Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Festival do Minuto
tem 10 concursos simultâneos e distribui, até o final do ano, um total de R$ 29
mil
Nascido há pouco mais de 20 anos, o
Festival do Minuto incentiva e premia a produção de vídeos com até um minuto de
duração. Permanente e online desde 2007 é um evento que abre suas portas a
vídeos produzidos em todo e qualquer formato, o que gera o encontro entre
produções caseiras e profissionais, nacionais e estrangeiras, afinal, todos
podem concorrer indistintamente.
Atualmente, são 10 os concursos abertos. Há diferentes temas, valores de
prêmios e datas de inscrição para cada um deles.
São temas como o “Cantando no
Banheiro”, patrocinado pela Lorenzetti, e o “Ciência”, apoiado pela Fapesp, que
darão R$ 10 mil em prêmios cada. Outros temas interessantes como “Vizinho”,
“Sanguíneo, Colérico, Melancólico ou Fleumático” e “Preto e Branco” darão R$
1.000 cada. Alunos e professores de escolas públicas e particulares podem
participar do “Minuto Escola”, concurso que dará R$ 3.000 em prêmios. E existem
aqueles mais abrangentes e com várias edições ao ano, como “Tema Livre”,
“Animação”, “Minuto DOC”.
No total, o Festival do Minuto
entregará R$ 29 mil em prêmios até dezembro de 2013. Você pode ter
informações detalhadas sobre cada concurso emwww.festivaldominuto.com.br.
As inscrições são feitas pelo site do
festival (www.festivaldominuto.com.br) e, em alguns
concursos, também pelo endereço eletrônico do Minuteen (www.minuteen.com.br), programa especial voltado à turma de
até 14 anos e/ou estudante do Ensino Fundamental.
SESSÃO COMENTADA POR
SENEL PAZ NA SALA P. F. GASTAL
Já um clássico do
cinema latino-americano, o filme Morango e Chocolate comemora em 2013 seu 20º
aniversário de lançamento. Dirigida pela dupla Tomás Gutiérrez Alea e Juan
Carlos Tabío, esta elogiada comédia dramática cubana estreada em 1993 conheceu
um enorme êxito internacional, e chegou a ser indicada ao Oscar de melhor filme
estrangeiro. Para celebrar seus 20 anos de lançamento, e aproveitando a estada
em Porto Alegre do escritor e roteirista Senel Paz (autor do conto original que
inspirou o filme, e também seu roteirista), a Sala P. F. Gastal da Usina do
Gasômetro (3º andar) exibe Morango e Chocolate na próxima sexta-feira, dia 15
de novembro, às 20h, em sessão que será comentada por Paz. A exibição tem
entrada franca.
Morango e Chocolate mostra o relacionamento
entre um intelectual homossexual perseguido pelo regime (Jorge Perugorría) e um
estudante comunista que idolatra o governo de Fidel Castro (Vladimir Cruz). A
princípio a aproximação de ambos se dá de forma tensa, mas aos poucos uma forte
amizade se constrói entre os dois personagens, superando suas diferenças e
preconceitos. A história do filme é baseada no conto O Lobo, a Floresta e o
Novo Homem, de Senel Paz, que a adaptou para o cinema. Além de concorrer ao
Oscar de melhor filme estrangeiro, Morango e Chocolate venceu o Urso de Prata e
o Teddy Award no Festival de Berlim, conquistando ainda mais de 20 prêmios
internacionais (incluindo o Kikito de melhor filme no Festival de Gramado).
Morango e Chocolate (Fresa y
Chocolate), de Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabío. Cuba, 1993. Duração:
108 minutos.
GRADE DE HORÁRIOS
15 de novembro (sexta-feira)
15:00 – De Repente, no Último Verão, de Joseph L. Mankiewicz
17:00 – Moby Dick, de John Huston
19:00 – A Concha e o Clérigo, de Germaine Dulac
20:00 – Morango e Chocolate, de Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabío (sessão comentada pelo escritor e roteirista Senel Paz)
16 de novembro (sábado)
15:00 – As Damas do Bois de Boulogne, de Robert Bresson
17:00 – Sessão Plataforma (Leviathan, de Lucien Castaing-Taylor e Verena Paravel)
19:00 – Sessão Aurora (Um Burguês Muito Pequeno, de Mario Monicelli)
17 de novembro (domingo)
15:00 – Chamas de Verão, de Tony Richardson
17:00 – O Criado, de Joseph Losey
19:00 – Barfly – Condenados pelo Vício, de Barbet Schroeder
Nos dias 21 e 22 de
novembro, eu estarei participando do curso Narrativas Seriadas: Da TV ás novas
mídias, criado pelo CENA UMe ministrado
pela professora e publicitária Sheron Neves. Enquanto os dois dias não chegam,
por aqui, estarei me relembrando e compartilhando com vocês, sobre as series
que eu assisti ao longo desses anos e que entraram para á historia da
televisão.
Buffy, A
Caça-Vampiros
Sinopse: Buffy, a
Caça Vampiros narrou as aventuras de uma jovem destinada à aniquilar seres
sobrenaturais.Buffy (Sarah Michelle
Gellar) possuía um dom especial passado pelos seus ancestrais e, a cada
episódio, tentava evitar que o mundo fosse dominado pelo mal.
A história de Buffy
Summers (Sarah Michelle Gellar) e sua guerra contra os vampiros juntou uma
verdadeira multidão de fãs ao longo dos sete anos que a série ficou no ar. A
mistura impecável de humor, drama e ação tornou-se uma marca registrada do
criador da série, Joss Whedon, que se mantém até hoje.
Influenciada por
“Arquivo X” e por séries adolescentes como “90210”,“Buffy” tinha um jeito
despretensioso e ao mesmo tempo ousado, usando recursos narrativos bem raros
nas séries da época. Um exemplo? Um episódio aparentemente sem importância da
primeira temporada (“Witch”) apresentou uma personagem que foi importante para
a série nas temporadas seguintes, além de ter elementos que eram retomados
muito depois. Isso também ocorreu com um personagem, apresentado como um
coadjuvante recorrente, que acabou se tornando um vilão. Esse hábito de não
desperdiçar nada que fosse apresentado, mesmo que parecesse pequeno ou insignificante,
foi uma das marcas da série.
ANGEL
Sinopse: Angelus
(David Boreanaz), nascido num rico berço, na Irlanda, era um sujeito sem muito
que fazer da vida, a não ser ficar jogando nos bares ou beber até não se
aguentar mais. Numa dessas noitadas ele conhece Darla (Julie Benz) que o
transforma em um vampiro iniciando uma vida totalmente voltada para a
perversidade.
pesar de ter herdado alguns
personagens da série de onde foi derivada (Buffy) e ter saído da mesma mente
genial de Joss Whedon, Angel possui os mesmos conceitos psicológicos,
emocionais e filosóficos de Buffy, mas ainda assim são diferentes. Enquanto a
original utilizava-se de humor para contar uma história de terror B, o spin-off
segue a linha policial noir mais urbano e obscuro, adicionando um pouco de
vampiros e sobrenaturalidade à mistura. A série gerou grande sucesso e teve no
total cinco temporadas.
Sinopse: Eluana Englaro está
em coma vegetativo há 17 anos. Entre diversas polêmicas religiosas e morais,
seu caso é levado ao parlamento italiano, que pode decidir desligar os
aparelhos que a mantêm viva. O caso de Eluana reflete na vida de diversos
personagens, com crenças e ideologias muito diferentes. Um senador de esquerda
(Toni Servillo) , que sempre acreditou na morte digna para enfermos, sofre
pressões do partido conservador pelo qual foi eleito. Sua filha, Maria (Alba
Rohrwacher), é uma militante católica que decide protestar em frente à clínica
onde ocorre a hospitalização de Eluana. No local, ela conhece Roberto, cujo
irmão é um feroz defensor da eutanásia. Uma mulher, presa a aparelhos, pede em
segredo ao marido que acabe com seu sofrimento, mas o pedido chega aos ouvidos
da filha. Ao mesmo tempo, uma mãe bastante religiosa (Isabelle Huppert) cuida
da filha em coma, enquanto negligencia o resto da família. Por fim, uma mulher
dependente de drogas deseja a todo preço cometer suicídio, mas não consegue
escapar à vigilância de um médico idealista, que pretende lhe dar uma nova
razão para viver.
A bela que dorme de
Marco Bellocchio (Vincere) mergulha numa discussão delicada que é a eutanásia,
mas por conta de uma disposição caótica e multifacetada no que se referem aos
personagens e ‘as situações vividas por eles, à eutanásia acaba sendo pano de
fundo para os acontecimentos que ocorrem em três tramas, que embora independentes,
possuem certa interligação. Talvez este fato incomode um pouco atenção do cinéfilo
desavisado, em acompanhar com o mesmo interesse que aflora nos primeiros
minutos de projeção. De alguma forma, Bellocchio se atrapalha um pouco nesse
assunto tão delicado, estabelecendo pontos de interligação muito distantes ou
nem tanto assim, mas desintegrados e sem conseguir amarrá-los para se aprofundar
no foco principal.
Eluana Eglaro está em
coma vegetativo há anos, gerando então discussões, moralmente, politicamente e
religiosamente em todo país, se ela deve continuar viva ou se desligar os
aparelhos seria o melhor para ela. Em meio a este conflito nacional, Bellocchio mostra como o desejo pela morte, o
horror ‘a morte, a moral por viver ainda que vegetando atinge diversas pessoas
com problemáticas diferentes uma da outra, mas que atingem a mesma questão.
Algumas passagens valem o filme,
outras não (o irmão problemático é uma delas). O conceito de morte e a relação
entre os personagens, as cenas dos religiosos e principalmente o apego das
pessoas em alguma crença, a motivação que cada um de nós possui para continuar
vivendo. Bellocchio como sempre acerta na criação dos protagonistas. Ele é
capaz de ir fundo nas emoções, sentimentos, dramas psicológicos, traçando
personalidades bastante verossímeis e humanas.
A Sessão Aurora
apresenta neste sábado, 16 de novembro, às 19h, na Sala P.F. Gastal da Usina do
Gasômetro (3º andar), o filme Um Burguês Muito Pequeno (1977), de Mario
Monicelli. Após a sessão, haverá um debate com os editores do Zinematógrafo. A
entrada é franca.
Concorrente da Itália no Festival de Cannes de
1977, Um Burguês Muito Pequeno é reconhecido como uma das obras-primas de
Monicelli ao acentuar de forma desconcertante o drama em seu peculiar senso de
humor, direcionando um olhar crítico à família de classe média italiana.
Próximo da aposentadoria, um modesto
funcionário decide ingressar na loja maçônica de seu chefe para ganhar respeito
e conseguir que seu filho trabalhe no mesmo ministério que o dele. Porém, no
mesmo dia dos exames de ingresso, acontece algo inesperado que transformará a
vida do pai.
Para além da crítica social e moral, o filme
também revela um comentário mordaz sobre os instintos humanos. Tendo a delicada
questão política italiana como pano de fundo, Monicelli mostra como a liberdade
e a violência se encontram num contexto pautado por valores hierárquicos e
modelos de conduta.
Mario Monicelli é um dos nomes mais
importantes do cinema italiano que surge no pós-guerra. Inicia sua obra em
parceria com o lendário Steno, dirigindo Totó Procura Casa (1949). Entre os
anos 1950 e 1970, realizou uma série de filmes que marcaram a cinematografia da
Itália, como Os Eternos Desconhecidos (1958), O Incrível Exército de
Brancaleone (1966) e Meus Caros Amigos (1975), renovando de forma particular os
paradigmas da comédia local. Suicidou-se em 2010, aos 95 anos, tendo no
currículo mais de cinquenta trabalhos como cineasta.
Um Burguês Muito
Pequeno
(Un Borghese Piccolo
Piccolo)
Dirigido por Mario
Monicelli
Itália/1977/122
minutos
Elenco: Alberto
Sordi, Shelley Winters, Romolo Valli, Vincenzo Crocitti
Nos dias 21 e 22 de
novembro, eu estarei participando do curso Narrativas Seriadas: Da TV ás novas
mídias, criado pelo CENA UM e ministrado
pela professora e publicitária Sheron Neves. Enquanto os dois dias não chegam,
por aqui, estarei me relembrando e compartilhando com vocês, sobre as series
que eu assisti ao longo desses anos e que entraram para á historia da
televisão.
Hercules
Sinopse:A série “Hercules:
The Legendary Journeys” é baseada na história do semideus da mitologia grega,
Hércules. A série de TV foi produzida de 1995 a 1999 e tem seis temporadas.
A criação de
Christian Williams foi precedida por diversos projetos que contam com os mesmos
personagens e se tornou assim uma das séries mais vistas de todos os tempos. “Hercules”
também foi transmitido nos seguintes países: Egito, EUA, França, Grécia,
Malásia, Polônia, Reino Unido, República Dominicana, Suécia e Turquia.
Xena, a Princesa
Guerreira
Sinopse: Derivada da série
"Hercules", "Xena" conta a história de uma guerreira
arrependida, que tenta se redimir ajudando as pessoas. A protagonista da trama
é a atriz Lucy Lawless, A personagem Xena está sempre acompanhada de Gabrielle,
vivida pela atriz Renne O'Connor, sua melhor amiga.
Xena é a única filha
de Cyrene (Darien Takle) e de Atrius (Tom Atkins). Seu pai morre durante uma
batalha quando ela ainda é criança. Adulta, Xena enfrenta o ataque do exército
e assim começa o seu caminho de conquistas. Durante as viagens ela conhece
Hercules e vários personagens. Depois do encontro com Hércules ela deixa a vida
de batalhas."Xena, a Princesa
Guerreira" foi gravada na Nova Zelândia e levada ao ar originalmente entre
1995 e 2001. Possui seis temporadas e também foi exibida pelo SBT na década de
90.
Sinopse: Inverno,
1915. Contra a sua vontade, a escultora Camille Claudel (Juliette Binoche) é
internada pelos familiares em um asilo psiquiátrico mantido por religiosas, e
permanece durante anos na instituição, sem poder sair. Ela afirma várias vezes
que está perfeitamente sã, mas desenvolve uma mania de perseguição, acreditanto
que seu ex-amante Auguste Rodin conspira contra ela, e que todos no asilo
tentam envenená-la. Camille passa os dias cercada por internos com deficiências
mentais e surtos psicóticos graves, não tendo ninguém com quem conversar. Sua
única esperança é uma carta enviada clandestinamente ao irmão Paul (Jean-Luc
Vincent), implorando por sua liberação. Quando Paul confirma que vai visitá-la,
Camille aguarda com impaciência a oportunidade de mostrar ao irmão que pode
viver em sociedade.
À aprisionada Camille
observada pelo cinema de Bruno Dumont (Fora Satã) em Camille Claudel, 1915 não é oferecido
o contraplano, o horizonte. Quase tudo se dá no plano. Juliette Binoche
percorre uma extensa partitura para dar uma cara às emoções. Mas o que olha o
rosto dessa mulher? Qual ponto da paisagem – se é que há um – lhe chama a
atenção? O que está nesse contraplano oculto que completaria o que vemos no
plano?
Dumont sonega o
contracampo. Quando o entrega, é a imagem do desespero. Uma árvore
desavergonhadamente seca. Uma colega de hospício dizendo coisas desconexas. Uma
enfermeira com olhar de falsa caridade. Há também, por vezes, o horizonte, a
natureza, a vegetação bem distribuída. Mas Camille Claudel, 1915 se concentra
tanto na personagem a observar algo que consolida, deliberadamente, a incômoda
sensação de que esse lugar que ela enxerga fica mais e mais inalcançável.
Acontece, então, uma
pequena inversão de sentido. O plano geral, que poderia ser o signo da
liberdade dada a imensidão do horizonte, torna-se a representação do difuso. A
paisagem é tão grande que se torna inatingível: como chegar àquela montanha no
topo do quadro se é preciso atravessar tantas árvores?
Quando essa
significação do plano geral fica clara e a percepção do descompasso na relação
plano/contraplano se aguça, não há outro caminho: Camille está definitivamente
presa.
Presa, diz a
impressão inicial, em sua loucura. Afinal, está num hospício. Mas até mesmo
essa afirmação inicial da insanidade é questionada. Novamente, o embate se dá
no plano. Camille prepara a própria comida, pois tem permissão por causa do
medo do envenenamento (“eles querem me ver morta”, “é um complô do Rodin”). Ao
comer, senta-se à extrema esquerda do quadro; à direita, outra interna do
hospício; ao centro, uma lastra (aparentemente um exaustor) repartindo o quadro
ao meio, explicitando a divisão entre ela e as outras.
Camille, nos diz
novamente o plano, não pertence àquele lugar.
Se o asilo de
Montfavet não é o seu habitat, então porque está presa? Entra em cena seu
irmão, Paul Claudel (Jean-Luc Vincent, espetacular) um escritor católico fervoroso apaixonado pela poesia de
Rimbaud – se é que tal combinação é realmente possível sem implicar
contradições. Paul é a peça que oferece os dados biográficos que faltavam:
Camille Claudel foi uma grande escultora. Tão fenomenal que quebrou o machismo
numa atividade artística exercida por homens. Chamou a atenção de Rodin, de
quem se tornou aprendiz. Amaram-se, mas o parceiro não quis assumir
oficialmente a relação. Camille perdeu coesão mental.
Se Camille é o plano,
Paul é o contraplano. Se Paul é o horizonte que Camille olha, a esperança de se
ver liberta, certamente não há saída. Outrora apegado à irmã, na época que se
desenrola o filme ele já é ressentido pelo protagonismo de Camille, crítico a
seus “pecados”.
Se até então a
direção de Dumont trabalhava com a sugestão de fatos e sensações, explorando o
desequilíbrio no plano/contraplano, quando a visita de Paul à irmã é anunciada
o diretor de Camille Claudel, 1915 torna-se mais incisivo. Paul é um hipócrita
que desfruta de poder numa sociedade voltada ao privilégio do homem. Camille
sofrerá tanto como a heroína de Bellocchio em Vincere.
Basta atenção aos
detalhes, especialmente ao diálogo entre irmão e irmã, para perceber rachaduras
no relato de Paul sobre os fatos da vida de Camille. Pois Paul veste cada vez
menos o personagem do irmão, de forma a dar espaço ao do juiz divino. E como
tal é imperioso condenar Camille por seus “pecados” na Terra: permanecer
solteira, amar um homem casado, cultivar independência, brigar pelo direito
sobre o próprio corpo, esculpir homens nus.
Presa a memórias
antigas, Camille enxerga Paul como seu irmão. Paul enxerga Camille como uma
pecadora.
Num brilhante procedimento
narrativo, Dumont suprime o tempo e condensa num único plano, o final, a
partitura de emoções percorridas pelo rosto e pelo corpo de Juliette Binoche
durante o filme. Não fosse, talvez, a existência de uma cinebiografia
tradicional e linear – Camille Claudel (1988), dirigida por Bruno Nuytten com
foco na relação Camille/Rodin no período de surgimento e auge da escultora –,
Dumont poderia sequer ter chegado à liberdade não só de escolher esse recorte
de uma biografia extensa (falar dos mecanismos de aprisionamento), mas também
de encontrar a síntese num único plano: o da elegância brutal.