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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Cine Dica: Festival do Minuto – últimos concursos de 2013

Festival do Minuto – últimos concursos de 2013
Festival do Minuto tem 10 concursos simultâneos e distribui, até o final do ano, um total de R$ 29 mil 

Nascido há pouco mais de 20 anos, o Festival do Minuto incentiva e premia a produção de vídeos com até um minuto de duração. Permanente e online desde 2007 é um evento que abre suas portas a vídeos produzidos em todo e qualquer formato, o que gera o encontro entre produções caseiras e profissionais, nacionais e estrangeiras, afinal, todos podem concorrer indistintamente.
Atualmente, são 10 os concursos abertos. Há diferentes temas, valores de prêmios e datas de inscrição para cada um deles.
São temas como o “Cantando no Banheiro”, patrocinado pela Lorenzetti, e o “Ciência”, apoiado pela Fapesp, que darão R$ 10 mil em prêmios cada. Outros temas interessantes como “Vizinho”, “Sanguíneo, Colérico, Melancólico ou Fleumático” e “Preto e Branco” darão R$ 1.000 cada. Alunos e professores de escolas públicas e particulares podem participar do “Minuto Escola”, concurso que dará R$ 3.000 em prêmios. E existem aqueles mais abrangentes e com várias edições ao ano, como “Tema Livre”, “Animação”, “Minuto DOC”.
No total, o Festival do Minuto entregará R$ 29 mil em prêmios até dezembro de 2013. Você pode ter informações detalhadas sobre cada concurso emwww.festivaldominuto.com.br.

As inscrições são feitas pelo site do festival (www.festivaldominuto.com.br) e, em alguns concursos, também pelo endereço eletrônico do Minuteen (www.minuteen.com.br), programa especial voltado à turma de até 14 anos e/ou estudante do Ensino Fundamental.


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Cine Dica: Morango e Chocolate na Sala P. F. Gastal

CLÁSSICO MORANGO E CHOCOLATE GANHA
SESSÃO COMENTADA POR SENEL PAZ NA SALA P. F. GASTAL 

Já um clássico do cinema latino-americano, o filme Morango e Chocolate comemora em 2013 seu 20º aniversário de lançamento. Dirigida pela dupla Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabío, esta elogiada comédia dramática cubana estreada em 1993 conheceu um enorme êxito internacional, e chegou a ser indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Para celebrar seus 20 anos de lançamento, e aproveitando a estada em Porto Alegre do escritor e roteirista Senel Paz (autor do conto original que inspirou o filme, e também seu roteirista), a Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) exibe Morango e Chocolate na próxima sexta-feira, dia 15 de novembro, às 20h, em sessão que será comentada por Paz. A exibição tem entrada franca.
 Morango e Chocolate mostra o relacionamento entre um intelectual homossexual perseguido pelo regime (Jorge Perugorría) e um estudante comunista que idolatra o governo de Fidel Castro (Vladimir Cruz). A princípio a aproximação de ambos se dá de forma tensa, mas aos poucos uma forte amizade se constrói entre os dois personagens, superando suas diferenças e preconceitos. A história do filme é baseada no conto O Lobo, a Floresta e o Novo Homem, de Senel Paz, que a adaptou para o cinema. Além de concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro, Morango e Chocolate venceu o Urso de Prata e o Teddy Award no Festival de Berlim, conquistando ainda mais de 20 prêmios internacionais (incluindo o Kikito de melhor filme no Festival de Gramado).
Morango e Chocolate (Fresa y Chocolate), de Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabío. Cuba, 1993. Duração: 108 minutos.

 GRADE DE HORÁRIOS



15 de novembro (sexta-feira)
15:00 – De Repente, no Último Verão, de Joseph L. Mankiewicz
17:00 – Moby Dick, de John Huston
19:00 – A Concha e o Clérigo, de Germaine Dulac
20:00 – Morango e Chocolate, de Tomás Gutiérrez Alea e Juan Carlos Tabío (sessão comentada pelo escritor e roteirista Senel Paz)


16 de novembro (sábado)
15:00 – As Damas do Bois de Boulogne, de Robert Bresson
17:00 – Sessão Plataforma (Leviathan, de Lucien Castaing-Taylor e Verena Paravel)
19:00 – Sessão Aurora (Um Burguês Muito Pequeno, de Mario Monicelli)


17 de novembro (domingo)
15:00 – Chamas de Verão, de Tony Richardson
17:00 – O Criado, de Joseph Losey
19:00 – Barfly – Condenados pelo Vício, de Barbet Schroeder


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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Cine Especial: "NARRATIVAS SERIADAS: DA TV ÀS NOVAS MÍDIAS" Parte 8

Nos dias 21 e 22 de novembro, eu estarei participando do curso Narrativas Seriadas: Da TV ás novas mídias, criado pelo CENA UM  e ministrado pela professora e publicitária Sheron Neves. Enquanto os dois dias não chegam, por aqui, estarei me relembrando e compartilhando com vocês, sobre as series que eu assisti ao longo desses anos e que entraram para á historia da televisão.
  
Buffy, A Caça-Vampiros 

Sinopse: Buffy, a Caça Vampiros narrou as aventuras de uma jovem destinada à aniquilar seres sobrenaturais.  Buffy (Sarah Michelle Gellar) possuía um dom especial passado pelos seus ancestrais e, a cada episódio, tentava evitar que o mundo fosse dominado pelo mal.
  
A história de Buffy Summers (Sarah Michelle Gellar) e sua guerra contra os vampiros juntou uma verdadeira multidão de fãs ao longo dos sete anos que a série ficou no ar. A mistura impecável de humor, drama e ação tornou-se uma marca registrada do criador da série, Joss Whedon, que se mantém até hoje.
Influenciada por “Arquivo X” e por séries adolescentes como “90210”, “Buffy” tinha um jeito despretensioso e ao mesmo tempo ousado, usando recursos narrativos bem raros nas séries da época. Um exemplo? Um episódio aparentemente sem importância da primeira temporada (“Witch”) apresentou uma personagem que foi importante para a série nas temporadas seguintes, além de ter elementos que eram retomados muito depois. Isso também ocorreu com um personagem, apresentado como um coadjuvante recorrente, que acabou se tornando um vilão. Esse hábito de não desperdiçar nada que fosse apresentado, mesmo que parecesse pequeno ou insignificante, foi uma das marcas da série.
  
ANGEL 

Sinopse: Angelus (David Boreanaz), nascido num rico berço, na Irlanda, era um sujeito sem muito que fazer da vida, a não ser ficar jogando nos bares ou beber até não se aguentar mais. Numa dessas noitadas ele conhece Darla (Julie Benz) que o transforma em um vampiro iniciando uma vida totalmente voltada para a perversidade.


pesar de ter herdado alguns personagens da série de onde foi derivada (Buffy) e ter saído da mesma mente genial de Joss Whedon, Angel possui os mesmos conceitos psicológicos, emocionais e filosóficos de Buffy, mas ainda assim são diferentes. Enquanto a original utilizava-se de humor para contar uma história de terror B, o spin-off segue a linha policial noir mais urbano e obscuro, adicionando um pouco de vampiros e sobrenaturalidade à mistura. A série gerou grande sucesso e teve no total cinco temporadas.


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Cine Dica: Em Cartaz: A Bela que Dorme



Sinopse: Eluana Englaro está em coma vegetativo há 17 anos. Entre diversas polêmicas religiosas e morais, seu caso é levado ao parlamento italiano, que pode decidir desligar os aparelhos que a mantêm viva. O caso de Eluana reflete na vida de diversos personagens, com crenças e ideologias muito diferentes. Um senador de esquerda (Toni Servillo) , que sempre acreditou na morte digna para enfermos, sofre pressões do partido conservador pelo qual foi eleito. Sua filha, Maria (Alba Rohrwacher), é uma militante católica que decide protestar em frente à clínica onde ocorre a hospitalização de Eluana. No local, ela conhece Roberto, cujo irmão é um feroz defensor da eutanásia. Uma mulher, presa a aparelhos, pede em segredo ao marido que acabe com seu sofrimento, mas o pedido chega aos ouvidos da filha. Ao mesmo tempo, uma mãe bastante religiosa (Isabelle Huppert) cuida da filha em coma, enquanto negligencia o resto da família. Por fim, uma mulher dependente de drogas deseja a todo preço cometer suicídio, mas não consegue escapar à vigilância de um médico idealista, que pretende lhe dar uma nova razão para viver.

A bela que dorme de Marco Bellocchio (Vincere) mergulha numa discussão delicada que é a eutanásia, mas por conta de uma disposição caótica e multifacetada no que se referem aos personagens e ‘as situações vividas por eles, à eutanásia acaba sendo pano de fundo para os acontecimentos que ocorrem em três tramas, que embora independentes, possuem certa interligação. Talvez este fato incomode um pouco atenção do cinéfilo desavisado, em acompanhar com o mesmo interesse que aflora nos primeiros minutos de projeção. De alguma forma, Bellocchio se atrapalha um pouco nesse assunto tão delicado, estabelecendo pontos de interligação muito distantes ou nem tanto assim, mas desintegrados e sem conseguir amarrá-los para se aprofundar no foco principal.
Eluana Eglaro está em coma vegetativo há anos, gerando então discussões, moralmente, politicamente e religiosamente em todo país, se ela deve continuar viva ou se desligar os aparelhos seria o melhor para ela. Em meio a este conflito nacional,  Bellocchio mostra como o desejo pela morte, o horror ‘a morte, a moral por viver ainda que vegetando atinge diversas pessoas com problemáticas diferentes uma da outra, mas que atingem a mesma questão.
Algumas passagens valem o filme, outras não (o irmão problemático é uma delas). O conceito de morte e a relação entre os personagens, as cenas dos religiosos e principalmente o apego das pessoas em alguma crença, a motivação que cada um de nós possui para continuar vivendo. Bellocchio como sempre acerta na criação dos protagonistas. Ele é capaz de ir fundo nas emoções, sentimentos, dramas psicológicos, traçando personalidades bastante verossímeis e humanas.


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Cine Dica: UM BURGUÊS MUITO PEQUENO NA SESSÃO AURORA


A Sessão Aurora apresenta neste sábado, 16 de novembro, às 19h, na Sala P.F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar), o filme Um Burguês Muito Pequeno (1977), de Mario Monicelli. Após a sessão, haverá um debate com os editores do Zinematógrafo. A entrada é franca.
Concorrente da Itália no Festival de Cannes de 1977, Um Burguês Muito Pequeno é reconhecido como uma das obras-primas de Monicelli ao acentuar de forma desconcertante o drama em seu peculiar senso de humor, direcionando um olhar crítico à família de classe média italiana.
Próximo da aposentadoria, um modesto funcionário decide ingressar na loja maçônica de seu chefe para ganhar respeito e conseguir que seu filho trabalhe no mesmo ministério que o dele. Porém, no mesmo dia dos exames de ingresso, acontece algo inesperado que transformará a vida do pai.
Para além da crítica social e moral, o filme também revela um comentário mordaz sobre os instintos humanos. Tendo a delicada questão política italiana como pano de fundo, Monicelli mostra como a liberdade e a violência se encontram num contexto pautado por valores hierárquicos e modelos de conduta. 
Mario Monicelli é um dos nomes mais importantes do cinema italiano que surge no pós-guerra. Inicia sua obra em parceria com o lendário Steno, dirigindo Totó Procura Casa (1949). Entre os anos 1950 e 1970, realizou uma série de filmes que marcaram a cinematografia da Itália, como Os Eternos Desconhecidos (1958), O Incrível Exército de Brancaleone (1966) e Meus Caros Amigos (1975), renovando de forma particular os paradigmas da comédia local. Suicidou-se em 2010, aos 95 anos, tendo no currículo mais de cinquenta trabalhos como cineasta.
  
Um Burguês Muito Pequeno
(Un Borghese Piccolo Piccolo)
Dirigido por Mario Monicelli
Itália/1977/122 minutos
Elenco: Alberto Sordi, Shelley Winters, Romolo Valli, Vincenzo Crocitti

Exibição em DVD com legendas em português


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terça-feira, 12 de novembro de 2013

Cine Especial: "NARRATIVAS SERIADAS: DA TV ÀS NOVAS MÍDIAS" Parte 7

Nos dias 21 e 22 de novembro, eu estarei participando do curso Narrativas Seriadas: Da TV ás novas mídias, criado pelo CENA UM  e ministrado pela professora e publicitária Sheron Neves. Enquanto os dois dias não chegam, por aqui, estarei me relembrando e compartilhando com vocês, sobre as series que eu assisti ao longo desses anos e que entraram para á historia da televisão.
  
Hercules 

Sinopse:A série “Hercules: The Legendary Journeys” é baseada na história do semideus da mitologia grega, Hércules. A série de TV foi produzida de 1995 a 1999 e tem seis temporadas.

A criação de Christian Williams foi precedida por diversos projetos que contam com os mesmos personagens e se tornou assim uma das séries mais vistas de todos os tempos. “Hercules” também foi transmitido nos seguintes países: Egito, EUA, França, Grécia, Malásia, Polônia, Reino Unido, República Dominicana, Suécia e Turquia.

 Xena, a Princesa Guerreira 

Sinopse: Derivada da série "Hercules", "Xena" conta a história de uma guerreira arrependida, que tenta se redimir ajudando as pessoas. A protagonista da trama é a atriz Lucy Lawless, A personagem Xena está sempre acompanhada de Gabrielle, vivida pela atriz Renne O'Connor, sua melhor amiga.

Xena é a única filha de Cyrene (Darien Takle) e de Atrius (Tom Atkins). Seu pai morre durante uma batalha quando ela ainda é criança. Adulta, Xena enfrenta o ataque do exército e assim começa o seu caminho de conquistas. Durante as viagens ela conhece Hercules e vários personagens. Depois do encontro com Hércules ela deixa a vida de batalhas."Xena, a Princesa Guerreira" foi gravada na Nova Zelândia e levada ao ar originalmente entre 1995 e 2001. Possui seis temporadas e também foi exibida pelo SBT na década de 90. 

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Cine Dica: Em Cartaz: CAMILLE CLAUDEL, 1915


Sinopse: Inverno, 1915. Contra a sua vontade, a escultora Camille Claudel (Juliette Binoche) é internada pelos familiares em um asilo psiquiátrico mantido por religiosas, e permanece durante anos na instituição, sem poder sair. Ela afirma várias vezes que está perfeitamente sã, mas desenvolve uma mania de perseguição, acreditanto que seu ex-amante Auguste Rodin conspira contra ela, e que todos no asilo tentam envenená-la. Camille passa os dias cercada por internos com deficiências mentais e surtos psicóticos graves, não tendo ninguém com quem conversar. Sua única esperança é uma carta enviada clandestinamente ao irmão Paul (Jean-Luc Vincent), implorando por sua liberação. Quando Paul confirma que vai visitá-la, Camille aguarda com impaciência a oportunidade de mostrar ao irmão que pode viver em sociedade.
  
À aprisionada Camille observada pelo cinema de Bruno Dumont (Fora Satãem Camille Claudel, 1915 não é oferecido o contraplano, o horizonte. Quase tudo se dá no plano. Juliette Binoche percorre uma extensa partitura para dar uma cara às emoções. Mas o que olha o rosto dessa mulher? Qual ponto da paisagem – se é que há um – lhe chama a atenção? O que está nesse contraplano oculto que completaria o que vemos no plano?
Dumont sonega o contracampo. Quando o entrega, é a imagem do desespero. Uma árvore desavergonhadamente seca. Uma colega de hospício dizendo coisas desconexas. Uma enfermeira com olhar de falsa caridade. Há também, por vezes, o horizonte, a natureza, a vegetação bem distribuída. Mas Camille Claudel, 1915 se concentra tanto na personagem a observar algo que consolida, deliberadamente, a incômoda sensação de que esse lugar que ela enxerga fica mais e mais inalcançável.
Acontece, então, uma pequena inversão de sentido. O plano geral, que poderia ser o signo da liberdade dada a imensidão do horizonte, torna-se a representação do difuso. A paisagem é tão grande que se torna inatingível: como chegar àquela montanha no topo do quadro se é preciso atravessar tantas árvores?
Quando essa significação do plano geral fica clara e a percepção do descompasso na relação plano/contraplano se aguça, não há outro caminho: Camille está definitivamente presa.
Presa, diz a impressão inicial, em sua loucura. Afinal, está num hospício. Mas até mesmo essa afirmação inicial da insanidade é questionada. Novamente, o embate se dá no plano. Camille prepara a própria comida, pois tem permissão por causa do medo do envenenamento (“eles querem me ver morta”, “é um complô do Rodin”). Ao comer, senta-se à extrema esquerda do quadro; à direita, outra interna do hospício; ao centro, uma lastra (aparentemente um exaustor) repartindo o quadro ao meio, explicitando a divisão entre ela e as outras.
Camille, nos diz novamente o plano, não pertence àquele lugar.
Se o asilo de Montfavet não é o seu habitat, então porque está presa? Entra em cena seu irmão, Paul Claudel (Jean-Luc Vincent, espetacular) um escritor católico fervoroso apaixonado pela poesia de Rimbaud – se é que tal combinação é realmente possível sem implicar contradições. Paul é a peça que oferece os dados biográficos que faltavam: Camille Claudel foi uma grande escultora. Tão fenomenal que quebrou o machismo numa atividade artística exercida por homens. Chamou a atenção de Rodin, de quem se tornou aprendiz. Amaram-se, mas o parceiro não quis assumir oficialmente a relação. Camille perdeu coesão mental.
Se Camille é o plano, Paul é o contraplano. Se Paul é o horizonte que Camille olha, a esperança de se ver liberta, certamente não há saída. Outrora apegado à irmã, na época que se desenrola o filme ele já é ressentido pelo protagonismo de Camille, crítico a seus “pecados”.
Se até então a direção de Dumont trabalhava com a sugestão de fatos e sensações, explorando o desequilíbrio no plano/contraplano, quando a visita de Paul à irmã é anunciada o diretor de Camille Claudel, 1915 torna-se mais incisivo. Paul é um hipócrita que desfruta de poder numa sociedade voltada ao privilégio do homem. Camille sofrerá tanto como a heroína de Bellocchio em Vincere.
Basta atenção aos detalhes, especialmente ao diálogo entre irmão e irmã, para perceber rachaduras no relato de Paul sobre os fatos da vida de Camille. Pois Paul veste cada vez menos o personagem do irmão, de forma a dar espaço ao do juiz divino. E como tal é imperioso condenar Camille por seus “pecados” na Terra: permanecer solteira, amar um homem casado, cultivar independência, brigar pelo direito sobre o próprio corpo, esculpir homens nus.
Presa a memórias antigas, Camille enxerga Paul como seu irmão. Paul enxerga Camille como uma pecadora.
Num brilhante procedimento narrativo, Dumont suprime o tempo e condensa num único plano, o final, a partitura de emoções percorridas pelo rosto e pelo corpo de Juliette Binoche durante o filme. Não fosse, talvez, a existência de uma cinebiografia tradicional e linear – Camille Claudel (1988), dirigida por Bruno Nuytten com foco na relação Camille/Rodin no período de surgimento e auge da escultora –, Dumont poderia sequer ter chegado à liberdade não só de escolher esse recorte de uma biografia extensa (falar dos mecanismos de aprisionamento), mas também de encontrar a síntese num único plano: o da elegância brutal.


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