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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Curral'

Sinopse: Em Curral, Joel é um advogado que está na disputa para eleição de vereadores na cidade de Gravatá, em Pernambuco. Ele decide convidar seu antigo amigo Chico Caixa (Thomás Aquino) para participar da campanha. 

O documentário "Camocim" (2018) de Quentin Delaroche se passava em Camocim de São Félix, um município pernambucano marcado pelas disputas em época de eleições. A cidade se divide em duas cores, vermelho e azul, onde as mortes faziam parte do enredo em tempos não muito distantes. Nesse local, o diretor Quentin Delaroche encontra uma jovem que se chama de Mayara Gomes, coordenadora da campanha limpa para eleger o seu amigo César como vereador da cidade.

Embora simples eu jamais me esqueci do documentário, pois nele mostra as entranhas de como se faz e se vence uma eleição, seja ela em maior ou menor grau. Em tempos em que a política anda fervilhando as nossas vidas nunca é demais saber como realmente funciona a propaganda e como se faz para persuadir as pessoas a votarem em determinado candidato. Seguindo uma linha mais ficção, porém, não menos realista, "Curral" (2021) procura colocar para fora o esqueleto escondido dentro do armário que determinados candidatos escondem quando se digladiam para obter o maior número de votos.

Dirigido por Marcelo Brennand, o filme conta a história de Joel (Rodrigo Garcia (II)) um advogado que está na disputa para eleição de vereadores na cidade de Gravatá, em Pernambuco. Ele decide convidar seu antigo amigo Chico Caixa (Thomás Aquino) para participar da campanha, angariando votos de um bairro simples do município através da promessa do fornecimento de água. Apesar de receoso, Chico aceita, mas se vê atravessado por forças conflitantes enquanto questiona a ética desse tipo de campanha.

O filme possui ares de um quase documentário, já que a maioria dos atores que surgem na tela eles estão representando eles próprios em seu dia a dia naquela cidade e não escondendo o lado precário de suas realidades. Porém, a transição do lado quase documentário vai acontecendo na medida em que a trama é conduzida através dos personagens principais e dos quais são interpretados por atores de grande calibre. Conhecido pelo seu desempenho em "Bacurau" (2019) Thomas Aquino carrega o filme nas costas, ao interpretar um bom samaritano da comunidade, mas que não esconde as suas ambições de mudar de vida muito em breve.

Quando surge a oportunidade, vemos o personagem transitar entre o bom senso e pela falta de caráter, principalmente em situações em que vemos o mesmo pagar para os eleitores para assim obter voto para o seu amigo advogado Joel. Esse último, aliás, não esconde a sua ambição de subir na vida, mas tão pouco disfarça as suas fraquezas e os momentos em que enfrenta os seus demônios interiores na medida em que a eleição se torna cada vez mais complexa. Porém, Chico busca não se vender por completo a esse sistema, mas sabendo que não há mais um caminho para que ele volte a ser o que era, principalmente ao descobrir o lado podre da eleição assim como também a real face dos dois lados da disputa.

Com pouco mais de uma hora e vinte o filme jamais perde o seu ritmo, principalmente por dosar alguns pontos que envolve até certo suspense sobre o que irá acontecer em determinados momentos. Não deixa de ser surpreendente, por exemplo, um plano-sequência que ocorre dentro do carro, do qual dois personagens centrais testemunham compras de votos através de promessas que quase jamais serão cumpridas. São momentos como esse em que o longa nos prende do começo até o final da projeção e cujo o ato final todos os dilemas dos personagens principais são transbordados para fora do copo e cabe os mesmos aceitarem as consequências dos seus atos.

"Curral" é um pequeno pingo de uma grande tempestade sobre o que move as grandes eleições por todo esse país e sobre até onde a pessoa se vende por esse sistema já viciado e desacreditado. 


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 25 DE NOVEMBRO A 1º DE DEZEMBRO DE 2021 na Cinemateca Paulo Amorim.

 SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES

A Noite do Fogo


SALA 1 / PAULO AMORIM


15h – OS TRADUTORES (NÃO HAVERÁ SESSÃO NO DOMINGO, DIA 28) Assista o trailer aqui.

(Les Traducteurs - França/Bélgica, 2020, 105min). Direção de Régis Roinsard, com Lambert Wilson, Olga Kurylenko, Riccardo Scamarcio. Imovision, 14 anos. Suspense.

Sinopse: No mundo dos grandes lançamentos, o sigilo é fundamental. Por isso, nove tradutores, de línguas diferentes, são confinados em um hotel de luxo – e sem acesso à internet – para se dedicarem a um projeto milionário: a edição do último livro de uma famosa trilogia e que deverá ser lançado ao mesmo tempo no mundo inteiro. Tanto cuidado é para evitar qualquer vazamento, mas o negócio pode dar errado quando as primeiras dez páginas do livro chegam às mãos de criminosos.


17h – UMA HISTÓRIA DE FAMÍLIA (A PARTIR DE SÁBADO, DIA 27) Assista o trailer aqui.

(Family Romance, LLC - Estados Unidos/Japão, 2020, 90min). Direção de Werner Herzog, com Ishii Yuichi, Mahiro Tanimoto. Arteplex Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Em tempos de fake news e relações virtuais, por que não contratar amigos e familiares? Na empresa Family Romance LLC, há locações para todos os tipos de necessidades, inclusive seguidores para redes sociais e substitutos para reuniões de trabalho. Entre as muitas contratações da empresa, Ishii é chamado para representar o pai desaparecido de uma menina de 12 anos.

SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


14h30 – A NOITE DO FOGO Assista o trailer aqui.

(Noche de Fuego - México-Alemanha-Brasil, 2021, 110min). Direção de Tatiana Huezo, com Norma Pablo, Mayra Batalla, Olivia Lagunas. Vitrine Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Em uma cidade solitária situada nas montanhas mexicanas, os homens não estão mais em suas casas: ou foram mortos, ou fugiram, ou foram cooptados pelas milícias. Com medo, as mulheres se protegem e tentam esconder as meninas dos grupos de narcotraficantes que atuam na região – sendo que uma estratégia é vesti-las como garotos. Indicado pelo México ao Oscar de melhor filme internacional, o filme é adaptado do livro "Reze Pelas Mulheres Roubadas", da escritora mexicana-americana Jennifer Clement.


16h30 – O NOVELO *ESTREIA* Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 95min). Direção de Claudia Pinheiro, com Nando Cunha, Rocco Pitanga, Sérgio Menezes. O2 Filmes, 16 anos. Drama.

Sinopse: Depois da morte da mãe, ainda na infância, cinco irmãos acabaram sendo criados pelo irmão mais velho. Agora, já adultos, eles recebem a notícia de que um homem, que está hospitalizado em estado de coma, pode ser seu pai. A sala de espera do hospital se transforma no cenário para um reencontro marcado por boas lembranças, algum ressentimento e a necessidade de seguir em frente. Prêmio de melhor ator para Nando Cunha e melhor filme pelo júri popular no Festival de Gramado 2021, a produção reúne cinco atores negros nos papeis dos protagonistas.


18h30 – CURRAL *ESTREIA* (NÃO HAVERÁ SESSÃO NA QUARTA, DIA 1º) Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 90min). Direção de Marcelo Brennand, com Thomás Aquino, Rodrigo García, José Dumont. Pandora Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: No município de Curral, no interior do Nordeste, a população sofre há muitos anos com a crise hídrica. Joel vê uma oportunidade de usar o tema para sua campanha à Câmara dos Vereadores e convida seu amigo Chico para conquistar os votos do bairro mais pobre da região. Chico aceita, mas enfrenta os dilemas éticos e financeiros típicos de uma campanha política no Brasil – não importa o tamanho do eleitorado.


SESSÕES ESPECIAIS DA SEMANA

Sessão do ciclo Clássicos na Cinemateca – 35 anos.

DIA 28 DE NOVEMBRO ÀS 15h


NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS

(EUA, 1939, 95min). Direção de John Ford. Faroeste.

Sinopse: Considerado um marco do gênero western, o filme tem John Wayne como protagonista e segue um grupo de pessoas que precisa atravessar o deserto do Arizona em carruagens. No percurso, enfrentam vários perigos.


Sessão da oficina “Escola de Cinéfilos”

DIA 30 DE NOVEMBRO ÀS 19h

1917

(EUA/Reino Unido, 120min, 2019). Direção de Sam Mendes. Drama de guerra.

Sinopse: Em 1917, durante a Primeira Guerra Mundial, dois jovens soldados britânicos são encarregados de atravessar o território inimigo para entregar uma mensagem que pode salvar milhares de colegas. O filme se destaca por ter sido filmado em plano-sequência, com apenas dois cortes.


Sessão do ciclo “O que é o Cinema Gaúcho?”

DIA 1º DE DEZEMBRO ÀS 19h


NAS PAREDES DA PEDRA ENCANTADA

(Brasil, 2011, 120min). Documentário de Cristiano Bastos e Leonardo Bomfim.

Sinopse: O filme recupera a história do álbum "Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol" (1975), de Lula Côrtes e Zé Ramalho, marcada por muitos contratempos. A sessão comemora os 10 anos de lançamento do filme, com a presença dos realizadores.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores tem direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional.Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


Acesse nossas plataformas sociais:

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terça-feira, 23 de novembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Noite Passada em Soho'

Sinopse: Jovem apaixonada por design de moda que é misteriosamente capaz de ir para a década de 1960, onde encontra seu ídolo, uma deslumbrante aspirante a cantora. 

Edgar Wright já pode ser apontado como um dos melhores diretores autorais do cinema atual. Começou de forma mansa, mas logo foi conquistando o público e a crítica através de "Todo Mundo Quase Morto" (2004), "Chumbo Grosso", "Scott Pilgrim Contra o Mundo" (2010) e "Em Ritmo de Fuga" (2017). "Noite Passada em Soho" (2021) ele potencializa o seu lado autoral, ao nos colocar frente a frente com uma Londres sedutora, porém, maquiavélica por detrás das cortinas.

O filme conta a história de Eloise (Thomasin Mckenzie), uma jovem apaixonada por design de moda que consegue, misteriosamente, voltar à década de 1960. Lá, ela encontra Sandy (Anya Taylor-Joy), uma deslumbrante aspirante a cantora por quem é fascinada. O que ela não contava é que a Londres dos anos 1960 pode não ser o que parece, e o tempo passa cada vez mais a desmoronar, levando a consequências sombrias.

Atualmente há um desejo no público atual em voltar em uma época mais dourada, ou mais precisamente em uma década em que a pessoa mais se identifica. Isso é explorado em potência máxima pelo diretor, onde já na abertura deslumbrante vemos Eloise dançando e cantando sobre tempos coloridos dos anos sessenta e casando assim com a sua ambição em ser uma grande estilista de moda. Se abertura já nos conquista o restante do filme nos fascina.

Em uma verdadeira mistura de "Meia Noite em Paris" (2011) com a "Repulsa do Sexo" (1965) Edgar Wright cria para a protagonista uma verdadeira viagem sensorial, onde não sabemos ao certo o que está acontecendo, se ela está delirando, sonhando ou realmente testemunhando aquele novo cenário. Enquanto as respostas não vêm o cineasta capricha na edição, cujo os jogos de cenas são fantásticos e cujo o uso de espelhos se torna uma peça fundamental para a trama como um todo. Arrisco a dizer que a fotografia e a edição de arte que reconstitui Londres dos anos sessenta está entre as melhores do ano e isso não é pouco.

Curiosamente, a trama vai se tornando cada vez mais complexa, ao ponto de ela transitar entre humor, suspense e até mesmo o puro terror sobrenatural. Tudo embalado de uma forma para que nos pegue desprevenidos, como se alguns elementos vistos na tela não passassem de fumaça e espelhos para ocultar a verdade dos fatos. Além disso, não me surpreenderia se Edgar Wright tenha pegado elementos de sucesso criados pelo mestre Alfred Hitchcock, já que há personagens duplos e dos quais ocultam grandes segredos.

Falando em duplo, o filme pertence as duas atrizes jovens de grande talento. Tanto Thomasin Mckenzie como Anya Taylor-Joy se sobressaem em seus respectivos papeis, sendo que essa última já nos chama atenção graças aos seus enormes olhos e que tem mais a dizer do que imaginamos. Já a personagem de Mckenzie vai crescendo na trama de tal maneira que consegue brilhantemente até mesmo ofuscar a sua contraparte.

Se há um defeito no filme está justamente em sua reta final, onde o diretor arrisca em usar certos elementos convencionais dos filmes de terror e quase prejudicando o resultado final. Felizmente Os minutos finais nos surpreende com uma incrível revelação e pegando muita gente desprevenida, inclusive eu. No saldo geral, o filme é uma crítica acida dessa nova geração em querer voltar para outros tempos, sendo que os mesmos problemas de hoje já se encontravam lá desde o princípio.

Com inúmeras e famosas músicas dos anos sessenta, "Noite Passada em Soho" é desde já um dos filmes mais criativos do ano, com um visual vibrante e história envolvente. 



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segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'A Noite do Fogo'

Sinopse: Em uma cidade solitária situada nas montanhas mexicanas, os homens não estão mais em suas casas: ou foram mortos, ou fugiram, ou foram cooptados pelas milícias. 

"Sanctorum" (2019), recentemente exibido em nossos cinemas, contava a histórias de pessoas que viviam em um vilarejo, das quais as mesmas eram ameaçadas por milicias do tráfico de drogas e, ao mesmo tempo, algo de estranho vindo da natureza acontecia em volta. O filme foi uma bela demonstração de renovar a questão da guerra contra o tráfico vista nos cinemas, que ao longo dos anos quase sempre foi retratada como grande espetáculo orquestrado por Hollywood. Do México vem novamente "A Noite do Fogo" (2021) filme que dá nova luz sobre a questão, mas através de um olhar inocente que sobrevive perante o horror.

Dirigido por Tatiana Huezo, o filme se passa em uma cidade solitária situada nas montanhas mexicanas, os homens não estão mais em suas casas: ou foram mortos, ou fugiram, ou foram cooptados pelas milícias. Com medo, as mulheres se protegem e tentam esconder as meninas dos grupos de narcotraficantes que atuam na região – sendo que uma estratégia é vesti-las como garotos.

Indicado pelo México ao Oscar de melhor filme internacional, o filme é adaptado do livro "Reze Pelas Mulheres Roubadas", da escritora mexicana-americana Jennifer Clement. O filme começa de uma forma curiosa, onde vemos mãe e filha cavando um buraco para que a última se deite nele. A resposta para isso não vem de imediato, já que Tatiana Huezo opta de nos mostrar o cenário e os acontecimentos através do olhar das três jovens protagonistas e das quais se tornam o coração do filme como um todo.

Através delas conhecemos o dia a dia daquele povo, sendo boa parte formado por mulheres que foram jogadas a própria sorte, mas que não se intimidam perante as limitações que aquela realidade sempre os aflige. Não deixa de ser curioso, por exemplo, quando vemos essas mulheres tentarem se comunicar com o restante do mundo, ao usarem o celular em um morro alto e para assim obter um sinal. As adversidades existem, mas as mesmas não são o suficiente para deterem essas mulheres que decidiram lutar perante o horror vindo do homem.

Em meio a essa luta, vemos esse trio central crescendo, aprendendo, tentando se comunicar com a realidade em volta e fazendo com que as mesmas se tornem ligadas uma na outra. Nem mesmo em meio ao cenário precário será o suficiente de impedi-las de buscarem o conhecimento, mesmo quando o desejo de ir ao mundo a fora é interrompido pelo medo de deixarem os seus entes queridos à mercê da violência que está à espreita.  Esse medo, aliás, é o que torna o filme quase uma obra de suspense, já que sempre há um temor sentido no ar e que somente é suavizado pelos momentos de paz do trio central.

O ato final reserva momentos delicados, ao vermos o horror chegando em forma de carros pretos, comandados por homens sem nenhum escrúpulo e que se acham no direito de oprimir e transformar a vida dessas pessoas em um pesadelo. Em meio a perdas e revoltas, a esperança ainda é mantida, graças ao que se aprendeu pela persistência de alguns e pelo desejo de vencer e obter uma vida melhor. "A Noite do Fogo" é sobre a inocência que precisa ser preservada e para que a mesma consiga voar e que nenhum momento precise se preocupar. 


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Cine Dica: Programação - 25 de novembro a 1 de dezembro de 2021 na Cinemateca Capitólio

 MOSTRA UMBÚ DAS ARTES APRESENTA OBRAS CRIADAS DURANTE A PANDEMIA

Laranja Mecânica 

A primeira Mostra UMBÚ das Artes acontece de 25 de novembro a 1º de dezembro na Cinemateca Capitólio, com realização da UMBÚ, coletivo de produtoras artistas de teatro de Porto Alegre. A proposta é reunir diversos trabalhos realizados durante a pandemia por artistas e coletivos teatrais de Porto Alegre. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/4711/1a-mostra-umbu-das-artes/


VERDES VALES DO FIM DO MUNDO DE ANTONIO BIVAR

No dia 27 de novembro, sábado, às 17h, a Cinemateca Capitólio realiza uma sessão em homenagem ao escritor e dramaturgo Antonio Bivar (1939-2020), exibindo uma raridade recém descoberta, que terá sua primeira exibição pública: o média metragem em Super 8 Verdes Vales do Fim do Mundo, dirigido pelo próprio Bivar. O filme, cuja existência foi revelada somente após a morte do autor, vítima da Covid-19, tem 45 minutos de duração e é um registro da série de viagens realizadas no início da década de 70, e que deram origem ao livro Verdes Vales do Fim do Mundo (1984). A sessão será comentada pelo pesquisador Luís Francisco Wasilewski, grande conhecedor e admirador da obra de Bivar. Entrada franca.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/4735/verdes-vales-do-fim-do-mundo-de-antonio-bivar/


HOMENAGEM A MELVIN VAN PEEBLES NO PROJETO RAROS

Na sexta-feira, 26 de novembro, às 19h30, o Projeto Raros da Cinemateca Capitólio celebra o legado de Melvin Van Peebles, um dos grandes nomes do cinema negro dos Estados Unidos, morto em setembro deste ano, com a exibição de Don’t Play Us Cheap, adaptação de uma obra que o próprio Peebles escreveu e musicou para a Broadway. Com entrada franca, a sessão será apresentada pelo programador Leonardo Bomfim.  


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/4726/homenagem-a-melvin-van-peebles-no-projeto-raros/


LARANJA MECÂNICA EM SESSÃO DA MEIA-NOITE

No sábado, 27 de novembro, às 23h59, a Cinemateca Capitólio realiza uma sessão da meia-noite com o filme Laranja Mecânica, obra incontornável de Stanley Kubrick que completa 50 anos em 2021. Os ingressos (R$ 10,00) serão vendidos a partir das 15h30 de sábado, 27 de novembro. 


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/4733/laranja-mecanica/


CINECLUBE ACADEMIA DAS MUSAS APRESENTA SESSÃO COM FILMES RIOT GRRRL


No domingo, 28 de novembro, às 17h, o Cineclube Academia das Musas apresenta a sessão Riot Grrrl, uma seleção de curtas furiosos realizados por Sadie Benning, Jennifer Reeder, Victoria Harwood, Lucy Newman e Sarah Jacobson na década de 1990. Com entrada franca, o programa será apresentado por Helena Pavan, curadora da sessão.


Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/4728/cineclube-academia-das-musas-apresenta-sessao-riot-grrrl/


CABEÇA DE NÊGO ENTRA EM CARTAZ

A partir de quinta-feira, 25 de novembro, entra em cartaz na Cinemateca Capitólio o longa-metragem Cabeça de Nêgo, de Déo Cardoso, um dos mais importantes filmes brasileiros do ano. O valor do ingresso é R$ 16,00.


Mais informações:  http://www.capitolio.org.br/eventos/4730/cabeca-de-nego/


GRADE DE HORÁRIOS

25 de novembro a 1 de dezembro de 2021


25 de novembro (quinta)

15h – Cabeça de Nêgo

17h – A Noite do Fogo (pré-estreia)

19h – A Mulher Arrastada + 9 Saias + Colapso: Terra em Chamas


26 de novembro (sexta)

15h – Cabeça de Nêgo

17h – Palácio do Fim + Ícaro – Sobre o Processo de Criação

19h30 – Projeto Raros: Don’t Play Us Cheap


27 de novembro (sábado)

15h – Cabeça de Nêgo

17h – Antonio Bivar – Verdes Vales do Fim do Mundo

19h – Invisíveis – História Para Acordar + Hipergaivota

23h59 – Laranja Mecânica


28 de novembro (domingo)

15h – Cabeça de Nêgo

17h – Cineclube Academia das Musas: Sessão Riot Grrrl

19h – Classe Cordial + A Vó da Menina + Desmedida Noite


30 de novembro (terça)

15h – Cabeça de Nêgo

17h – A Noite do Fogo (pré-estreia)

19h – A Fome + Derrota


1º de dezembro (quarta)

15h – Cabeça de Nego

17h – A Noite do Fogo (pré-estreia)

19h – A Mãe da Mãe da Menina + 2068


Para a retomada da programação presencial, uma série de adaptações para a utilização do espaço foram implementadas, desde entrada e saída do público, o estabelecimento de limite de espectadores por sessão (teto de 60% de ocupação), distanciamento entre os presentes, sendo bloqueados os assentos demarcados, além do uso obrigatório de máscara durante toda a sessão e o incentivo à higienização constante das mãos. É obrigatória a apresentação de Comprovante de Vacinação Oficial (CONECTE SUS) de acordo com calendário de vacinação estadual para público e trabalhadores de cinemas do Rio Grande do Sul.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Cine Especial: 'Encurralado' - 50 Anos Depois

Sinopse: David Mann, um educado vendedor de eletrônicos, está dirigindo em uma estrada de duas pistas quando encontra um caminhão-tanque que está sendo guiado por um motorista invisível, o qual parece gostar de irritá-lo com brincadeiras perigosas. 

Os anos setenta foi a década que o cinema norte americano perdeu de vez a sua inocência, ao abordar em seus filmes temáticas muito mais voltadas com as questões que ocorriam em nosso mundo real. Essa nova leva de obras reflexivas se tornou o melhor período da sétima arte por lá e se tornando o que hoje é conhecida como a "Nova Hollywood", da qual foi inaugurada por jovens novos talentos que foram surgindo naqueles tempos, como no caso de Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Brian de Palma, George Lucas e Steven Spielberg. Esse último, aliás, foi o primeiro ao inaugurar o termo blockbuster com o seu clássico "Tubarão" (1975), porém, o diretor já havia se consagrado antes com a sua pequena obra prima "Encurralado" (1971).

A trama é simples: Homem de negócios (Dennis Weaver) dirige sozinho em uma estrada secundária, quando de repente se vê perseguido por um motorista de caminhão (Lou Frizzell). Depois de algum tempo, ele chega à conclusão de que aquele homem pretende matá-lo. Não demora muito para que a trama se torne uma verdadeira perseguição de gato e rato.

Rodado em apenas 13 dias nas estradas da California, além de um orçamento minúsculo, o jovem Steven Spielberg, com apenas 25 anos de idade, criou um filme de suspense de estrada eletrizante, com direito há vários planos-sequências, montagem de cenas eletrizantes e que não deve nada para outros filmes de grande orçamento da época. O filme foi rodado para ser exibido diretamente para a  tv norte americana, em uma época em que os canais estavam cheio de filmes melodramáticos e coube ao jovem diretor quebrar esse tabu. O sucesso foi tão grande que não demorou muito para sua obra ser lançada nos cinemas e se tornando um cult instantâneo na época.

O roteiro é de Richard Matheson, que por sua vez criou a história se inspirando em um caso real que ele mesmo havia participado. Curiosamente, por muito tempo o público achava que o filme era baseado em alguma obra de Stephen King, o que não é surpresa nenhuma, já que o escritor tem vários romances com essa mesma temática. Portanto, não me surpreenderia se o próprio "Encurralado" tenha servido de inspiração para o escritor criar um dos seus clássicos literários que foi "Christine" (1983), que contava a história de um carro que criava vida e que teria a sua adaptação para o cinema no mesmo ano.

No caso do clássico de Spielberg, se percebe que há várias mensagens subliminares na trama e que revisto hoje em dia se tornam ainda mais explicitas. Para começar o filme se passa no início dos anos setenta, época em que os norte-americanos ainda sofriam da ressaca com relação a guerra do Vietnã, crise econômica e a turbulência política nas mãos de Richard Nixon. A trama foca somente dois personagens, o cidadão de bem David Mann interpretado por Weaver e o caminhoneiro, interpretado por Carey Loftin, que jamais vemos o seu rosto e fazendo dos personagens os dois lados da mesma moeda com relação ao sentimento do norte americano daqueles tempos.

Enquanto David seria a representação do cidadão de bem norte americano, o caminhoneiro, por sua vez, seria aquele cidadão frustrado com os tempos que estava convivendo e colocando o seu ódio contra o primeiro que apareceria em sua frente. Já David insiste em não usar a violência durante esse duelo psicológico, principalmente na cena do bar onde ele tenta adivinhar quem é o dono do caminhão e que pode estar dentro do estabelecimento naquele momento. Antes disso, ele tem um curioso diálogo com a sua esposa pelo telefone e dando a entender que os dois estão brigados, já que ele não a defendeu de um quase estupro.

É neste ponto da trama que o filme me fez lembrar de uma outra obra lançada naquele mesmo ano, que foi "Sob o Domínio do Medo" (1971), do qual o protagonista, interpretado por Dustin Hoffman, procura usar a lógica para conter a onda de violência que invadirá a sua casa, mesmo suspeitando que um dos invasores tenha estuprado anteriormente a sua esposa. Nos dois casos, são protagonistas que temem pelas consequências de suas ações caso respondam contra a violência que estão os afligindo. Logicamente, a razão dá lugar para ação, pois os personagens se encontram encurralados e cabem agir para sobreviverem antes que seja tarde demais.

Há quem goste de simplificar o clássico de outras diversas formas, como na possibilidade do caminhão ter sido possuído por uma força demoníaca, ou que o veículo seja um monstro que só Deus sabe da onde veio. Não é de se admirar, portanto, que muitos consideram "Tubarão" como uma espécie de continuação de "Encurralado", já que ambos os casos vemos os protagonistas sendo perseguidos implacavelmente por uma força tenebrosa e que jamais descansa até ela ser eliminada. Curiosamente, o grito de um Tiranossauro Rex ouvido na cena final do caminhão que cai direto para um precipício é o mesmo grito que ouvimos após a morte do tubarão.

"Encurralado" é a semente que Spielberg plantou em Hollywood em 1971 e que mudaria em grande escala o cinema norte americano para sempre e cujo os seus efeitos são sentidos até hoje. 

Onde Assistir: Em DVD ou Telecine. 

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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'SARS-CoV-2 / O Tempo da Pandemia'

Sinopse: O documentário reúne depoimentos de sete importantes especialistas da saúde que contribuíram para o enfrentamento da maior crise sanitária já vivida no Brasil. 

Uma coisa é a gente ter lido nos livros de histórias sobre vários acontecimentos trágicos que a humanidade sofreu ao longo dos séculos, desde terremotos, ou pandemias como a peste negra ou a gripe espanhola. Porém, mesmo a gente ter lido todos esses livros parece que não foi o suficiente para estarmos preparados para o pior que estava por vir. "SARS-CoV-2 / O Tempo da Pandemia" (2021) nos revela profissionais na área falando sobre esse cenário, sendo que os próprios tiveram que encarar o que antes parecia até então impossível.

Dirigido por Eduardo Escorel e Lauro Escorel, o filme entrevista médicos e especialistas em saúde pública que, sob a liderança de Paulo Chapchap, aceitam a missão de colaborar no combate ao coronavírus e integrar a iniciativa Todos pela Saúde. Chapchap convida Drauzio Varella, Eugênio Vilaça, Gonzalo Vecina, Maurício Ceschin, Pedro Barbosa e Sidney Klajner para decidir que medidas tomar com o objetivo de salvar vidas.

Os médicos avaliam o caráter trágico e inesperado da pandemia, além dos altos índices de mortes que assolaram a população. As dificuldades de gestão também são pauta do debate, bem como a dificuldade em se manter otimista. Gonçalo Vecina avalia que “o vírus veio nos mostrar como nós somos uma sociedade desigual e o que mata não é ele, é a desigualdade”, assim como Drauzio Varella ressalta a necessidade de “entendermos que a desigualdade social não é um destino final do Brasil”. Já Paulo Chapchap relembra a colapso da saúde ocorrido em Manaus devido à falta de um simples equipamento.

Todas as palavras dos especialistas sendo ditas ao longo documentário se tornam uma espécie de resumo dos quase dois anos de pandemia que o Brasil e o mundo sofreram nas mãos do Covid 19. Mais do que uma recapitulação, o documentário foi criado no calor do momento, mais precisamente quando morriam mais de dois mil brasileiros por dia e cuja a crise de Manaus foi o ápice dessa calamidade. Ao mesmo tempo, os especialistas não escondem o fato que esse cenário poderia ter sido facilmente evitado.

Embora nomes não sejam ditos, os especialistas direcionam a culpa desse cenário aos governantes, principalmente ao Presidente atual do país, do qual o mesmo não fez nada para evitar o avanço do vírus, mas sim repassando medidas ineficazes, apoiando aglomerações, nunca defendendo o distanciamento e tão pouco apoiando o uso de mascaras. Foi graças a esses especialistas que, ao longo de vários meses, trabalharam fortemente na campanha pela vinda das vacinas, mas até lá fizeram de tudo em ajudar os enfermos além de conscientizar as demais pessoas para se protegerem.

No terceiro ato do documentário observamos a maioria desses especialistas um tanto que cansados de toda essa situação e colocando para a fora as dores por terem perdido pessoas próximas, desde parentes e amigos. O projeto em si é uma denúncia contra a desigualdade que cada vez aumenta no Brasil atual e que colaborou no número elevado de mortes. Atualmente a tempestade parece que está diminuindo, mas não podemos esquecer o quanto fomos ingênuos no passado.

"SARS-CoV-2 / O Tempo da Pandemia" é um registro histórico sobre temos nebulosos que ainda todos nós estamos convivendo. 



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