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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 5 de abril de 2023

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 06 a 13 de abril de 2023

 UNIVERSO KONG: ANTES DO CÓDIGO

A segunda parte do ciclo dedicado aos 90 anos de King Kong, intitulada Antes do Código, será exibida entre 06 e 13 de abril na Cinemateca Capitólio. No novo panorama do Universo Kong, apresentamos 16 obras realizadas em Hollywood entre 1930 e 1933, antes da aplicação com maior rigor da censura do Código Hays nos Estados Unidos. O valor do ingresso é R$ 10,00.

A programação também apresenta uma edição especial do Projeto Raros, na sexta-feira, 07/04, às 19h30, com Madame Satã, obra de Cecil B. DeMille que inspirou o célebre transformista João Francisco dos Santos, figura icônica da vida noturna do Rio de Janeiro na primeira metade do século XX. Entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/6091/universo-kong-antes-do-codigo/


ÚLTIMAS SESSÕES DE JEAN VIGO

As cópias restauradas dos clássicos de Jean Vigo ganham as últimas sessões na Cinemateca Capitólio. Zero de Conduta será exibido no domingo, 09/04, às 18h. O Atalante será exibido na quinta-feira, 13/04, às 19h30. A exibição é uma parceria com a Cinemateca da Embaixada da França e o Institut Français. O valor do ingresso é R$ 10,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/3128/zero-de-conduta/ e http://www.capitolio.org.br/eventos/5976/o-atalante/


GRADE DE HORÁRIOS

06 a 13 de abril de 2023


06 de abril (quinta-feira)

15h – Zaroff, o Caçador de Vidas

16h15 – Serpente de Luxo

18h – Depois do Casamento

19h30 – Assim Amam as Mulheres


07 de abril (sexta-feira)

15h – Uma Loira para Três

16h15 – Idade Perigosa 

18h – Monstros

19h30 – Projeto Raros: Madame Satã 


08 de abril (sábado)

15h – Treze Mulheres

16h15 – O Diabo a Quatro

18h – A Mulher Parisiense dos Cabelos de Fogo 

19h30 – Hollywood


09 de abril (domingo)

15h – Três… Ainda é Bom

16h15 – Possuída

18h – Zero de Conduta 

19h30 – Uma Loira para Três


11 de abril (terça-feira)

15h – A Ilha das Almas Selvagens

16h15 – Serpente de Luxo

18h – Idade Perigosa

19h30 – Um Triste Prazer


12 de abril (quarta-feira)

15h – Depois do Casamento

16h30 – Assim Amam as Mulheres

18h – Treze Mulheres

19h30 – King Kong


13 de abril (quinta-feira)

15h – Um Triste Prazer

16h15 – Uma Loira para Três

18h – Três… Ainda é Bom

19h30 – O Atalante

terça-feira, 4 de abril de 2023

Cine Especial: Próximo Cine Debate - 'A Voz Suprema do Blues'


Sobre o Filme: 

A união do cinema com o teatro tende a gerar um filme sem personalidade ou uma obra que desafia o talento do elenco dentro dele. "Um Limite Entre Nós" (2016), por exemplo, é baseado em uma peça de teatro, mas sabendo se expandir em sua adaptação cinematográfica e gerando assim uma pequena joia como um todo. É então que chegamos "A Voz Suprema do Blues" (2020), que segue para um mesmo caminho, onde a direção segura e atuações poderosas faz com que a obra se torne maior e cujo o palco não seria o suficiente.

Dirigido por George C. Wolfe, "A Voz Suprema do Blues" acompanha Ma Rainey (Viola Davis) em Chicago, 1927, numa sessão de gravação de álbum mergulhada em tensão entre seu ambicioso trompista Levee (Chadwick Boseman) e a gerência branca que está determinada a controlar a incontrolável "Mother of the Blues". Porém, uma conversa no local revela verdades que irão abalar a vida de todos.

Confira a minha crítica já publicada clicando aqui e participe do próximo Cine Debate de amanhã.

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segunda-feira, 3 de abril de 2023

Cine Especial: Revisitando 'O Samurai' e Comemorações dos 75º Aniversário do Clube de Cinema de Porto Alegre

 Prezado(a),

Temos o prazer de convidá-lo(a) a celebrar conosco o aniversário de 75 anos do Clube de Cinema de Porto Alegre. Será uma ocasião especial realizada no dia 13 de Abril, a partir das 19h na Casa de Cultura Mario Quintana. Haverá uma cerimônia com homenagens, e a exibição do filme  "O Samurai" (Jean-Pierre Melville, 1967). Abaixo segue um release com mais informações sobre o evento, e gostaríamos que o compartilhasse com seus contatos e em suas redes sociais. Agradecemos antecipadamente por seu apoio, e esperamos poder contar com sua presença em nossa celebração!


75º Aniversário do Clube de Cinema de Porto Alegre

O Clube de Cinema de Porto Alegre completa 75 anos no dia 13 de abril de 2023, e para celebrar esta data tão especial, será realizado na Casa de Cultura Mario Quintana um coquetel às 19h, seguido de uma sessão de cinema na Sala Paulo Amorim, às 20h. O filme escolhido é "O Samurai", um clássico francês dirigido por Jean-Pierre Melville, lançado em 1967 e estrelado por Alain Delon.

O CCPA foi fundado pelo crítico Paulo Fontoura Gastal em 1948, reunido com jornalistas, cinéfilos e intelectuais de Porto Alegre para se dedicarem à expansão da cinefilia na cidade, no estado e no país, com a ideia de trazer pessoas para discutirem sobre filmes. Desde então se tornou um lugar de vivência e formação para os apaixonados pelo audiovisual em Porto Alegre. Em tempos de streaming, o Clube é espaço de resistência, através de uma curadoria que prioriza os lançamentos das salas parceiras, filmes experimentais, ciclos temáticos, e faz um resgate dos grandes clássicos. Também são tradicionais as sessões especiais que promovem o encontro com diretores e artistas que realizaram os filmes, além do café depois da exibição para debates e divagações. É acima de tudo um clube de afetos, como dizem os membros.

Atualmente, o Clube de Cinema oferece sessões semanais, todos os sábados às 10h15min., em uma das salas associadas: Cinemateca Paulo Amorim, CineBancários, Cine Farol Santander, Cinemateca Capitólio, Espaço de Cinema Bourbon Country e Sala Redenção (UFRGS). O CCPA também promove exibições especiais em algumas noites de terça-feira e domingos pela manhã. A anuidade para se tornar membro é no valor de R$180, mas são bem-vindos todos que quiserem conhecer o Clube de Cinema. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos, composta por voluntários que se dedicam para manter viva a paixão pelo cinema em Porto Alegre.

A escolha do filme "O Samurai" para a celebração do aniversário do Clube de Cinema não poderia ser mais apropriada. O filme é um dos grandes clássicos do cinema francês, que narra a história de um assassino profissional solitário e metódico que se vê enredado em uma complexa teia de conspirações. Alain Delon, que interpreta o protagonista, entrega uma performance brilhante e icônica, tornando a exibição da obra também uma homenagem a esse grande ator.

O evento do dia 13 de Abril será uma ocasião especial para celebrar os 75 anos de história e legado do Clube de Cinema de Porto Alegre, que tem sido um importante ponto de encontro para cinéfilos de todas as idades e perfis. O coquetel antes do filme contará com homenagens a algumas personalidades que tornaram essa história possível e longeva. A exibição de "O Samurai" será uma oportunidade única para os amantes do cinema apreciarem uma obra-prima da sétima arte na recentemente renovada Sala Paulo Amorim. A entrada é franca.

Venha comemorar os 75 anos do Clube de Cinema de Porto Alegre em grande estilo, com esse evento especial!


Sobre o Filme: 'O Samurai' 

A Nouvelle Vague foi um movimento cinematográfico que mudou o modo de se fazer cinema francês e que, posteriormente, serviu de inspiração para o resto do mundo. Com uma leva de jovens cineastas, os mesmos decidiram sair para ruas de Paris, sendo que abertura do clássico "Os Incompreendidos" (1959), François Truffaut, é o melhor representante desta iniciativa. Não é à toa que o movimento serviu de inspiração para o cinema mundial, principalmente para que o cinema norte americano parasse de vender um cinema fantasioso e desse início ao seu movimento intitulado "Nova Hollywood".

Porém, os próprios realizadores franceses buscaram inspiração através do cinema norte americano para a realização dos seus filmes. O subgênero "Noir" norte-americano foi um movimento que atraiu bastante os cineastas franceses devido a sua estética, ousadia e a sua peculiaridade moldada por personagens cínicos e nenhum pouco altruístas. "Acossado" (1960), de Jean-Luc Godard, não somente se tornou um dos pilares do movimento Nouvelle Vague, como também possui um estilo "noir" e que serviria de inspiração posteriormente para outros filmes durante a década de sessenta.

Talvez o melhor representante dessa leva tenha sido mesmo Jean-Pierre Melville, sendo um realizador apaixonado pelo cinema norte americano dos anos quarenta e cujo o "noir" é o que mais lhe atraia. "Bob, O Jogador" (1956) e "Técnica de Um Delator" (1962) serviram de laboratório para o que ele nos serviria posteriormente e cuja fórmula do "noir" usaria até o fim de sua carreira. "O Samurai" (1967) não é somente o melhor filme de sua carreira, como também um dos melhores representantes de "noir francês" elegante e que tanto atraiu as plateias daquela época.

O filme conta a história de Jeff Costello (Alain Delon), um assassino profissional metódico e perfeccionista. Seus atos são cuidadosamente planejados nos mínimos detalhes e ele nunca foi surpreendido em ação. Uma noite, porém, ele é flagrado por uma testemunha durante uma execução. A partir de então sua vida transforma-se num inferno.

No passado, o samurai foi guerreiros a serviço do Império japonês, mas que posteriormente começaram a serem também homens solitários que praticavam determinado trabalho ilícito de acordo com o valor que eles obtinham. O termo é usado para descrever aqui o protagonista como um todo, principalmente na abertura do filme, onde vemos o mesmo solitário em seu apartamento, do qual possui poucos moveis e tendo consigo um passarinho como companheiro. O pequeno ser preso dentro de uma gaiola é uma representação do próprio protagonista, onde se vê preso pelo caminho em que trilhou e do qual não acha escapatória.

Jean-Pierre Melville demonstra uma força perfeccionista nos primeiros dez minutos de projeção, onde ficamos acompanhando passo a passo o modo de agir do protagonista, desde a forma em que coloca o seu chapéu, como também da maneira como anda para não tentar chamar atenção. Pelo fato de os primeiros minutos não sabermos ao certo com relação ao que o protagonista faz, nós achamos que ele seria uma espécie de detetive particular bem ao estilo do personagem de Humphrey Bogart do clássico "Relíquia Macabra" (1941), já que a sua figura com o cigarro na boca muito se aproxima dessa ideia. Além disso, aqui nos é apresentado uma Paris quase sempre chuvosa, onde as luzes e sombras se entrelaçam e não faltando as clássicas sombras das persianas vinda das janelas.

Uma vez que descobrimos que o protagonista é um matador profissional, logo testemunhamos que algo dá errado em sua última missão e começa um jogo de gato perseguindo o rato no primeiro ato da trama. Ficamos sempre nos perguntando quando o protagonista será pego, porém, as figuras femininas centrais da trama talvez sejam o único meio dele obter uma redenção, ou então a sua perdição. Vale salientar que o cineasta não se esqueceu desse pequeno detalhe, ou seja, das famosas  femme fatale, que se tornam uma grande ajuda, ou o derradeiro calcanhar de Aquiles para o protagonista.

Tendo atuado em filmes como "Rocco e Seus Irmãos" (1960) e "O Leopardo" (1963), Alain Delon obtém aqui uma de suas atuações mais lembradas, onde sua expressão fria e calculista marcaria uma geração inteira e serviria de influência até mesmo para os protagonistas durões do cinema de ação norte americano dos anos setenta. Neste último caso, sua imagem de um cavaleiro solitário dentro de um apartamento, cuja violência está a sua espera do outro lado da porta, serviria até mesmo de inspiração para a construção do protagonista Taxi Drive de Martin Scorsese ou de "O Matador" de john woo. Uma atuação digna de nota e difícil de imaginar outro em seu lugar nesta obra.

A meu ver, "O Samurai" não se limitou somente ao prestar uma homenagem ao subgênero "noir", como também serviu de laboratório sobre a melhor maneira de se fazer um filme policial na década seguinte. Infelizmente esse modelo duraria até o final dos anos setenta, sendo que seria explorado ao máximo no território norte americano, mas cujo mesmo foi trocado por mais ação e protagonistas musculosos. Uma época que não volta mais, mas que nunca custa revisitar.

"O Samurai" é uma verdadeira aula de perfeccionismo e elegância e que infelizmente não é algo que se faz mais hoje em dia. 


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sábado, 1 de abril de 2023

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - 'Morangos Silvestres'

 Nota: Filme exibido para os associados no dia 26/03/23 

O ano de 1957 foi o ano de Ingmar Bergman. Quando se pensa em cinema Sueco logo vem a nossa mente as suas obras e das quais são verdadeiras aulas de como se faz um bom cinema. Pode ter surgido outros cineastas daquele país com uma visão autoral definida, mas nenhuma supera a criatividade deste realizador.

Naquele ano ele lançaria um dos melhores filmes de todos os tempos, "Sétimo Selo", do qual testemunhamos um cavaleiro das Cruzadas (Max Von Sydow) tendo que encarar o fato que será levado muito em breve pela Morte (Bengt Ekerot). Porém, para evitar o seu fim, o cavaleiro desafia a própria Morte em um jogo de xadrez e fazendo deste jogo um dos grandes momentos da história do cinema. Vida, fé e morte eram assuntos sempre alinhado dentro dos trabalhos de Bergman, sendo que talvez seja algo que o afligia e fazendo com que as realizações dos seus roteiros fossem uma forma de exorcizar os seus demônios.

Mas a sua genialidade não se limitava em um único filme, ao ponto que no mesmo ano ele lançaria aquele que, talvez, seja a sua obra mais pessoal que foi "Morangos Silvestres". Tendo elaborado a trama na época em que estava no hospital, Berman somente realizaria esse projeto se caso conseguisse contratar o veterano ator Victor Sjöstrom para ser o protagonista, pois ele não imaginava outro intérprete a não ser ele. Embora relutante,  Sjöstrom aceitou interpretar o papel e do qual o mesmo se tornaria o mais conhecido de toda a sua carreira.

O filme conta a história de  Isak Borg (Victor Sjöström), um professor de medicina que revisita vários momentos marcantes de seu passado durante uma viagem de carro até sua antiga universidade, onde ele irá receber uma honraria. Acompanhado de sua nora Marianne (Ingrid Thulin) ele evoca memória de sua família e de sua ex-namorada. Durante a viagem ele conhece uma garota adolescente que em muito se assemelha a Sara (Bibi Andersson), seu antigo amor. A jovem pega carona com o professor e Marianne. Quanto mais Borg recorda as decepções e desilusões que viveu, mas ele se sente frio e cheio de culpa. Esses sentimentos se afloram quando ele encontra seu filho, igualmente frio e ressentido.

Pelo que me lembro eu somente havia assistido ao filme umas duas vezes na minha vida, sendo que a última vez que havia visto foi para fazer parte do curso "Cinema e Psicanálise" pelo Cine Um. Revendo agora pelo Clube de Cinema de Porto Alegre percebo que "Morangos Silvestres" é aquele filme que nós lembramos de uma forma, quando na verdade ele se transforma por completo quando o revisitamos e fazendo a gente obter a sensação de que estamos assistindo pela primeira vez. Porém, independente de quantas vezes eu vi, há uma cena que sempre me lembrarei que é com relação abertura.

Nela,  Isak Borg está sonhando que está caminhando pela rua, onde ele testemunha olhos lhe observando, assim como um curioso relógio sem ponteiros e um homem sem rosto que logo em seguida se desmancha na calçada de forma misteriosa. Logo depois, chega uma carruagem que quase lhe atropela e cuja mesma acaba perdendo uma roda e fazendo com que um caixão saia dentro dela. O protagonista então testemunha o que há dentro do caixão, sendo que é ele próprio e logo em seguida acorda desse possível, ou não, pesadelo.

Essa cena, talvez, seja uma das que mais foram analisadas ao longo da história, sendo que ela nos lembra em alguns momentos as melhores pinturas de Salvador Dalí, ou das teorias de Freud que nos fazem pensar.  No primeiro caso, por exemplo, Salvador Dalí já havia sido lembrado em títulos como "Um Cão Andaluz" (1929) ou "Quando Fala o Coração" (1945), mas aqui, embora possa não parecer para muitos, eu enxergo naquele cenário que Bergman criou toda a genialidade máxima que Dalí havia criado com relação as imagens que testemunhamos quando todos nós dormimos.

O filme pode também ser interpretado como um "road movie", já que vemos o protagonista testemunhando algo muito além do que uma mera viagem. Há aqui um cruzamento de gerações, sendo que o protagonista vem de uma época mais conservadora, enquanto a geração nova apresentada na trama se empenha em ter opinião própria. Se por um lado temos a nora Marianne que enfrenta um dilema interior e do qual ela se acha no direito de ter que decidir, do outro, temos a jovem Sara que surge do nada durante a viagem e que leva consigo dois futuros pretendentes, mas se preocupando mais com a sua liberdade. Sara, aliás, faz com que o protagonista se lembre de tempos mais inocentes, onde era apaixonado pela sua prima, mas tendo perdido ela ao longo da história.

Essa passagem é bastante curiosa, já que vemos o protagonista adentrar em seus próprios pensamentos, como se ele quisesse impedir que alguns acontecimentos jamais tivessem acontecido, mas que nada poderia ser feito. Curiosamente, essa passagem me lembrou do filme brasileiro "Amor Estranho Amor" (1982), de Walter Hugo Khouri, sendo que o mesmo sempre se declarou como grande fã do realizador sueco e se alguém dúvida basta assistir "Noite Vazia" (1964) para capitar certa semelhante com as obras de Bergman. Voltando ao filme, a trama começa a transitar ainda mais entre sonhos, pensamentos e fazendo a gente chegar à conclusão de que, talvez, o protagonista esteja buscando a redenção, mas da qual nunca havia chegado.

O filme fala sobre os sentimentos de culpa e dos quais nos assombra ao longo da vida. Bergman procura nos dizer que esse sentimento sempre estará com a gente e do qual não podemos voltar no tempo para repará-lo e fazendo com que esse meu pensamento se case com a figura do relógio sem ponteiros, já que não há como retrocedê-lo. Por conta disso, a morte se torna ainda mais nítida para o protagonista, mesmo quando a gente não testemunha ela em cena, mas sentimos em sua volta.

A redenção, talvez, se encontre no fato do protagonista em tentar fazer do seu filho (Gunnar Björnstrand) alguém melhor para a sua nora, mesmo quando dá indícios que isso possa parecer impossível. Porém, as personagens femininas interpretadas aqui por Bibi Andersson e Ingrid Thulin demonstram ter personalidades próprias, força interior em abundância e sabendo sobreviver perante o machismo que ainda era muito aflorado naqueles tempos longínquos. A figura da mulher com personalidade forte seria ainda mais explorada em seus filmes posteriores e dos quais a maioria seriam protagonizados pela sua musa Liv Ullmann.

Ao final, constatamos que o protagonista aceita que não há mais volta para tempos mais dourados, dos quais poderiam até terem sido diferentes, mas dos quais ele soube com o tempo aceitar os seus próprios erros e dos quais estava-lhe pesando ao longo do enredo. O sentimento de culpa seria algo que Bergman iria cada vez mais explorar nos seus filmes a seguir, como no caso, por exemplo, do enigmático "A Hora do Lobo" (1967), mas não de uma forma tão perfeita e complexa como essa. Portanto, Ingmar Bergman é um cineasta que sempre fará falta.

"Morangos Silvestres" é sobre sonhos, lembranças e culpa e tudo tendo sido alinhado pelas mãos artísticas Ingmar Berman.   


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sexta-feira, 31 de março de 2023

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (31/03/2023)

 O URSO DO PÓ BRANCO

Sinopse: Em 1985, um avião carregado de cocaína cai em algum lugar no meio do nada na floresta da Geórgia. Então, os mais de 200 quilos de drogas e potencialmente muito dinheiro foram perdidos para sempre? Os donos, um punhado de criminosos, não querem correr riscos e preferem jogar pelo seguro na hora. Na busca pela valiosa substância, porém, eles percebem que outro ser foi mais rápido do que eles. Um enorme urso preto encontrou o que procurava. E agora está completamente chapado.



O CIRCO VOLTOU

Sinopse: O Circo Voltou é um documentário que segue José Wilson Moura Leite, também conhecido como Zé Wilson, mestre circense, e sua Escola Circo Picadeiro. O longa lembra o movimento cultural que fez o circo renascer nos anos 1980 no país.



A ESPOSA DE TCHAIKOVSKY

Sinopse: Antonina Miliukova é uma jovem aristocrata bonita e brilhante. Ela poderia ter tudo o que quisesse, no entanto, sua única obsessão é se casar com Pyotr Tchaikovsky. A única razão pela qual o compositor finalmente aceitará essa união, é para acabar com os rumores sobre ele. Sem sentir amor e culpando-a por seus infortúnios e colapsos, as tentativas de Tchaïkovsky de se livrar de sua esposa são brutais. 



DEMON SLAYER: TO THE SWORDSMITH VILLAGE

Sinopse: O fenômeno Demon Slayer retorna as telonas para apresentar o início do Arco da Vila dos Ferreiros com um corte especial. Reviva o confronto de Tanjiro com as Luas Demoníacas Daki e Gyutaro remasterizado em 4K especialmente para o cinema, além de ser um dos primeiros a presenciar o início do novo Arco que nos apresentará dois pilares: Mitsuri Kanroji e Muichiro Tokito, pilares de Amor e Névoa, respectivamente.



SOMBRAS DE UM CRIME

Sinopse: Em SOMBRAS DE UM CRIME, o detetive particular Philip Marlowe (Liam Neeson) é contratado para encontrar o ex-amante da ambiciosa Clare Cavendish (Diane Kruger), herdeira da estrela de Hollywood Dorothy Quincannon (Jessica Lange). A investigação do desaparecimento dá início a uma série de reviravoltas mortais envolvendo a elite da indústria cinematográfica no final da década de 1930.



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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 30 de março a 05 de abril de 2023

Perlimp


A segunda semana de exibições do 1º Encontro dos Festivais Ibero-americanos de Cinema (EFIC) apresenta sessões comentadas de duas produções do Rio Grande do Sul e a trilogia de filmes da diretora argentina María Alvarez, que vem a Porto Alegre conversar com o público. A programação tem entrada franca.

Iniciativa pioneira na formação de público no Rio Grande do Sul, o Programa de Alfabetização Audiovisual completa quinze anos de atividades em abril. Para comemorar, a Sessão Vagalume terá uma edição especial com entrada gratuita dentro da programação do EFIC. O título escolhido é a longa-metragem Perlimps, mais nova produção do premiado cineasta Alê Abreu (de O Menino e o Mundo, animação indicada ao Oscar em 2016). As sessões serão realizadas nos dias 1º e 2 de abril, às 15h, na Cinemateca Capitólio. As senhas para o público vão ser distribuídas a partir das 14h.

A programação do 1º Encontro dos Festivais Ibero-americanos de Cinema (EFIC) está repleta de oportunidades de capacitação para produtores e realizadores do setor: serão oito painéis temáticos e uma masterclass virtual, para os inscritos; além da exibição de mais de 20 filmes em 47 sessões, com entrada franca também para o público em geral. Promovido pela Fundação Cinema RS (Fundacine) em parceria com a Coordenação de Cinema e Audiovisual da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre, o evento é totalmente gratuito e acontece entre os dias 23 e 27 de março, na Cinemateca Capitólio (rua Demétrio Ribeiro, 1085 – Centro Histórico), em Porto Alegre.

Realização: Fundacine, Cinemateca Capitólio e Prefeitura Municipal de Porto Alegre através da Secretaria Municipal da Cultura Apoio: MUBI, IECINE e Grupo IMOBI Patrocínio: CEEE Grupo Equatorial Financiamento: Pró-Cultura RS e Governo do Estado do Rio Grande do Sul


FILMES


AS CINÉFILAS,

74 MINUTOS, 2017, ARGENTINA.

DIREÇÃO: MARÍA ALVAREZ.

Sinopse: “As cinéfilas” são mulheres aposentadas, da Espanha, Argentina e Uruguai, que vão ao cinema todos os dias. Como um vazamento, a ficção se infiltra em suas vidas e deixa uma marca em sua memória.


O TEMPO PERDIDO,

102, 2020, ARGENTINA.

Direção: María Alvarez.

Um grupo de pessoas vem se reunindo pelos últimos 18 anos, em um bar de Buenos Aires, para ler o mesmo livro repetidamente: “Em busca do tempo perdido” de Marcel Proust. Atravessando suas memórias e emoções, com um grande senso de humor, o grupo traz ao livro um significado novo e pessoal.


INSEPARÁVEIS

81 MINUTOS, 2021, ARGENTINA.

Direção: María Álvarez

Sinopse: Em um pequeno apartamento em Buenos Aires, repleto de memórias e invadido por um grande piano de cauda, as gêmeas Cavallini, de 91 anos, vivem os dias entre o amor e ódio, típicos do vínculo simbiótico. Lá, elas relembram sua antiga carreira como dupla de pianistas profissionais e algo parece brilhar em seus olhos. A música soa novamente com toda a força do passado.


CAMPO GRANDE É O CÉU

71 MINUTOS, 2022, BRASIL.

DIREÇÃO: BRUNA GIULIATTI, JHONATAN GOMES, SÉRGIO GUIDOUX

Sinopse: Residentes de comunidades quilombolas no sul do Brasil lutam para manter viva a tradição de cantoria dos Ternos de Santos Padroeiros e outras heranças de seus ancestrais.


CASA VAZIA

85 MINUTOS, 2022. BRASIL.

Após a sessão haverá conversa com o diretor Giovani Borba.

Direção: Giovani Borba.

Sinopse: Raúl é um peão desempregado e pai de família. Na escuridão das noites, junta-se a um bando de ladrões de gado. Ao retornar de mais uma madrugada, encontra sua casa vazia; sua mulher e filhos desapareceram.


PERLIMPS

80 MINUTOS, 2023. BRASIL. Direção: Alê Abreu.

Sinopse: A jornada de aventura e fantasia de Claé e Bruô, agente-secretos de reinos rivais. Eles precisam superar suas diferenças e unir forças para encontrar os Perlimps, criaturas misteriosas capazes de encontrar um caminho para a paz em tempos de guerra.


GRADE DE HORÁRIOS

30 de março a 05 de abril de 2023


Quinta 30/03 – sessões no cinema

15h – Vazio (92 minutos, 2021, Equador / Uruguai)

17h – Desterro, 123 minutos. (reprise)

19h30m Casa vazia (85 minutos, 2022. Brasil) + debate


 Sexta – 31/03

15h – Eu, empresa, 82 minutos, 2021.Brasil.

16h30m – Mato Seco em Chamas,153 minutos. (reprise)

19h30m – Inseparáveis (81 minutos, 2021. Argentina) + debate


Sábado – 01/04

15h – Sessão Vagalume: Perlimps, 80 minutos, 2023.

17h – Breve História do Planeta Verde, 75 minutos. (reprise)

19h30m – As Cinéfilas, 75 minutos, 2017. Argentina + debate


Domingo – 02/ 04

15h – Sessão Vagalume: Perlimps, 80 minutos.

17h – Titane (108 minutos, 2021. França / Bélgica)

19h30m – O Tempo Perdido, 85 minutos, 2020. Argentina.


Terça – 04/04

15h – O tempo perdido (reprise), 85 minutos

17h – As cinéfilas (reprise), 75 minutos

19h – Regra 34 (100 minutos, 2022, Brasil).


Quarta  – 05/04

15h – Eu, Empresa (reprise), 82 minutos

17h – Inseparáveis (reprise), 81 minutos

19h30m – Campo Grande é o céu (71 minutos, 2022, Brasil) + debate

Cine Dica: Em Cartaz - 'Desejo Proibido'

Sinopse: Depois de se envolver com a filha de Olga, Max (Simone Susinna) começa a desenvolver um sentimento por Olga (Magdalena Boczarska) e inicia um romance com ela sem saber da relação entre as duas. Os dois embarcam em um romance tórrido, até que a filha de Olga descobre e põe tudo a perder. 

É preciso reconhecer que Tomasz Mandes se esforça para provar que tem algo para dizer com os seus filmes eróticos, mas dos quais parece que ficam devendo algo. A franquia "365", por exemplo, parece que foi feita para aqueles que curtiram a saga Crepúsculo, ou "Cinquenta Tons de Cinza", pois essa geração cresceu, mas parece que o realizador acha que a mentalidade deles não progrediu e achando que eles aceitariam qualquer tipo de trama desde que ela seja caliente. "Desejo Proibido" (2023) nada mais é do que a continuidade de uma visão de um cineasta autoral que acha que está filmando arte, quando na verdade a trama é apenas um fiapo de criatividade.

Em "Desejo Proibido", Maks (Simone Susinna) e Olga (Magdalena Boczarska) tem quinze anos de diferença de idade. Ela é uma mulher bem-sucedida, mãe de uma jovem adulta. Já ele é um homem que aproveita a vida como pode e como der, sempre vivendo o momento e sem consequências. Mesmo pessoas muito distantes e diferentes, o destino os põe perto do outro. Ambos acabam se conhecendo e engatam um relacionamento, algo que logo será interrompido pela filha de Olga.

A trama em si não traz nenhum frescor de originalidade, já que ela poderia ter sido muito bem encaixada nas mais diversas produções dos bons tempos do "Cine Privé". Porém, tudo é embalado com mais dinheiro e pelas mãos de um diretor que sabe, ao menos, ser criativo com o uso de sua câmera para a elaboração de diversas cenas. É curioso, por exemplo, sua obsessão pelos reflexos nos vidros e espelhos, como se os protagonistas somente enxergassem a si mesmo através deles e podendo assim observar, enfim, os seus erros e acertos durante os seus trajetos. Porém, isso não é o suficiente para sustentar uma história rasa e que somente serve para exibir gente bonita e muito bem malhada.

Neste último caso me irrita essa obsessão do diretor em criar qualquer desculpa esfarrapada para exibir Simone Susinna sem camisa, como se isso fosse melhorar a trama, quando na verdade somente serve para encher a linguiça. Chega a ser até mesmo patético o esforço que ele faz em poder atuar diante de uma atriz como Magdalena Boczarska, sendo que ela tem muito a dizer através do seu olhar, enquanto o protagonista só serve para se exibir. A cenas de sexo, ao menos, irão incomodar menos os politicamente corretos, mas dificilmente é algo para ser lembrado.

O filme em si é sobre o dilema com relação as diferenças da idade de determinados casais e como isso atrai os olhares preconceituosos hoje em dia. Porém isso não se sustenta quando entra em cena a filha de Olga, personagem com certo peso trágico e motivos verossímeis sobre os motivos que a levam a transformar a vida da sua mãe em um inferno. Só isso seria o suficiente para melhorar o filme, mas sendo deixado um tanto de lado e sendo destacado esse relacionamento duvidoso.

Ao final, certos pontos da linha narrativa são finalizados, muito embora o filme se arraste por determinadas situações que poderiam ter sido resolvidas com meia hora a menos. A vinda do sono acaba sendo inevitável e quando o minuto final chega é um grande alívio, pois tudo poderia ter sido encerrado de forma mais rápida e coerente para dizer o mínimo. Resta saber qual será a próxima travessura  Tomasz Mandes e até lá me preparo psicologicamente.

"Desejo Proibido", serve mais para aqueles solteiros que vivem sós neste momento e desfrutar de uma trama caliente, porém, bastante ingênua diga-se de passagem. 


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