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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: 'Domingo' - Era Uma Vez Uma Senzala

Sinopse: Múltiplos pontos de vista de uma família burguesa do interior gaúcho no dia 1º de janeiro de 2003, quando o Brasil vivia a histórica posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Durante uma festa extravagante, muitas verdades estão prestes a vir à tona e o mal-estar entre os convidados fica evidente. 

Antes do lançamento "A Que Horas Ela Volta?" (2015), da diretora Anna Muylaert e do qual escancarou a realidade entre patrões e empregados do Brasil, o cineasta Fellipe Barbosa havia lançado um ano antes o seu filme "Casa Grande" (2014) e do qual tratou dos mesmos assuntos que haviam sido vistos no popular filme estrelado por Regina Casé. Em ambos os casos, são filmes que mostram o atrito entre as classes, onde a classe média burguesa brasileira venera pela posse enquanto a classe baixa busca pelo sonho da liberdade. Em "Domingo", Felipe Barbosa novamente enfia a mão no vespeiro, mas com humor ácido e crítico.
A trama se passa no início de 2003, onde uma família burguesa gaúcha se reúne em torno de seu maior patrimônio, que é um casarão decadente e com as paredes corridas pelo tempo de sua história. O imóvel sustenta o status pela proximidade do lago, pela quadra de tênis e pelo jogo de jantar chique. Há também os caseiros e as criadas na cozinha e das quais são chamadas aos gritos. A família percebe uma onda de mudanças, pois Lula acaba de ser eleito presidente, a situação financeira da matriarca Laura (Ítala Nandi) está em situação de se esfarelar, mas não aceita a realidade que acontece em seu presente.

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Em um único cenário, onde todos os eventos da trama se passam no casarão, Fellipe Barbosa cria um mosaico sobre um Brasil em transição naqueles tempos, onde se havia uma paranoia entre as elites que achavam que perderiam tudo, mas também uma comemoração entre os mais pobres que sonhavam pelas farturas que viriam. Com uma fotografia de cores quentes no primeiro ato, os protagonistas da trama tentam manter as aparências, como se tudo estivesse em um mar de rosas, mas logo dando lugar aos atritos e opiniões que geram determinadas discussões aos poucos. O filme vai se encaminhando a quase uma sensação claustrofóbica, como se a qualquer momento alguns daqueles personagens estivesse prestes a fazer uma coisa errada a partir do momento que começam a extravasarem os seus sentimentos.
Fellipe Barbosa procura explorar o lado vazio de uma elite que se acha dona da verdade, quando na realidade mal sabem o que eles realmente querem. Curiosamente, o lado socialista tem a sua vez dentro da trama através da nova geração que nasceu dentro dessa elite escravocrata, mas que não sabem ao certo o que virá para eles futuramente. Temos então os velhos costumes sendo extintos em cena, enquanto uma nova geração ainda não sabe ao certo o que virá nos próximos anos.
Embora retrate outros tempos, os assuntos vistos na tela perduram no nosso Brasil até hoje e fazendo das promessas do até então eleito Presidente Lula, que todos nós ouvimos em sua pose, se tornarem novamente um sonho distante. Entre promessas e sonhos, vemos então uma família em ebulição, onde não sabem ao certo aonde irão chegar nesse até então novo Brasil. Ao menos, o ato final reserva momentos simbólicos, principalmente quando vemos serviçais dando um passo à frente e abraçando a ideia de um futuro mais livre.
"Domingo" é sobre fins e começos de um ponto histórico da história do Brasil, mas que mal sabíamos que voltaríamos ao ponto zero da questão. 


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NOTA: "Domingo", de Fellipe Barbosa e Clara Linhart, terá sessão pelo Clube de Cinema, sábado, 12/10/2019 às 10:15 da manhã, na Sala Paulo Amorim da Casa de Cultura Mario Quintana.

Meia entrada geral: R$ 7,00.
Associados do Clube de Cinema não pagam.


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Cine Dicas: Estreias Do Final De Semana (11/10/19)

Greta

Aguardem a minha crítica do filme. Saibam mais sobre Greta e horários de exibição no Cinebancários clicando aqui.

A Noite Amarela

Sinopse: Desejando comemorar o fim do ensino médio, Karina viaja com seus amigos até uma casa de praia situada numa pequena ilha na costa do nordeste brasileiro. 

A Princesa de Elymia 

Sinopse: Zoé é uma garota de dez anos que mora em uma favela. Sua vida muda completamente quando encontra um portal, no Rio de Janeiro, que a leva a um mundo mágico. 

Amor Assombrado  

Sinopse: Ana Clara é uma famosa escritora que vive em conflito com seus próprios contos, uma vez que eles se misturam com sua vida real desde a adolescência.

Em Guerra 

Sinopse: Determinado conglomerado alemão decide fechar uma de suas fábricas no interior da França, com isso desempregando 1100 funcionários, desprezando um acordo assinado dois anos antes.
Eu Sinto Muito 

Sinopse: Um cineasta está produzindo um documentário sobre transtornos de personalidade borderline. Para isso, acompanha três pessoas que apresentam alguma crise e/ou instabilidade emocional.

Frans Krajcberg - Manifesto 

Sinopse: Frans Krajcberg se prepara para expor suas obras e receber a grande homenagem da 32ª Bienal de Arte de São Paulo, enquanto desvela suas memórias e reflexões.

Jessica Forever 

Sinopse: Um grupo de jovens guerreiros hiper-masculinos socorre um rapaz que ficou inconsciente após um acidente. Eles o levam para casa, onde Jessica, uma espécie de Joana d'Arc futurística, fornece carinho e proteção para a trupe.

Luna 

Sinopse: Luana e Emília se conhecem no primeiro dia de aula do último ano da escola e uma amizade floresce rapidamente. A relação intensa, divertida e explosiva entre as duas é interrompida quando uma foto de Luana é vazada nas redes sociais. 

Morto Não Fala

Sinopse: Plantonista de um necrotério, Stênio possui um dom paranormal de se comunicar com os mortos. Trabalhando a noite, ele já está acostumado a ouvir relatos do além.

Projeto Gemini 

Sinopse: O melhor assassino do mundo está ficando velho e menos confiável. Por isso, seus chefes decidem criar um clone mais novo e mais forte dele próprio, que terá como primeira tarefa justamente exterminá-lo. 


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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'O Pintassilgo' - Literatura vs linguagem Cinematográfica

Sinopse: Theodore Decker (Ansel Elgort) sobreviveu a um atentato terrorista em uma galeria de arte, mas perdeu sua mãe no local. Vivendo em Las Vegas, ele acaba ingressando em uma carreira perigosa e à margem da lei: a falsificação de obras.

A versão cinematográfica de Robert Langdon do livro "O Código Da Vinci" (2006) é um exemplo sobre tudo que não se pode fazer em uma adaptação literária para o cinema. Ao ser extremamente fiel a sua fonte original, o filme perdia a sua identidade própria como cinema e fazendo com que a maioria dos interpretes vistos na tela tivessem as piores atuações de suas carreiras. Felizmente, "O Pintassilgo" não sofre exatamente desse mal, muito embora sofra um pouco com outros percalços e que poderiam ter sido evitados.
Dirigido por John Crowley, do filme "Brooklin" (2015) e baseado na obra de Donna Tartt, a história é sobre o jovem Theo Decker, traumatizado desde criança devido à morte da mãe em um atentado terrorista no Metropolitan Museum of Art, em Nova York. Devido a isso, Theo teve sua vida transformada para sempre, não apenas pela perda da mãe, mas também pelas portas abertas para um mundo até então desconhecido. Através de um anel de família entregue por um desconhecido que ele chega a Hobie (Jeffrey Wright), um vendedor de antiguidades que assume o posto de tutor de Pippa (Aimee Laurence), outra sobrevivente. Além disto, Theo é temporariamente abrigado pela família da senhora Barbour (Nicole Kidman) e posteriormente tendo uma forte amizade com o seu amigo rico chamado Boris.

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O início já nos chama atenção, mas isso graças a uma cena reveladora de um possível assassinato e do já citado atentado que mudou a vida do protagonista para sempre. Transitando entre o passado e o presente, acabamos conhecendo melhor a real faceta desse personagem, assim como os demais personagens secundários, mas dos quais se tornam figuras importantes na vida dele como um todo. Dentre eles, se destaca a personagem de Nicole Kidman no início do filme, mas que, infelizmente, possui pouco tempo em cena para poder ser melhor explorada.
Curiosamente, o filme é baseado em uma obra de mais de setecentas páginas, mas cuja adaptação para o cinema não foi o suficiente para dar espaço merecido para determinados personagens que são, na maioria dos casos, carismáticos. Mesmo que o protagonista seja uma figura interessante, principalmente por transitar entre a razão e a desordem, são esses personagens que surge em sua vida e que simplesmente roubam a cena. O filme ganha bastante folego, por exemplo, quando surge em cena Boris, interpretado com intensidade pelo jovem ator Finn Wolfhard, conhecido pelas franquias como "It - A Coisa" (2017) e da série "Stranger Things" (2016).
Se parecendo com alguém que saiu de um filme gótico de Tim Burton, Boris é um verdadeiro contraste de figuras que surgem no passado do protagonista. Como neste ponto da história se passa no passado, onde o visual é moldado por cores quentes vindas da fotografia que retratam a época, Boris é uma espécie de anomalia muito bem-vinda e acolhedora na vida de Theo Decker, ao invés do universo dos adultos que, por vezes, soam opressores e nenhum pouco acolhedores. É uma pena, portanto, que essas passagens do longa não durem para sempre, pois se tornam o ponto mais alto do filme.
O que talvez mais atrapalhe essa adaptação de "O Pintassilgo" para o cinema seja justamente ser fiel demais com relação ao destino de uma misteriosa pintura. Ao ser fiel as passagens do livro com relação a peça central que move os personagens centrais da história, o filme acaba perdendo a sua identidade própria em termos cinematográficos e tornando o longa, por vezes, arrastado. O que se salva nestes momentos de monotonia seja justamente o desempenho dos dois atores centrais que interpretam o protagonista em épocas distintas.
Se por um lado Ansel Elgort já havia nos surpreendido no filme "Em Ritmo de Fuga" (2017), do outro, Oakes Fegley, que interpreta a versão mais jovem do protagonista, acaba se tornando um verdadeiro achado. Em ambos os casos, eles acabam sintetizando muito bem a corda bamba em que o protagonista vai trilhando, entre os momentos de calmaria, para situações pelas quais tememos em que ele exploda. Nada mal vindo de dois interpretes que a recém estão começando a se destacarem no universo cinematográfico.
Infelizmente os realizadores foram falhos também em apressar  tudo em seu ato final da trama. Embora com duas horas e meia de duração, os roteiristas se apressaram por demais em pontos que deixam o cinéfilo, por vezes, confuso e quase prejudicando a obra como um todo. Eu digo quase, pois é graças aos seus personagens em cena que fazem o filme obter a nossa atenção, mesmo quando adaptação se perde em sua fidelidade, por vezes, desnecessária.
Por fim, "O Pintassilgo" é um exemplo de como personagens carismáticos salvam um filme da obsessão de seus realizadores pela fidelidade extrema de sua fonte. 

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Cine Dica: Mostra CORCINA Apresenta

MOSTRA “CORCINA APRESENTA” EXIBE RAROS CURTAS EXPERIMENTAIS BRASILEIROS REALIZADOS POR NOMES COMO LYGIA PAPE, SÉRGIO PEO E ANDRÉ PARENTE

Nos dias 12 e 13 de outubro, a Cinemateca Capitólio Petrobras apresenta a mostra CORCINA APRESENTA. Com curadoria de Lucas Parente, que apresenta pesquisa sobre a produtora na Socine 2019, na Unisinos Porto Alegre, a mostra exibe cinco programas de curtas-metragens produzidos pela Cooperativa dos Realizadores Cinematográficos Autônomos, dirigidos por nomes como Sérgio Peo, Lygia Pape, André Parente, Maria Luiza Aboim, Jorge Abranches, Emiliano Ribeiro, Sandra Werneck, Roberto Moura, Sylvio Da-Rin, Lúcio Aguiar, José Carlos Asbeg, Pompeu Aguiar, José Inácio Parente, José Joffily, Wilson Coutinho, Rubem Corveto, André Lazaro, Ivan Vianna, Luís Arnaldo Campos.
No domingo, o artista e pesquisador André Parente e o curador Lucas Parente participam de um debate sobre a CORCINA.
O ingresso (R$ 10,00, meia entrada para estudantes e idosos) dá direito a todas as sessões do dia.

PROGRAMAÇÃO

Sábado, 12 de outubro
20h – CORCINA 1 – O Curta-Metragem e a Revolução Caraíba – Por uma Antropologia Poética da Cidade
21h – CORCINA 2 – Abertura e Crise – Entre o Cíclico e o Paradoxal

Domingo. 13 de outubro
17h30 – CORCINA 3 – Reificação e Iniciação
18h30 – CORCINA 4 – Abertura e Resistência Política
19h30 – CORCINA 5 – Filmes de Artista e Mecanismos de Controle + debate com Lucas Parente e André Parente

Todas as sinopses detalhadas estão disponíveis em: http://www.capitolio.org.br/novidades/3582/corcina-apresenta/

A CORCINA
Fundada no Rio de Janeiro em 1978, a CORCINA – Cooperativa dos Realizadores Cinematográficos Autônomos – realizou cinquenta curtas-metragens em cinco anos, distribuindo cerca de cem filmes em salas de cinema durante o período de implementação da Lei do Curta. Uma das maiores representantes do curta-metragismo brasileiro, a CORCINA se caracteriza pela afirmação político-econômica do curta-metragem e por seu caráter experimentador, realizando uma verdadeira antropologia poética da cidade.

Apoio: Arquivo Nacional, Cinemateca do MAM, CTAv.
Realização: Cinemateca Capitólio Petrobras, GLAC edições, Prefeitura de Porto Alegre e Urubu Cine.
Curadoria: Lucas Parente. Arte Gráfica: Helena Lessa.

GRADE DE PROGRAMAÇÃO
10 a 13 de outubro de 2019

10 de outubro
14h – Kinoclube: Billy Elliot
16h – Crise Antropomórfica + Carnívora
18h – Verdades e Mentiras
20h – A Voz e o Vazio: A Vez de Vassourinha + Outubro

11 de outubro
15h30 – Bacurau
18h – Quebra-Gelo
20h – Projeto Raros Especial: O Último Anjo da História + debate com Kênia Freitas (entrada franca)

12 de outubro
14h – O Encantador Mês de Maio
17h – A Máscara + debate com Claire Allouche (entrada franca)
20h – CORCINA 1 – O Curta-Metragem e a Revolução Caraíba – Por uma Antropologia Poética da Cidade
21h – CORCINA 2 – Abertura e Crise – Entre o Cíclico e o Paradoxal

13 de outubro
14h – Crise Antropomórfica + Carnívora
15h30 – Maso e Miso vão de Barco + debate com Cineclube Academia das Musas
17h30 – CORCINA 3 – Reificação e Iniciação
18h30 – CORCINA 4 – Abertura e Resistência Política
19h30 – CORCINA 5 – Filmes de Artista e Mecanismos de Controle + debate com Lucas Parente e André Parente

A Cinemateca Capitólio Petrobras conta, em 2019, com o projeto Cinemateca Capitólio Petrobras programação especial 2019 aprovado na Lei Rouanet/Governo Federal, que será realizado pela FUNDACINE – Fundação Cinema RS e possui patrocínio master da PETROBRAS. O projeto contém 26 diferentes atividades entre mostras, sessões noturnas e de cinema acessível, master classes e exposições.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Cine Dica: GRETA’, PROTAGONIZADO POR MARCO NANINI, ESTREIA NO CINEBANCÁRIOS EM 10 DE OUTUBRO ÁS 19H

Primeiro longa de Armando Praça foi o grande vencedor do Cine Ceará,onde fez sua estreia nacional

Marco Nanini está de volta aos cinemas na pele de Pedro, um enfermeiro homossexual de 70 anos e fã fervoroso de Greta Garbo. É em torno do personagem que a trama de GRETA, primeiro longa de Armando Praça, se desenvolve. O filme, que fez sua estreia mundial na Mostra Panorama do Festival de Berlim de 2019, foi o grande vencedor da última edição do Cine Ceará conquistando os prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator. O filme estreia em 10 de outubro, na sessão das 19h no CineBancários.

NO DIA DA ESTREIA, O DIRETOR ARMANDO PRAÇA, E O CRÍTICO ROGER LERINA, ESTARÃO NO CINEBANCÁRIOS PARA CONVERSAR SOBRE O FILME COM O PÚBLICO, APÓS A SESSÃO DAS 19H.

O longa é livremente inspirado na peça ‘Greta Garbo, Quem Diria, Acabou no Irajá’, do dramaturgo Fernando Melo, lançada no início dos anos 1970. À época, as personagens retratadas eram abordadas por meio da caricatura e do estereótipo. “Quando conheci o texto, em 2008, percebi o quanto o enredo era atual e bonito e o quanto aquela forma de olhar para os personagens havia ficado anacrônica. Isso me provocou o desejo de atualizar essa história com uma nova abordagem”, explica o diretor, que também assina o roteiro.
Assim, partindo do material original, Praça abandonou o tom cômico do texto, abraçando o drama, mas mantendo o humor. “Mudar o gênero do texto original me parecia um desafio interessante como roteirista e diretor”, diz. Assim, construiu a narrativa do filme com temas universais do cotidiano atual, apresentando um submundo realista e sexual de personagens pouco representados na cinematografia brasileira. “Procurei na ambiência sociocultural de Fortaleza as contradições que se revelam nos desejos e anseios dos próprios protagonistas”.
Em GRETA, Pedro (Nanini) precisa liberar uma vaga no hospital onde trabalha para internar sua melhor amiga, a travesti Daniela (Denise Weinberg). Para isso, ele resolver ajudar Jean (Demick Lopes), um jovem criminoso hospitalizado, a fugir do hospital e assim liberar um leito para a internação da amiga, que sofre de insuficiência renal grave. Pedro, então, esconde Jean em sua casa até que ele se recupere, mas os dois acabam tendo um envolvimento romântico.
E é a partir desse relacionamento entre os personagens de Pedro e Jean que o longa se desenvolve e a trama se constitui. “A concepção do fillme como um todo é fortemente influenciada pelas obras de alguns artistas contemporâneos, como o cineasta malaio Tsai Ming Liang, o filipino Brillante Mendonza e a argentina Lucrécia Martel, cuja maneira de desconstruir e flertar com os gêneros me inspira profundamente”, finaliza Praça. 
GRETA é coproduzido pela Carnaval Filmes e pela Segredo Filmes, com produção de João Vieira Jr., Nara Aragão e Armando Praça.

SINOPSE
Pedro (Marco Nanini), um enfermeiro homossexual de 70 anos e fervoroso fã de Greta Garbo, precisa liberar uma vaga no hospital onde trabalha para Daniela (Denise Weinberg), sua melhor amiga. Para salvar Daniela, ele decide ajudar Jean, um jovem que acaba de ser hospitalizado e algemado por ter cometido um crime. Pedro o ajuda a fugir e esconde-o em sua própria casa até que ele se recupere e nesse período, eles se envolvem afetiva e sexualmente. Essa relação será essencial para que Pedro sobreviva à perda de Daniela, mas também gere mudanças surpreendentes em si mesmo e no modo como ele lida com a solidão.


FICHA TÉCNICA
Direção / Roteiro: Armando Praça
Produção: João Vieira Jr., Nara Aragão e Armando Praça
Produção Executiva: Maurício Macêdo e João Vieira Jr.
Direção de Produção: Maurício Macêdo
Direção de Fotografia: Ivo Lopes Araújo
Direção de Arte: Diego Costa
Montagem: Karen Harley
Figurino: Thaís de Campos
Maquiagem: Amanda Mirage
Edição de Som: Waldir Xavier
Som Direto: Pedro Moreira e Moabe Filho
Mixagem: Nicolau Domingues
Elenco: Marco Nanini, Denise Weinberg, Démick Lopes, Gretta Sttar 
97 min.

SOBRE O DIRETOR
Armando Praça, nascido em 1978 em Aracati, Ceará é cineasta e sociólogo, trabalhou como assistente de direção, roteirista e preparador de elenco de importantes diretores brasileiros como, Marcelo Gomes, Karim Ainouz, Márcia Faria, Sérgio Rezende, Halder Gomes, Rosemberg Cariry, entre outros. Realizou curtas e médias-metragens. Entre eles: A Mulher Biônica (exibido no festival de curtas metragens de Clermont Ferrand), O Amor do Palhaço, Origem: Destino e Parque de Diversões. Atualmente está lançando seu primeiro longa, Greta e se prepara para filmar o segundo, Fortaleza Hotel, e desenvolve os projetos Ne Me Quitte Pas e Cachoeira do Descuido. 

CARNAVAL FILMES
Fundada e dirigida pelos experientes produtores João Vieira Jr. e Nara Aragão, Carnaval Filmes tem foco em conteúdo original e cinema autoral. Em parceria com mentes criativas, tem entre seus recentes lançamentos os documentários Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar, de Marcelo Gomes e Casa, de Letícia Simões, o longa de ficção Greta, de Armando Praça e a série infantil de animação Bia Desenha, para a TV Brasil.
Se prepara para filmar em 2019 a série Chão de Estrelas, de Hilton Lacerda, para o Canal Brasil, e desenvolve o projeto de série de animação Dó Ré Mi Fadas e a série de ficção De Volta para Casa. Seus próximos lançamentos serão os longas Vestido Branco, Véu e Grinalda, de Marcelo Gomes e Fim de Festa, de Hilton Lacerda

SOBRE A SEGREDO FILMES
Uma empresa que atua com pesquisa para roteiros, desenvolvimento de projetos para cinema, pesquisa e produção de locação, e produção e preparação de elenco. Dentre os principais trabalhos para pesquisa de roteiro, estão O Céu de Suely e Praia do Futuro, ambos de Karim Aïnouz; produção de locação e elenco no Ceará do premiado Onde Anda Você?, de Sérgio Rezende, dentre outros. Atua como produtora em parceria com outras empresas do ramo, como nas realizações de A Mulher Biônica, O Amor do Palhaço e Parque de Diversões, filmes que tiveram excelente êxito no Festival Internacional Clermont-Ferrand, no Latino Americano em Toulouse, Mecal e Barcelona, e em mais de 30 festivais nacionais e internacionais

C i n e B a n c á r i o s 
Rua General Câmara, 424, Centro 
Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 
Fone: (51) 34331205

Cine Dica: Mostra de Cinemas Africanos, Afrofuturismo no Projeto Raros (10 a 20 de outubro)

SEGUNDA EDIÇÃO DA MOSTRA  DE CINEMAS AFRICANOS PROJETO RAROS DEBATE AFROFUTURISMO COM FILME ENSAIO DE JOHN AKOMFRAH
O ÚLTIMO ANJO DA HISTÓRIA

A Mostra de Cinemas Africanos, com curadoria de Ana Camila Esteves e Beatriz Leal Riesco, volta a Porto Alegre entre os dias 15 e 20 de outubro de 2019. Durante a semana, o público poderá conferir uma cuidadosa seleção de filmes africanos e afrodiaspóricos reconhecidos em grandes festivais e respaldados pela crítica e públicos internacionais.
Com o objetivo de mostrar a explosão de riqueza, criatividade e diversidade na última década de uma cinematografia com um pouco mais de meio século de vida, a Mostra reúne 15 títulos procedentes de 12 países, com atenção especial à produção contemporânea. A maioria dos filmes é inédita no Brasil, chance rara de assistir a importantes produções que circularam em grandes festivais e talvez nunca cheguem ao circuito comercial do país. Ao total, são 13 longas e 2 curtas de ficção e documentário projetados na Cinemateca.
A sessão de abertura contará com o longa-metragem Kasala!, autofinanciado, escrito, produzido, dirigido e filmado pela estreante Ema Edosio. O filme conta a alucinante história urbana de amizade e cumplicidade entre quatro jovens, apresentando um retrato fiel e cheio de humor da vida na cidade de Lagos. Com Kasala!, a diretora se une à nova geração de realizadores nigerianos que desafiam a indústria de Nollywood com muito frescor e originalidade. A sessão acontece no dia 15 de outubro, às 20h, com ingressos a R$16 (inteira) e R$ 8 (meia) - valores aplicados a todas as sessões.
Em reconhecimento aos pioneiros dos cinemas africanos, serão projetados dois longas de ficção do senegalês Djibril Diop Mambèty (1946-1998), tio de Mati Diop, primeira diretora africana negra a competir pela Palma de Ouro no último Festival de Cannes e vencedora do prêmio do júri. Do Mambéty, autor iconoclasta, irreverente e controverso, Touki Bouki (1973) e Hyènes (1992) são dois clássicos universais que serão exibidos em cópias recentemente restauradas e que ainda hoje ressoam por seus temas, mensagens e estilos cinematográficos. 


AFROFUTURISMO EM DEBATE NO PROJETO RAROS
Na sexta-feira, 11 de outubro, às 20h, a Cinemateca Capitólio Petrobras apresenta no Projeto Raros a sessão de O Último Anjo da História, do artista ganês-britânico John Akomfrah, um ensaio fílmico sobre a estética negra que traça as ramificações da ficção científica dentro da cultura pan-africana. A exibição será comentada pela professora, crítica e curadora Kênia Freitas, pesquisadora do Afrofuturismo e o Cinema Negro.

* Exibição de um curta surpresa antes do filme.
A pesquisadora está em Porto Alegre para participar da Socine 2019, que acontece na Unisinos.

O ÚLTIMO ANJO DA HISTÓRIA
(The Last Angel of History)
Reino Unido, 45’, 1995, HD
Direção: John Akomfrah
Um ensaio fílmico sobre a estética negra que traça as ramificações da ficção científica dentro da cultura pan-africana. Akomfrah articula o uso de imagens da nave espacial e do alienígena no trabalho de três músicos de gênio excêntrico – Sun Ra, George Clinton e Lee Perry –, para em seguida abordar a obra dos escritores da ficção científica negra Octavia Butler e Samuel Delany. O filme sugere que a nave espacial e o alienígena têm ressonâncias óbvias na condição diaspórica de exílio e deslocamento. Akomfrah expande sua constelação para incluir desde Walter Benjamin até DJ Spooky, traçando um itinerário pela música e ficção científica negras, a fim de lançar um olhar revelador sobre a modernidade na aurora da era digital.

Kênia Freitas
Professora, crítica e curadora de cinema, com pesquisa sobre Afrofuturismo e o Cinema Negro. Pós-doutoranda (CAPES/PNPD) em Comunicação da UNESP. Doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Realizou a curadoria das mostras "Afrofuturismo: cinema e música em uma diáspora intergaláctica", "A Magia da Mulher Negra" e "Diretoras Negras no Cinema brasileiro". Escreve críticas para o site Multiplot! Integra o Elviras - Coletivo de Mulheres Críticas de Cinema.
A sessão faz parte da mostra Horizontes do Filme Ensaio. Programação completa em: http://www.capitolio.org.br/novidades/3534/horizontes-do-filme-ensaio/

GRADE DE HORÁRIOS
10 a 20 de outubro de 2019

10 de outubro
14h – Kinoclube: Billy Elliot
16h – Crise Antropomórfica + Carnívora
18h – Verdades e Mentiras
20h – A Voz e o Vazio: A Vez de Vassourinha + Outubro

11 de outubro
15h30 – Bacurau
18h – Quebra-Gelo
20h – Projeto Raros Especial: O Último Anjo da História + debate com Kênia Freitas (entrada franca)

12 de outubro
14h – O Encantador Mês de Maio
17h – A Máscara + debate com Claire Allouche (entrada franca)
20h – CORCINA 1 – O Curta-Metragem e a Revolução Caraíba – Por uma Antropologia Poética da Cidade
21h – CORCINA 2 – Abertura e Crise – Entre o Cíclico e o Paradoxal

13 de outubro
14h – Crise Antropomórfica + Carnívora
15h30 – Maso e Miso vão de Barco + debate com Cineclube Academia das Musas
17h30 – CORCINA 3 – Reificação e Iniciação
18h30 – CORCINA 4 – Abertura e Resistência Política
19h30 – CORCINA 5 – Filmes de Artista e Mecanismos de Controle + debate com Lucas Parente e André Parente

15 de outubro (terça-feira)
14h – Verdades e Mentiras
16h – O Encantador Mês de Maio
20h - Kasala!, (Nigéria, 2018)
Sessão comentada pela curadora Ana Camila Esteves

16 de outubro (quarta-feira)
13h45 – Bacurau
16h – A Quarta e Última Morada
18h30 - Nora (Reino Unido, Estados Unidos, 2018) + Bakosó - Afrobeats de Cuba (Cuba, 2019)
20h30 - Ame Quem Você Ama (África do Sul, 2014)

17 de outubro (quinta-feira)
13h45 – Bacurau
16h – Quebra-Gelo
18h30 - A Dança das Máscaras (África do Sul, Portugal, 2018)
20h - Cinco Dedos por Marselha (África do Sul, 2017)

18 de outubro (sexta-feira)
13h45 – Bacurau
16h – Eclipse + Filme Socialismo
18h30 - Irmandade (Tunísia, 2018) + Lua Nova (Quênia, 2018)
20h30 - Sofia (Marrocos, Catar, França, 2018)

19 de outubro (sábado)
14h – Sessão Acessível: A Cabeça de Gumercindo Saraiva
16h30 - A Misericórdia da Selva (Ruanda, França, Bélgica, 2018)
18h30 - Touki Bouki (Senegal, 1973)
20h30- Olhe pra Mim (Tunísia, França, Catar, 2018)

20 de outubro (domingo)
14h – A Voz e o Vazio: A Vez de Vassourinha + Outubro
16h30 - O Africano que Queria Voar (Gabão, 2016)
18h - Keteke (Gana, 2017)
20h- Hienas (Senegal, 1992)

A Cinemateca Capitólio Petrobras conta, em 2019, com o projeto Cinemateca Capitólio Petrobras programação especial 2019 aprovado na Lei Rouanet/Governo Federal, que será realizado pela FUNDACINE – Fundação Cinema RS e possui patrocínio master da PETROBRAS. O projeto contém 26 diferentes atividades entre mostras, sessões noturnas e de cinema acessível, master classes e exposições.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Cine Especial Clube de Cinema de Porto Alegre: 'O Homem que Ri'(1928)

Sinopse: Baseado no romance de Victor Hugo, o filme enfoca o herdeiro de um ducado, Gwynplaine (Conrad Veidt), sequestrado quando garoto e, por ordem do rei, desfigurado num perpétuo riso forçado; ele se torna uma atração de circo, famoso palhaço. 

Magistral superprodução do cinema mudo que, mesmo feito nos EUA, passa todos os elementos do sucesso do cinema expressionista alemão. Esse clássico, dirigido pelo alemão Paul Leni, é adaptado do livro magnífico do Victor Hugo e com interpretação de Conrad Veidt, que interpreta o personagem Gwynplaine, cujo seu visual serviu de inspiração para a criação do Coringa, criado por Bob Kane, Bill Finger e Jerry Robinson.
Apesar de inúmeras cenas sombrias, que não deve nada a outros filmes expressionistas da época (como "Nosferatu"), a trama vai mais para o drama romântico, onde torcemos do início ao fim para a felicidade do casal central, mas até lá, o filme nos sufoca com momentos que parecem que podem a qualquer momento selar tragicamente o destino de ambos. O derradeiro ato final com certeza é um dos mais angustiantes e emocionantes daquela época.
Como podem ver, a trama não tem nada a ver com o Coringa, mas a imagem do ator Conrad Veidt permanece até hoje como um registro histórico do expressionismo e que serviu de inspiração o nascimento para um dos maiores vilões da história.  

Conheça e anuncie na Rádio Cultura Cigana.


NOTA: O filme terá exibição para associados e não associados do Clube de Cinema de Porto Alegre na próxima terça-feira (08/10/19) as 19h na Sala Redenção da UFRGS.


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