Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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MOSTRA DESTACA DIRETOR ALEMÃO NA CINEMATECA CAPITÓLIO
O Goethe-Institut Porto Alegre e Cinemateca Capitólio apresentam, entre os dias 22 e 24 de agosto, a mostra Roland Klick, cineasta alemão, destacando uma das filmografias mais ousadas e originais do cinema moderno produzido na Alemanha Ocidental. A sessão de abertura, na sexta-feira, às 19h30, apresenta uma edição especial do Projeto Raros com Deadlock, western lisérgico dirigido por Klick em 1970. Entrada franca.
A Cinemateca Capitólio destaca o cinema brasileiro na semana! A restauração de Iracema – Uma Transa Amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, Pacto da Viola, de Guilherme Bacalhao, e No Céu da Pátria Nesse Instante, de Sandra Kogut serão exibidos até o dia 27 de agosto. O valor do ingresso é R$ 16,00.
Na quarta-feira, 27 de agosto, às 19h30, a Cinemateca Capitólio recebe uma sessão especial do documentário Neirud, de Fernanda Faya. A exibição faz parte da programação da Jornada Lésbica de Porto Alegre. Entrada franca.
Sinopse: nopse: Ryôsuke Yoshii trabalha em uma fábrica, mas dedica-se de verdade a revender produtos on-line com grandes margens de lucro.
Kiyoshi Kurosawa é um cineasta que tem uma grande facilidade de transitar em diversos gêneros em um único filme. Um belo exemplo disso é "Creepy" (2016) onde soube construir um alinhamento entre o suspense e o gênero policial com total facilidade que nem nos damos conta quando o longa muda de tom no decorrer da história. "Cloud – Nuvem de Vingança" (2025), o realizador faz isso novamente ao alinhar o suspense com pitadas do gênero de ação e criando uma crítica ácida sobre o consumismo que nos torna uma mera engrenagem de algo maior.
Na trama, Ryôsuke Yoshii (Masaki Sud) trabalha em uma fábrica, mas dedica-se de verdade a revender produtos online com grandes margens de lucro. Ao recusar uma promoção e expandir seu negócio, muda-se para o subúrbio com a namorada e um assistente. Sua vida muda quando uma série de acontecimentos misteriosos e perigosos começa a persegui-lo, revelando que ele é alvo de algo que vai além de sua compreensão.
Kiyoshi Kurosawa cria um filme que é uma síntese dos tempos atuais, em que os poderosos lutam para manter a mão de obra, mas que se encontram perdidos enquanto a nova geração busca o sonho de riquezas através da internet. Se por um lado temos o sistema tradicional que trata a ala trabalhadora quase que nem escravos, por outro, vemos uma geração disposta a se manter prisioneira na frente da tela de um computador, cujo lucro através da rede é uma grande possibilidade, mas cada vez mais perdendo a sua essência sobre o que nos faz humanos. Ryôsuke Yoshii não se importa com os riscos, desde que saia ganhando, mas mal sabendo do seu verdadeiro destino.
É então que Kurosawa obtém uma ótima transição entre o suspense para ação, já que o protagonista quase sempre se sente perseguido e uma vez que os seus temores se concretizam é então que o filme ganha um novo tom como um todo. Curiosamente, é por essas transições que o realizador nos mostra o que sabe fazer de melhor, principalmente quando elabora planos-sequências mirabolantes, independente de qual gênero ele explore. Pode não ter o mesmo incrível desempenho do que foi visto em "Antes que Tudo Desapareça" (2017), mas não deixa de ser algo eficaz e até mesmo surpreendente.
Ao final, constatamos que o protagonista obtém o que mais deseja, mas não deixando enfrentar certos sacrifícios e que o deixam próximo do lado mais sombrio do ser humano. Em tempos em que todos desejam o seu próprio negócio, o filme vem nos dizer que, talvez, aconteça um alto preço se caso desejar ter o controle daquilo que move os números. Nunca é suficiente quando a pessoa se vê já sugada naquilo que ele acredita ser o seu maior sustento.
"Cloud – Nuvem de Vingança" é uma síntese sobre a virada de mesa da mão trabalhadora perante os poderosos, mas cujo resultado não será propriamente bonito de ser visto.
Exibição será seguida de bate-papo com Nando Gross, Carlos Gerbase e Antônio Vicente Martins
Na terça-feira (19), às 19h, o CineBancários realiza sessão especial de “Placar: A Revista Militante”. A exibição do filme será seguida de bate-papo com o jornalista e apresentador Nando Gross, o cineasta Carlos Gerbase e o advogado e ex-dirigente de futebol Antônio Vicente Martins.
Dirigido por Ricardo Correa e Sérgio Xavier Filho, Placar: A Revista Militante resgata a história da icônica revista esportiva que marcou época no jornalismo brasileiro e influenciou gerações. Com depoimentos de craques como Pelé, Zico e Casagrande, além de mestres do jornalismo como Juca Kfouri, Mauro Beting e Paulo Vinicius Coelho (PVC), o filme é um mergulho no papel transformador da imprensa esportiva em momentos cruciais da história do Brasil.
Sob o pretexto de falar de futebol, a revista Placar ousou denunciar a censura, escancarou os bastidores do esporte como palco de lutas políticas e deu voz aos jogadores em tempos de opressão. O documentário costura imagens de arquivo raras e impactantes com entrevistas marcantes, tecendo uma narrativa que revela a coerência, a irreverência e o compromisso da publicação com a verdade — mesmo diante de regimes autoritários e resistências internas.
Ao longo de 1 hora e 40 minutos, o longa percorre desde os tempos de repressão aos quartéis, passando pela campanha do "passe livre" com Afonsinho, até os movimentos da Democracia Corinthiana, liderados por nomes como Sócrates e Casagrande. Este último, aliás, dá ao documentário um ponto de vista inédito: o do jogador que sabia o peso de sua imagem impressa e sua participação em um movimento político-cultural.
O filme também lança luz sobre momentos de mea culpa, como o reconhecimento da postura machista e misógina da revista em décadas anteriores — e a mudança de postura ao longo do tempo. Como sintetiza o próprio documentário, Placar – A Revista Militante é um filme necessário: é história e jornalismo no avesso da velocidade efêmera das redes.
Entre os dias 18 e 22 de agosto, a Sala Redenção – Cinema Universitário realiza a mostra “100 Anos de O Encouraçado Potemkin”, em homenagem ao centenário do clássico dirigido por Serguei Eisenstein. A programação marca também a estreia do Cineclube do Setor de Russo na Sala Redenção e traz um panorama da cinematografia russa nas primeiras décadas do século 20, reunindo filmes de grandes nomes como Evguéni Bauer, Olga Preobrajénskaia, Dziga Viértov, Esfir Chub e o próprio Eisenstein.
Considerado um divisor de águas na história do cinema, “O Encouraçado Potemkin”, como ficou conhecido no Brasil, foi exibido pela primeira vez em 21 de dezembro de 1925 no Teatro Bolchói. Sua inovadora concepção de montagem e suas imagens emblemáticas – como a icônica cena da escadaria de Odessa – influenciaram gerações de cineastas ao redor do mundo.
A mostra percorre os caminhos do cinema russo antes e depois da Revolução de 1917, com destaque para obras de teor histórico, documentário e melodramático. Filmes como “O Cisne Moribundo” (1917), “A Dama de Espadas” (1916) e “Mulheres de Riazan” (1927) revelam a diversidade estética e narrativa da produção do período. Já títulos como “Um Homem com uma Câmera” (1929) e “A Queda da Dinastia Romanov” (1927) destacam o vigor experimental e documental da época soviética.
Além das sessões, a mostra conta com duas atividades especiais: a abertura, no dia 18 de agosto, às 16h, com a pesquisadora Erivoneide Barros, que fará uma apresentação sobre a trajetória de Eisenstein; e o encerramento, no dia 22 de agosto, às 16h, com debate conduzido pelas professoras Daniela Mountian e Denise Sales, do Setor de Russo do Instituto de Letras da UFRGS.
A entrada é gratuita e aberta ao público. A Sala Redenção está localizada no campus centro da UFRGS, com acesso pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.
Confira a programação completa no site oficial da sala clicandoaqui.
"O Planeta dos Vampiros" (1965) é o filme mais distinto dos demais títulos de Mario Bava. Se distancia bastante do estilo que o mestre italiano do horror estava acostumado ao criar na sua carreira, pois aqui ele se insere no campo da ficção científica. E assim como os seus outros dos seus títulos, ele dá um passo a frente ao gênero devido a sua criatividade e segurança na sua direção mesmo com um orçamento limitado.
Embora italiana, a produção é também uma co-espanhola, além de ter ganhou o mercado exibidor nos EUA na época do seu lançamento. "O Planeta dos Vampiros", que em sua versão americana, distribuída pela AIP de Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson, ganhou toques no roteiro de Ib Melchior, diretor e roteirista do lisérgico "Viagem ao Planeta Proibido" (1959). Os misteriosos inimigos espaciais do deserto selvagem planeta Aura, onde as naves Argo e Galliot são obrigadas a fazer uma aterrissagem forçada, ao partirem para um expedição em busca de um misterioso sinal emitido da rocha espacial. O título, porém, é um tanto errôneo, já que não existe vampiros tradicionais em cena, mas sim personagens que se tornam hospedeiros de uma entidade quase invisível.
Com a nave avariada após terem sido arrastadas por meio de uma poderosa força gravitacional e presos naquele planeta, a tripulação da Argo, liderada pelo capitão Mark Markary (Barry Sullivan), após uma intensa luta entre eles, possuídos por algum tipo de influência espacial com o objetivo que destruíssem uns aos outros, têm de procurar pela outra nave, Galliot, onde o Capitão Sallas emitiu um sinal de socorro. Vestidos com o uniforme que posteriormente serviu de inspiração para a criação dos trages em " X-Men" (2000), eles vasculham o exterior do planeta virtualmente desabitado, com atmosfera compatível com oxigênio, até encontrarem toda a tripulação da outra nave mortos, aparentemente vítimas do mesmo ataque de cólera que atingiu os astronautas da Argo.
Uma cena em particular do filme é simplesmente incrível, um dos melhores momentos do terror/ sci-fi no cinema de todos os tempos. É quando Mark e a brasileira Norma Bengel, interpretando Sanya, uma das tripulantes da Argo, encontram uma outra nave alienígena destruída no planeta, que teve um terrível destino trágico, e ficam presos dentro dessa nave, em um ambiente claustrofóbico e com uma carga absurda de tensão que realmente sufocante , pontuados por uma mórbida fusão de trilha sonora com assustadores efeitos sonoros. Ainda mais por encontrarem dois esqueletos gigantes de criaturas alienígenas que tripulavam aquela nave espacial, deixando extremamente claro o quanto é perigosa a força que habita o planeta Aura.
Sendo assim, fica difícil acreditar em Ridley Scott e Dan O’Bannon quando ficavam dizendo que nunca teriam assistido "O Planeta dos Vampiros", porque obviamente "Alien – O Oitavo Passageiro" (1979) foi visualmente e atmosfericamente inspirado no filme de Bava Principalmente nesta cena que eles encontram a outra nave e seus fósseis espaciais. E falo mais, até o recente Prometeus, espécie de da mitologia Alien, percebe-se claramente ser influenciado por essa obra.
A AIP resolveu financiar e co-produzir a fita de Bava exatamente por conta do sucesso comercial ao distribuir nos EUA os filmes anteriores do italiano, A Máscara de Satã e As Três Máscaras do Terror. O Planeta dos Vampiros ainda contou com o financiamento da Italian International Film de Fulvio Lucisano e da espanhola Castilla Cooperativa Cinematográfica. Mas apesar disso, o orçamento era extremamente baixo para uma produção deste porte e aí que a técnica brilhante de Bava como realizador e sua imensa criatividade entraram em cena, usando truques óticos para compensar a falta de grana.
Segundo Tim Lucas, biógrafo de Bava, o planeta Aura foi concebido com apenas duas rochas de gesso. Isso mesmo, duas! Bava usou uma técnica de espelhos no set para conseguir multiplicar o efeito visual do ambiente inóspito do planeta, utilizando jogo de cores e de luz e sombra na fotografia para deixar aquelas rochas de gesso com a aparência desejada de um local lúgubre e sinistro, e cenários obscurecidos por névoas, além do uso de miniaturas sobre uma mesa, valendo-se do famoso processo Schüftan, comum no cinema no começo do século XX, inventando por Eugene Schüftan, utilizado pela primeira vez em Metrópolis de Fritz Lang, que consiste em colocar uma chapa de vidro num ângulo de 45 graus entre a câmera e as miniaturas, para dar a noção de tamanho e profundidade desejada na hora dos atores contracenarem com o ambiente.
Bava além disso, para a concepção visual de seu planeta e do interior da espaçonave, pega emprestado as histórias de ficção científica da literatura pulp, abusando de botões e objetos que piscam intermitentemente, excêntricas máquinas, lutas coreografadas, armas futuristas espaciais, figurino estilizado, cabelos, maquiagem, tudo, para criar um ambiente único, lisérgico, colorido, sufocante e deliciosamente kitsch.
E mais uma vez, o mestre cuida de todos os detalhes de O Planeta dos Vampiros com muito esmero, atentando-se a todos os detalhes impecáveis da direção de arte, fotografia, figurino, efeitos especiais, como sempre, isso sem contar a brilhante forma como ele conduz o desenvolvimento do longa até seu final pessimista, criando um clima de suspense constante e momentos de verdadeiro horror espacial.
Nosso encontro deste sábado será às 10h15 da manhã, na Sala Eduardo Hirtz da Cinemateca Paulo Amorim (CCMQ), com a exibição de Cloud – Nuvem de Vingança, mais novo longa de Kiyoshi Kurosawa (mesmo diretor dos lembrados A Cura e Pulse), um thriller incômodo e afiado sobre o colapso da empatia em tempos digitais.
Em Cloud, acompanhamos Ryôsuke Yoshii (Masaki Suda), um jovem que ganha a vida revendendo qualquer tipo de produto on-line, de bolsas falsas a equipamentos médicos, sem se importar com quem está do outro lado da tela. Kurosawa filma essa espiral de ódio e vingança com distanciamento clínico, mas sem perder o sarcasmo. O resultado é um retrato perturbador de uma sociedade onde ninguém é inocente e a brutalidade deixou de ser exceção para se tornar regra.
Confira os detalhes da sessão:
SESSÃO DE SÁBADO NO CLUBE DE CINEMA
📅 Data: Sábado, 16/08/2025, às 10h15 da manhã
📍 Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim (CCMQ)
Rua dos Andradas, 736 – Centro Histórico, Porto Alegre
Sinopse: Ryôsuke Yoshii trabalha em uma fábrica, mas dedica-se de verdade a revender produtos on-line com grandes margens de lucro. Ao recusar uma promoção e expandir seu negócio, muda-se para o subúrbio com a namorada e um assistente. Sua vida muda quando uma série de acontecimentos misteriosos e perigosos começa a persegui-lo, revelando que ele é alvo de algo que vai além de sua compreensão.
Sinopse: Em JUNTOS, uma mudança para uma cidade isolada do interior testa os limites da já conturbada relação de Tim e Millie (Dave Franco e Alison Brie). O que poderia ser uma oportunidade para recomeçar logo se transforma em um verdadeiro pesadelo, quando uma força sobrenatural começa a corromper sua relação, suas mentes e seus corpos. À medida que se afastam de tudo o que conheciam, o casal descobre que, para permanecerem juntos, terão que enfrentar um horror muito maior do que o que os separava.
Os Caras Malvados 2 (Sessão Azul)
Sinopse: No novo capítulo da comédia de ação de sucesso da DreamWorks Animation, de 2022, sobre uma trupe de formidáveis animais fora-da-lei, Os Caras Malvados lutam para encontrar confiança e aceitação para sua recente condição de bons moços, quando são forçados, por um esquadrão de mulheres criminosas, a abandonar a aposentadoria para fazer "um último trabalho".