidade poderosa que foi esse talento, da qual usou a sua voz para fazer um forte protesto contra o racismo norte americano e do qual, infelizmente, ainda existe até hoje. Isso foi o suficiente para ser perseguida pelas autoridades, mas jamais abaixando a cabeça.

A minha surpresa principalmente fica por conta da interpretação assombrosa de  Andra Day ao dar corpo e alma para Billie Holiday, pois visualmente ela está idêntica a falecida cantora. Day transmite para nós toda a dor e fúria contida da cantora, pois já nos primeiros minutos constatamos que ela é uma de inúmeras pessoas negras vítimas de um racismo insano, mas que lutou para ser ouvida mesmo lhe custando um alto preço. Embora as chances sejam pequenas, não me surpreenderia se caso atriz ganhasse o Oscar pelo seu trabalho, pois é sem dúvida inesquecível.

tecnicamente o filme possui uma incrível reconstituição de época, onde a fotografia oscila em tons de cores de uma época mais dourada, mas que não esconde também cores pálidas que sintetiza a dura a realidade certas pessoas. Assim como o recente "Judas e o Messias Negro" (2021) o filme escancara a covarde perseguição do governo contra determinados talentos, seja pela sua mensagem, ou puramente por inveja e preconceito latente. Porém, em sua reta final, percebe que todas essas pessoas poderosas foram esquecidas pelo teste do tempo, enquanto talentos como Billie Holiday continuam vivos por anos a fio.

Indicado ao prêmio de melhor atriz no Oscar 2021, "Estados Unidos Vs Billie Holiday" é sobre a força de vontade de uma única pessoa, mas que se equivale perante à de muitas.  

Nota: Previsão de estreia nos cinemas brasileiros em Maio.   


 'Rosa e Momo'

Sinopse: Baseado no livro “A Vida Pela Frente” de Romain Gary, a trama acompanha Momo (Gueye), um adolescente órfão senegalês, que leva a vida fazendo pequenos furtos e traficando drogas. Em uma dessas situações, ele conhece Rosa (Loren), uma ex-prostituta que cuida dos filhos de suas ex-colegas de profissão.

Grandes guerras acabaram, mas a guerra particular de cada um permanece como um todo. Se por um lado há pessoas que sobrevivem mesmo carregando as cicatrizes vindas do passado, do outro, há também aquelas que enfrentam os obstáculos corriqueiros do dia a dia, mas que podem se tornar uma grande armadilha. "Rosa e Momo" (2019) é um filme que fala sobre duas pessoas distintas uma da outra, mas cuja as mesmas, com suas guerras particulares, as unem para sobrevirem ao longo do percurso.

Dirigido por Edoardo Ponti, o filme a história de uma sobrevivente do holocausto chamada Madame Rosa (Sophia Loren), que responsável por cuidar de uma creche, decide acolher uma criança de 12 anos chamado Momo (Ibrahima Gueye) que a assaltou recentemente. A partir dessa união se tem uma relação incomum.

Com um prólogo que nos faz a gente se perguntar o que está acontecendo, Edoardo Ponti procura antes de tudo em nos apresentar o cenário principal, uma cidade da Italiana bonita com cores quentes, mas não escondendo resquícios de um país que ainda carrega as suas feridas devido a Segunda Guerra. Em um determinado cenário, por exemplo, do qual se encontra escondido em um prédio, se vê ali uma pequena homenagem que o realizador faz aos tempos do Neorrealismo italiano e cujo movimento retratava uma Itália se reestruturando em meio aos escombros. Por conta disso, é mais do que natural a presença de Sophia Loren na tela.

Afastada há uma década do cinema, Sophia retorna com estilo e força na construção de uma personagem complexa, mas cuja as suas cicatrizes vistas em seu olhar, além de uma determinada tatuagem com números em seu braço, nos dá uma dimensão do que ela havia sofrido. Ao acolher crianças abandonadas de suas mães, a sua personagem Rosa procura fazer o mesmo o que haviam feito por ela no passado, mas não escondendo cansaço perante uma realidade de mudanças constantes.

Através de Momo ela enxerga uma forma de se sentir útil, mesmo quando o garoto não deseja ser acolhido. Aliás, Momo não é muito diferente da explosiva  Benni do filme alemão "Transtorno Explosivo" (2020), já que ambos são jovens abandonados pela sociedade e não conseguindo o espaço que realmente mereciam. Porém, Momo desce a guarda para os adultos que tentam ajuda-lo, mesmo quando o mesmo retribui com insultos, pois é a única forma dele expressar os seus sentimentos.

Curiosamente, Edoardo Ponti procura não julgar os seus personagens que surgem na tela, mas sim retratá-las como pessoas comuns que sobrevivem com o pouco que tem, mas felizes com o que pode compartilhar. Neste último caso temos Lola (Abril Zamora), personagem secundária, mas que rouba a cena toda vez que surge na tela. Não sabemos, por exemplo, no que ela trabalha para sobreviver, mas basta ela fazer companhia para Rosa para desejarmos que ela continue na história e se tornando peça fundamental para haver um equilíbrio entre a sua amiga e Momo.

Com um final previsível, mas do qual já estávamos esperando, "Rosa e Momo" fala sobre amizades de pessoas diferentes uma da outra, mas cuja essa distinção é o que as atraem e nascendo assim laços fortes perante as adversidades. 

Onde Assistir: Netflix.

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sexta-feira, 16 de abril de 2021

Cine Especial: Oscar 2021: 'Dois Estranhos'

Sinopse: Cartunista Carter James (Joey Bada$$) está tentando voltar para casa para encontrar seu cachorro depois de um bem-sucedido primeiro encontro, porém acaba sendo vítima de um policial racista e é baleado.   

O recurso narrativo do loop temporal já foi usado diversas vezes no cinema. Se isso começou de forma magistral no clássico "Feitiço no Tempo" (1993) ele se estendeu ainda mais na ficção como no ótimo "No Limite do Amanhã" (2014) e no terror pastelão "A Morte te dá os Parabéns" (2017). Já o curta "Dois Estranhos" (2021) procura não só expandir essa teoria criativa sobre esse tipo de viagem no tempo, como também fazer uma reflexão sobre os tempos de intolerância que estamos vivendo.

Dirigido por Travon Free o curta conta a história do cartunista Carter James (Joey Bada$$), que está tentando voltar para casa para encontrar seu cachorro depois de um bem-sucedido primeiro encontro. Contudo, acaba sendo vítima de um policial racista e é baleado. Para sua surpresa, ao invés de morrer, ele acaba revivendo o dia inteiro novamente e tentando de todos os modos rever o seu cachorro.

Fui assistir a esse curta sem nenhum conhecimento e me surpreendeu bastante. Pelo título você acredita que a trama se trata sobre da relação do protagonista com a jovem que ele passou a noite. Porém, no momento em que ele é morto pela primeira vez pelo policial racista, imediatamente o tom do filme muda e logo me veio a triste lembrança do infeliz caso racista contra George Floyd nos EUA.

Com uma ótima edição de cenas, o filme é dinâmico em sua abordagem, ao fazer você refletir sobre os tempos atuais, como também nos entreter na situação em que o personagem se encontra e fazendo a gente se perguntar se ele sairá dessa. Curiosamente, ele tenta nas mais diversas formas em sobreviver, até mesmo ao tentar dialogar com o policial insano que sempre está a sua espera na frente do prédio.

Na reta final, o filme transita entre a previsibilidade para um momento de grande surpresa, porém verossímil, pois infelizmente é muito difícil vencer na luta contra o preconceito. A mensagem final é para não desistirmos, mesmo quando tudo parece perdido. Destaco a ótima atuação de Joey Bada$$, visto em séries como "Mr. Robot" (2015 - 2019) e aqui ganhando o seu merecido destaque.

Indicado ao prêmio de melhor Curta Metragem no Oscar desse ano, "Dois Estranhos" se alinha entre a ficção e a realidade para refletirmos sobre os diversos crimes racistas orquestrados recentemente e para desejarmos um basta nisso imediatamente. 

Onde Assistir: Netflix.  

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terça-feira, 13 de abril de 2021

Cine Especial: Oscar 2021: 'White Eye'

Sinopse: Nas ruas de Israel, um homem encontra sua bicicleta que havia sido roubada, descobrindo que agora ela pertence a um imigrante. 

O clássico "Ladrões de Bicicletas" (1948) retratava um homem e seu filho em busca de sua bicicleta roubada e sendo que o veículo era o único meio de trabalho que sustentava a sua família. O filme é um retrato de uma Itália ainda abatida após a Segunda Guerra Mundial e que sintetiza o desespero de um povo em busca de sobrevivência através do pouco que tinha em mãos. Assim como o clássico Italiano, o curta israelense “White Eye”(2021) gira também em torno de uma bicicleta, mas cujo os desdobramentos da trama fazem a gente repensar o quanto estamos perdendo a nossa própria humanidade nos dias de hoje.

Com direção assinada por Tomer Shushan, “White Eye” foi um dos vencedores da seção de curtas no último SXSW. A premissa é simples: um homem perde sua bicicleta e a descobre em posse de outra pessoa, o que a leva a acreditar que o veículo foi roubado. Porém, reaver a bicicleta irá desencadear eventos irreversíveis.

Embora com meros vinte minutos o diretor Tomer Shushan surpreende pela sua segurança com uso da câmera, já que a trama é toda construída sem nenhum corte, ou seja, em plano-sequência bem criativo e que não deve em nada a longas recentes como no caso de "1917" (2020). É curioso, por exemplo, alguns detalhes que são vistos ao fundo do cenário principal, desde um grupo de amigos conversando, como também uma prostituta da qual achamos por um momento que irá participar da história. São elementos que nos chama atenção, mas que não interferem na trama principal, pois esses personagens secundários podem ser unicamente uma representação do mundo seguindo em frente enquanto os eventos que giram em torno da bicicleta acontecem.

A trama, diga-se de passagem, é uma síntese do mundo contemporâneo atual, cada vez mais preso ao sistema cheio de regras com relação aos imigrantes e revelando o lado desumano de cada um dos seus países. O protagonista, por sua vez, percebe logo em seguida que está perdendo a sua dignidade unicamente por querer reaver a sua bicicleta, mas é através do possível infrator que ele irá descobrir um outro mundo que estava por detrás das cortinas. Ao final, a bicicleta se torna um mero objeto obsoleto, enquanto vidas tentam sobreviver a todo custo, mesmo que na surdina e distante dos olhares da justiça hipócrita, burocrática e corrupta.

Indicado ao prêmio de melhor Curta Metragem no próximo Oscar, "White Eye" fala sobre egoísmo e a falta de amparo pelo próximo em tempos nebulosos.  


Nota: Curta visto online na 30ª edição do Festival Curta Cinema, em março de 2021. 

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quarta-feira, 17 de março de 2021

Cine Curiosidade: Indicados ao Oscar 2021

"Mank"

"Mank" concorre em dez categorias mas "Nomadland" dispara como favorito,  podendo dar o Oscar de melhor direção a Chloé Zhao e se tornando  a segunda mulher na história a ganhar um Oscar na categoria. A minha surpresa ficou por conta da indicação de melhor atriz coadjuvante para  Maria Bakalova por "Borat 2", porém, é mais do que merecido, pois não é todo dia que alguém engana em cheio o advogado de Donald Trump. "Soul" é disparado o favorito a melhor longa de animação e podendo ganhar também um merecido prêmio de melhor trilha sonora. 

Confira a lista completa dos indicados: 


MELHOR FILME

Meu Pai

Judas e o Messias Negro

Mank

Minari

Nomadland

Bela Vingança

O Som do Silêncio

Os 7 de Chicago


MELHOR ATOR

Riz Ahmed - O Som do Silêncio

Chadwick Boseman - A Voz Suprema do Blues

Anthony Hopkins - Meu Pai

Gary Oldman - Mank

Steven Yeun - Minari


MELHOR ATRIZ

Viola Davis - A Voz Suprema do Blues

Andra Day - The United States vs. Billie Holiday

Vanessa Kirby - Pieces of a Woman

Frances McDormand - Nomadland

Carey Mulligan - Bela Vingança


MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Maria Bakalova - Borat 2

Glenn Close - Era uma Vez um Sonho

Olivia Colman - Meu Pai

Amanda Seyfried - Mank

Yuh-Jung Youn - Minari


MELHOR ATOR COADJUVANTE

Sacha Baron Cohen - Os 7 de Chicago

Daniel Kaluuya - Judas e o Messias Negro

Leslie Odom Jr. - Uma Noite em Miami

Paul Raci - O Som do Silêncio

Lakeith Stanfield - Judas e o Messias Negro


MELHOR FOTOGRAFIA

Judas e o Messias Negro

Mank

Relatos do Mundo

Nomadland

Os 7 de Chicago


MELHOR FIGURINO

Emma

A Voz Suprema do Blues

Mank

Mulan

Pinóquio


MELHOR DIREÇÃO

Thomas Vinterberg - Another Round

David Fincher - Mank

Lee Isaac Chung - Minari

Chloé Zhao- Nomadland

Emerald Fennell - Bela Vingança


MELHOR DOCUMENTÁRIO

Collective

Crip Camp

The Mole Agent

Professor Polvo

Time


MELHOR DOCUMENTÁRIO DE CURTA-METRAGEM

Collete

A Concerto is a Conversation

Do Not Split

Hunger Ward

A Love Song for Latasha


MELHOR MONTAGEM

Meu Pai

Nomadland

Bela Vingança

O Som do Silêncio

Os 7 de Chicago


MELHOR FILME INTERNACIONAL

Another Round (Dinamarca)

Better Days (Hong Kong)

Collective (Romênia)

The Man Who Sold His Skin (Tunísia)

Quo Vadis, Aida? (Bósnia)


MELHOR ANIMAÇÃO

Onward

Over the Moon

Shaun, o Carneiro, o Filme: A Fazenda Contra-Ataca

Soul

Wolfwalkers


MELHOR CABELO E MAQUIAGEM

Emma

Era uma Vez um Sonho

A Voz Suprema do Blues

Mank

Pinóquio


MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL

Terence Blanchard - Destacamento Blood

Trent Reznor e Atticus Ross - Mank

Emile Mosseri - Minari

James Newton Howard - Relatos do Mundo

Trent Reznor, Atticus Ross e Jon Batiste - Soul


MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

“Fight for You” - Judas e o Messias Negro

“Hear my Voice” - Os 7 de Chicago

“Husavik” - Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars

“Io Sí” - Rosa e Momo

“Speak Now” - Uma Noite em Miami


MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO

Meu Pai

A Voz Suprema do Blues

Mank

Relatos do Mundo

Tenet


MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO

Burrow

Genius Loci

If Anything Happens I Love You

Opera

Yes-People


MELHOR CURTA-METRAGEM

Feeling Through

The Letter Room

The Present

Two Distant Strangers

White Eye


MELHOR SOM

Greyound

Mank

Relatos do Mundo

Soul

O Som do Silêncio


MELHORES EFEITOS VISUAIS

Love and Monsters

O Céu da Meia-Noite

Mulan

O Grande Ivan

Tenet


MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Borat 2

Meu Pai

Nomadland

Uma Noite em Miami

O Tigre Branco


MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Judas e o Messias Negro

Minari

Bela Vingança

Som do Silêncio

Os 7 de Chicago

 

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