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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'O Pintassilgo' - Literatura vs linguagem Cinematográfica

Sinopse: Theodore Decker (Ansel Elgort) sobreviveu a um atentato terrorista em uma galeria de arte, mas perdeu sua mãe no local. Vivendo em Las Vegas, ele acaba ingressando em uma carreira perigosa e à margem da lei: a falsificação de obras.

A versão cinematográfica de Robert Langdon do livro "O Código Da Vinci" (2006) é um exemplo sobre tudo que não se pode fazer em uma adaptação literária para o cinema. Ao ser extremamente fiel a sua fonte original, o filme perdia a sua identidade própria como cinema e fazendo com que a maioria dos interpretes vistos na tela tivessem as piores atuações de suas carreiras. Felizmente, "O Pintassilgo" não sofre exatamente desse mal, muito embora sofra um pouco com outros percalços e que poderiam ter sido evitados.
Dirigido por John Crowley, do filme "Brooklin" (2015) e baseado na obra de Donna Tartt, a história é sobre o jovem Theo Decker, traumatizado desde criança devido à morte da mãe em um atentado terrorista no Metropolitan Museum of Art, em Nova York. Devido a isso, Theo teve sua vida transformada para sempre, não apenas pela perda da mãe, mas também pelas portas abertas para um mundo até então desconhecido. Através de um anel de família entregue por um desconhecido que ele chega a Hobie (Jeffrey Wright), um vendedor de antiguidades que assume o posto de tutor de Pippa (Aimee Laurence), outra sobrevivente. Além disto, Theo é temporariamente abrigado pela família da senhora Barbour (Nicole Kidman) e posteriormente tendo uma forte amizade com o seu amigo rico chamado Boris.

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O início já nos chama atenção, mas isso graças a uma cena reveladora de um possível assassinato e do já citado atentado que mudou a vida do protagonista para sempre. Transitando entre o passado e o presente, acabamos conhecendo melhor a real faceta desse personagem, assim como os demais personagens secundários, mas dos quais se tornam figuras importantes na vida dele como um todo. Dentre eles, se destaca a personagem de Nicole Kidman no início do filme, mas que, infelizmente, possui pouco tempo em cena para poder ser melhor explorada.
Curiosamente, o filme é baseado em uma obra de mais de setecentas páginas, mas cuja adaptação para o cinema não foi o suficiente para dar espaço merecido para determinados personagens que são, na maioria dos casos, carismáticos. Mesmo que o protagonista seja uma figura interessante, principalmente por transitar entre a razão e a desordem, são esses personagens que surge em sua vida e que simplesmente roubam a cena. O filme ganha bastante folego, por exemplo, quando surge em cena Boris, interpretado com intensidade pelo jovem ator Finn Wolfhard, conhecido pelas franquias como "It - A Coisa" (2017) e da série "Stranger Things" (2016).
Se parecendo com alguém que saiu de um filme gótico de Tim Burton, Boris é um verdadeiro contraste de figuras que surgem no passado do protagonista. Como neste ponto da história se passa no passado, onde o visual é moldado por cores quentes vindas da fotografia que retratam a época, Boris é uma espécie de anomalia muito bem-vinda e acolhedora na vida de Theo Decker, ao invés do universo dos adultos que, por vezes, soam opressores e nenhum pouco acolhedores. É uma pena, portanto, que essas passagens do longa não durem para sempre, pois se tornam o ponto mais alto do filme.
O que talvez mais atrapalhe essa adaptação de "O Pintassilgo" para o cinema seja justamente ser fiel demais com relação ao destino de uma misteriosa pintura. Ao ser fiel as passagens do livro com relação a peça central que move os personagens centrais da história, o filme acaba perdendo a sua identidade própria em termos cinematográficos e tornando o longa, por vezes, arrastado. O que se salva nestes momentos de monotonia seja justamente o desempenho dos dois atores centrais que interpretam o protagonista em épocas distintas.
Se por um lado Ansel Elgort já havia nos surpreendido no filme "Em Ritmo de Fuga" (2017), do outro, Oakes Fegley, que interpreta a versão mais jovem do protagonista, acaba se tornando um verdadeiro achado. Em ambos os casos, eles acabam sintetizando muito bem a corda bamba em que o protagonista vai trilhando, entre os momentos de calmaria, para situações pelas quais tememos em que ele exploda. Nada mal vindo de dois interpretes que a recém estão começando a se destacarem no universo cinematográfico.
Infelizmente os realizadores foram falhos também em apressar  tudo em seu ato final da trama. Embora com duas horas e meia de duração, os roteiristas se apressaram por demais em pontos que deixam o cinéfilo, por vezes, confuso e quase prejudicando a obra como um todo. Eu digo quase, pois é graças aos seus personagens em cena que fazem o filme obter a nossa atenção, mesmo quando adaptação se perde em sua fidelidade, por vezes, desnecessária.
Por fim, "O Pintassilgo" é um exemplo de como personagens carismáticos salvam um filme da obsessão de seus realizadores pela fidelidade extrema de sua fonte. 

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