Sinopse: Wolverine está se recuperando após uma grande tragédia, mas quando cruza no seu caminho Deadpool. Juntos, eles formam uma grande dupla para salvarem os multiversos.
Quando "Vingadores - Últimato" (2019) atingiu o seu teto tão desejado, a Marvel Estúdios/Disney se viu na obrigação de continuar com as franquias a todo custo. Então veio a ideia de criar a super-saga do Multiverso, onde os heróis quase sempre são envolvidos em viagens no passado ou em realidades paralelas. O problema é que essa ideia acabou não levando a lugar nenhum, mesmo nas boas investidas que foram como, por exemplo, a série de "Loki, mas isso não foi o suficiente para o estúdio fugir das críticas e tão pouco esconder o fato que as obras estavam decaindo e muito.
Em meio a esse declínio testemunhamos a Disney comprar a Fox, que era a casa dos X-Men e de outros heróis pertencentes a Marvel, mas que estavam separados devido aos longos contratos. Dessa compra ficávamos nos perguntando onde se encaixaria Deadpool, já que é um personagem que tira sarro do seu próprio gênero em que vive e fazendo piadas a todo o momento, ao ponto que nem a própria Fox conseguia fugir de sua língua afiada. Mas Ryan Reynolds deve ter uma ótima lábia, pois somente assim para explicar a existência de "Deadpool e Wolverine" (2024), filme que tira o maior sarro do gênero, homenageia heróis esquecidos e lembrando quase sempre do legado que a franquia X-Men havia deixado.
Na trama, Deadpool está procurando uma forma de se encaixar na vida, mesmo largando a ideia de super herói para dentro do armário. Porém, ele fica sabendo através da AVT, uma organização secreta cuja missão estava em proteger a linha temporal do universo, de que a sua realidade está prestes a deixar de existir após a morte do Wolverine e que foi visto pela última vez em "Logan" (2017). Correndo contra o relógio, Deadpool decide viajar em diversas realidades paralelas para encontrar o Wolverine perfeito e com isso possa manter vivo o seu mundo.
Falar mais sobre o filme é o mesmo que estragar diversa surpresas que a trama nos esconde. Aliás, é exatamente isso que o filme é, sendo rechegado de aparições surpresas, heróis do passado que foram vistos pela última vez antes da Marvel/Disney dominar e, para nossa surpresa, determinadas versões de personagens que nunca foram levados as telas e que aqui ganham o seu tão esperado estrelato. Se vocês gostaram da versão nunca realizada de Nicolas Cage como Superman vista no filme do "The Flash" (2023) é algo parecido com que acontece aqui, mas muito melhor diga-se de passagem.
Curiosamente, o limbo onde vemos diversos personagens dos tempos da Fox sendo jogados por lá não deixa de ser uma metáfora curiosa com relação ao que a Marvel/Disney faz com relação a franquia dos X-Men realizada no passado, da qual com certeza não a veremos de novo futuramente, mas não quer dizer que deva ser esquecida e respeitando tempos em que fazer tramas de heróis para o cinema era tudo ainda mais fresco. Portanto, os excluídos têm a sua vez neste filme, uma vez que cada aparição nos desperta uma nostalgia e nos relembramos de tempos em que a Disney não ditava as suas regras.
Esse talvez seja o maior acerto do filme como um todo, ao saber brincar e ao mesmo tempo criticar e nos fazer rir dos absurdos em que as franquias do cinema chegaram, ao ponto que ninguém sabe mais ao certo aonde isso irá parar e tudo que resta é somente curtir a própria desgraça que criaram. Portanto, nada melhor que o próprio Deadpool brincar com esse circo de horrores e não se importando com as consequências que virá a seguir. Mas o coração pulsante do filme é realmente quando ele e Wolverine se encontram finalmente em cena e pode esperar por diversas homenagens sobre as mais diversas versões que Logan teve ao longo dos anos nas HQ.
Por mais que escape do papel que havia lhe consagrado, Hugh Jackman está mais do que consciente que sempre viverá da sombra de Wolverine, pois o próprio interprete nasceu para o personagem assim como Robert Downey Jr nasceu para ser Homem De Ferro. É impressionante que, mesmo em meio aos absurdos e piadas que são jogadas a todo momento dentro da trama, Jackman consegue nos brindar com momentos até mesmo dramáticos vindos do seu personagem, para logo depois partir pra cima de Deadpool. Falando nisso, a cena dentro do carro Honda é violenta, cartunesca, engraçada e muito absurda.
Em meio a toda essa loucura até impressiona o fato de termos ainda um vilão que nos chame atenção quando surge e que aqui no caso é Casandra Nova, irmã de Charles Xavier e vivida pela atriz Emma Corrin. Assim como nas HQ, Casandra é uma personagem poderosa, trágica e que vive com o desejo de poder e vingança e não se importando aqui em destruir todas as realidades paralelas em sua volta. É claro que a personagem é muito mais do que isso quando surgiu nas HQ, mas Emma Corrin se esforça e valendo a nossa atenção ao longo da projeção.
É claro que com o texto acima vocês já imaginam que o filme possui diversas cenas de ação, mas vocês não estão preparados quando ver a dupla central da trama enfrentar diversos Deadpools de realidades paralelas e provocar um verdadeiro banho de sangue. Neste caso eu preciso reconhecer que o diretor Shawn Levy, mais conhecido pelo cultuado "Gigantes de Aço" (2011), consegue nos brindar com uma ótima e violenta cena de ação em plano-sequência que não deve nada ao clássico e cultuado "Old Boy" (2003), mas com muito mais sangue e bem ao estilo cartunesco da palavra. Tudo isso embalado com a clássica música "Like A Prayer" da Madonna e só faltando a própria surgir e cantar em cena.
Ao final, o filme não revitaliza e tão pouco diminui o gênero como um todo, mas sim chega para nos dizer que é muito melhor tirar sarro da situação que os super heróis se encontram no cinema do que se aborrecer com isso. Ao meu ver, o longa nos diz que os bons tempos sempre estarão lá para a gente revisitar, pois os melhores filmes são que nem vinho, já que eles melhoram no seu devido tempo. Resta saber se futuramente a toda poderosa Disney irá cair na real em que se deve respeitar o passado e se esforçar para se criar algo novo e que revitalize o gênero.
"Deadpool e Wolverine" é uma homenagem e ao mesmo tempo uma piada ao gênero de super heróis para o cinema que se encontra atualmente em declínio e é por isso mesmo que é tão saboroso e que merece ser visto no cinema a todo custo.
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