Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
Me acompanhem no meu:
Twitter: @cinemaanosluz
Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com
Sinopse: Um cão leal se muda para uma casa rural com seu dono, Todd, apenas para descobrir forças sobrenaturais à espreita nas sombras. Enquanto entidades sombrias ameaçam seu companheiro humano, o corajoso cãozinho precisa lutar para proteger aquele que ele mais ama.
SPRINGSTEEN: SALVE-ME DO DESCONHECIDO
Sinopse: Bruce Springsteen dá uma guinada na carreira ao preparar seu sexto álbum, Nebraska, uma criação reveladora e diferente de tudo que havia lançado até então.
ENTERRE SEUS MORTOS
Sinopse: Na pequena cidade de Abalurdes, Edgar Wilson trabalha como recolhedor de animais mortos nas estradas para mantê-las funcionando. Junto dele estão o colega de profissão Tomás, um ex-padre excomungado que distribui a extrema-unção aos seres moribundos que cruzam seu caminho, e sua chefe Nete — com quem Edgar tem um relacionamento incipiente e um desejo de fugir dali.
TERROR EM SHELBY OAKS
Sinopse: Uma mulher procura pela irmã que perdeu há anos e percebe que o demônio imaginário da sua infância pode ter existido de verdade.
Dia 30 de outubro estreia no CineBancários o filme O FILHO DE MIL HOMENS, adaptação do romance best-seller de Valter Hugo Mãe, junto de NOVEMBRO, baseado em um dos acontecimentos mais trágicos e complexos na história da Colômbia, a tomada do Palácio da Justiça pelo grupo de guerrilheiros M-19 em 1985.
A sala recebe ainda mais uma sessão de pré-estreia de O AGENTE SECRETO, esperado longa de Kleber Mendonça Filho, dia 1 de novembro, às 19h. SALVE ROSA, suspense nacional com Klara Castanho e Karine Teles, segue em cartaz no cinema da Casa dos Bancários.
PROGRAMAÇÃO DE 30 DE OUTUBRO A 5 DE NOVEMBRO
ESTREIAS:
NOVEMBRO
Colômbia-Brasil/Drama/78min.
Direção: Tomás Corredor
Sinopse: Presos em um banheiro por mais de 27 horas durante a tomada do Palácio da Justiça, guerrilheiros, juízes e civis enfrentam algo mais devastador que as balas: suas próprias convicções — ou o colapso delas. Fora, o caos. Dentro, uma nação à beira do precipício.
Elenco: Natalia Reyes, Santiago Alarcon, Juan Prada, Max Durán, Juan Morales, Jagdy López, Pancho Rueda, Adrián Carreón, Anderson Otálvaro, Susana Morales, Diana Belmonte, Juanita Cetina, Juana Arboleda, Guillermo Nava, Germán De Greiff, Johanna Robledo, Iozé Peñaloza, Juan Angarita, Ana Nieto De Gamboa, Ella Becerra, Mateo Galvis, Juan Villalobos, Carlos Mariño, Kike Rodríguez, Sue Posada, Aída Morales, Rafaela Zea, Alejandro Calva, Alejandro Cuétara, Bernardo García
O FILHO DE MIL HOMENS
Brasil/Drama/ 2025/126min.
Direção: Daniel Rezende
Sinopse: Primeira adaptação do romance de Valter Hugo Mãe, o filme conta a estória de Crisóstomo, pescador solitário de 40 anos que sonha em ser pai e encontra o menino órfão Camilo. Unidos pelo destino, formam uma família não convencional e descobrem juntos o amor.
Elenco: Rodrigo Santoro, Johnny Massaro, Miguel Martines e Rebeca Jamir
PRÉ-ESTREIA:
O AGENTE SECRETO
Brasil/França/Holanda/Alemanha /Drama/2024/ 158 min.
Direção: Kleber Mendonça Filho
Sinopse: O longa é um thriller político, que acompanha Marcelo (Wagner Moura), um especialista em tecnologia que foge de um passado misterioso e volta ao Recife em busca de paz, mas logo percebe que a cidade está longe de ser o refúgio que procura.
Elenco: Wagner Moura, Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Carlos Francisco, Hermila Guedes, Alice Carvalho, Roberto Diogenes.
EM CARTAZ:
SALVE ROSA
Brasil/ Drama/2025/ 100min.
Direção: Susanna Lira
Sinopse: Após sofrer um desmaio na escola, a jovem Rosa resolve partir para a investigação sobre o seu passado. A descoberta dela acaba colocando, não apenas a relação com a sua mãe muito protetora em risco, como a sua própria vida.
Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 14 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 7. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.
Na quinta-feira, a meia-entrada (R$ 7) é para todos e todas.
Quando James Gunn comandou "Esquadrão Suicida" (2021) talvez nem ele imaginaria que o próprio seria o responsável pela nova fase DC/Warner no cinema. Porém, o que menos ainda a gente imaginava era que um personagem menor como o Pacificador roubaria a cena, mas foi graças atuação inspirada de John Cena que obteste os holofotes e adquirindo uma série própria. Em "O Pacificador - 2ª Temporada" (2025) não vemos somente novos rumos do personagem, como também do próprio universo DC envolta dele.
Curiosamente, em tempos que a temática do multiverso simplesmente se desgastou nas mãos da Marvel, James Guun usa como proveito para fazer piada sobre o assunto, mas ao mesmo tempo levantando-se até mesmo reflexões sobre tempos contemporâneos. Uma vez que o protagonista encontra uma porta que o leva em uma realidade alternativa da sua se abre um leque de diversas possibilidades, não somente para a trama central da série, como também até mesmo futuro deste novo universo criado por Gunn. Claro que ele sempre deixa claro que nunca irá fazer projetos que dependam necessariamente de outro, mesmo quando surge elementos nesta segunda temporada que dizem ao contrário.
John Cena novamente é o coração que pulsa nesta nova temporada, ao interpretar um herói que não sabe ao certo onde se encaixar no seu próprio mundo e fazendo da possibilidade de embarcar em uma nova realidade ser mais tentadora. Vale destacar também atuação de Jennifer Holland como agente Emília, que faz de sua personagem alguém complexa, cheia de dúvidas e procurando lidar com os seus conflitos através de lutas em bares onde ela frequenta. Não há como negar que ela protagonista as melhores cenas de luta da série como um todo e fazendo a gente desejar vê-la com mais frequência neste novo universo cinematográfico.
Porém, é preciso dar palmas para a presença contagiante do personagem Vigilante, interpretado com intensidade pelo ator Freddie Stroma e que rouba a cena toda vez que surge. Só a cena em que ele se encontra com a sua versão alternativa já é disparado o momento mais engraçado da série como um todo. Não me surpreenderia se James Gunn fizesse uma série derivada deste personagem maluco, pois ingredientes para obter sucesso não faltam.
Curiosamente, a série termina de uma forma bem anticlímax o que pode desagradar os fãs mais ferrenhos que esperavam algo mais glorioso. A meu ver, James Gunn apenas deixou pistas do que poderá vir acontecer na terceira temporada, ou então em um eventual filme que ele comandará para o estúdio. Claro que existe todo o perigo de cair nas mesmas armadilhas que o estúdio rival Marvel acabou caindo, mas James Gunn até agora fez o seu dever de casa com um ótimo empenho.
'O Pacificador - 2ª Temporada" diverte, nos surpreende e nos prende sobre os principais desdobramentos que poderá acontecer futuramente para essa nova fase da Warner/DC.
A cinesemana da virada de outubro para novembro traz o tão aguardado longa ENTERRE SEUS MORTOS, o novo terror do brasileiro Marco Dutra e com Selton Mello como protagonista. Também recebemos o relançamento do impactante INCÊNDIOS, que pavimentou o caminho do canadense Denis Villeneuve para o reconhecimento mundial. Para quem gosta de jazz, a estreia é MISTY, um mergulho na trajetória do genial pianista Erroll Garner. O primeiro sábado de novembro apresenta mais uma sessão de pré-estreia de O AGENTE SECRETO, de Kleber Mendonça Filho, um dos principais filmes brasileiros deste ano.
A semana também traz dois festivais tradicionais de Porto Alegre com programação em nossas salas: o Festival Cinema Negro em Ação, dedicado ao trabalho de realizadores negros brasileiros, e o Frapa (Festival de Roteiro de Porto Alegre), com encontros sobre a produção audiovisual e conversas com realizadores.
Entrando em sua nona semana, o longa brasileiro O ÚLTIMO AZUL segue entre os preferidos do público da Cinemateca Paulo Amorim, enquanto o francês UMA MULHER DIFERENTE vem atraindo o debate sobre a questão do autismo na vida adulta. Também seguem em cartaz MALÊS, projeto encabeçado pelo ator e diretor Antonio Pitanga, e a comédia imprevisível CONSELHOS DE UM SERIAL KILLER APOSENTADO, com Steve Buscemi como protagonista.
Confira a programação completa no site oficial da Cinemateca clicandoaqui.
Sinopse: Os radares em Fort Greely, Alasca, detectam um míssil nuclear. O presidente e sua comitiva devem usar o tempo limitado que têm para tentar derrubar o míssil antes que ele atinja Chicago.
Kathryn Bigelow construiu uma espécie de trilogia não oficial com relação à guerra, principalmente nos tempos pós 11 de Setembro. Se "Guerra ao Terror" (2010) retrata soldados sendo jogados em uma guerra cujo seu início ainda hoje é rodeado de polêmicas, por outro lado, "A Hora Mais Escura" (2012) é a busca pelo encerramento de um conflito, mas do qual continua até hoje inconclusivo. "Casa de Dinamite" (2025) é uma espécie de encerramento desta trilogia, mas da qual termina de uma forma abrupta e que com certeza irá incomodar muitas pessoas.
Na trama, acompanhamos as investigações norte-americanas perante a um atentado. Atingidos por um míssil não identificado, os Estados Unidos precisam correr para descobrir quem foi e determinar os responsáveis para garantir um ataque eficaz e ao mesmo nível. Porém, no decorrer da trama, a situação culmina de uma maneira irreversível.
Curiosamente, toda a trama gira em torno de 19 minutos em que é anunciado um míssil em direção aos EUA, mas cujo desdobramentos do decorrer disso assistimos através de três perspectivas interligadas. Assistimos, portanto, o núcleo desse sistema de defesa, mas do qual é movido por homens e mulheres que se acham intocáveis, mas que se tornam despreparados a partir do momento que se dão conta que não têm controle da situação desastrosa.
Kathryn Bigelow capricha na montagem de cenas, onde assistimos uma determinada situação de grande tensão, para posteriormente presenciarmos a mesma por outro ponto de vista. Se isso é sentido na live em que os responsáveis pela segurança não sabem o que fazer, o mesmo pode-se dizer daqueles que se encontram no lado de fora e que somente de forma gradual terão uma ligeira ideia do que está acontecendo. Imediatamente começamos a nos simpatizamos com alguns personagens, principalmente pelo fato deles não conseguirem manter o seu lado profissional e se entregando em uma tensão irreversível.
Além de claustrofóbico em alguns momentos, a cineasta acertou na escolha do seu compositor para a trilha sonora. O pianista e compositor alemão Hauschka capricha na construção de uma melodia sombria, da qual nos transmite um perigo que vem se aproximando e não devendo nada ao que nós assistimos em um filme de horror tradicional. Não me surpreenderia se ele viesse a ser indicado no Oscar do ano que vem pela categoria.
Com um elenco de peso, cada um exerce um papel primordial dentro da trama, sendo que cada um transmite a certeza que tudo acabará bem, pois foram formados acreditando que o país até então era intocável. Talvez a melhor atuação mesmo fique por conta de Idris Elba como o Presidente, já que ele transmite através do seu personagem uma pessoa insegura, mesmo tendo o cargo mais importante do mundo, mas não tendo uma noção do que fazer perante algo que pode custar a vida de milhares. Rebecca Ferguson também se sobressai ao interpretar a chefe de segurança do governo, mas acaba não escondendo o seu lado impotente ao se dar conta que poderá encarar o juízo final.
Curiosamente, as três perspectivas interligadas uma na outra culminam em algo não conclusivo e que poderá com certeza frustrar muitos. A meu ver, Kathryn Bigelow cria um paralelo com o nosso próprio mundo real, do qual é comandado por pessoas despreparadas e não tendo uma noção da responsabilidade que tem em mãos. Se os mais diversos sistemas de hoje são eficazes até certo ponto, o que dizer então da segurança nacional perante um inimigo que pode vir de dentro ou de fora do país e do qual deixa os poderosos cegos e não sabendo ao certo para onde disparar.
Embora crie uma onda de críticas devido ao seu final polêmico, "Casa de Dinamite" é um filme inquietante, do qual retrata uma guerra nuclear iminente, mas cujo seu final é inconclusivo, assim como o nosso futuro real nebuloso.
Em novembro, a Sessão Vagalume apresenta uma sessão especial na mostra Mulheres do Cinema Tchecoslovaco! O Mundo Animado de Hermína Týrlová destaca, nos dias 01 e 02, às 15h, cinco filmes divertidíssimos da grande diretora pioneira de animação da Tchecoslováquia.
NOITE MALDITA: SESSÃO DUPLA NO HALLOWEEN DA CAPITÓLIO
Na sexta-feira, 31 de outubro, às 23h, a Cinemateca Capitólio apresenta uma sessão dupla de clássicos malditos da década de 1960. A sessão começa com O Parque Macabro, de Herk Harvey, um filme que se tornou referência no gênero, seguido por uma obra surpresa, considerada uma das mais singulares e enigmáticas do período. A sessão é uma parceria com a AAMICCA, a Associação de Amigas e Amigos da Cinemateca Capitólio, e tem apoio da mostra A Vingança dos Filmes B.
TERCEIRA SEMANA – MULHERES DO CINEMA TCHECOSLOVACO
A última semana da mostra Mulheres do Cinema Tchecoslovaco apresenta filmes clássicos, animações, documentários e um curso gratuito em torno da obra da diretora, roteirista e figurinista Ester Krumbachová.
O filme Lan – O Caricaturista, dirigido por Pedro Vinícius, entra em cartaz na Cinemateca Capitólio nesta quinta-feira, 30 de outubro. Bicho Monstro e Seu Cavalcanti ganham uma última semana de exibição.
Sinopse: Sinopse: Masha, uma garota de 11 anos, muda-se com a mãe, Elisa, para a casa da avó, que sofre de demência. A família age como se o pai de Masha estivesse morto, o que a menina nega. Elisa começa a sentir a presença ameaçadora pela casa e passa a isolar a filha do mundo exterior para protegê-la.
O termo pós-terror tem sido usado principalmente em filmes em que há uma transição visível entre o sobrenatural e situações que envolvem muito mais o nosso mundo real. Em alguns casos, por exemplo, a mente pode ter o papel primordial nestas tramas e revelando a sua principal faceta no decorrer do longa. "Delírio" (2025) é um longa aparentemente simples, mas cuja trama a gente se identifica mesmo com as fórmulas de horror nas entrelinhas.
Dirigido por Alexandra Latishev Salazar, no filme conhecemos uma menina de 11 anos chamada Masha, que se muda com a mãe Elisa para a casa da avó Dinia para cuidar da idosa que sofre de demência. Ao chegar ao local Masha está proibida pela sua mãe Eliza de falar do seu pai, assim como outros personagens masculinos dentro da trama. No decorrer do tempo estranhos momentos acontecem o que faz Eliza querer isolar mais a sua filha do mundo.
Para aqueles que buscam pelo horror tradicional, o filme pode decepcionar e muito, pois não há violência ou algo do gênero que venha a chocar. O que está em foco aqui é a questão do lado psicológico que é explorada no decorrer da trama, onde as personagens femininas já têm que enfrentar os seus próprios demônios interiores, mas ao mesmo tempo temendo por algo sinistro em volta da casa. Neste último caso, por exemplo, pode ser simplificado pela figura de um personagem masculino ambíguo, ou pelo lado folclórico que ronda a região já alguns anos.
Rodado boa parte dentro da casa, o local se torna cada vez mais claustrofóbico quando a personalidade das personagens centrais é colocada a prova e fazendo com que cada uma exploda na tela da sua maneira. Alexandra Latishev Salazar foca até que ponto é correto fugir daquilo ou daquele que lhe feriu um dia e até onde é necessário não tocar em assuntos que lhe tragam somente sofrimento. Por conta disso, a figura de uma mãe que sofre mal de alzheimer talvez se torne a única lúcida da trama, pois ela já não tem que se lembrar e sentir algo que lhe feriu no passado e tendo somente que conviver no que acredita no presente para se dizer o mínimo.
Curiosamente, a jovem Masha me lembrou da pequena protagonista do ótimo "O Labirinto do Fauno" (2006), de Guilherme Del Toro", já que ambas fogem dos problemas do mundo real e adentram ao gênero fantástico através da literatura. O lado fantasioso da trama, por sua vez, surge através da sutileza, onde cada um tira a sua própria interpretação com relação ao que é visto na tela e fazendo com se levante inúmeras possibilidades. Ao final, constatamos que há uma linha fina que separa a lógica da fantasia, mas cabe cada uma separá-la da sua maneira.
"Delírio" é um curioso filme de horror psicológico que nos entrega mais perguntas do que respostas e que com certeza irá dividir a opinião do público ao longo da história.
A Sala Redenção, em parceria com a Fundação Japão em São Paulo, integra a programação da Semana do Japão em Porto Alegre com a mostra “Panoramas do Cinema Japonês Contemporâneo”. De 29 de outubro a 7 de novembro, são exibidos nove filmes em sessões gratuitas e abertas à comunidade em geral.
A mostra inicia na quarta-feira, 29 de outubro, às 16h, com “Ito” (2021), drama que acompanha uma garota tímida do interior do Japão que passa a trabalhar em uma cafeteria. Em seguida, às 19h, é exibido “The Fish Tale / Sakana no Ko” (2022), ou “O conto do peixe”, no Brasil, cuja protagonista é uma jovem obcecada em desenhar peixes. Após a sessão, o filósofo Leonardo Kussler conversa sobre a obra com o público presente.
O filme que abre a segunda semana da mostra é “Monster” (2023), longa-metragem mais recente do cineasta Kore-Eda Hirokazu e vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Cannes em 2023. A programação encerra no dia 7 de novembro, sexta-feira, com uma sessão de curta-metragens de diretores nipo-brasileiros. Na ocasião, são exibidos “Furusato: um lugar para voltar” (2024), de Alexsânder Nakaóka e Gustavo Corrêa, e “Memórias do Sul” (2025), de Bruna Takamoto e Hiroshi Kuamoto. A sessão é seguida de bate-papo com os realizadores.
A mostra é realizada pela Sala Redenção, Fundação Japão em São Paulo, Escritório Consular do Japão em Porto Alegre e SESC. A Sala Redenção está localizada no campus centro da UFRGS, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.
Confira a programação completa no site oficial da sala clicandoaqui.
Sobre o Filme: Ao longo da história do cinema muitos filmes de ficção foram lançados com o intuito de prever o futuro do nosso mundo real. "Contágio" (2011), por exemplo, retratava uma possível pandemia de escala global e não sendo muito diferente do que se viria posteriormente em nosso mundo real. O intuito dos realizadores, em alguns casos, seja alertar o público que os erros do passado não podem ser cometidos em nosso futuro, pois as consequências se tornam irreversíveis para dizer o mínimo.
O escritor George Orwell, por sua vez, criou o que para muitos é a sua maior obra prima literária, "1984", onde retratava uma sociedade futurística sendo controlada pelo o estado e sendo observada vinte e quatro horas por dia. Não é à toa, portanto, que o conto serviu de inspiração para as tvs do mundo todo criarem os seus reality shows, cuja a moda de observar pessoas dentro de uma casa se iniciou no início do século vinte e um e perdura até os dias de hoje. Antes disso, o clássico "Show de Thuman" (1998) previu até que ponto as emissoras iriam para adquirir a audiência e persuadir as pessoas em assistirem um conteúdo e se tornando alienados.
Com roteiro de Andrew Niccol, o filme conta a história de Truman Burbank (Jim Carrey), um pacato vendedor de seguros que leva uma vida simples com sua esposa Meryl Burbank (Laura Linney). Porém algumas coisas ao seu redor fazem com que ele passe a estranhar sua cidade, seus supostos amigos e até sua mulher. Após conhecer a misteriosa Lauren (Natascha McElhone), ele fica intrigado com a possibilidade de que sua realidade possa ser uma grande mentira.
Confira a minha crítica sobre o longa já publicada clicandoaqui e participe da próxima live.
A comédia negra "Dégradé" dos palestinos Tarzan e Arab Nasser vai ser exibida na segunda dia 27, às 20, pelo Cineclube Torres.
O filme encerra ciclo de outubro de 3 filmes sobre a Palestina no âmbito da programação continuada na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo. Um salão de beleza em Gaza está lotado de clientes: uma divorciada amarga, uma mulher religiosa, uma lunática viciada em drogas de prescrição, uma jovem noiva, entre outras. Mas a rotina é improvvisamente interrompida por tumultos na rua e obriga a uma difícil convivência forçada no angusto espaço.
Apesar do filme ser ambientado na Faixa de Gaza, foi filmado na Jordânia pelo fato dos direitores serem opositores do Hamas, que desde 2006 controla o território. Depois de "Farha" da semana passada, mais um filme que trabalha na trama o confinamento físico como alegoria da realidade política dos territórios palestinos, tanto de Gaza como da Cisjordânia, segregados por Israel desde 1948.
Mas ATENÇÃO!
Na terça-feira seguinte, dia 28, sempre às 20h, o Cineclube Torres irá apresentar mais uma edição do Dia da Animação, uma manifestação nacional que disponibiliza uma seleção de curtas de animação nacionais e internacionais.
O Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos devidamente formalizada e regularizada, não só é cineclube inscrito na Agência Nacional do Cinema e no Conselho Nacional de Cineclubes, mas é Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo Instituto Brasileiro de Museus, Equipamento de Animação Turística certificado pelo Ministério do Turismo (Cadastur) e Biblioteca Comunitária.
Serviço:
DÉGRADÉ
O que: Exibição do filme "Dégradé", de Tarzan e Arab Nasser (Palestina/Jordânia) - 1h25m
Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto à escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres
Quando: Segunda-feira, 27/10, às 20h
Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).
DIA DA ANIMAÇÃO
O que: Exibição da Mostra Nacional e Internacional do Dia da Animação 2025
Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto à escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres
Quando: Segunda-feira, 28/10, às 20h
Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).
Cineclube Torres
Associação sem fins lucrativos
Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva
Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus
Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística - Cadastur
Acho que o maior problema do norte americano é não aceitar ou entender uma crítica com relação à própria sociedade em que vive. No decorrer da história vários filmes revelaram a faceta escondida por detrás de um país que se diz livre, quando na verdade a própria história revelou que uma das principais potências do mundo se gaba por ser um grande império disposto em enfrentar determinado inimigo. Os EUA é um país que se sustentou através das guerras, ao ponto que não me surpreenderia se inventasse uma como no caso da teoria de conspiração com relação ao nascimento da Guerra do Iraque.
Portanto, é por esse pensamento que eu consigo entender os motivos que levaram a "Tropas Estelares" (1997) não ter sido um sucesso de imediato quando foi lançado em sua época, pois havia uma clara mensagem subliminar nas entrelinhas, mas que por vezes se encontrava até mesmo explícita. Dirigido por Paul Verhoeven, o filme se passa em uma época futura em que o jovem Jonhnny Rico (Casper Van Dien), após graduar-se, quer se alistar nas forças armadas para tornar-se um "cidadão" e deixar de ser um mero civil. Não demora muito para que ele participe de uma grande guerra entre seres humanos e insetos alienígenas.
Quando Paul Verhoeven lançou o seu clássico "Robocop" (1987) alguns críticos o tacharam como uma obra fascista, onde víamos um androide a serviço da polícia e que matava bandidos caso eles não se rendessem. Quem o tachou dessa maneira talvez não tenha compreendido a proposta principal da obra, já que o filme era uma análise com relação a uma sociedade cada vez mais desumana, presa ao sistema cheio de regras e, por vezes, cada vez mais alienada. Mais ou menos isso no que vemos em "Tropas Estelares", longa baseado na obra de Robert A. Heinlein e que criou uma ficção científica de acordo com os desdobramentos das principais guerras do início do século vinte.
Atraído pelo projeto, Paul Verhoeven foi também alguém que conheceu de perto a ascensão Nazista, uma vez que viu o seu país a Holanda ser invadida na época. Por conta disso, o seu primeiro longa do qual obteve reconhecimento foi "Soldado de Laranja" (1977), onde vemos jovens sendo obrigados a decidirem lutar pelo seu país, pelo nazismo, ou entrar pela clandestinidade. A premissa acaba se tornando similar se comparada a "Tropas Estelares", sendo que a mensagem é a mesma, mas de épocas diferentes.
Verdade seja dita, o filme é uma crítica caricata com relação aos próprios EUA caso um dia se torne um governo iniciado pelo fascismo, onde vemos uma sociedade perfeita, onde preza o poderio militar mais do que a ciência e expandindo a sua exploração fora do planeta. Os insetos alienígenas nada mais são do que uma grande piada que o próprio norte americano faz com o inimigo de fora que, por vezes, não enxerga como um ser humano, mas sim um mero inseto para ser esmagado. As propagandas da Federação, governo que comanda todo o globo desta realidade, usa propagandas que aparentam serem hilárias, quando na verdade não estão muito distantes da realidade e da proposta que nos querem passar.
Talvez exista dois pontos fortes que fazem de "Tropas Estelares" ser acusado de ser um filme fascista, sendo que na abertura, por exemplo, há uma forte comparação ao clássico alemão "Triunfo da Vontade" (1935), onde vemos soldados dizendo que estão fazendo a sua parte, incluindo até mesmo crianças. Outro ponto significativo é com relação ao personagem Carl (Neil Patrick Harris), inicialmente sendo mostrado na trama como um grande gênio, para posteriormente ser um comandante a serviço do estado e disposto em mandar o maior número possível de jovens soldados para frente do front. Para o olhar norte americano, o que mais chocou talvez não tenha sido exatamente isso, mas sim por ele estar um usando um uniforme similar a Hitler, quando na verdade foi uma provocação dos realizadores ao dizer até onde o norte americano pode chegar.
Curiosamente, é interessante observar como o primeiro ato é tudo muito inocente, ao vermos jovens bonitos, sonhadores, que mais estão preocupados em perder a virgindade do que adentrar em uma guerra. Uma vez que eles são retirados dessa zona de confronto é então que os personagens vão gradativamente mudando e fazendo parte desse sistema militante que inicialmente parecia uma grande aventura, quando na verdade a história é bem outra. Embora a ficção, o filme toca em assuntos não muito diferentes que já são vistos no subgênero de guerra, mas cuja temática subliminar com relação ao fascismo fez toda a diferença e que até hoje causa polêmica.
Tanto o diretor Paul Verhoeven como o escritor Robert A. Heinlein, talvez tivessem uma ideia sobre o futuro nebuloso com relação a sociedade atual em que estamos vivendo, onde o termo fascismo está sendo direcionado para países que se dizem democráticos, mas que acabam sendo comandados por governos agressivos, seja ele da extrema direita ou esquerda. Ironicamente, tanto o livro quanto o filme foram lançados em épocas em que o mundo não sabia ao certo para onde se iria encaminhar, mas que se tornaram um reflexo do nosso próprio tempo.
Na época do seu lançamento, eu me lembro que os críticos diziam que era um filme de ação louco, com efeitos visuais mais loucos e com atores que mais pareciam que estavam vindo de propaganda de margarina. A violência foi criticada, assim como o humor que ninguém entendeu de imediato a sua proposta. Curiosamente, quando Paul Verhoeven lançou o seu "O Homem Sem Sombra" (2000) alguns críticos ficaram dizendo que era um longa horroroso se for comparado ao maravilhoso "Tropas Estelares". Pelo visto o reconhecimento não tarda para determinados filmes.
Lançado recentemente em uma edição especial em DVD pelo Obras Primas do Cinema, "Tropas Estelares" é um daqueles longas a frente do seu tempo, mas que faz justamente uma análise ácida com relação a época do seu lançamento e se aproximando cada vez mais do mundo em que vivemos.