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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 10 de setembro de 2024

Cine Dica: Vanguardas Europeias

A experimentação vanguardista fez a sua incursão no cinema a partir dos loucos anos 1920, cerca de uma década após o desenvolvimento das vanguardas nas artes visuais europeias. No decorrer daquele período, criativos cineastas do Velho Mundo ofereceram filmes desafiadores justamente quando a indústria cinematográfica consolidava em Hollywood os fundamentos do cinema clássico e comercial. Ao se completarem os 100 anos das vanguardas no cinema, torna-se valioso compreender as origens, os significados e o legado deste segmento que segue inspirando o audiovisual contemporâneo.

 

Objetivos

O curso UM SÉCULO DE VANGUARDAS EUROPEIAS NO CINEMA, ministrado por Danilo Fantinel, busca compreender as origens históricas e estéticas das vanguardas cinematográficas dos anos 1920, evidenciando tanto as principais vertentes quanto os grandes cineastas e filmes ligados a cada segmento. Além disso, a atividade objetiva também entender como as vanguardas inspiraram realizadores ao longo da História do cinema. As aulas são ilustradas, expositivas e dialogadas.


Curso

UM SÉCULO DE VANGUARDAS EUROPEIAS 

NO CINEMA

de Danilo Fantinel

 

Datas

28 e 29 / Setembro

(sábado e domingo)

 

Horários

14h30 às 17h30

 

Duração

2 encontros presenciais

(carga horária: 6 horas / aula)

 

Local

Cinemateca Capitólio

(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro Histórico - Porto Alegre - RS)

  

MAIS INFORMAÇÕES / INSCRIÇÕES:

 https://cinemacineum.blogspot.com/2024/09/vanguardas-europeias.html

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice'

Sinopse: Retornamos à casa em Winter River, onde três gerações da família Deetz se unem após uma tragédia familiar inesperada. 

Tim Burton foi o responsável por eu começar amar o cinema, pois eu era uma criança quando fui assistir "Batman - O Filme" (1989). A partir dali, não somente acompanhei os seus trabalhos posteriores, como também ter um interesse em saber o que os outros atores haviam trabalhado ao longo da história. Quando eu fui conhecer a filmografia de Jack Nicholson, por exemplo, acabei assistindo "O Iluminado" (1980) de Stanley Kubrick, fazendo com que assistisse aos outros filmes do realizador e o resto é história.

Ou seja, Tim Burton foi a pessoa que criou essa bola de neve e da qual me fez conhecer o universo da sétima arte como um todo e, portanto, devo muito a ele. Porém, sendo um crítico de cinema atualmente, é preciso reconhecer que nos últimos anos o realizador estava mal das pernas através de filmes duvidosos como "Dumbo" (2019), mas ganhando uma sobrevida através da série "Wandinha" (2022) e protagonizada por Jenna Ortega. Em tempos de incerteza nada melhor do que voltarmos as raízes e Tim Burton faz isso através de "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" (2024), continuação de um dos seus maiores clássicos, mas que não se limita somente ao lado nostálgico.

Na trama, voltamos à casa em Winter River, onde três gerações da família Deetz se reúnem após uma tragédia inesperada. Lydia Deetz (Winona Ryder), agora adulta, é mãe da adolescente Astrid (Jenna Ortega). A jovem introvertida, acaba dando de encontro com o mundo dos mortos para reencontrar o seu pai, mas correndo um sério risco de ficar presa para sempre por lá. Não tendo outra opção, Lydia acaba recorrendo ao excêntrico fantasma Beetlejuice (Michael Keaton) que, mais uma vez, transforma a vida dos Deetz em um verdadeiro caos.

Embora tenha se passados mais de trinta anos após o clássico, felizmente, Tim Burton não cai no obvio ao fazer do filme uma verdadeira nostalgia com relação ao longa anterior, mas sim fazendo com que esse novo capítulo obtenha identidade própria ao dar continuidade a história daqueles personagens. Com isso, vemos Lydia sendo apresentadora de um programa sobre paranormalidade, prestes a se casar com alguém duvidoso e tendo problemas de relacionamento com a sua filha Astrid. Falando nela, Jenna Ortega nasceu para o universo de Tim Burton e, portanto, ao vê-la sendo filha da personagem de Winona Ryder é mais do que prefeito.

Com relação ao visual como um todo é como se não tivesse se passado mais trinta anos que separam os dois filmes, sendo que o cenário do mundo após a morte continua intacto e remetendo novamente ao bom e velho expressionismo alemão. Vale destacar o retorno de Danny Elfman na composição da trilha sonora, sendo que ela já é reconhecida na abertura e se casando com perfeição com a proposta principal do cineasta. Falando na abertura, novamente, Burton inicia a história com um plano-sequência parecido com o que foi visto no clássico, mas cujo seu término se difere e nos pregando mais uma vez uma curiosa surpresa.

Curiosamente, Burton também resgata para a sua trama o casal  Deetz, mas desta vez sem a presença do ator Jeffrey Jones após os escândalos que o fizeram arruinar a sua carreira. Para usar o personagem sem a presença do ator, Burton usa da sua genialidade ao seu favor, ao usar um boneco animatrônico de uma forma inesperada e com uso de animação em stop motion em um determinado flashback. Aliás, esse é um pequeno exemplo do que iremos testemunhar no decorrer da projeção em questões técnicas, já que o cineasta descarta qualquer possibilidade ao uso do CGI e optando pelas velhas fórmulas de fazer o seu cinema como era antigamente.

E como é bom ver Catherine O'Hara retornando em cena. Sendo a protagonista da famosa cena do jantar onde é tocada a música "Banana Boat", O'Hara ressurge mais uma vez como Delia Deetz mais excêntrica do que nunca com relação a sua arte e podem esperar para que, novamente, ela participe de um número musical ao lado dos demais personagens. Esse momento, aliás, não supera a cena clássica do original, mas a música "MacArthur Park" de Richard Harris não sairá de nossas cabeças tão cedo.

Porém, essa cena em si somente funciona em termos de humor graças a Michael Keaton, ao retornar novamente para dar vida ao personagem que nasceu para fazer que é Beetlejuice. Tendo agora maior tempo de cena, Keaton parece que não envelheceu em dar vida ao personagem, cuja imprevisibilidade é a palavra que move esse ser e novamente nos brindando com situações pra lá de divertidas. Para os amantes do cinema de horror, aguardem o protagonista falando em italiano ao contar uma história sombria do passado e é onde Tim Burton presta uma bela homenagem ao clássico "A Maldição do Demônio" (1960), de Mario Bava e cuja obra serviu muito de inspiração para a sua carreira.

Vale salientar que é neste ponto que surge em cena Monica Bellucci, ao dar vida a noiva vingativa Delores, muito embora a personagem se encaixaria melhor através de outra grande atriz da filmografia de Burton que foi Helena Bonham Carter. Falando de personagens novos, destaque para o policial da vida pós morte Jackson, que durante a vida era um ator canastrão e sendo interpretado de forma muito divertida pelo ator Willem Dafoe. É interessante observar que, embora haja  personagens por demais em cena em um determinado ponto da história, cada um funciona de um modo para que aconteça o grande ápice no terceiro ato e do qual Burton não poupa nem essa geração de influenciadores e que fazem uma geração inteira ficar presa em seus celulares.

Do modo geral, é um filme que resgata tudo o que o cineasta já foi um dia e fazendo com que a sua visão autoral funcione mesmo em tempos em que o cinema cada vez mais se afunde em franquias intermináveis. Resta saber se ele obterá daqui em diante carta branca para tocar um novo projeto, nem que para isso revisite novamente alguns dos seus clássicos. Não custa sonhar, por exemplo, dele concluir a sua visão sobre Batman em um novo filme para encerrar uma trilogia jamais concluída.

Com os minutos finais que prestam uma criativa homenagem ao clássico "Carrie - A estranha" (1976), "Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice" é vermos Tim Burton sendo ele mesmo, um cineasta que não se entrega facilmente para o lado convencional da indústria cinematográfica norte americana e da qual está matando o cinema atual de forma gradativa. 


Nota: Leia também - Revisitando 'Os Fantasmas Se Divertem'          

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Cine Dica: Sessão Clube de Cinema 10/09: "Lixo Extraordinário" na Sala Redenção (UFRGS)

Na próxima terça-feira, 10 de setembro, às 19h, o Clube de Cinema de Porto Alegre, em parceria com a Sala Redenção, tem o prazer de exibir "Lixo Extraordinário", em uma sessão comentada que faz parte do nosso Ciclo de Documentários. Ao longo deste ano, exploramos diversos documentários brasileiros que abordam temas como política, presídios, e recentemente prestamos uma homenagem a Eduardo Coutinho com a exibição de "As Canções". Agora, voltamos nossa atenção para a intersecção entre arte e questões ambientais, tão relevantes no contexto atual.


📣 A entrada é franca, traga seus amigos também! 


SESSÃO CLUBE DE CINEMA

Local: Sala Redenção - Campus central da UFRGS - Rua Eng. Luiz Englert, 333.

Data: 10/09/2024, terça-feira, às 19h.

"Lixo Extraordinário"

Documentário brasileiro, 2011, 99 min

Direção: Lucy Walker, João Jardim, Karen Harley

Sinopse: "Lixo Extraordinário" documenta o trabalho do renomado artista plástico Vik Muniz no Jardim Gramacho, o maior aterro sanitário da América Latina, localizado no Rio de Janeiro. O filme, que foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2011, não só retrata a transformação de materiais descartados em obras de arte, mas também lança luz sobre a vida das pessoas que dependem desse espaço. É uma obra que nos convida a refletir sobre o impacto da arte na conscientização social e ambiental.


Contamos com a sua presença, até lá!


Sobre o Filme: 

Vik Muniz fez o que para muitos parecia impossível que é era criar a arte em meio a enormes montanhas de lixo, melhor dizendo, no maior aterro da América do sul que fica no Jardim Gramacho. Com a ideia fixa na cabeça, o brasileiro erradicado nos Estados Unidos decide, não só vim para cá para fazer isso, como também mudar a vida de algumas pessoas de lá que iriam participar na construção das imagens através de lixo, tanto seco, como orgânico e dentre outras coisas que são jogadas fora pelo resto da sociedade. O que difere de outros documentários com o mesmo assunto é que Muniz decidiu focar o dia a dia dessas pessoas neste tipo de trabalho, o que vai contra as expectativas de muitos, pois quando achamos que iremos ver pessoas tristes e desiludidas com a vida por trabalharem naquele lugar, vemos as mesmas alegres e determinadas a seguirem em frente, mesmo com o pouco que lhe restam. Mal sabendo é claro, que ao longo do documentário, gradualmente suas vidas vão mudando unicamente por terem servido de modelos para o artista plástico. 

Perfeito do início ao fim, "Lixo Extraordinário" conquista o espectador de uma maneira rápida, positiva e faz a gente querer saber mais daquele mundo que para muitos é o fundo do poço, mas é um exemplo de pessoas que possuem perseverança e persistência acima de tudo. 

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domingo, 8 de setembro de 2024

Cine Dica: O Excêntrico Wes Anderson

Nos últimos 30 anos, Wes Anderson despontou como um realizador que pode ser considerado o epítome da criatividade. Suas cores vibrantes e estética lúdica contrastam, muitas vezes, com a seriedade das temáticas expressas em seus filmes. Graças a seu estilo único, suas obras se tornaram facilmente reconhecíveis e vem arregimentando um número cada vez maior de fãs e admiradores.

Nascido em 1969, Anderson tem atualmente em sua filmografia 29 produções, entre curtas e longas-metragens. Ele faz parte de uma nova geração de diretores de cinema que faz filmes considerados originais, de maneira a sempre manter a essência de sua estética, criando obras complexas narrativa e visualmente.


Objetivos

O curso O Excêntrico Universo de Wes Anderson, ministrado por Janaina Gamba, tem a proposta de analisar e conhecer a extensa filmografia deste cineasta, cuja estética indiscutível, a partir de referências visuais e temáticas sempre presentes em suas obras, já se tornou referência e sinônimo de criatividade, irreverência e peculiaridade.


Curso

O EXCÊNTRICO UNIVERSO DE WES ANDERSON

de Janaína Gamba


* Datas

14 e 15 de Setembrto

(sábado e domingo)


* Horário

14h30 às 17h30


* Local

Cinemateca Capitólio

(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro - Porto Alegre - RS)


INSCRIÇÕES / INFORMAÇÕES

https://cinemacineum.blogspot.com/2024/08/wes-anderson.html


Realização

Cine UM Produtora Cultural


Apoio

Cinemateca Capitólio

Cine Dica: Próxima Sessão Cineclube Torres -'É Proibido Fumar'

Cinema brasileiro no Cineclube Torres com "É proibido fumar" da Ana Muylaert, segunda-feira dia 9 de setembro, às 20h. Da autora do "Durval Discos" e "A que horas ela volta", um filme entre comédia e suspense na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo localizada na UP Idiomas Torres.

Ana Muylaert, que recentemente lançou sua mais recente obra em Gramado, "O Clube das Mulheres de Negócios" é uma das diretoras e roteiristas mais premiadas dentro e fora do Brasil. É dela esta obra que se insere perfeitamente na temática deste mês do Cineclube Torres, o fumo, mas sem maniqueísmos, de forma subtil e ao mesmo tempo solidamente integrado na trama.

A solteira Baby (Glória Pires) vive no apartamento que herdou da mãe dando aulas de violão para alguns alunos. Quando o músico Max (Paulo Miklos) se muda para o apartamento vizinho, Baby vê nele a grande chance de voltar à vida. Mas para que o romance dê certo, precisa ultrapassar alguns obstáculos, como seu vício compulsivo por fumar.

O filme desbancou no 42º Festival de Brasília de 2009, com os prêmios de melhor filme, melhor atriz, ator e atriz coadjuvante (Dani Nefussi), melhor roteiro (Anna Muylaert), melhor montagem e melhor trilha sonora, uma preciosa coletânea da melhor MPB, com Caetano, Jorge Ben Jor e Gilberto Gil e outros, junto com os solos de violão de Marcio Nigro.

Como no filme da sua estreia, “Durval Discos”, aqui comédia e drama se interligam perfeitamente: “É Proibido Fumar” é um filme que se aprecia com um sorriso agridoce. Traz diálogos deliciosos e um timming cômico que beira a perfeição... (Planeta Tela).

A sessão, com entrada franca, integra a programação continuada realizada nas segundas feiras, na Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, pelo Cineclube Torres, associação sem fins lucrativos com 13 anos de história, em atividade desde 2011, Ponto de Cultura certificado pela Lei Cultura Viva federal e estadual, Ponto de Memória pelo IBRAM, contando para isso com a parceria e o patrocínio da Up Idiomas Torres.


“É proibido fumar” | de Ana Muylaert | Brasil | 2009 | 1h 26min

Serviço: 

O que: Exibição do filme “É proibido fumar”, integrado no ciclo “Cortinas de Fumaça”.

Onde: Sala Audiovisual Gilda e Leonardo, na escola Up Idiomas, Rua Cincinato Borges 420, Torres

Quando: Segunda-feira, dia 09/09, às 20h.

Ingressos: Entrada Franca, até lotação do local (aprox. 22 pessoas).


Cineclube Torres

Associação sem fins lucrativos

Ponto de Cultura – Lei Federal e Estadual Cultura Viva

Ponto de Memória – Instituto Brasileiro de Museus

CNPJ 15.324.175/0001-21

Registro ANCINE n. 33764

Produtor Cultural Estadual n. 4917

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Cine Especial: Revisitando 'Os Fantasmas Se Divertem'

Não é de hoje que Tim Burton sempre aparentou ser um estranho no ninho em meio ao show de luzes e previsibilidade do universo Hollywoodiano. Porém, como o dinheiro fala mais alto, ele logo chamou atenção dos engravatados dos estúdios a partir do sucesso "As Grandes Aventuras de Pee-Wee" (1985), onde retratava as aventuras de Pee-Wee (Paul Reubens), uma criança presa no corpo de um homem, e acaba embarcando na maior aventura da sua vida quando ele parte em busca do seu bem mais precioso: Sua bicicleta.

Por mais bizarro que seja o filme ele acabou agradando a crítica e o público e logo Tim Burton recebeu inúmeras propostas para dirigir novos filmes. O problema é convencer alguém em rodar algo previsível, sendo que foi exatamente isso que o realizador acabou recebendo ao longo dos meses após o seu primeiro grande sucesso. Porém, a resposta veio através do roteirista David Geffen, que entregou um roteiro sobre fantasmas que se encontram presos em sua casa enquanto tentam tirar os novos inquilinos de lá.

A trama foi remodelada pelo próprio Burton, além de outros envolvidos como Michael McDowell, Larry Wilson e Warren Skaaren. Inicialmente a história teria um teor mais violento, como no acidente que vitimou o casal central, com o direito de os braços serem arrancados durante a tragédia. Porém, Burton queria um uma trama que soubesse transitar entre o horror e a comédia, nunca apelando para a violência explicita, mas sim prestando uma homenagem aos mais diversos clássicos dos filmes de horror B que ele assistia ao longo de sua vida.

"Beetlejuice" (1988), ou "Os Fantasmas Se Divertem" como ficou conhecido por aqui no Brasil, era um projeto desacreditado por muitos, sendo que os inúmeros atores que receberam o roteiro não entendiam nada com relação a sua proposta principal. Aos poucos, nomes que estavam se destacando na época começaram a se unir ao projeto, como no caso de Alec Baldwin, Geena Davis, Winona Ryder, Catherine O'Hara, Jeffrey Jones e, por fim, Michael Keaton. Esse último estava começando a se destacar durante os anos oitenta através da comédia, em filmes como "Fábrica de Loucuras" (1986), mas sempre lhe escapando o papel definitivo que o levasse ao grande estrelato.

Mesmo achando estranho o roteiro, Keaton aceitou a proposta, desde que Tim Burton o deixasse ser criativo ao máximo na construção do personagem Beetlejuice. Com a proposta aceita, o ator improvisou ao máximo para liberar todo o seu potencial humorístico, mas talvez nem o próprio imaginava que chegaria tão longe. Pode-se dizer que que sem o personagem Beetlejuice o filme não teria um resultado tão bom, peculiar e divertido que acabou obtendo.

Na trama, após morrerem quando o carro deles cai em um rio, Barbara Maitland (Geena Davis) e Adam Maitland (Alec Baldwin) se veem como fantasmas que não podem sair da sua casa de campo. Essa nova realidade acaba adquirindo um novo ingrediente quando Charles (Jeffrey Jones) e Delia Deitz (Catherine O'Hara), um casal de novos-ricos, compra a casa. Embora tentam assusta-los para saírem de lá, os esforços do casal central se tornam inúteis, principalmente perante a jovem Lydia Deitz (Winona Ryder), a excêntrica e dark filha dos novos residentes. Não havendo muito opção, eles pedem ajuda ao fantasma Beetlejuice (Michael Keaton), mas piorando toda a situação que já estava ruim.

Embora seja um dos seus primeiros longas já é notório que as marcas registradas do cineasta já se encontravam aqui, ao começar pela abertura. Há um grande plano-sequência no alto, onde a câmera vai passando pela cidade de Connecticut, em Winter River. Na medida em que a cena avança, logos notamos que não há sombra, ou vento tocando as arvores, sendo que tudo é muito imóvel. Quando o plano-sequência se encerra, logo descobrimos que a cidade aos poucos havia se tornado uma maquete e iniciando a trama dentro do sótão da casa. Essa maneira de começar o filme seria posteriormente usado nos seus futuros títulos, como se a câmera nos leva-se para um verdadeiro desconhecido e que tudo poderia acontecer dali em diante.

O visual é outro trunfo feito pelo realizador, já que ele não remete somente aos filmes de horror de antigamente, como também até mesmo com relação ao expressionismo alemão como no caso, por exemplo, "O Gabinete do Dr. Caligari" (1919). É como se testemunhássemos uma realidade distorcida da nossa, principalmente quando o casal central descobre a entrada da vida após a morte, sendo que lá tudo está estruturado de acordo com uma burocracia complexa. Curioso é vermos personagens secundários em espera por lá, sendo que o visual deles é de acordo com a maneira de como eles morreram e tornando tudo visualmente ainda mais fantasioso e divertido.

Vale destacar que Tim Burton sempre foi um devoto com relação aos efeitos práticos e quase nunca se entregando ao CGI que hoje se encontra cada vez mais enfraquecido. Neste filme, por exemplo, o realizador foi um dos últimos ao final dos anos oitenta ao utilizar o recurso stop motion, efeito visual prático e do qual Burton cresceu assistindo através dos filmes comandados pelo realizador Ray Harryhausen e que para muitos é o pai deste recurso. As cenas em que o  Beetlejuice se transforma em uma cobra, ou quando esculturas de pedra criam vida, são os últimos suspiros daquele velho recurso, mas que ganharam uma sobrevida através das animações do estúdio Aardman Animations no final do século passado.

Mas o que realmente sustenta esse clássico é realmente os seus personagens carismáticos, desde o casal central confuso na vida pós morte, como também a família excêntrica e sua filha Lydia. Aliás, Winona Ryder é uma atriz que se encaixa perfeitamente neste universo sombrio de Burton, pois a própria se sente mais do que a vontade ao dar vida a personagens peculiares e que sempre gostam de usar um pretinho básico. É uma pena, portanto, que não a veríamos em mais outros títulos do realizador, sendo que ela voltaria a trabalhar mais uma vez com Burton somente em "Edward Mãos de Tesoura" (1990).

Mas o longa pertence realmente a Michael Keaton, e olha que o seu Beetlejuice somente aparece como um todo após quarenta e cinco minutos de projeção, mas uma vez que surge em cena ele coloca o filme no seu bolso. Desbocado, alucinado, engraçado e completamente imprevisível, fica até mesmo difícil de imaginar que essa figura inusitada seria posteriormente Batman no cinema, o que só comprova a versatilidade de Michael Keaton com relação aos papeis que ele obtinha. É uma pena que no decorrer dos anos Hollywood não conseguia enxergar todo esse potencial, sendo que o ator ficou por tempo demais sendo lembrado somente como Batman, mas ganhando uma sobrevida na carreira a partir do genial "Birdman" (2014) de Alejandro González.

Claro que todo grande clássico que se preze há sempre uma cena especifica que fica na mente das pessoas. Talvez a mais emblemática seja a surpreendente cena do jantar, onde os pais de Lydia e demais personagens começam a dançar e cantar a música "Banana Boat", do cantor Harry Belafonte. É uma bizarrice bem ao estilo de Tim Burton, já que a música em si não tem nada a ver com aquele universo lírico do realizador, mas a forma como ela é inserida acaba se tornando genial. Neste momento, destaco a divertida atuação de Catherine O'Hara, sendo que a sua personagem não sabe o que está acontecendo naquele momento, mas ao mesmo tempo adorando, o que não deixa de ser bizarro.

Com um orçamento de RS15 milhões de dólares, o filme acabou se tornando um enorme sucesso de público e de crítica e levando o Oscar de melhor maquiagem de forma mais do que merecida. O longa ainda renderia um desenho animado, jogos de vídeo game e até mesmo uma versão teatral da Broadway em 2019 e que chegou ao Brasil em fevereiro de 2024. Vale destacar que o filme se tornou um grande clássico também pelas sessões de filmes da Globo, a saudosa Sessão da Tarde e sendo que foi por ela que conheci essa pérola.

Não poderia deixar de mencionar que esse foi o início de uma longa parceria entre Tim Burton e o compositor musical Danny Elfman, sendo que ambos já haviam trabalhado juntos em "As Grandes Aventuras de Pee-Wee". Porém, foi a partir desse filme que a parceria realmente se solidificou. Efflman talvez seja um dos poucos compositores a conseguir captar a essência das cenas em que Burton dirige, sendo que há uma verdadeira harmonia entre a sua trilha extraída de sua partitura com o lado criativo do cineasta.

Por fim, "Os Fantasmas Se Divertem" ainda é um dos melhores longas do realizador Tim Burton, onde guarda todas as características sombrias e líricas do cineasta e das quais se manteve ao longo de sua carreira. 


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quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (05/09/24)

 OS FANTASMAS AINDA SE DIVERTEM – BEETLEJUICE BEETLEJUICE

Sinopse: Depois de uma tragédia familiar inesperada, três gerações da família Deetz voltam para casa em Winter River. 


HELLBOY E O HOMEM TORTO

Sinopse: Hellboy se une a um agente novato da B.P.D.P. na década de 1950 e são enviados para os Apalaches. Lá, descobrem uma remota e assombrada comunidade, dominada por bruxas e liderada pelo sinistro demônio local, conhecido como O Homem Torto. 


OTHELO, O GRANDE

Sinopse: Grande Othelo foi um dos mais brilhantes atores brasileiros do século XX. Negro, órfão e neto de escravizados, ele desafiou o racismo estrutural ao eternizar seus personagens no cinema e na TV, abrindo caminhos para as futuras gerações de artistas negros. 


VOVÓ NINJA

Sinopse: Três irmãos indisciplinados vão passar as férias no sítio da avó, que vive reclusa e tem um estilo de vida zen, depois de alguns anos sem vê-la. Chegando lá, descobrem que ela tem habilidades fora do comum.

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