Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

terça-feira, 21 de março de 2017

Cine Dicas: Em Blu-Ray, DVD, Netflix e locação via TV a Cabo (21/03/17)



É apenas o fim do mundo



Sinopse: O  escritor Louis (Gaspard Ulliel) passou 12 anos longe de casa e retorna para um almoço em família. Mas para ele não é nada fácil, pois feridas reabrem, principalmente porque terá de rever o irmão (Vincent Cassel), com quem nunca se deu bem.

O diretor canadense Xavier Dolan (Eu Matei a Minha Mãe) sublinha o tom exasperador do filme com sufocantes planos fechados que, além de fortalecer o lado doentio da claustrofobia familiar dos presentes, acaba brindando o cinéfilo com ótimos desempenhos de todo o elenco que, diga-se, é de fato de primeira linha.
Percebe-se no filme a origem teatral da trama, roteirizada pelo próprio Dolan a partir da peça Juste la fin du monde, que o autor francês Jean-Luc Lagarce, falecido precocemente em 1995, escreveu tendo suas próprias experiências como base. Mas não se trata de teatro filmado. Com vigor, É Apenas o Fim do Mundo tem luz própria intensa o suficiente para incomodar e sensibilizar o público com um dos temas mais recorrentes da sociedade atual: a família disfuncional. Seja ela de quem for.


 

Minha Vida de Abobrinha



Sinopse: O inseguro pequeno protagonista de apenas nove anos acaba causando um acidente na residência, levando sua mãe ao óbito. Abobrinha, como costumava ser chamado por ela, se apresenta ao policial, que tenta redirecionar a vida do pequeno menino. De repente, o jovem se vê em um orfanato com crianças sem família, assim como ele.


Melancólico e esperançoso, a animação Minha Vida de Abobrinha surpreende do principio ao fim. O longa franco-suíço consegue de forma equilibrada levantar um tema tão delicado em uma improvável animação em “stop-motion”. A trilha sonora é basicamente instrumental (salvo momentos como a festa) e complementa perfeitamente com as cores e climas propostos pelo diretor Claude Barras. Entre outras coisas, Minha Vida de Abobrinha mostra que, às vezes, a ajuda e o consolo vem de onde menos se espera e que se pode haver esperanças mesmo que as dores do passado ali estejam.



Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram

segunda-feira, 20 de março de 2017

Cine Especial: Literatura Policial no Cinema: Parte 3

Nos dias 25 e 26 de março eu estarei participando do curso Literatura Policial no Cinema, criado pelo Cine Um e ministrado pelo crítico de cinema César Almeida. Enquanto atividade não chega, por aqui eu irei fazer uma pequena investigação sobre os principais clássicos envolvidos nesse gênero cinematográfico.  



Os Suspeitos (1995)

Sinopse: Cinco suspeitos são detidos em uma delegacia de polícia de Nova York por causa de um crime. Durante a detenção, eles chegam a um acordo e se unem para realizar um grande trabalho. Porém, eles não imaginam que todos são apenas marionetes na mão de alguém mais poderoso, que os está usando, e a dúvida que permanece até a grande revelação final é: quem é essa pessoa?

Os Suspeitos foi a  estréia de Bryan Singer em produções de longa-metragem, foi responsável por alguns dos maiores elogios da crítica no ano de 1995. O filme, quebra-cabeças montado fora de ordem cronológica, é na verdade uma clássica narrativa no estilo que Alfred Hitchcock nomeou de “who-dunit”: um jogo para que o espectador descubra qual a identidade do criminoso. Singer passa 101 minutos exercitando sua perícia em mostrar pistas falsas e esconder indícios do espectador, antes de revelar a verdade. Trata-se de um thriller excitante que inspira a platéia a vê-lo pela segunda vez, em busca de detalhes que poderiam ter ajudado a revelar o mistério.
O filme tem um excelente elenco, liderado por Gabriel Byrne: os emergentes – depois astros premiados com o Oscar – Spacey (estatueta de coadjuvante por este mesmo filme) e Benicio Del Toro (coadjuvante por Traffic) estão entre os ladrões. 
 

Los Angeles, cidade proibida (1997)

Sinopse:No início dos anos 50 em Los Angeles, três detetives que usam métodos distintos de trabalho se defrontam com uma trama de conspiração e corrupção policial, que atinge até os mais altos escalões, que estão ligados a um esquema de prostitutas de luxo, no qual cada uma delas personifica uma estrela de cinema.
Até 1997 Curtis Hanson não parecia ser mais do que um cineasta-padrão de Hollywood, entregando filmes bastante competentes mas nunca geniais, como Uma janela suspeita, A mão que balança o berço e O rio selvagem. Por isso, quando Los Angeles, cidade proibida foi lançado todo mundo na capital do cinema - e mais os críticos e os fãs de bom cinema - ficou de queixo caído. Emulando com propriedade o estilo noir dos filmes policiais dos anos 40, Hanson assinou um filme extraordinariamente bom, capaz de competir de igual pra igual com os maiores clássicos do gênero. Premiado como melhor filme por praticamente todas as associações de críticos americanos, Los Angeles só não levou o Oscar e o Golden Globe por ter esbarrado em um iceberg gigantesco chamado Titanic. Mas até mesmo os admiradores da mega-produção de James Cameron são obrigados a concordar que, em termos de narrativa e inteligência Los Angeles ganha de goleada.


Inscrições para o curso você clique aqui.
 
Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram

Cine Dica: Em Cartaz: Personal Shopper



Sinopse:A assistente de moda Maureen (Kristen Stewart) odeia seu trabalho e busca um significado para sua vida. Certo dia, ela começa a receber no seu celular, mensagens estranhas de um desconhecido. Maureen tem a habilidade de se comunicar com espíritos e suspeita que o estranho que lhe envia mensagens seja seu irmão gêmeo recém-falecido.
Num determinado momento do seu filme anterior que foi Acima Das Nuvens, Olivier Assayas cria uma situação inusitada, da qual me lembrou muito o clássico A Aventura (1960) do cineasta Michelangelo Antonioni. Ao invés de simplesmente explicar sobre o que aconteceu, o cineasta simplesmente deixa mais perguntas do que respostas e deixando a situação aberta para inúmeras interpretações. Em Personal Shopper, Assayas novamente cria uma trama da qual podemos, num primeiro momento, saber do que se trata, mas tudo vêm por terra no seu segundo e terceiro ato final.
No filme, Kristen Stewart vive Maurren uma assistente para celebridades, cujo seu principal trabalho é comprar roupas e fazer outros afazeres para os seus patrões do estrelato. Fora dos seus afazeres, Maureen sofre pela perda do seu irmão gêmeo, mas ao mesmo tempo, acredita que possui o dom de se comunicar com os mortos e tenta então se comunicar com ele. Porém, uma inesperada situação faz com que ela tome um caminho inesperado e dando de encontro com situações das quais ela mesma não se imaginava estar.
Oscilando entre suspense e o sobrenatural, Assayas jamais entrega por inteiro sobre qual gênero o filme se trata, mas fazendo com que a gente escolha e acredite sobre o que nós vimos e optamos em acreditar. O filme tem todos os ingredientes dos gêneros citados, mas moldados de uma forma da qual duvidemos do óbvio e nos brindando com cenas das quais nos confunda, mas ao mesmo tempo fazendo a gente não desgrudar da cadeira. Isso gera total atenção para aqueles que forem assistir, mas não é algo que soe complicado, mas sim para ser apreciado, pois é uma bela aula de direção e de idéias já aproveitadas em outros filmes, mas que soam no mínimo originais aqui.
Embora ainda todos se lembrem de sua atuação na saga Crepúsculo, Kristen Stewart cada vez mais está se desvencilhando da imagem daqueles filmes e nos brindando com papeis dos quais exigem algo mais dela. Não que ela já tenha provado que é uma atriz diversificada, mas é graças as suas últimas escolhas, como o já citado Acima das Nuvens e Café Socialite de Wood Allen, que faz com que prestemos mais atenção em seus desempenhos. Aqui, Stewart praticamente atua sozinha em boa parte do filme, onde determinadas cenas chave exigem um esforço continuo do seu desempenho e fazendo a gente crer que ela pode ir muito mais longe do que se imagina.
Com final simples, mas feito de uma forma corajosa, Personal Shopper é aquele tipo de filme do qual não termina quando as luzes se ascendem, mas sim continua em nossas mentes.

 


Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram

sexta-feira, 17 de março de 2017

Cine Especial: Literatura Policial no Cinema: Parte 2


Nos dias 25 e 26 de março eu estarei participando do curso Literatura Policial no Cinema, criado pelo Cine Um e ministrado pelo crítico de cinema César Almeida. Enquanto atividade não chega, por aqui eu irei fazer uma pequena investigação sobre os principais clássicos envolvidos nesse gênero cinematográfico. 

 

Bonnie e Clyde: Uma rajada de balas (1967)



Sinopse: Durante a Grande Depressão, Bonnie Parker (Faye Dunaway) conhece Clyde Barrow (Warren Beatty), um ex-presidiário que foi solto por bom comportamento, quando este tenta roubar o carro de sua mãe. Atraída pelo rapaz, ela o acompanha. Ambos iniciam uma carreira de crimes, assaltando bancos e roubando automóveis. Conhecem o mecânico C.W. Moss (Michael J. Pollard), que passa a ser o novo companheiro da dupla, mas durante um assalto matam uma pessoa e são caçados daí em diante como assassinos. Ao grupo une-se Buck (Gene Hackman), o irmão de Clyde recém-saído da cadeia, e Blanche (Estelle Parsons), sua mulher. Sucedem-se os assaltos e logo o quinteto ganha fama em todo o sul do país. Uma noite, são cercados por vários policiais e, obrigados a matar para fugir, são perseguidos em vários estados.


Filme clássico que resgata os dias de crime e de aventura desse famoso casal. Um  violento e fiel conto, baseado em fatos verídicos que, deu origem a vários filmes sobre gangues da época, sendo uma analise de costumes e tudo apresentado de uma maneira altamente profissional. Fazendo um retrato crítico, de um dos piores períodos dos EUA, onde em meio a uma crise sem precedentes, surgia criminosos, com um único intuito em sobreviver num país arruinado, mas que precisava enfrentar uma policia tão traiçoeira quanto eles.
O filme também se tornaria o primeiro sucesso da carreira de Gene Hackman, que no filme interpretaria o irmão de Clayde, e seu desempenho foi tão convincente que, o futuro astro ganharia já inicio de carreira, sua primeira indicação ao Oscar como ator coadjuvante. A produção também é muito bem lembrada, pela Trilha sonora eficiente e fotografia requintada. Além de Hachman, ocorreu a estreia do cinema (em sequência muito engraçada), de Gene Wilder. O filme levaria os Oscar de atriz coadjuvante (Estelle Parsons) e fotografia, mas é muito pouco para um clássico como esse, que inauguraria o período conhecido como “a nova Hollywood,” e por possuir um dos finais mais corajosos e impactantes da historia do cinema.
 

Operação França (1970)

 

Sinopse: Os detetives de Nova Iorque, "Popeye" Doyle (Gene Hackman) e Buddy Russo (Roy Scheider) tentam desmantelar uma rede de tráfego de narcóticos e acabam por descobrir a Operação França. Mas, quando um dos criminosos tenta matar Doyle, ele inicia uma perseguição mortal que o leva muito além dos limites da cidade.
Um dos grandes filmes de ação dos anos 70, notável por sua celebre sequência de perseguição de automóveis. Baseado no livro de Robin Moore (inspirado em fatos reais), a trama realista retira todo o glamour da atividade policial. Teve uma continuação e deu origem a um telefilme Popeye Doyle (86), com Ed O Nell substituindo Hackman no papel titulo. Oscar de filme, diretor, ator (Hackman), roteiro adaptado e montagem. 
Curiosidade: Gene Hackman e Roy Scheider fizeram patrulha com os policiais Eddie Egan e Sonny Grosso durante um mês, antes do início das filmagens, para pegar melhor o espírito de seus personagens. Posteriormente Egan e Grosso fizeram pequenas pontas como supervisores da polícia.

Os Implacáveis (1972)


Sinopse: Detento, preso há quatro anos, planeja sua fuga com a ajuda de sua mulher. Os dois propõem assaltar um banco e dividirem o lucro com um político corrupto, em troca da liberdade dele. Mas, durante o assalto, as coisas não saem como planejado.
Com roteiro de Walter Hill, baseado no livro de Jim Thompson, Os Implacáveis conta ainda uma dupla de atores em ascensão. Steve McQueen ainda desfrutava de grande popularidade por conta de Bullitt. Ali MacGraw vinha do estrondoso sucesso de Love Story. Originalmente, o filme seria dirigido por Peter Bogdanovich e estrelado por Cybill Shephard. Quando os produtores contrataram MacGraw, ele, que era casado com Shephard, abandonou o projeto. Peckinpah assumiu o posto e imprimiu sua marca. A trama gira em torno de Doc McCoy (McQueen), que está preso há quatro anos. Com muita ousadia, com a ajuda da sua mulher Carol (MacGraw), ele elabora um plano de fuga aparentemente simples: McCoy pede que sua mulher faça um acordo com Jack Beynon (Ben Johnson), um político corrupto. O acordo consiste na libertação de McCoy. Em troca, ele assaltará um banco e dividirá o dinheiro com Beynon. Claro que as coisas não acontecem como estavam planejadas e isso torna Os Implacáveis o que ele verdadeiramente é: um grande filme de ação. Tudo conspirou a favor: um roteiro bem escrito, uma direção inspirada, uma montagem ágil, uma trilha sonora perfeita e os atores certos. Duas curiosidades: 1) McQueen e MacGraw se apaixonaram durante as filmagens; 2) Esta mesma história foi refilmada em 1994, com o título de A Fuga, tendo Alec Baldwin e Kim Basinger.

 

 Cães de Aluguel (1990)



Sinopse: Joe Cabot (Lawrence Tierney), um experiente criminoso, reuniu seis bandidos para um grande roubo de diamantes, mas estes seis homens não sabem nada um sobre os outros e cada um utiliza uma cor como codinome. Porém durante o assalto algo ao saiu , pois diversos policiais esperavam no local. Mr. White (Harvey Keitel) levou Mr. Orange (Tim Roth), que na fuga levou um tiro na barriga e morrerá se não tiver logo atendimento médico, para o armazém onde tinha sido combinado que todos se encontrassem. Logo depois chegou Mr. Pink (Steve Buscemi), que está certo que um deles é um policial disfarçado e eles precisam descobrir quem os traiu.

Vigorosa estréia na direção do também ator e roteirista Tarantino, inspirada em uma trama do Rashomon de Akira Kurosawa em que o fato é contado em diversos pontos de vista. Embora lembre o inicio da carreira de Scorsese, a narrativa seca e violenta tem um frescor irresistível e uma segurança invejável. Já no primeiro filme, Tarantino estabeleceria diversas características, que viriam se espalhar em todos os seus filmes, como diálogos espertos e afiados, que referenciam a cultura pop (como cinema, séries e HQ), violência estilizada, trilha sonora (com sucessos de ontem e hoje), a estética que se filmava nos anos 70, piadas inteligentes e personagens um mais carismático do que o outro.
A simples trama de um grupo de assaltantes poderia render um filme dispensável nas mãos de outro diretor, mas com Tarantino, ele faz com alma, e ao mesmo tempo, é uma forma do próprio cineasta se expressar nas palavras dos próprios personagens, seja quando faz uma critica com humor negro sobre as gorjetas, ou quando faz referencias ao mundo pop que ele curtia quando jovem. O elenco liderado por conhecidos como Harvey Keitel (Taxi Drive) ajuda para colocar mais lenha na fogueira, ao começar por Steve Buscemi, no papel de sua vida, onde no inicio do filme (onde todo o elenco principal esta reunido almoçando) levanta uma teoria sobre as gorjetas. Mas o mundo não estava preparado para o desempenho assombroso de Michael Madsen, onde faz o verdadeiro psicopata do grupo, e que não dispensa em se divertir em torturar um pobre policial. É nesta seqüência, que ocorre a tão famosa cena do corte da orelha, que embora Tarantino use seus truques de câmera, a cena ainda continua chocante. É neste momento que o cineasta mostra porque veio, pois além de tornar a cena chocante (mesmo não mostrando explicitamente), surpreende em momentos originais e inesperados, como quando Madsen vai pegar um galão de gasolina na rua. Tarantino com sua câmera acompanha Madsen durante esse percurso, da saída do personagem do local, até a ida no carro para pegar a gasolina, para então retornar ao local dos acontecimentos, e isso tudo, numa seqüência sem cortes. O porquê de ele ter criado dessa forma, nesse momento é o que menos importa, porque num filme convencional, toda a forma de se filmar uma cena similar como essa, seria esquecível, porque outro diretor faria o convencional de sempre naquele tempo (1991).
Com um final chocante e que sela o destino de todos os protagonistas, Cães de Aluguel foi um marco no inicio de carreira de Tarantino, e ao mesmo tempo, uma espécie de ensaio, para a consagração do cinema independente dos anos 90. Mas mal o público tinha uma vaga idéia do melhor que estaria por vir em 94.

  
Inscrições para o curso você clique aqui.
 
Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram