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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 7 de março de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: A Maldição da Casa Winchester


Sinopse: Sarah Winchester é herdeira de uma empresa de armas de fogo e acredita ser assombrada por almas que foram mortas pelo rifle criado por sua família, os Winchester. Após as repentinas mortes do marido e filho, ela decide construir uma mansão para afastar os espíritos. Quando o psiquiatra Eric Price parte para avaliar o estado psicológico de Sarah, ele percebe que talvez a obsessão dela não seja tão insana assim.



O filme Invocação do Mal gerou a nova onda de sucesso dos filmes de terror atualmente no cinema. Usando técnicas simples de antigamente, desde o uso de sombras, ruídos e vultos surgindo repentinamente, o filme foi um grande sucesso, gerando continuação, derivados e filmes que seguiam essa tendência, como no caso da franquia Sobrenatural. Porém, usar a mesma formula não significa sucesso na certa, pois durante o trajeto de criação sempre pode se perder a chance de se construir algo mais original, que é no caso desse A Maldição da Casa Winchester, filme com grande potencial, mas que se perde no famigerado lugar comum.
Dirigido por Michael Spierig e Peter Spierig (do último Jogos Mortais), o filme acompanha a história do médico Eric Price (Jason Clarke, de Planeta dos Macacos: O Confronto), que possui um passado traumático e se afundando nas drogas e na sua própria profissão. Ele é então convocado para analisar o comportamento de Sarah Winchester (Helen Mirren) é herdeira de uma empresa de armas de fogo e que criou uma imensa casa que, segundo ela, é para afastar os espíritos. Não demora muito para Eric descobrir que se encontra numa fina linha em que se separa a razão do sobrenatural.
Tecnicamente o filme possui um belo visual gótico, onde o cenário da mansão em si já nos deixa assombrado pelos seus inúmeros detalhes. Visualmente o filme remete as velhas e boas produções do estúdio inglês Hammer, do qual era especializado nos filmes de horror e o sobrenome do protagonista é, obviamente, uma homenagem ao astro do gênero de horror Vincent Price (A Casa dos Maus Espíritos). Portanto, para os amantes do cinema clássico de horror o filme é um prato cheio, mas até certo ponto.
O problema principal de A Maldição da Casa Winchester é ter aquele famigerado Déjà vu que assombra o gênero, onde em algumas situações, por exemplo, já advínhamos com antecedência o que irá acontecer em seguida. Além disso, as soluções criadas para o protagonista enfrentar os seus próprios demônios do passado acabam soando forçados demais. Por um momento o filme quase se envereda para algo que nós já vimos em filmes como o Sexto Sentido, mas ao tentar criar algo criativo, acaba soando como forçado e muito ingênuo.
Ainda não foi dessa fez que Jason Clarke conseguiu obter uma atuação num filme que o consagrasse por definitivo, pois mesmo sendo talentoso, o seu desempenho em filmes errados o tornam um ator de segundo escalão dos estúdios. E se a veterana Helen Mirren faz o seu trabalho com uma enorme competência num filme que tem pouco a lhe oferecer, é triste ver atriz Sarah Snook não obter um papel digno que lhe tornasse mais popular entre o público. Conhecida mais pela sua atuação no surpreendente O Predestinado, Snook interpreta um papel de grande potencial, mas que fica sumindo e reaparecendo e tendo só melhor destaque nos minutos finais da trama.
Com um final que dá entender que o estúdio deseja fazer mais continuações, A Maldição da Casa Winchester é um exemplo de potencial desperdiçado, no qual nos prega grandes sustos, mas que esperávamos no fundo algo bem mais criativo.


Cine Curiosidade: Meu Corpo é Político em destaque



Agradecimentos aos organizadores do Jornal do Comércio que cederam o seu espaço no jornal para eu dar minha opinião sobre o documentário brasileiro Meu Corpo é Político e que havia sido exibido no Cinebancários de Porto Alegre. Leiam abaixo.  


  
Leia a minha crítica sobre o filme clicando aqui



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terça-feira, 6 de março de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Minha Amiga do Parque



Sinopse: A jovem e aflita mãe Liz se esforça para cuidar de seu filho recém-nascido enquanto o marido cineasta trabalha. Sentindo-se excluída do grupo dos outros pais que frequentam o parque, Liz acaba se aproximando da operária Rosa, uma mãe solteira de palavras simples. Mas as diferenças de classe cada vez mais aparentes entre as amigas, juntamente com os rumores que circulam sobre as intenções de Rosa, alimentam as suspeitas de Liz de que esta amizade pode ser perigosa.
 

Minha Amiga do Parque somente comprova que o cinema argentino continua forte em termos de qualidade de roteiro e que não deve nada aos gringos. Ganhador do Prêmio Especial do Júri no Festival de Sundance, Minha amiga do parque, dirigido, escrito e interpretado por Ana Katz é uma crônica sobre a dificuldade de aceitação da maternidade em tempos de empoderamento feminino. Liz (Julieta Zylberberg, de um dos contos de Relatos Selvagens) é uma jovem mãe que cria seu bebê Nicanor, praticamente sozinha. Seu marido Gustavo (Daniel Hendler, marido na diretora) está realizando um documentário sobre um vulcão nos confins do Chile e não dá o suporte necessário para que Liz tenha uma vida autônoma, fazendo contatos esporádicos via Skype. Ouvindo o conselho do pediatra, Liz leva Nicanor para passear no parquinho e lá ela conhece a estranha Rosa (Ana Katz), uma operária que cuida do filho pequeno de sua irmã Renata (Maricel Alvarez). A partir daí, as duas desenvolvem uma amizade constantemente abalada pela instabilidade de Rosa. 
O cinéfilo entra então num cenário de ambiguidade, tomado por curiosidade, mas no fundo com muito receio. Minha Amiga do Parque é um filme psicológico, transitando entre o drama e até mesmo com algumas pitadas de suspense, onde se coloca os desafios da maternidade como pano de fundo e de um retrato sobre o preconceito contemporâneo de uma forma sutil, mas eficaz. A cineasta consegue ir muito além do previsível e obtendo a criação de um retrato sobre a prisão da vida domestica de muitas mulheres de hoje e sem que elas se deem conta disso.
De um lado, temos a classe (aparentemente) de boa vida, representada por Liz, que abandona seus ideais para cuidar do filho. Do outro á humilde Rosa, operária livre, malandra e independente. Em comum, ambas são prisioneiras no seu dia a dia maternal, mas que procuram sempre uma válvula de escape para que assim consigam obter a realização de suas vidas profissionais e pessoais. O obstáculo então só será vencido quando então as cortinas do preconceito se abrir e fazerem elas se darem conta o quão às mulheres são fortes juntas. 
Minha Amiga do Parque é um retrato sobre a paranoia criada pelas diferenças de classes do mundo de hoje, cada vez mais absorvida pelo medo e se esquecendo do bem mais precioso vindo da união e amizade pelo próximo.

 Em Cartaz: Cinebancários: Rua General da Câmera 424, centro histórico de Porto Alegre. Horários: 15h, 17h e 19h.   



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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 1 A 7 DE MARÇO DE 2018

SEGUNDA-FEIRA NÃO HÁ SESSÕES

SALA 1 / PAULO AMORIM
 
  THE SQUARE: A ARTE DA DISCÓRDIA


16h – THE SQUARE: A ARTE DA DISCÓRDIA
(The Square – Suécia, Alemanha, Dinamarca, 2017, 145min). Direção de Ruben Östlund, com Claes Bang, Elisabeth Moss, Dominic West. Pandora Filmes, 14 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e vencedor do Festival de Cannes em 2017, o longa sueco acompanha o curador de um museu que está às vésperas da abertura de uma grande exposição. Entretanto, o roubo do seu celular vai envolvê-lo numa teia de situações tragicômicas que propõem uma reflexão sobre o valor da arte, a necessidade de aprovação pessoal e a dependência das redes sociais.
  
18h45 – CORPO E ALMA
(Teströl és lélekröl - Hungria, 2017, 115min). Direção de Ildikó Enyedi, com Géza Morcsányi e Alexandra Borbély. Imovision, 16 anos. Drama.
Sinopse: Vencedor do prêmio de melhor longa no Festival de Berlim 2017 e um dos cinco indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro, o longa acompanha a construção de um relacionamento entre dois personagens um tanto complexos (e com várias leituras). Endre tem um braço paralisado, enquanto a metódica Maria apresenta dificuldades em estabelecer diálogos com as pessoas. Ambos trabalham num frigorífico e, à noite, têm os mesmos sonhos.
SALA 2/ EDUARDO HIRTZ

 15h15 – VISAGES VILLAGES
(França, 90 min, 2016). Documentário de Agnès Varda e JR. Esfera Filmes. 10 anos.

Sinopse: A cineasta Agnès Varda e o artista visual JR, conhecidos mundialmente pelos trabalhos que questionam a exibição das imagens, viajam por regiões do interior da França fazendo aquilo que mais gostam: conversando com pessoas e registrando seus cotidianos de uma maneira peculiar. O filme, indicado ao Oscar de melhor documentário, tem como destaque a linguagem bem humorada e o entrosamento entre os dois artistas - Varda tem quase 90 anos, enquanto JR ainda não chegou aos 40.

17h – DE VOLTA
(Go Home – França/Suíça/Líbano, 2016, 100min). Direção de Jihane Chouaib, com Golshifteh Farahani, Maximilien Seweryn, François Nour. Esfera Filmes, 12 anos. Drama.
Sinopse: Inspirado nas vivências da própria diretora, a trama mostra o retorno da jovem Nada à cidade onde nasceu, no Líbano. Ela vai viver na casa que era da sua família, abandonada depois que o avô desapareceu na guerra. Mas os dias não serão fáceis para Nada, que mal fala o árabe e pouco sabe das tradições e dos dilemas do seu país.

19h – O JOVEM KARL MARX
(Le Jeune Karl Marx – França/Alemanha/Bélgica, 118min, 2017). Direção de Raoul Peck, com August Diehl, Stefan Konarske, Vicky Krieps. California Filmes, Drama. 14 anos.
Sinopse: Aos 26 anos, o jovem prussiano Karl Marx vai viver em Paris com sua mulher, Jenny. Lá, eles conhecem Friedrich Engels, filho do dono de uma fábrica interessado no surgimento do proletariado inglês, que vem a ser a peça que faltava para a compreensão de Marx sobre o mundo. Em meio à agitação política e social que marcou o século XIX, os dois formam uma parceria intelectual que deu origem à obra "O Capital", marco do pensamento socialista. O filme é assinado pelo mesmo diretor do documentário "Eu não sou seu Negro".
SALA 3 / NORBERTO LUBISCO

15h – MULHERES DIVINAS
(Die Göttliche Ordnung - Suíça, 95min, 2017). Direção de Petra Biondina Volpe, com Marie Leuenberger, Bettina Stucky, Ella Rumpf. Mares Filmes, 14 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Nora é uma jovem dona de casa e vive com o marido e os dois filhos no pacato interior da Suíça, no início dos anos 1970. Todos acham que ela está satisfeita com sua vida, mas Nora quer mais: junto com outras amigas, elas pedem o direito ao voto e a participação em manifestações públicas.
* Não haverá sessões no sábado e domingo (dias 3 e 4 de março)


15h – MISSÃO CEGONHA (Sessão Pais e Filhos)
(Richard The Stork – Bélgica/Alemanha, 2017, 85min). Animação de Toby Genkel e Reza Memari. Livre. Apoio: MPLC. RS 4,00.

Sinopse: O pardalzinho Rick perde os pais antes de nascer e acaba sendo criado por um casal de cegonhas. Mesmo não sendo uma delas, o pardal cresce com todos os costumes das cegonhas, inclusive quando se trata de uma longa viagem de migração.
 * Sessões somente no sábado e domingo (dias 3 e 4)

16h45 – NO INTENSO AGORA
(Brasil, 2017, 125min). Documentário de João Moreira Salles. Vídeo Filmes, 12 anos.

Sinopse: Eleito o melhor filme nacional de 2017 pela Associação Nacional de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs), o documentário reúne imagens de arquivos da família do cineasta e de outros acervos para propor uma reflexão sobre política, comportamento e o poder da imagem. São registros de manifestações dos anos 1960 na China. França, Tchecoslováquia e no Brasil, entre outros países.

19h – EM BUSCA DE FELLINI
(In Search of Fellini - Estados Unidos, 2017, 95min). Direção de Taron Lexton, com Ksenia Solo, Maria Bello e Mary Lynn Rajskub. CineArt Filmes, 14 anos. Drama romântico.

Sinopse: Lucy é uma garota de 20 anos, tímida demais para sua idade e muito apegada à mãe. Quando esta fica doente, ela incentiva a filha a ir atrás de sua grande paixão: os filmes e os cenários do diretor Federico Fellini, na Itália.

segunda-feira, 5 de março de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Projeto Flórida

Sinopse: Moonee, uma agitada garotinha, faz novas amizades nas redondezas dos parques Disney. Ela vive com a mãe em uma hospedagem de beira de estrada e as duas contam com a proteção do gerente Bobby na batalha diária pela sobrevivência.

Quando Cavaleiro das Trevas foi excluído na categoria para melhor filme em 2009, os membros da academia sofreram severas críticas, ao ponto de expandir a categoria de cinco para até dez concorrentes. Oficialmente, eles disseram que queriam dar mais espaço aos filmes independentes, o que não aconteceu, já que só nos últimos anos é que pequenos mas grandes filmes começaram a concorrer e a ganhar nas categorias principais. Contudo, embora os filmes como Lady Bird e Corra sejam os principais representantes do cinema independente nesse ano no Oscar, é o filme Projeto Flórida que deveria ter sido melhor reconhecido, pois é um cinema amador, marginal e extremamente humano.
Dirigido por Sean Baker ( conhecido por ter filmado com câmera de celular o filme Tangerine), a trama  se passa o subúrbio de Orlando, na Flórida, em uma área com muitos hotéis e complexos baratos, o filme se concentra na história de uma jovem mãe e sua filha. A mãe, Halley (Bria Vinaite), uma jovem que tem dificuldade de se manter. Sem emprego, ela vive entre pequenos bicos e golpes e da ajuda de amigos. A filha, Moonee (Brooklynn Prince), é uma garota de seis anos que, durante as férias de verão, vaga pela região com amigos. Com uma mãe politicamente incorreta, mas de um imenso coração, a menina também não tem papas na língua e age de forma inconsequente, perturbando a rotina local.
Elas vivem em um hotel simples, que é administrado por Bobby (Willem Dafoe), um sujeito simples e dedicado, que se preocupa com os hóspedes/moradores do local, mas ao mesmo tempo tem que cumprir suas obrigações de funcionário. Ele é constantemente atrapalhado por Moonee, que causas diversos problemas no espaço. Mas também nutre uma relação de carinho bem especial com as crianças do espaço.
Do começo ao fim, Sean Baker usa a sua câmera quase de uma forma amadora, onde ela somente tem um único objetivo, que é focar ao máximo o dia a dia daqueles habitantes humildes e que tentam ser felizes com o pouco que eles tem.  É a partir do olhar das crianças, por exemplo, que nos damos conta de como a simplicidade do dia a dia pode render algo muito mais significativo do que estar num lugar de entretenimento criado pelo capitalismo. A Disneyland se encontra logo ali, mas ela pouco tem a oferecer para os pequenos protagonistas, que já se divertem com simplicidade e com tudo de bom que uma amizade inocente tem a oferecer.
Do elenco adulto, Willem Dafoe se sobressai num papel simples, mas do qual se mistura com o ambiente e a proposta principal dessa pequena obra. Seu personagem Bobby é uma pessoa responsável em manter as regras no condomínio onde trabalha, mas não conseguindo esconder a sua preocupação pelo bem estar daqueles que vivem por lá. Em muitos casos, principalmente quando se preocupa pelo bem estar das crianças, sua fachada de durão se desfaz e revelando uma pessoa que vai muito mais além do que tem a oferecer.
Mas se o personagem de Willem Dafoe é o coração como um todo, a mãe e a filha da trama são a alma do filme. Em seu primeiro grande papel no cinema, a jovem atriz  Bria Vinaite cria uma personagem imprevisível em suas ações, mas tentando ao máximo lutar pela sobrevivência em seu dia a dia e dar o melhor para a filha, mesmo quando não tem nada a oferecer. Já a pequena Brooklinn Prince, mesmo com pouca idade, nos brinda com uma atuação extraordinária, da qual tanto nos arranca gargalhadas, como também lágrimas, principalmente em sua cena final que com certeza irá amolecer até mesmo o mais duro coração. 
Projeto Flórida é um dos melhores filmes do cinema independente recente, por saber nos mostrar pessoas comuns como eu e você e que já são ricas e felizes com o pouco que tem.