Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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A cinesemana de 10 a 16 de julho traz duas estreias em nossa programação, ambas assinadas por diretoras mulheres. A italiana Maura Velpero dirige VERMIGLIO – A NOIVA DA MONTANHA, uma história ambientada durante a Segunda Guerra Mundial e indicada pela Itália ao Oscar de filme internacional. O outro filme é uma releitura do clássico erótico EMANUELLE, conduzido pela premiada diretora Audrey Diway e que coloca a protagonista em uma jornada de descobertas por Hong Kong.
A semana ainda traz uma sessão inclusiva de A PRIMEIRA MORTE DE JOANA, da diretora Cristiane Oliveira, e uma mostra especial de rock gaúcho com quatro longas inéditos nos cinemas. Entre os destaques, estão os documentários dedicados à banda Cachorro Grande, ao compositor Julio Reny e ao sempre genial Júpiter Maçã.
Seguem em cartaz DREAMS, o filme ganhador do Festival de Berlim e que completa a elogiada trilogia do norueguês Dag Johan Haugerud, e também O GRANDE GOLPE DO LESTE, com Sandra Hüller, ambientado às vésperas da reunificação da Alemanha. O público pediu e prorrogamos as exibições do longa chinês LEVADOS PELAS MARÉS, e que o diretor Jia Zhang-ke traça um panorama do seu país nas últimas duas décadas, o ENTRE DOIS MUNDOS, protagonizado por Juliette Binoche.
Os longas VIRGÍNIA E ADELAIDE, de Jorge Furtado e Yasmin Thayná, e RITAS, de Oswaldo Santana, têm suas últimas sessões nesta semana.
Confira a programação completa no site oficial da Cinemateca clicandoaqui.
Sinopse: O magnata Zsa-zsa Korda sofre mais um acidente aéreo, mas logo se recupera. Ao voltar para casa, ele decide nomear sua filha, uma freira, como única herdeira de sua fortuna.
Wes Anderson tem sido duramente criticado até mesmo pela crítica especializada ao ser acusado de exagerar em sua visão autoral na realização dos seus últimos filmes. Tanto "A Crônica Francesa" (2021) como "Asteroid City" (2023), no meu entendimento, são uma espécie de experimento que o cineasta faz ao usar a linguagem do cinema e alinhá-la com o universo do teatro. Se muitos ainda estão irritados com o seu modo de filmar é bom passar longe então de "O Esquema Fenício" (2025) onde ele até volta a fazer um cinema de um jeito mais tradicional, mas não largando de mão a sua visão autoral.
Na trama, conhecemos o magnata Zsa-zsa Korda (Benicio del Toro), que já sobreviveu a seis acidentes de avião e é pai de nove filhos homens e uma única menina, a freira Liesl (Mia Threapleton). Ele determina que ela seja a única herdeira de seu patrimônio, mas antes, pede a ajuda da filha para garantir que seu projeto de vida saia do papel, o "Korda Land and Sea Phoenician Infrasctructure Scheme". Agora, eles precisarão viajar pelo mundo acompanhados pelo ingênuo tutor Bjorn (Michael Cera) para negociar com empresários, empreiteiros e criminosos.
Como não poderia deixar de ser, o filme é recheado de astros do cinema atual norte americano, que estão sempre dispostos a fugir do convencional e embarcar no universo autoral do diretor. Portanto, será comum no decorrer dos anos vermos em seus filmes novamente nomes como Scarlett Johansson, Benedict Cumberbatch, Michael Sera, Tom Hanks e tantos outros, sendo que alguns fogem das produções milionárias como as da Marvel, já que ela atualmente se encontra cada vez mais presa em sua fórmula de sucesso já muito desgastada nestes últimos anos. Já no universo de Wes Anderson me dá a impressão de que eles estão mais à vontade em fazer personagens genuinamente estranhos, mas que desafiam os seus talentos como um todo.
Para o fã radical, porém, poderão se decepcionar um pouco com esse filme se caso esperam uma expansão ainda maior com relação ao modo de filmar que o realizador estava colocando em prática nos últimos anos, ao fazer uma transição entre o cinema e o teatro e usando as velhas técnicas de como se fazia longas metragens como antigamente. Porém, a meu ver, o realizador optou em retroceder um pouco e revisitar à sua maneira de filmar dos tempos de "O Grande Hotel Budapeste" (2013), ou seja, é o mesmo e bom velho Wes Anderson de sempre, mas não se arriscando em dessa vez em dar um outro passo à frente. Dá minha parte está tudo bem para mim, desde que os velhos e bons ingredientes que sempre usou ainda estejam todos por lá.
E lá estão eles, desde um enquadramento que mais se parece um quadro, como uma fotografia de cores quentes que mais parecem extraídas de uma HQ retro. Além disso, é interessante observar que o realizador tem até um modo curioso de fazer as cenas de ação e até mesmo de luta, sendo tudo muito cartunesco, quase como se fosse um desenho animado, mas que a meu ver é uma forma de satirizar até mesmo a situação em que os personagens se encontram envolvidos. Sendo assim, o realizador não poupa humor ácido nem com relação à igreja ou ao próprio céu, com direito a julgamentos divinos, porém, burocráticos para se dizer o mínimo.
Quem se diverte nesta situação toda é o próprio Guilherme Del Toro, que dentre todos os atores em cena é o que mais se sente a vontade em toda essa brincadeira, principalmente ao já ter pegado o embalo da autoria do cineasta. Curiosamente, muitos personagens que surgem em cena são interpretados por intérpretes queridinhos do realizador, mesmo quando alguns fazem simples pontas, mas que irão dar o que falar. Bill Murray, por exemplo, faz questão de surgir como o próprio Deus em pessoa e mantendo a sua parceria com o diretor desde que se iniciou bem lá atrás no filme "Três É Demais" (1998).
Tendo ganhado recentemente um Oscar de melhor curta por "A Incrível História de Henry Sugar" (2023), Wes Anderson não está preocupado se os seus longas geram lucro ou não e tão pouco se importando o que os críticos irão dizer em seus textos. Acima de tudo, é um dos poucos realizadores norte-americanos de hoje que se atrevem em ir de contramão de uma Hollywood cada vez mais presa em suas franquias, fórmulas desgastadas e pela falta de algo mais original que tanto faz falta. No meu entendimento, Wes Anderson tem mais é que fazer o que bem entender e eu só tenho que agradecer.
"O Esquema Fenício" é o menos corajoso da filmografia recente de Wes Anderson, o que não significa que seja o menor de Wes Anderson.
Dia 11 de julho tem exibição do Tropical SOV no Capitólio, o cinema de rua mais emblemático da cidade. Vai rolar até um debate após a exibição. E no dia 10 de julho tem uma festa de aquecimento para a exibição de Tropical SOV, com bandas e projeção de filmes experimentais sobre as bandas.
Tropical SOV é uma antologia brasileira que reúne 23 realizadores independentes e que dão vida a 21 histórias hilárias, estranhas e bizarras que só poderiam acontecer no Brasil. De cérebros que produzem cocaína até o incrível videocassete humano, passando pelos segredos da carne sintética, cura da calvície, castração de estupradores, frutas niilistas, docinhos mágicos e o rei cocô do Evangelistão.
um filme de: Laura Moura de Andrade, Petter Baiestorf, Juliana Hoffmann Bordes, Rebeca Capozzi, Barbi Cauzzi, Braun Ridre Chulaq, Alex Dombrova, Elder Gusmão, Kadu Hammett, Luciano Irrthum, Pedro Henrique Loreto, Luciano de Miranda, Bogomili Ovos, Ted Rafael, Tainá Rei, Jonathan Rodrigues, Edgar Soares, Fabiano Soares, Daniela Távora, E.B. Toniolli, Vini Trash, Judas Vanir e Keisy Yamaki.
Sinopse: Johanne se apaixona perdidamente por sua professora de francês, e escreve tudo o que ela vive.
Dag Johan Haugerud já pode ser apontado como uma das melhores surpresas dos últimos tempos em termos de cinema autoral. Com a sua trilogia recente, incluindo os últimos "Sex" (2024) e "Love" (2024), o realizador faz uma análise madura com relação aos relacionamentos contemporâneos e dos quais nos identificamos facilmente como um todo. "Dreams" (2025) encerra essa trilogia de uma forma singela, reflexiva e de como deve ser lidada o primeiro despertar do amor.
Na trama, conhecemos Johanne (lla Øverbye), uma garota de dezessete anos que experimenta um despertar sexual inesperado ao se apaixonar por sua professora. Para colocar toda a carga emocional dessa paixão para fora, ela utiliza um caderno para documentar essa recente e intensa descoberta, colocando em palavras seus sentimentos mais arrebatadores. Quando mãe e avó têm conhecimento desse diário elas ficam preocupadas, mas aos poucos refletem o quanto é complexo o despertar da paixão e o quanto a jovem tem talento com relação à escrita.
Se nos filmes anteriores Dag Johan Haugerud explorava a relação madura entre as pessoas nos dias de hoje, aqui nesta terceira parte ele faz uma análise interessante sobre o despertar de um amor precoce, mas do qual a gente se identifica facilmente. Afinal, todos nós nos apaixonamos quando ainda estamos descobrindo e enfrentando os obstáculos da vida e, portanto, a primeira paixão pode servir como um grande aprendizado, mesmo quando ele se torna extremamente doloroso. No filme, por exemplo, várias passagens são tratadas isso de uma forma perfeccionista, desde as sensações de toque, como também determinados olhares que falam mais do que palavras ditas no decorrer da trama.
Ao transitar cinema com a literatura, o filme nos apresenta uma trama em que boa parte de suas passagens nos são apresentadas em narração off pela sua protagonista e sintetizando a proposta principal do longa. Por conta disso o filme se torna o mais dinâmico dos três longas da trilogia, pois desperta em nós uma atenção redobrada com relação ao que ela fala, assim como também o que acontece na tela. Acima de tudo é um filme que nos diz que a maior história de todos os tempos é a nossa própria história, mesmo quando a gente não se dá conta desse importante fato da vida.
Ella Øverbye se sai bem ao interpretar a jovem protagonista, do qual transita na possibilidade estar presenciando o seu conto de fadas, quando na verdade nem sempre a realidade corresponde com as nossas expectativas. Já Ane Dahl Torp e Anne Marit Jacobsen interpretam uma mãe e uma avó que são dois lados da mesma moeda com relação ao papel da mulher dos tempos de ontem e hoje e como as suas visões mudam com relação, tanto ao feminismo, como também os significados da importância da literatura em suas vidas como um todo. Ao final ambas concordam que a protagonista possui um dom pela escrita, mas do qual ela somente obteve através de sua experiência sobre os conflitos internos de uma paixão não declarada.
Acima de tudo, é um filme que fala que os contos de fadas não existem, mas cuja os relacionamentos não correspondidos acontecem para amadurecermos para os próximos que vierem e estarmos preparados quando eles não correspondem com o que a gente esperava deles. A cena final, por exemplo, simboliza o que todos devemos fazer após termos ficado decepcionados com a nossa primeira experiência romântica, de nos reerguermos e seguirmos em frente ao desconhecido, mas do qual ele nos trará novas experiências para serem apreciadas no seu devido tempo. Todo obstáculo serve como aprendizado e sem eles nós nunca amadurecemos.
"Dreams" encerra com dignidade a trilogia autoral de Dag Johan Haugerud com relação aos relacionamentos de ontem e hoje e dos quais nos identificamos desde sempre.
AMANHÃ, 08 de julho, às 19h, o Clube de Cinema de Porto Alegre realiza uma sessão especial da animação Aya de Yopougon (2013), em parceria com a Sala Redenção – Cinema Universitário da UFRGS, dentro do nosso Ciclo de Cinema de Animação.
A entrada é gratuita e a sessão será aberta ao público!
Baseado na premiada série de quadrinhos homônima criada por Marguerite Abouet e ilustrada por Clément Oubrerie — ambos também diretores do filme —, Aya de Yopougon nos convida a mergulhar na vida de uma jovem mulher na Costa do Marfim dos anos 1970, em meio às transformações sociais, tradições e desejos de emancipação.
Após a exibição, teremos um momento especial com comentários e reflexões feitos por membros do Clube de Cinema de Porto Alegre e convidados, promovendo um espaço de troca com o público presente. O bate-papo será mediado por Kelly Demo Christ, cineasta e diretora de comunicação do Clube, e por Janaína Pinto, docente da UFRGS, com mestrado e doutorado em Letras. Janaína foi coordenadora do evento Cine-Debate Mulheres por Mulheres, voltado à reflexão sobre diversidade, relações sociais e familiares da mulher.
Confira os detalhes da sessão:
📅 Data: Terça-feira, 08/07/2025, às 19h
📍 Local: Sala Redenção – Cinema Universitário da UFRGS
Rua Eng. Luiz Englert, 333 – Campus Central da UFRGS
🎟️ Entrada gratuita
Aya de Yopougon
França/Costa do Marfim, 2013, 84 min, classificação livre
Direção: Marguerite Abouet e Clément Oubrerie
Baseado na HQ “Aya de Yopougon”
Sinopse: Aya vive em Yopougon, bairro popular da capital marfinense Abidjan, e sonha com uma carreira em medicina. Enquanto enfrenta as pressões familiares e sociais, suas amigas se envolvem com festas e namoros. Com leveza e humor, o filme traça um retrato sensível de uma juventude em um país em transformação.
O filme inaugura o ciclo de julho com filmes relacionados com pessoas em situação de rua, na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto da UP Idiomas. Recentemente na cidade se acendeu a discussão sobre a população em situação de rua, com direito a audiência pública e muitas manifestações, algumas abertamente violentas e inumanas, nas redes sociais.
O Cineclube Torres, seguindo a sua tradição de defensora dos Direitos Humanos e dos valores humanistas característicos de quem opera na esfera cultural, fez um recorte a partir de autênticas gemas da cinematografia europeia e brasileira.São obras sensíveis que levam a repensar ideias e preconceitos ao colocar o espectador em perspectivas inusitadas, em histórias que envolvem exclusão e marginalização social.
Na primeira sessão, a obra prima da principal diretora da Nouvelle Vague, Agnès Varda, "Sem Teto Nem Lei" de 1985, com a atriz Sandrine Bonnaire no papel de uma andarilha perambulando pelas campanhas francesas. A história e a personalidade dela é reconstruida através de encontros e desaventuras, num registro sensível e semi documental da busca de uma plena liberdade.
"Não apenas é um lindo road movie sobre uma pessoa viajando pelos arredores da França, é, antes de tudo, um filme sobre uma mulher andarilha, como o título diz “sem teto nem lei”, isto é, em uma sociedade em que as mulheres devem estar sempre “resguardadas” por uma instituição ou outra (família, marido, igreja, escola, trabalho), uma mulher que escolhe largar tudo para viajar por aí sozinha, é algo bastante raro de se encontrar" (Larissa Goya Pierry, Medium).
A sessão, com entrada franca, integra a programação continuada realizada na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos com 13 anos de história, em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística certificada pelo Ministério do Turismo (Cadastur), contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.
Serviço:
O que: Exibição do filme "Sem Teto Nem Lei", de Agnès Varda (França - 1985) - 1h46m
Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, junto à escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres
Quando: Segunda-feira, 7/7, às 20:00
Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).
Cineclube Torres
Associação sem fins lucrativos
Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva
Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus
Sala de Espetáculos e Equipamento de Animação Turística - Cadastur
George Lucas a recém havia sacudido o mundo com o seu primeiro filme da franquia "Star Wars" (1977) e que acabou mudando a forma de fazer filmes de aventura e fantasia para sempre. Contudo, muitos realizadores mantiveram as suas raízes de se fazer cinema naquela época, como foi no caso do mestre de efeitos visuais Ray Harryhausen, responsável por filmes como "Jasão e o Velo de Ouro" (1963) e que muitos acabam se lembrando graças aos efeitos "stop motion" em que representavam as criaturas da trama. Em "Fúria de Titãs" (1981) Harryhausen criou na sua forma em realizar mundos fantásticos, uma trama vinda da mitologia grega, em que o grande herói era Perseus (Harry Hamlin) que luta com inúmeros seres mitológicos para salvar a vida de Andrômeda (Judi Bowker).
São inúmeros momentos de pura fantasia e boa aventura de antigamente em que heróis e vilões eram bem definidos, Ray Harryhausen cria momentos antológicos como o confronto da Medusa que dá de dez a zero contra a refilmagem lançada em 2010 e o confronto do protagonista com o monstro Kraken é muito mais emocionante. Destaque para Laurence Olivier como Zeus em um dos seus últimos papeis de sua carreira. Embora o filme tenha sido dirigido pelo diretor Desmond Davis a maioria dos cinéfilos de hoje sempre associam esse filme a Ray Harryhausen, pois o coração e a alma do longa se encontra em sua ténica de stop motion como um todo.
Curiosamente, o personagem amaldiçoado Calibos seria do começo ao fim um personagem 100% em stop motion. Porém, os realizadores haviam criado um roteiro em que o personagem falasse diversas vezes e portanto era necessário um ator nestas cenas. Coube ao interprete Neil McCarthy dar vida ao personagem nestas cenas, mas que ao mesmo tempo se intercalava com o boneco em stop motion e cujo resultado surpreende até hoje.
Aliás, os efeitos visuais ainda impressionam nos dias de hoje, mesmo em uma época pós "Star Wars" e que muitos não sabiam ao certo em qual caminho correto a trilhar. Tanto Desmond Davis como Ray Harryhausen optaram em manter o que faziam de melhor antigamente e por conta disso podemos ver, por exemplo, maquetes muito bem feitas, tanto de Olympus a casa dos Deuses, como também as principais cidades mitológicas que aparecem na trama. Destaque para a cidade que é destruída pelas ondas gigantes provocadas pelo monstro Kraquen.
Neste último caso, a criatura visualmente me lembrou muito aquela que foi vista em "Vinte Milhões de Milhas da Terra" (1957). Se por um lado faltou um pouco de mais originalidade da parte de Ray Harryhausen, do outro, ao menos ele superou as expectativas na criação da Medusa, já que em outras adaptações a personagem era sempre interpretada por uma mulher bonita e cuja as cobras na cabeça eram muito artificiais. Aqui, a personagem ganha vida através do stop motion, cujo visual aterroriza até hoje e sendo um dos maiores feitos da carreira de Ray Harryhausen.
Num ano como 1981, marcado por sucessos como "Oss Caçadores da Arca Perdida", "Superman II: A Aventura Continua" e "007 Somente para Seus Olhos", "Fúria de Titãs" conseguiu a honrosa décima primeira posição entre os mais assistidos, tendo arrecadado mais de US$ 40 milhões contra um orçamento de U$$ 15 milhões. O filme acabou sendo revisitado não somente em VHS, como também diversas vezes pela TV e conquistando uma geração que cresceu assistindo essa incrível aventura baseado na mitologia grega. Outro grande fator positivo para o filme foi sua ótima trilha musical aventuresca composta por Laurence Rosenthal.
O filme foi um dos últimos trabalhos de Ray Harryhausen que após isso se aposentou do mundo artístico. O seu stop motion somente seria relembrado através de cineastas que cresceram e se tornando grandes fãs do realizador como foi no caso do diretor Tim Burton e que trouxe a técnica de volta a partir do seu clássico "Os Fantasmas se Divertem". Ray Harryhausen viria a falecer em 07 de Maio de 2013, mas cujo seu legado continuaria vivo até nos dias de hoje.
"Fúria de Titãs" é um exemplo de um grande filme de aventura e fantasia que não envelhece através do tempo e isso se deve graças a genialidade de grandes artistas ténicos como no caso de Ray Harryhausen.