Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Cine Dica: 'Domingo’ e 'Clube Dos Canibais' Chegam no Cinebancários.

“O CLUBE DOS CANIBAIS”, de Guto Parente, estreia dia 03 de outubro, na sessão das 19h no CineBancários

“O Clube dos Canibais”, de Guto Parente, fez sua estreia mundial no Festival de Rotterdam e já foi exibido em mais de 30 festivais internacionais ao longo de 2018 como BAFICI, BFI London FF, Scream Singapore, Fantasy Filmfest, Strasbourg European Fantastic FF, entre outros. Já foi vendido para diversos territórios, com distribuição garantida em países como EUA, Alemanha, Japão, Inglaterra, Suécia, Noruega, Dinamarca.
O filme conta história de Otávio e Gilda, um casal rico da elite brasileira que tem o hábito de comer seus empregados. Otávio possui uma empresa de segurança privada e é um membro notável do Clube dos Canibais, uma organização secreta formada por homens poderosos adeptos do canibalismo. Quando Gilda acidentalmente descobre um segredo de um poderoso deputado e líder do Clube, a vida dela e a de seu marido passam a correr perigo.
Todo filmado no estado do Ceará - em Fortaleza e na belíssima praia de Guajiru - a primeira ideia para o longa surgiu a partir de uma história real que aconteceu em Porto Alegre. Guto conheceu a história a partir da leitura de “O Maior Crime da Terra”, do escritor e historiador Décio Freitas. O livro aborda assassinatos que aconteceram em Porto Alegre entre anos anos de 1864 e 1865, conhecidos como Crimes da Rua do Arvoredo, onde um casal atraia suas vítimas para casa, as matava, as esquarteja e produzia linguiças de carne humana. As linguiças eram vendidas em um açougue da cidade e muito apreciadas pela população. As vítimas eram homens seduzidos por Catarina Palse, que os fazia acreditar que ela iria para a cama com eles, mas que acabavam assassinados por seu marido, José Ramos.
“Esse jogo sexual perverso e fetichista do casal foi o que eu peguei emprestado dessa macabra história real para criar os personagens e práticas do Clube dos Canibais, que aponta para um lugar talvez mais exagerado e absurdo ainda, por envolver questões de classe e poder. A ideia de um casal canibal também ganha camadas muito particulares quando esse casal faz parte da alta elite brasileira, dos que mandam no país,” explica o diretor
Como um filme de terror e suspense, “O Clube dos Canibais” tem traços de Gore ao mesmo tempo que a origem dos personagens na narrativa complexifica a leitura e acrescenta elementos de crítica social. “Durante a minha adolescência eu vi todos os filmes de terror disponíveis na locadora perto da minha casa, era uma obsessão. Depois essa fase passou, mas continuei sentindo uma atração pelo gênero. E já faz algum tempo que venho querendo realizar filmes de suspense e terror. Em 2013/14 eu e a Ticiana rodamos um terror romântico chamado ‘A Misteriosa Morte de Pérola’, filmado na França, enquanto estávamos morando por lá. E foi nessa época que surgiu a ideia do Clube dos Canibais e o primeiro tratamento do roteiro”, complementa Guto.

Ficha técnica do filme
O Clube do Canibais
2018 | Brasil | ficção |  81 min.
Direção: Guto Parente, Produção: Ticiana Augusto Lima, roteiro: Guto Parente, produção executiva: Ticiana Augusto Lima, diretor de fotografia: Lucas Barbi,  elenco: Ana Luiza Rios (Gilda),Tavinho Teixeira (Otávio), Pedro Domingues (Borges), Zé Maria Jonas), Bruno Prata (Josimar), Galba Nogueira (Lucivaldo), LC Galetto (Ramirez), Fátima Muniz (Cecília), produtora: Tardo Filmes, distribuidora: Olhar Distribuição

Sinopse: A maneira correta de temperar um churrasco a partir da carne dos empregados é uma das poucas preocupações na vida luxuosa do casal Otávio e Gilda. Até que Gilda acidentalmente descobre um segredo de Borges, líder do Clube e poderoso deputado, e a vida dela e de seu marido passam a correr perigo.

Sobre o diretor
Guto Parente nasceu em 1983, em Fortaleza, Ceará. Terminou seus estudos de cinema em 2008 na Escola de Audiovisual de Fortaleza - Vila das Artes e de 2008 até 2016 foi membro do coletivo de artistas e produtora Alumbramento, período em que escreveu e dirigiu sete curtas e seis longas, a maioria realizado com equipes pequenas, filmagens rápidas e baixíssimos orçamentos. Ao final desse período, Guto Parente e Ticiana Augusto Lima – sua produtora e parceira criativa desde 2011 – fundaram a produtora Tardo Filmes, ao passo que a Alumbramento chegava ao seu fim. Os filmes de Guto Parente tiveram exibições em importantes festivais internacionais como Rotterdam, Locarno, Viennale, AFI, FidMarseille, Bafici, entre outros; assim como foram premiados em festivais nacionais como Tiradentes, Janela, Panorama e Semana.

Sobre a Olhar Distribuição
A Olhar Distribuição nasceu em parceria com o Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba e em consonância com seu propósito de buscar filmes que dialogam com a contemporaneidade. Nosso objetivo é respeitar o universo próprio a cada filme, suas cores, sua cultura, seus sorrisos. Transpor as fronteiras que limitam tais mundos, ficcionais ou reais, e levá-los a outros olhares, cercados de realidades distintas, a fim de provocar a reflexão e a sensibilização.

Informações para a imprensa:
Genco Assessoria | Karina Almeida
11 98556 5242

'DOMINGO’ CHEGA AO CINEBANCÁRIOS A PARTIR DE 3 DE OUTUBRO, NA SESSÃO DAS 15H, APÓS PASSAR POR CIRCUITO DE FESTIVAIS INTERNACIONAIS  

'Domingo’ nasceu a partir de um roteiro original, criado por Lucas Paraizo a partir de suas memórias de infância no Sul do Brasil. Escrito há mais de uma década, o material chegou a Clara Linhart (‘La Manuela’) e Fellipe Barbosa (‘Gabriel e a Montanha’, ‘Casa Grande’), que partiram então para o primeiro trabalho em que assinam juntos a direção. Estrelado por Ítala Nandi e Camila Morgado, o filme estreia no próximo dia 3 de outubro após percorrer um circuito de festivais ao redor do mundo. 
‘Domingo’ é uma produção da República Pureza Filmes, Gamarosa Filmes e Damned Films, coproduzido por Arte France Cinéma, Globo Filmes e Canal Brasil. O longa acompanha uma família burguesa do interior gaúcho durante um dia emblemático: 1o de janeiro de 2003. Durante a posse do Presidente Lula, parentes, agregados e empregados se reúnem em uma velha e decadente casa de campo para um churrasco regado a segredos, frustrações e anseios. É o ponto de partida inicial para um retrato da classe burguesa naquele contexto de transição política. 
A escolha do momento histórico veio por conta de um novo governo que, na época, simbolizava a antítese dos valores tradicionais burgueses. Em uma das cenas, a matriarca se refere à eleição como uma “vingança dos pobres”. Não à toa, as relações entre os patrões e os empregados da família são um dos pontos de grande tensão da história. ‘Domingo’ foi rodado em uma antiga charqueada gaúcha, em Pelotas. 
‘É como se os antigos fantasmas rondassem aquela propriedade e, em algum momento, pudessem assombrar os personagens do filme’, analisa Clara Linhart. A locação, aliás, foi frequentada por Lucas Paraizo na infância, quando passou férias na casa de campo. ‘Para escrever esse filme tive que recorrer às minhas memórias de infância. Não é uma autobiografia, mas uso personagens e arquétipos da minha vida para colocar personagens de diferentes gerações de uma família sob um mesmo teto’, completa o roteirista. 
Fellipe Barbosa assinala que a locação foi fundamental para desenvolver os climas da história. Citando referências como o cinema da argentina Lucrecia Martel (‘O Pântano’), peças de Tchekhóv (‘O Jardim das Cerejeiras’, ‘A Gaivota’) e clássicos de Luis Buñuel (“O Anjo Exterminador”, “O Discreto Charme da Burguesia”), o diretor conta que optaram por filmar em plano-sequência a quase totalidade das cenas. 
‘Enquanto todas as revelações e conflitos ocupam as cenas dentro da casa, quando a câmera fica mais ‘nervosa’, no exterior temos a câmera no tripé e todos se comportam, até certo ponto, com as máscaras sociais. Nós assistimos ao teatro das aparências dessa família com distanciamento’, analisa o diretor. 
Após produzir os outros trabalhos de Fellipe e dirigir o documentário ‘La Manuela’, Clara Linhart faz seu primeiro filme com o parceiro profissional de longa data. Os dois afirmam que filmar em uma locação tão impregnada de vivência e trabalhar com alguns improvisos dos atores foi determinante para o resultado final. 
Tal atmosfera é garantida ainda por um elenco em sua maioria gaúcho, além de grande parte da equipe técnica local. ‘Domingo’ marca também o retorno ao cinema de Ítala Nandi, natural de Caxias do Sul, que completa 60 anos de carreira com o trabalho, que lhe rendeu o troféu de Melhor Atriz no último Festival do Rio. Ela interpreta Laura, a rígida matriarca da família, cuja aparição detona uma série de conflitos entre as personagens, a começar por Bete, sua nora vivida por Camila Morgado, entorpecida durante todo o almoço familiar, o que rende os momentos mais cômicos do filme. 
‘Domingo’ passou por uma série de festivais internacionais e brasileiros antes de fazer a sua estreia oficial. Entre os muitos lugares por onde foi exibido, estão eventos como o Festival de Veneza (Jornada do Autor), Miami Film Festival, Filmfest de Munique, Festival de Cine de Lima, Festival do Rio, Mostra de SP e o Festival de Brasília. 

Sinopse resumida: 1o de janeiro de 2003. Enquanto Brasília celebra a posse do Presidente Lula, duas famílias do interior gaúcho se reúnem em uma velha casa de campo para um churrasco regado a champanhe, segredos, anseios e frustrações. ‘Domingo’ poderia ser um dia qualquer – não fosse a tempestade repentina que despertará antigos fantasmas. 
Clara Linhart, diretora, produtora, assistente de direção franco-brasileira, formada em Ciências Sociais pela PUC-RIO e em CinemaDocumentário pela FGV-Rio. Diretora do curta “Os Sapos”, apresentado em mais de 10 festivais no Brasil. Dirigiu também o curta “Luna e Cinara”, ganhador de menções honrosas no Panorama Coisa de Cinema e na Goiânia Mostra Curtas e do curta documentário “Em Paz”. Em 2017, lançou seu primeiro documentário longa- metragem, “La Manuela”, vencedor do prêmio de melhor documentário no Florianópolis Audiovisual Mercosul e exibido no Brasil, no Equador e na França. 
Fellipe Barbosa é diretor e roteirista com mestrado pela Universidade de Columbia em NY. Realizou o documentário "Laura", vencedor do Festival de Hamptons e do DocTv América Latina. Seu primeiro longa de ficção, "Casa Grande”, estreou na competição do Festival de Rotterdam em 2014 e seguiu para San Sebastián, Londres, Havana, dentre outros. Dirigiu o longa “Gabriel e a Montanha”, que ganhou dois prêmios na Semana da Crítica do Festival de Cannes e foi o segundo filme latino-americano mais visto na França em 2017. 
Lucas Paraizo é roteirista de cinema e TV. Formado em cinema pela “PUC-Rio” e pela “EICTV” – Escuela Internacional de Cine y Televisión, de Cuba; pós-graduado em roteiro pela “ESCAC” – Escola Superior de Cinema da Catalunya e Mestre em Artes Cênicas pela “UAB” – Universidad Autônoma de Barcelona. Na TV Globo, escreveu as séries “A Teia” (2014), “O Caçador (2015)”, “O Rebu” (2015) e “Justiça” (2016) – indicada ao Emmy International de melhor série de drama. Atualmente é redator final da série “Sob Pressão” — selecionada para o TIFF – Toronto International Film Festival 2017 e vencedor do FIPA D’Or 2018 na França – de melhor série, roteiro, ator e atriz – além dos troféus APCA e ABRA de melhor série de 2017. 
No cinema escreveu os longas “Laura”, de Fellipe Barbosa (Melhor documentário do Hemptons International Film Festival, NY, 2014); “Divinas Divas”, de Leandra Leal (Audience Award SXSW, 2016); “Gabriel e a Montanha”, também de Fellipe Barbosa (Prêmio Revelação Semana da Crítica Cannes, APCA melhor roteiro, 2017); “Aos Teus Olhos”, de Carolina Jabor (Melhor roteiro Festival do Rio, Melhor filme Mostra SP, Prêmio Signis Havana Film Festival, 2017); “Domingo”, de Fellipe Barbosa e Clara Linhart (Venice Film Festival 2018 – Giornate Degli Autori, Filme de abertura do Festival de Brasília, Festival do Rio, Havana Film Festival) “Divino Amor”, de Gabriel Mascaro (Sundance Film Festival e Festival de Berlin - Panorama), e “Macabro”, de Marcos Prado (em finalização). 
É autor do livro “Palavra de Roteirista” (Ed.SENAC, 2015), professor de roteiro nos cursos de cinema da PUC-Rio e da EICTV – em Cuba e integrante do CILECT (Centre Internacional de Liaison des Ecoles de Cinéma et de Televisión). 
Em 2018, Lucas foi eleito “Roteirista do Ano” pela Associação Brasileira de Autores 

Roteiristas. 
Ficha técnica: Filme: DOMINGO Duração: 95 min Gênero: Ficção/Cor Estado: Rio de Janeiro Ano de Produção: 2018 
Direção: Clara Linhart e Fellipe Barbosa 
Elenco: Ítala Nandi (Laura) Camila Morgado (Bete) Augusto Madeira (Nestor) Martha Nowill (Eliana) Michael Wahrmann (Eduardo) Ismael Caneppele (Miguel) Silvana Silvia (Inês) Clemente Viscaíno (José) Chay Suede (Mauro) Manu Morelli (Valentina) Maria Vitória Valença (Rita) João Pedro Prates (Marcelo) Francesco Fochesato (Carlos) Cecília Soares (Fernanda) Donald Marshall (Diego) oão Henrique Domingues (Mateus) 
Produção: República Pureza Filmes, Gamarosa Filmes e Damned Films Produtores: Marcello Ludwig Maia e Yohann Cornu Coprodução: Arte France Cinéma, Canal Brasil e Globo Filmes Produtor Associado: Carlos Diegues Roteiro: Lucas Paraizo Fotografia: Louise Botkay Montagem e Edição de som: Waldir Xavier Som: Pedro Sá Earp Produção executiva: Pimenta Jr. Marquinhos Mendonça Distribuição: Arthouse International sales: Films Boutique 
Participações e prêmios em Festivais e Mostras: 
75o Festival de Veneza - XV Giornate degli Autori 
20o Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro: Prêmio de melhor atriz para Ítala Nandi 
22o Festival Luso-brasileiro de Santa Maria da Feira (Portugal): Prêmio dos Cineclubes e uma Menção Honrosa para a Direção de Arte de Rafael Faustini 
11o Festival Internacional de Cinema da Fronteira, em Bagé: Prêmio São Sebastião, Prêmio de Melhor Filme pelo Júri Popular e Melhor Atriz para Ítala Nandi 
35o Filmfest de Munique 2019 
23o Festival de Cine de Lima PUCP 
42a Mostra de São Paulo 
36o Miami Film Festival 
40o Festival del Nuevo Cine Latioamericano 
X Panorama Internacional Coisa de Cinema 
XI Janela Internacional de Cinema do Recife 
51o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro 

C i n e B a n c á r i o s 
Rua General Câmara, 424, Centro 
Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 
Fone: (51) 34331205

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Coringa' - Revitalizando o Gênero

Sinopse: Comediante falido é ignorado pela própria sociedade que o havia criado. Na medida em que começa a perder o controle de sua vida ele se encaminha por um caminho sem volta. 

Gosto de comparar as adaptações das HQ para o cinema com o gênero faroeste, pois em ambos os casos tem mais em comum do que nós imaginamos. O faroeste, por exemplo, foi tão executado no cinema americano por décadas que ele chegou ao ponto de se esgotar e se tornar apenas uma pequena lembrança do que já foi um dia. Foi somente com filmes como "Dança Com Lobos" (1990) e, principalmente, "Os Imperdoáveis" (1992) que o gênero conseguiu uma revitalização, mas tendo que assumir caminhos mais verossímeis, falhos e humanos.
No caso das adaptações das HQ, a fábrica hollywoodiana usou e abusou nestes últimos dez anos dessa fórmula para se gerar franquias milionárias, mas sempre caminhando na corda bamba devido ao possível desgaste e da falta de boas ideias. Mas, assim como aconteceu com o faroeste, esses filmes ganham a todo momento uma sobreviva, onde determinados realizadores cruzam a linha do convencional e nos brindando com filmes que nos trazem algum frescor. Foi assim que aconteceu na trilogia "Cavaleiro das Trevas" (2005 - 2012), ou até mesmo no filme "Logan" (2017), sendo que neste último vemos um herói cansado de uma realidade em que foi lhe tirado tudo e que só luta para continuar sobrevivendo.
Há de se levar em conta que os gêneros cinematográficos, independente de qual assunto, nascem para entreter os cinéfilos que buscam esquecer um pouco do mundo real que todos nós convivemos. Porém, os filmes precisam também acompanhar as mudanças vertiginosas que acontecem a todo momento, pois se distanciar por demais acaba por ficarem no meio do caminho e sem obter algum diálogo conosco. É aí que chegamos, finalmente, ao filme do "Coringa", obra que nos traz uma nova luz sobre a origem do vilão, mas que também fala sobre o nosso complexo mundo atual.
Dirigido por Todd Phillips, da trilogia "Se Beber, Não Case" (2009 - 2013), o filme conta a história de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) que trabalha como palhaço para uma agência de talentos e, toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido aos seus problemas mentais. Após ser demitido, Fleck reage mal à uma agressão de três homens em pleno metrô. Isso serve como ponto de ignição para Arthur começar a trilhar um caminho sem volta. 

Conheça e anuncie na Rádio Cultura Cigana. https://radioculturacigana.minhawebradio.net/

Estamos no início da década de oitenta, onde Gotham City mais parece a Nova York decadente daqueles tempos e representando muito bem as nossas cidades atuais devido à falta de recursos que deveriam ser vindas pelo governo. Aliás, o início do filme deixa bem claro que, tanto Arthur, como os demais cidadãos daquela cidade, estão sendo desidratados pelo desdém dos poderosos e tendo somente que sobreviver com o que tem em meio aos tempos escassos. A figura frágil e magra de Arthur é uma representação de uma pessoa largada à própria sorte e cujo o seu apelo jamais é ouvido pelos que se dizem representantes do povo.
No primeiro ato da trama há toda uma construção dramática para nós simpatizarmos com o personagem e cuja as situações que ele enfrenta acabam se tornando extremamente familiares. Porém, gradualmente, a simpatia que sentíamos por ele logo é substituída pelo medo, pois uma vez que ele ultrapassa a linha do bom senso não podemos fazer mais nada, a não ser testemunharmos a sua queda pelo precipício da loucura. Quando ele ultrapassa pela primeira vez essa linha, testemunhamos um Arthur lutando contra ele próprio, mas ao mesmo tempo abraçando algo que ele havia guardado por dentro há muito tempo.
Desde "Gladiador" (2000) Joaquin Phoenix tem nos brindado com atuações intensas, cuja a construção mental e física dos seus personagens nos impressiona. Se no recente "Você Nunca Esteve Realmente Aqui" (2017) ele já havia dado um passo além do que ele já havia feito, em "Coringa" ele dá mais um novo salto e nos apresentando aqui um ser  frágil por fora, mas cuja a dor e raiva vinda de dentro lhe desconstrói e formando então um novo ser. Embora estejamos mais do que acostumados a testemunhar inúmeras versões do personagem, Joaquin Phoenix construiu aqui algo fresco, poderoso e que dificilmente será superado ao longo dos anos.
O filme é noventa e nove porcento de Phoenix em cena, ao ponto dos demais do elenco quase se tornarem figuras decorativas. Eu digo quase, pois alguns personagens acabam se tornando essenciais, mesmo que não intencionalmente, nas escolhas que o protagonista irá trilhar. Se por um lado a mãe de Arthur (Frances Conroy), da série "American Horror Story", guarda segredos irreversíveis do passado do protagonista, do outro, os personagens Sophie (Zazie Beetz) de "Deadpool 2" (2018) e o apresentador  Murray Franklin (Robert De Niro) são personagens que farão o protagonista tentar buscar a sua redenção, mesmo quando ela se torna uma causa perdida e em vão.
Como o protagonista se encontra em todas as cenas, Todd Phillips fez questão de que o lado técnico do filme se casasse com a figura do personagem com perfeição. Tanto a edição de arte, como também sua primorosa fotografia, sintetizam por vezes o estado mental dele, ao ponto das cores quentes daqueles tempos longínquo dos anos oitenta adentrarem para o lado das trevas na medida em que Arthur vai caindo em desgraça. Mas é em sua trilha sonora, composta pela talentosa Hildur Gudnadottir, que há o mais perfeito casamento entre o lado técnico e interprete e fazendo da cena em que ele fica dançando na frente de um espelho ao som da trilha se tornar um dos momentos mais poderosos  do filme naquele momento.
Mas se Arthur é o coração do filme, por outro lado, o debate sobre o sistema e a política corrupta que molda a sociedade contemporânea é o sangue que bombeia a obra. Ao vermos a população de Gotham chegar ao ponto de idolatrar um palhaço assassino, concluímos que estamos diante de pessoas em desespero por mudanças e cuja a tentação de cair na radicalização nada mais é do que o caos criado pelo próprio sistema já a muito tempo contaminado por pessoas poderosas. Em tempos de hoje em que a mídia tradicional se encontra parcial e sensacionalista, além de haver falsos líderes políticos que se alimentam através dos discursos de ódio, o filme chega justamente em um momento em que a população do mundo real busca tentar entender aonde errou.
E se hoje há uma Hollywood que se encontra cada vez mais presa em suas franquias milionárias para distrair a massa, Todd Phillips, por sua vez, vai contra a essa tendência. Principalmente ao usar um personagem tão popular como esse, mas colocá-lo em um filme em que gera em nós inúmeros pensamentos, questionamentos e possivelmente debates acalorados. Se o gênero das adaptações de HQ para o cinema irá sobreviver ou não por mais alguns anos, ao menos, esse filme veio para nos dizer que é preciso sim dar sempre um novo passo.
Com momentos que remetem aos bons tempos do melhor do cinema dos anos setenta, "Coringa" é a obra mais corajosa de 2019, ao conseguir nos tirar da nossa zona de conforto e fazendo a gente refletir sobre os tempos complexos em que todos nós vivemos.    

Conheça e anuncie na Rádio Cultura Cigana


Joga no Google e me acha aqui:  

Me sigam no Facebook,  twitter, Linkedlin e Instagram.  

Cine Dica: Curso Cinema Cubano - Inscrições abertas

INSCRIÇÕES ABERTAS
Valor promocional para os primeiros inscritos


Apresentação

Em 2019 a Revolução Cubana completa 60 anos. Liderados por Fidel Castro e Ernesto "Che" Guevara, os guerrilheiros da Sierra Maestra protagonizaram um dos momentos mais importantes do século XX, alterando o rumo de todo o continente americano. No entanto, os revolucionários nunca visaram, tão somente, uma mera tomada de poder, mas sim, carregavam consigo todo um projeto de modificação da sociedade. Para tanto, o Cinema era uma peça fundamental na construção daquela nova realidade social, ocupando a centralidade da produção de imagens do novo regime cubano, tocando diretamente no imaginário social. A construção de um novo cinema era vista como fundamental na construção de um "homem novo".
O foco de análise deste período de ouro do Cinema Cubano abordará, além dos títulos já citados, outros filmes de relevância, como Histórias da Revolução (1960), que retrata os diferentes períodos do processo revolucionário, As Aventuras de Juan Quin Quin (1967), que mostra, de maneira bem humorada, a sociedade pré-revolucionária, Sou Rebelde (1962), escrito pelo memorável roteirista Cézare Zavattini, um dos próceres do movimento do Neorrealismo Italiano, e Sou Cuba(1964), dirigido por Mikhail Kalatosov, um dos maiores diretores soviéticos. Além destes, também serão objeto de análise outras importantes produções que fizeram e fazem com que Cuba seja um dos maiores produtores cinematográficos da América Latina e um dos principais polos de debate sobre o cinema do "terceiro mundo".


Objetivos

O Curso Cinema Cubano: Os Filmes de Revolução, ministrado pelo historiador e cineasta Alexandre Guilhão, apresentará um panorama social e histórico da formação do Cinema em Cuba. O objetivo é analisar o diálogo da produção cinematográfica com a própria história social e política do país. Serão analisados diversos filmes e os principais diretores, desde a era pré-revolucionária até os filmes mais importantes das décadas de 60, 70, 80 e 90.


Curso
CINEMA CUBANO: OS FILMES DA REVOLUÇÃO
de Alexandre Guilhão


Datas: 05 e 06 de Outubro (sábado e domingo)
Horário: 14h às 17h
Duração: 2 encontros presenciais (6 horas / aula)
Local: Cinemateca Capitólio Petrobras / Sala Décio Andriotti
(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - 3º andar - Centro Histórico - Porto Alegre - RS)

Investimento
- Pagamento p/ Cartão de crédito: R$ 95,00
- Pagamento p/ Depósito: R$ 90,00
***
Promoção: R$ 80,00
(Válido para as primeiras 10 inscrições c/ pagamento por depósito)

Formas de pagamento
Depósito ou transferência bancária / Cartão de crédito (PagSeguro)


INSCRIÇÕES

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Cine Dica: Próxima Atração da Sociedade Germânia - Chá Com Mussolini


Bom dia pessoal. 
Nossa próxima sessão será na segunda-feira, dia 30/9/19,  às 20h, na Sociedade Germânia (Av. Independência, 1299 – 6º andar), com estacionamento cortesia na rua Castro Alves,330. 

Filme:  CHÁ  COM  MUSSOLINI.  
Programação aberta a sócios e convidados, com apresentação do filme feita pelo Clube de Cinema (Paulo) e comentários ao final, conforme imagem.

Até lá, abraços


Faça parte do Clube de Cinema de Porto Alegre.  
Mais informações através das redes sociais:
Facebook: www.facebook.com/ccpa1948
twitter: @ccpa1948  
Instagram: @ccpa1948 


Joga no Google e me acha aqui:  
Me sigam no Facebook,  twitter, Linkedlin e Instagram.  

Cine Dica: Ricardo Darin Na Sala Redenção


As telas da Sala Redenção exibiram filmes de diferentes países do mundo nos últimos dias e continuam a exibir na semana de 30 de setembro a 4 de outubro. Os consulados da Bélgica, França, Espanha e Alemanha apresentam produções durante a Semana das Línguas Europeias, organizada pela Prefeitura de Porto Alegre, e exibição de 26 de setembro a 3 de outubro. Como representante da Espanha, o filme Truman tem sessão na terça-feira, 1 de outubro, às 19h. O longa, premiado como melhor filme pelo Goya, conta a história de Julián (Ricardo Darin) e Tomás (Javier Camara), dois amigos que se reencontram após uma separação de anos. O que Julían não sabe, quando recebe a visita de seu amigo de infância, é que Tomás tem câncer e decidiu parar o tratamento para aproveitar os últimos meses de vida, para colocar as coisas em ordem antes de partir e para encontrar um lar para seu amado cão, Truman. 
Durante a semana, a Sala dá continuidade ao Festival Nueva Mirada, uma parceria do SESC/RS com o Cinema Universitário, voltado ao desenvolvimento educativo e cultural de crianças, adolescentes e jovens. A mostra exibirá, dentre outras produções alemãs, cubanas e tchecas, a história do pequeno Koos, em O Índio: menino de 8 anos adotado por uma família holandesa que vive descobertas sobre sua nacionalidade indígena em meio a um ambiente europeu. A sessão acontece na próxima terça-feira, às 14h e dividirá a tela com mais 5 filmes programados para a semana inteira. O festival encerra sua programação com a Sessão de Curtas, uma coletânea de dez curtas-metragens de animação que exploram a linguagem visual infanto-juvenil, no dia 07 de outubro.
A Segunda Guerra também estará presente na programação do Cinema Universitário. Na sexta-feira, 4 de outubro, às 19h, a Sala recebe Tempos de Paz, filme de Daniel Filho, baseado na peça teatral Novas Diretrizes em Tempos de Paz, de Bosco Brasil. A história se passa em 1945, quando o ator polonês Clausewitz (Dan Stullbach), fugitivo do regime nazista, viaja ao Brasil buscando uma nova vida longe das lembranças da Segunda Guerra Mundial. Ao desembarcar no Brasil, é barrado por Segismundo (Tony Ramos), interrogador alfandegário e ex-torturador do Estado Novo, que desconfia que o polonês seja nazista. Assim, os dois fazem um trato no qual Clausewitz precisa fazer com que Segismundo chore com suas memórias da guerra ou então terá de deixar o país.  O filme foi vencedor na categoria melhor roteiro adaptado do Grande Prêmio Brasileiro de Cinema em 2011.

Confira a programação completa no site oficial clicando aqui. 

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Cine Especial: 'Coringa' - As Quatro Canções

Faltam para mim apenas três dias para assistir junto com a imprensa um dos filmes mais esperados do ano. Porém, decidi fazer um pequeno especial sobre algo que tem chamado bastante atenção sobre o que já foi divulgado do filme. A sua trilha sonora.  
Confira abaixo as quatro músicas que farão muitos cinéfilos assobiarem na saída do cinema.  
“Smile” – Jimmy Durante
Criada por Geoffrey Parsons, John Turner e Charlie Chaplin, este último a lançou originalmente em 1936, para o seu clássico “Tempos Modernos”. Porém, em 1965, Jimmy Durante a refez em parceria com Roy Barry e sendo ouvida no álbum “Hello Young Lovers”.


“Send in the Clowns” – Frank Sinatra
Criada originalmente em 1973 por Stephen Sondheim para o musical “A Little Night Music”, se tornou mais conhecida pela voz de Frank Sinatra, que a refez naquele mesmo ano, estando presente em seu álbum “Ol’ Blue Eyes Is Back”.

“White Room” – CREAM
Criada por Jack Bruce e Pete Brown, foi lançada em 1968 para compor o terceiro álbum de estúdio dos ingleses, chamado “Wheels of Fire”. A música está presente na lista, elaborada pela Rolling Stone, das “500 Melhores Músicas de Todos Os Tempos”, ocupando a 376ª posição.


“Slap That Bass” – Fred Astaire
Criada por  George Gershwin e Ira Gershwin, foi lançada em 1937 por Fred Astaire para o filme “Shall We Dance”. Na versão do longa, ainda tem a presença de Dudley Dickerson alternando na cantoria.


Joga no Google e me acha aqui:  

Me sigam no Facebook,  twitter, Linkedlin e Instagram.  

Cine Dica: Próxima Atração Do Clube De Cinema De Porto Alegre: 'Legalidade'

Legalidade

Boa tarde
Segue a programação para o próximo final de semana:

"Legalidade"
Brasil, 2019, 122 min.
Local: Sala Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana
Data: 28/09/2019, sábado, às 10:15 da manhã
A Sessão será comentada, com a presença do diretor Zeca Brito e parte da equipe.
Direção: Zeca Brito
Elenco: Leonardo Machado, Cleo Pires, Fernando Alves Pinto

Sinopse: Em agosto de 1961, o governador Leonel Brizola contou com o apoio da população gaúcha e liderou um movimento que garantiu a posse de João Goulart como presidente do Brasil, após a renúncia de Jânio Quadros. Toda esta estratégia, ambientada no Palácio Piratini, foi acompanhada de perto pela sedutora jornalista Cecilia Ruiz, correspondente do Washington Post, Ao mesmo tempo, os irmãos Luis Carlos e Tonho disputam o amor de Cecilia. No papel de Brizola, este foi o último filme do ator Leonardo Machado, que morreu em setembro do ano passado.


Meia entrada para o público em geral: R$ 7,00.
Associados do Clube de Cinema não pagam.

Até sábado,
Abraço,
Márcio von Diemen

Veja também: Confira a minha crítica sobre o filme "Legalidade" clicando aqui. 



Faça parte do Clube de Cinema de Porto Alegre.  
Mais informações através das redes sociais:
Facebook: www.facebook.com/ccpa1948
twitter: @ccpa1948  
Instagram: @ccpa1948 


Joga no Google e me acha aqui:  

Me sigam no Facebook,  twitter, Linkedlin e Instagram.