Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

terça-feira, 15 de julho de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'Uma Bela Vida'

Sinopse: A vida e a morte através das histórias de diferentes pacientes com doenças terminais.  

Costa-Gavras sempre foi um diretor ferrenho ao realizar longas que exploram as questões políticas e como elas se movem com relação ao sistema que os domina. Atualmente, por exemplo, existe uma população cada vez maior de idosos e fazendo muitos se perguntarem qual seria o melhor destino para eles enquanto o tempo e o dinheiro nunca dormem. "Uma Bela Vida" (2025) nos mostra a força de vontade de uns para que pessoas em seus momentos finais de vida sejam mais dignos enquanto outros tentam compreender essa realidade sem ter medo do inevitável fim.

Na trama, acompanhamos a relação profissional de um médico especializado em tratamentos paliativos Augustin Masset (Kad Merad) e um renomado escritor e filósofo Fabrice Toussaint (Denis Podalydés). A trama examina a vida e a morte através das histórias de diferentes pacientes com doenças terminais, como uma rica socialite parisiense, uma mãe com o último desejo de comer ostras e tomar um vinho Breizh’Cadet à beira do mar, e uma matriarca que prefere que sua morte assistida seja mantida em segredo.

Através do protagonista Fabrice, o cineasta faz com que ele se torne o nosso guia para adentrarmos nesta realidade em que a espera da morte não precise necessariamente ser dolorida, mas sim uma passagem que simboliza o que a pessoa foi em vida. É curioso, por exemplo, a ação e reação de cada um deles com relação ao seu destino, onde vemos os parentes se preparando para o inevitável, mas tudo de uma forma controlada e serena de acordo como o médico Augustin deseja. Em contrapartida, o olhar curioso de Fabrice é uma representação da nossa surpresa diante daquelas situações serem tratadas com maior controle, de uma forma mais humana e menos mecânica.

Temendo por estar com uma possível doença, Fabrice procura através dessas histórias apresentadas na trama uma forma de conter os seus temores, mesmo quando essa jornada não ameniza os seus pensamentos negativos. Ao mesmo tempo, em meio a possibilidade de escrever um livro sobre o assunto, o protagonista adentra sobre a questão do crescimento da população idosa e como ela está cada vez mais sendo abandonada por um sistema que não pensa de forma humana, mas sim que somente respira através das engrenagens capitalistas. Quando vemos determinados personagens debaterem sobre isso é quando o cineasta usa os mesmos como avatares e colocando as suas opiniões e pensamentos sobre o assunto em cena e fazendo com que a gente refletisse sobre elas.

Em tempos pós pandemia em que muitas pessoas viram os seus entes queridos partirem, ao mesmo tempo se nota menos humanidade e mais ação para avanços nos mais diversos setores, mas esquecendo do calor humano diga-se de passagem. Nos seus noventa e dois anos de vida, Costa-Gavras testemunhou a metamorfose de uma população cada vez menos pensante e mais presa em números e fazendo se esquecerem do que fazem realmente humanos. Ao menos, o realizador está fazendo a sua parte, mesmo quando o seu trabalho não seja visto por todos, infelizmente.

"Uma Bela Vida" é um filme de Costa-Gavras em sua essência e provando que o realizador está sintonizado com esse mundo cada vez mais desumano. 

       Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  

Instagram: @ccpa1948 

 
Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok 

Cine Dica: Programação Cinemateca Capitólio - 17 a 23 de julho de 2025

SESSÃO RECONTO DEBATE FILME DE SOFIA COPPOLA

No sábado, 19 de julho, às 18h, o Coletivo Reconto convida para um debate sobre o filme As Virgens Suicidas, dirigido por Sofia Coppola, logo após a exibição do longa-metragem na Cinemateca Capitólio. A proposta é abrir um espaço de conversa onde o cinema encontra a psicanálise — e onde o pensamento pode se deslocar a partir das imagens. A entrada custa R$16, com ingressos à venda no dia, a partir das 17h, diretamente na bilheteria da Cinemateca. O pagamento é feito somente em dinheiro.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/9058/sessao-reconto-as-virgens-suicidas/


RODRIGO ARAGÃO DEBATE PRÉDIO VAZIO

No domingo, 20 de julho, às 19h, o cineasta Rodrigo Aragão, um dos nomes mais importantes do horror contemporâneo brasileiro, participa de uma sessão comentada de seu mais novo filme, Prédio Vazio, na Cinemateca Capitólio. O debate será mediado por Cristian Verardi, produtor da mostra A Vingança dos Filmes B.


Mais informações: https://www.capitolio.org.br/eventos/9055/predio-vazio-debate/


FILHOS DO MANGUE ENTRA EM CARTAZ

O mais novo filme de Eliane Caffé, Filhos do Mangue, entra em cartaz na Cinemateca Capitólio nesta quinta-feira, 17 de julho. A pedido do público, Andy Warhol - Um Sonho Americano, de Lubomir Slivka, e O Império, de Bruno Dumont, ganham mais exibições durante a semana.   


GRADE DE HORÁRIOS

17 a 23 de julho


17 de julho (quinta-feira)

15h – Andy Warhol - Um Sonho Americano

17h – Malu

19h – Filhos do Mangue


18 de julho (sexta-feira)

15h – Andy Warhol - Um Sonho Americano

17h – Filhos do Mangue 

19h – O Império


19 de julho (sábado)

15h – Ainda Estou Aqui

18h – Sessão Reconto: As Virgens Suicidas


20 de julho (domingo)

15h – Andy Warhol - Um Sonho Americano 

17h – Filhos do Mangue 

19h – Prédio Vazio + debate


22 de julho (terça-feira)

15h – O Império 

17h – Filhos do Mangue

19h – Motel Destino


23 de julho (quarta-feira)

15h – Andy Warhol - Um Sonho Americano

17h – Baby

19h – Filhos do Mangue

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Cine Especial: Próximo Cine Debate - 'O Palhaço'

"Feliz Natal" foi a primeira experiência de Selton Mello como diretor, mas é nesse, "O Palhaço", que ele prova que nasceu, não só para ser um dos melhores intérpretes do cinema brasileiro atual, como também prova ter talento atrás das câmeras. Além de dirigir o filme, ele também atua na história o que já é um grande desafio que não é para muitos cineastas que existem por aí, portanto merece todo o crédito. O seu personagem Benjamin pode tranquilamente figurar entre os melhores personagens que ele atuou na telona (ao lado do protagonista de Cheiro do Ralo) onde ele consegue passar para o espectador toda sua insegurança sobre que realmente quer da vida, e com isso, solta a triste e certeira frase: “eu faço as pessoas rirem, mas quem me faz rir?”.

Apesar da crise existencial do protagonista, o filme não cai no drama facilmente e oscila tranquilamente com momentos de humor, por vezes pastelão, por vezes num estilo de humor inteligente visto nos filmes antigos como do Mazzaropi que, convenhamos, faz falta no cinema brasileiro atual. Um dos pontos, particularmente meus favoritos da trama, são as aparições hilárias de personagens excêntricos, que por mais estranhos que sejam, divertem pelas suas palavras incrivelmente engraçadas, como no caso do delegado que surge em certo ponto da história. São participações pequenas, mas jamais vazias, pois elas estão ali por um significado, mas nunca para somente encher a linguiça. Vale destacar a fantástica fotografia em cor pastel, dando a entender que a trama se passa em um tempo passado distante, onde tudo era mais colorido, apesar das dificuldades do dia a dia do circo.

Por fim, "O Palhaço" é uma obra obrigatória, na qual nos divertimos e nos faz pensar sobre por que estamos aqui nesta vida. Uma dose de reflexão, mas muito divertida e colorida.

      Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  

Instagram: @ccpa1948 

 
Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok 

Cine Dica: Sala Redenção explora as sonoridades do cinema em nova mostra

Entre os dias 14 e 25 de julho, a Sala Redenção apresenta a mostra “Som e Silêncio” que reflete sobre o modo como o som e o silêncio atuam em conjunto na linguagem cinematográfica. Com sessões às 16h e às 19h, a programação tem entrada franca e aberta à comunidade em geral.

A mostra pensa o cinema enquanto arte da escuta, na qual as imagens em movimento se estabelecem desde sempre em relação íntima com o som. A curadoria convida o espectador a perceber as distintas formas como o som se manifesta: na pausa, quando o silêncio vem antes; na observação, quando sons cotidianos do mundo constroem tensão; ou na invenção, quando sons simulam realidades que não existem fora da tela.

No dia 14 de julho, segunda-feira, às 16h, a programação inicia com um clássico da ficção científica: “Metrópolis” (1927), de Fritz Lang, longa-metragem que retrata uma história de amor impossível entre dois personagens de um universo futurístico. Às 19h, uma sessão surpresa traz à tela da Sala Redenção um filme da década de 1970 que marcou gerações com sua guerra intergaláctica.

A programação ainda inclui “Uma Semana” (1920) e “Sherlock Jr.” (1924), de Buster Keaton, e “Em Busca do Ouro” (1925), de Charles Chaplin, filmes pertencentes à chamada “era do cinema silencioso”; o contemporâneo “O Som ao Redor” (2012), de Kleber Mendonça Filho, em que ruídos cotidianos são protagonistas da narrativa; e as animações “Os Mestres do Tempo” (1982), de René Laloux, e “Bizarros Peixes das Fossas Abissais” (2022), de Marcelo Marão. Também fazem parte da mostra “O Solar das Almas Perdidas” (1944), “Curva do Destino” (1945), “O Ódio” (1994) e “A Montanha” (2022).

A Sala Redenção está localizada no campus centro da UFRGS, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333

Confira a programação completa da sala no site oficial clicando aqui. 

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Cine Especial: 'Em Busca do Ouro - 100 Anos Depois'

É sempre uma tarefa ingrata quando se faz uma lista dos cem melhores filmes de todos os tempos e ter que escolher somente um ou dois filmes do mestre Charles Chaplin. Como excluir, por exemplo, a magistral "O Grande Ditador" (1940), uma sátira, porém, profética contra os nazistas, cujo seu discurso atual está mais atual do que nunca em tempos em que o fascismo de hoje nos assombra. E o que dizer do meigo "Luzes da Cidade" (1931), sendo um precioso exemplo de como deveriam ser feitas as comédias românticas até hoje.

Contudo, certa vez o próprio Chaplin disse que, se tivessem que escolher um filme para que ele fosse sempre lembrado esse seria "Em Busca do Ouro" (1925) e que recentemente completou o seu centenário. A produção é uma de muitas protagonizadas pelo personagem Carlitos, um vagabundo, porém, carismático e que no decorrer de sua jornada pela sobrevivência se mete nas mais diversas confusões. Porém, ele nunca perde o bom humor e a alegria de ainda continuar vivendo em meio aos tantos percalços.

A trama se passa no final do século dezenove, onde vemos Carlitos indo para o Alasca onde ocorre uma corrida desenfreada por ouro e despertando a ganância de muitos homens que anseiam em se tornarem milionários. Por lá, o protagonista conhece Big Jim, garimpeiro experiente no ramo e que encontrou a montanha de ouro, mas que devido uma briga com um bandido acabou perdendo a memória. Ao mesmo tempo, Carlitos se apaixona pela bela Georgia em um bar dançante e é através dela que o protagonista protagoniza a famosa cena da dança dos pãezinhos.

Curiosamente, Georgia seria interpretada pela mulher de Chaplin, Lita Grey, mas ela ficou grávida pouco antes do início das filmagens. No decorrer do filme, Chaplin dá um tratamento cômico com relação às situações melancólicas, como a separação entre as classes, a solidão e a pobreza que aqui está mais acentuada do que nunca. Quando Big Jim está morrendo de fome na cabana começa imaginar Carlitos como um enorme galo e cuja cena é bem sugestiva com relação aos canibalismos.

Quando eu assisti esse clássico pela primeira vez foi no canal católico Rede Vida e cuja versão foi aquela de 1942, onde Charles decidiu restaurar o seu filme, colocando som e tendo uma narração off de sua própria voz. Curiosamente, acabou sendo indicada ao Oscar de melhor som e trilha sonora mesmo tendo se passado quase vinte anos desde o seu lançamento original. Vale salientar que o próprio realizador decidiu simplificar o seu final nesta nova versão, onde vemos o casal central somente subir na escada do navio e assim encerrando o filme com chave de ouro.

Para a geração de hoje que assiste aos filmes de Chaplin eles acham que tudo era mais simples em termos de filmagem, mas os que pensam isso estão completamente enganados. O caso é que o realizador era um verdadeiro perfeccionista e quando não estava satisfeito com determinada cena sempre fazia questão de refazer ela diversas vezes. Para "Busca do Ouro", por exemplo, o material gravado foi quase trinta vezes maior do que o tempo de duração final, sendo que a cena em que o protagonista e Big Jim cozinham uma bota para comer levou três dias e mais de 60 takes para ser filmada.

Para ser feita a cena Chaplin criou uma bota feita de alcaçuz para comer, assim como também os próprios cadarços. O resultado desse processo foi que ele acabou ficando doente diversas vezes depois de ingerir muito açúcar em seu organismo e tendo que paralisar as filmagens em algumas ocasiões. O esforço foi árduo, porém, recompensador e hoje o filme é considerado uma de suas maiores obras primas e do qual possui diversas cenas que entraram para a história do cinema.

"Em Busca do Ouro" é o filme do qual Charles Chaplin desejou que fosse sempre lembrado e que nós o revistamos sempre com muito carinho. 



      Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  

Instagram: @ccpa1948 

 
Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok 

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Cine Especial: Sessão Clube de Cinema (12/07): "As Mil e Uma Noites" na Cinemateca Capitólio

Nosso próximo encontro será neste sábado, dia 12, às 10h15 da manhã, na Cinemateca Capitólio, com a exibição de As Mil e Uma Noites (1974), a terceira e última parte da celebrada "trilogia da vida" do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini.

Inspirado livremente nos contos orientais de As Mil e Uma Noites, o filme apresenta um mosaico de histórias entrelaçadas por erotismo, fantasia, humor e fatalidade, ambientadas em cenários exóticos e deslumbrantes. Pasolini mergulha no imaginário árabe com liberdade poética, numa celebração sensorial da sexualidade e da liberdade. É um encerramento belíssimo e inquietante para a trilogia que também inclui Decameron e Os Contos de Canterbury, ambos já exibidos recentemente no Clube. Imperdível!


Confira os detalhes:


SESSÃO DE SÁBADO NO CLUBE DE CINEMA

📅 Data: Sábado, 12/07/2025, às 10h15 da manhã

📍 Local: Cinemateca Capitólio

Rua Demétrio Ribeiro, 1085 – Centro Histórico, Porto Alegre


As Mil e Uma Noites

(A Flor das Mil e Uma Noites, Itália, 1974, 130 min, 18 anos)

Direção: Pier Paolo Pasolini

Lista: Ninetto Davoli, Franco Citti, Ines Pellegrini, Tessa Bouché, Margaret Clementi, Franco Merli

Sinopse: Um jovem é escolhido por uma bela escrava para ser seu novo mestre; quando ela é sequestrada, ele parte em sua busca. Ao longo do caminho, histórias se entrelaçam com outras histórias, formando um retrato caleidoscópico sobre o amor, o destino e os desejos humanos.

Sobre o Filme: Pier Paolo Pasolini completa a sua “Trilogia da Vida” com as tradições do Médio Oriente a servirem de inspiração no filme “As Mil e Uma Noites”, continuando a usar textos antigos como ponto de partida, como nos filmes citados, onde bebera em Boccaccio e Chaucer, respectivamente. Como nos dois tomos anteriores, Pasolini partiu de um argumento escrito por si, para uma representação livre dos universos coloridos narrados nos textos originais. Desta vez, a grande diferença era de orçamento, a permitir exteriores filmados no Irão, Yemen, Etiópia, Índia e Nepal, em busca de locais que melhor trouxessem imagens imaculadas de aldeias e construções antigas plenas da aridez e exotismo que associamos ao Médio Oriente. Com uma teia de histórias complexamente entrelaçada, Pasolini dá-nos, neste terceiro tomo da sua trilogia, o mais doce e inocente destes três filmes, não fosse ele baseado em histórias de encantar e não tivesse ele o amor como principal tema.

      Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948 

Twitter: @ccpa1948   

Instagram:  @ccpa1948 

 
Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok 

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS 10 A 16 DE JULHO

 "SOBREVIVENTES", ÚLTIMO FILME DE JOSÉ BARAHONA, E “YÕG ÃTAK: MEU PAI, KAIOWÁ" ESTREIAM NO CINEBANCÁRIOS EM 10 DE JULHO. "PEDAÇO DE MIM", filme protagonizado por Laure Calamy, segue em cartaz na sessão das 17h

A coprodução Brasil-Portugal SOBREVIVENTES, último longa-metragem de José Barahona, estreia no CineBancários dia 10 de julho, com distribuição da PANDORA FILMES. O lançamento é também uma homenagem ao cineasta, que faleceu em novembro de 2024, deixando o seu legado no cinema luso-brasileiro. O filme teve sua estreia mundial no IndieLisboa, passou pela Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e integrou a programação do Festival de Cinema Brasileiro de Paris.

Com história original de José Barahona e roteiro assinado por ele e por José Eduardo Agualusa, SOBREVIVENTES conta a história de um grupo de náufragos, brancos e negros, isolados em uma ilha no século XIX. Sem leis ou estruturas sociais preexistentes, eles enfrentam um dilema: reproduzir as hierarquias do passado ou construir um novo modelo de convivência?

Embora inteiramente ficcional, o filme carrega a marca do diretor, que acreditava que “há muito de documentário na ficção, e muito de ficção no documentário”, já que toda narrativa é também um recorte subjetivo da realidade. SOBREVIVENTES mergulha nas consequências da escravidão e do colonialismo português, dois temas centrais em sua trajetória artística.

Nas palavras do diretor, “o tema da escravatura foi muitas vezes esquecido, escondido atrás de uma ‘gloriosa’ epopeia ultramarina”, e é essa invisibilização histórica que ele busca desconstruir. Em suas notas, Barahona lembra que quase 5 milhões de africanos foram levados para serem escravizados no Brasil, e essa memória precisa ser resgatada para que seja possível pensar em novas formas de sociedade. “Como é possível a harmonia e a instauração de uma sociedade igualitária e democrática depois de um passado de tanta violência? Não sabemos até hoje, mas ela é certamente desejável”, reflete.

O elenco conta com Miguel Damião, Allex Miranda, Anabela Moreira, Paulo Azevedo, Roberto Bomtempo e Zia Soares. A trilha sonora original assinada por Philippe Seabra, vocalista e guitarrista da banda Plebe Rude, traz a voz de Milton Nascimento. A produção é da portuguesa David & Golias dos produtores Fernando Vendrell e Luís Alvarães, e da brasileira Refinaria Filmes, com Carolina Dias e José Barahona, como produtores.


“Yõg ãtak: Meu Pai, Kaiowá”: a busca de Sueli Maxakali e Maísa Maxakali pelo pai, Luis Kaiowá

Em fevereiro de 2019, Luiz Kaiowá foi surpreendido por uma vídeo-carta de suas filhas Maxakali. No entanto, apenas três anos depois, em 2022, uma delegação Maxakali pôde percorrer os mais de 1.800 km de distância que separam a Aldeia-Escola-Floresta, em Minas Gerais, das Terras Indígenas Panambi-Lagoa Rica, Panambizinho e Laranjeira Ñanderu, em Mato Grosso do Sul, para descobrir o paradeiro de Luiz – hoje, um dos mais importantes xamãs de seu povo.

O filme acompanha a jornada de reencontro entre Sueli Maxakali e seu pai, Luis Kaiowá, de quem foi separada ainda bebê durante a ditadura militar. No início dos anos 1960, Luis Kaiowá, indígena Guarani Kaiowá, deixou o território tradicional de Ka'aguyrusu, em Mato Grosso do Sul, em uma longa caminhada com outros parentes. Após passarem por São Paulo e Rio de Janeiro, foram levados à força até Minas Gerais por agentes da FUNAI - Fundação Nacional dos Povos Indígenas.

Luis viveu mais de 15 anos entre os Tikmũ’ũn (Maxakali), onde teve duas filhas: Maiza e Sueli. Quando Suelitinha apenas dois meses de idade, Luis foi reconduzido ao Mato Grosso do Sul e nunca mais voltou. Décadas depois, graças a encontros políticos e à chegada da internet nas aldeias, Sueli localizou o pai com a ajuda de duas primas, e pouco depois, iniciou - com apoio de aliados - a construção do filme como forma de concretizar esse reencontro.


PROGRAMAÇÃO DE 10 A 16 DE JULHO


Estreia:

YÕG ÃTAK: MEU PAI, KAIOWÁ

Brasil/ Documentário/ 2024/ 90 min.

Direção: Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero, Luisa Lanna

Sinopse: A busca de Sueli Maxakali e Maísa Maxakali pelo pai, Luis Kaiowá, de quem foram separadas durante a ditadura militar no Brasil. O documentário acompanha a jornada da cineasta para reencontrar o pai, bem como as lutas enfrentadas pelos povos indígenas Tikmũ'ũn e Kaiowá em defesa de seus territórios e modos de vida.

SOBREVIVENTES

Brasil/ Drama/ 20 / 107 min.

Direção: José Barahona

Sinopse: No século 19, sobreviventes de um navio negreiro naufragado chegam a uma ilha deserta. Em busca de sobrevivência, a tripulação enfrenta conflitos que desafiam e invertem valores morais e sociais da época.

Elenco: Miguel Damião, Anabela Moreira, Roberto Bomtempo

Em cartaz:


PEDAÇO DE MIM

França/ Drama/ 2024/ 94 min.

Direção: Anne-Sophie Bailly

Sinopse: Mona, uma mulher divorciada, vive com seu filho Joel, um adulto neurodivergente. Os dois compartilham uma relação profunda, que é abalada quando Mona descobre que a namorada de Joel, também neurodivergente, está grávida.

Elenco: Laure Calamy, Charles Peccia Galletto, Julie Froger




HORÁRIOS DE 10 A 16 DE JULHO

15h: MEU PAI KAIOWÁ

17h: PEDAÇO DE MIM

19h: SOBREVIVENTES


Não há sessões nas segundas-feiras


Ingressos

Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 14 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 7. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.

Na quinta-feira, a meia-entrada (R$ 7) é para todos e todas.


CineBancários

Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre

Mais informações pelo telefone (51) 3030.9405 ou pelo e-mail cinebancarios@sindbancarios.org.br

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Cine Dica: Streaming - 'Dept. Q'

Sinopse: O detetive Carl foi transferido para outro departamento para organizar casos encerrados.  

Scott Frank surpreendeu ao fazer de uma série que explora o universo do jogo de xadrez em algo dinâmico em "O Gambito da Rainha" (2020). Antes disso, porém, chamou atenção ao fazer um faroeste feminista e corajoso em "Godless" (2017). Contudo, "Dept.Q" (2025) é a sua melhor obra, principalmente ao saber trabalhar com uma trama complexa e ao mesmo tempo construir personagens dos quais a gente se identifica.

Na trama, um detetive brilhante, porém, bastante rabugento e sarcástico, fica responsável por comandar uma unidade de solução de casos arquivados. Por conta de sua arrogância e teimosia lhe traz a antipatia de seus superiores e colegas na Polícia de Edimburgo. Porém, será preciso ele se conter e trabalhar em um caso de desaparecimento arquivado e que é preciso novamente reabri-lo.

Sendo uma série escocesa, mas baseada em um livro norueguês, a produção por si só já é caprichada visualmente ao explorar o visual e os costumes do Reino Unido, mas não se distanciando muito de nossa própria realidade do lado de cá do globo. O que faz da série se tornar universal é os seus ricos personagens, principalmente com relação ao protagonista, interpretado com intensidade pelo ator Matthew Goode e que se torna o coração do programa de cabo a rabo. Sem papas na língua, o personagem é alguém que a gente facilmente se identifica, principalmente pelo fato dele ser uma pessoa sincera com relação ao mundo em que vive e não se limitando perante as regras de boa conduta impostas por um sistema falido que é o criminal.

A série, por vezes, é bastante complexa, exigindo maior atenção para aqueles que assistem, pois há uma teia de eventos envolvendo a investigação em que o protagonista e seus parceiros estão investigando. O resultado é o fato de todos serem suspeitos, não poupando nem aqueles do alto patente, pois no final das contas ambição é o que tornam essas pessoas mais bandidas do que aqueles que simplesmente roubam uma bolsa de uma simples senhora. Por conta disso o protagonista não se intimida perante a nenhuma autoridade, pois a própria somente se esconde através de uma cortina burocrática, porém, já muito debilitada por ser há muito tempo bastante falha.

Com apenas nove episódios, a série é aquele tipo de programa que você começa a maratonar direto, pois cada episódio termina de uma forma que faz a gente querer ver o outro logo em seguida. O ruim disso é quando tudo acaba e fazendo a gente desejar que haja uma segunda temporada logo em seguida. Devido ao sucesso de público e de crítica não me surpreenderia se voltássemos a vermos novamente esse detetive de boca suja, mas que todos acabam caindo na tentação de gostar dele.

"Dept.Q" é uma grata surpresa para aqueles que procuravam uma boa série investigativa, mas que nos prende de tal forma que os nove episódios acabam sendo algo muito pouco e fazendo a gente desejar o quanto antes por novos episódios. 

Onde Assistir: Netflix. 

      Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  

Instagram: @ccpa1948 

 
Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok 

Cine Dica: Cinesemana de 10 a 16 de julho de 2025

A cinesemana de 10 a 16 de julho traz duas estreias em nossa programação, ambas assinadas por diretoras mulheres. A italiana Maura Velpero dirige VERMIGLIO – A NOIVA DA MONTANHA, uma história ambientada durante a Segunda Guerra Mundial e indicada pela Itália ao Oscar de filme internacional. O outro filme é uma releitura do clássico erótico EMANUELLE, conduzido pela premiada diretora Audrey Diway e que coloca a protagonista em uma jornada de descobertas por Hong Kong.

A semana ainda traz uma sessão inclusiva de A PRIMEIRA MORTE DE JOANA, da diretora Cristiane Oliveira, e uma mostra especial de rock gaúcho com quatro longas inéditos nos cinemas. Entre os destaques, estão os documentários dedicados à banda Cachorro Grande, ao compositor Julio Reny e ao sempre genial Júpiter Maçã.

Seguem em cartaz DREAMS, o filme ganhador do Festival de Berlim e que completa a elogiada trilogia do norueguês Dag Johan Haugerud, e também O GRANDE GOLPE DO LESTE, com Sandra Hüller, ambientado às vésperas da reunificação da Alemanha. O público pediu e prorrogamos as exibições do longa chinês LEVADOS PELAS MARÉS, e que o diretor Jia Zhang-ke traça um panorama do seu país nas últimas duas décadas, o ENTRE DOIS MUNDOS, protagonizado por Juliette Binoche.

Os longas VIRGÍNIA E ADELAIDE, de Jorge Furtado e Yasmin Thayná, e RITAS, de Oswaldo Santana, têm suas últimas sessões nesta semana.

Confira a programação completa no site oficial da Cinemateca clicando aqui.

terça-feira, 8 de julho de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'O Esquema Fenício'

Sinopse: O magnata Zsa-zsa Korda sofre mais um acidente aéreo, mas logo se recupera. Ao voltar para casa, ele decide nomear sua filha, uma freira, como única herdeira de sua fortuna.  

Wes Anderson tem sido duramente criticado até mesmo pela crítica especializada ao ser acusado de exagerar em sua visão autoral na realização dos seus últimos filmes. Tanto "A Crônica Francesa" (2021) como "Asteroid City" (2023), no meu entendimento, são uma espécie de experimento que o cineasta faz ao usar a linguagem do cinema e alinhá-la com o universo do teatro. Se muitos ainda estão irritados com o seu modo de filmar é bom passar longe então de "O Esquema Fenício" (2025) onde ele até volta a fazer um cinema de um jeito mais tradicional, mas não largando de mão a sua visão autoral.

Na trama, conhecemos o magnata Zsa-zsa Korda (Benicio del Toro), que já sobreviveu a seis acidentes de avião e é pai de nove filhos homens e uma única menina, a freira Liesl (Mia Threapleton). Ele determina que ela seja a única herdeira de seu patrimônio, mas antes, pede a ajuda da filha para garantir que seu projeto de vida saia do papel, o "Korda Land and Sea Phoenician Infrasctructure Scheme". Agora, eles precisarão viajar pelo mundo acompanhados pelo ingênuo tutor Bjorn (Michael Cera) para negociar com empresários, empreiteiros e criminosos.

Como não poderia deixar de ser, o filme é recheado de astros do cinema atual norte americano, que estão sempre dispostos a fugir do convencional e embarcar no universo autoral do diretor. Portanto, será comum no decorrer dos anos vermos em seus filmes novamente nomes como Scarlett Johansson, Benedict Cumberbatch, Michael Sera, Tom Hanks e tantos outros, sendo que alguns fogem das produções milionárias como as da Marvel, já que ela atualmente se encontra cada vez mais presa em sua fórmula de sucesso já muito desgastada nestes últimos anos. Já no universo de Wes Anderson me dá a impressão de que eles estão mais à vontade em fazer personagens genuinamente estranhos, mas que desafiam os seus talentos como um todo.

Para o fã radical, porém, poderão se decepcionar um pouco com esse filme se caso esperam uma expansão ainda maior com relação ao modo de filmar que o realizador estava colocando em prática nos últimos anos, ao fazer uma transição entre o cinema e o teatro e usando as velhas técnicas de como se fazia longas metragens como antigamente. Porém, a meu ver, o realizador optou em retroceder um pouco e revisitar à sua maneira de filmar dos tempos de "O Grande Hotel Budapeste" (2013), ou seja, é o mesmo e bom velho Wes Anderson de sempre, mas não se arriscando em dessa vez em dar um outro passo à frente. Dá minha parte está tudo bem para mim, desde que os velhos e bons ingredientes que sempre usou ainda estejam todos por lá.

E lá estão eles, desde um enquadramento que mais se parece um quadro, como uma fotografia de cores quentes que mais parecem extraídas de uma HQ retro. Além disso, é interessante observar que o realizador tem até um modo curioso de fazer as cenas de ação e até mesmo de luta, sendo tudo muito cartunesco, quase como se fosse um desenho animado, mas que a meu ver é uma forma de satirizar até mesmo a situação em que os personagens se encontram envolvidos. Sendo assim, o realizador não poupa humor ácido nem com relação à igreja ou ao próprio céu, com direito a julgamentos divinos, porém, burocráticos para se dizer o mínimo.

Quem se diverte nesta situação toda é o próprio Guilherme Del Toro, que dentre todos os atores em cena é o que mais se sente a vontade em toda essa brincadeira, principalmente ao já ter pegado o embalo da autoria do cineasta. Curiosamente, muitos personagens que surgem em cena são interpretados por intérpretes queridinhos do realizador, mesmo quando alguns fazem simples pontas, mas que irão dar o que falar. Bill Murray, por exemplo, faz questão de surgir como o próprio Deus em pessoa e mantendo a sua parceria com o diretor desde que se iniciou bem lá atrás no filme "Três É Demais" (1998).

Tendo ganhado recentemente um Oscar de melhor curta por "A Incrível História de Henry Sugar" (2023), Wes Anderson não está preocupado se os seus longas geram lucro ou não e tão pouco se importando o que os críticos irão dizer em seus textos. Acima de tudo, é um dos poucos realizadores norte-americanos de hoje que se atrevem em ir de contramão de uma Hollywood cada vez mais presa em suas franquias, fórmulas desgastadas e pela falta de algo mais original que tanto faz falta. No meu entendimento, Wes Anderson tem mais é que fazer o que bem entender e eu só tenho que agradecer.

"O Esquema Fenício" é o menos corajoso da filmografia recente de Wes Anderson, o que não significa que seja o menor de Wes Anderson. 

      Faça parte:


Mais informações através das redes sociais:

Facebook: www.facebook.com/ccpa1948

twitter: @ccpa1948  

Instagram: @ccpa1948 

 
Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook twitter, Linkedlin Instagram e Tik Tok