Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: Anna Karenina - A História de Vronsky



Sinopse: Publicado em 1877, o romance de Tolstoi narra o caso extraconjugal de Anna Karenina, que se apaixona pelo conde Vronsky e abandona a família, chocando a sociedade. Nesta adaptação, Shakhnazarov inicia o relato 30 anos mais tarde, durante a guerra russo-japonesa, quando o filho de Karenina procura saber do amante da mãe, o que a fez desistir da vida.
Anna Karenina é como as obras de William Shakespeare que, uma vez ou outra, sempre possui uma nova adaptação cinema para ser então conferida. Curiosamente, cada nova adaptação possui um teor que difere das outras e do qual somente o cinema é capaz de realizar tal tarefa. Se na última versão do conto (versão de 2012 e estrelado Keira Knightley) era uma bela fusão entre o cinema e o teatro, essa versão russa sofre um pouco pelo tempo excessivo, mas sendo um filme plasticamente belo para ser visto e que possui fórmulas na trama que a diferencia das outras. 
Dirigido por Karen Shakhnazarov (Tigre Branco), o filme começa em 1904, onde ocorre um conflito entre a Rússia o Japão. Em meio às trincheiras, o filho de Anna Karenina (Elizaveta Boyarskaya) procura descobrir quem foi realmente a sua mãe, através do relato de Shakhnazarov (Maksim Matveyev), amante de Anna e que se encontra ferido após um combate. Não demora muito para que certas lembranças do passado tragam novas revelações sobre a verdadeira faceta de Anna Karenina. 
Tendo interpretada por grandes atrizes ao longo da história (vide Greta Garbo e Vivien Leigh), Anna Karenina é aquele típico personagem, cuja sua via cruz já é mais do que conhecida pelo público. Porém, sua aura de tragédia grega é algo que atrai independente de qual época, pois é uma trama que flui de forma arredondada e que é sempre correspondido por diversas gerações. Eis então que Karen Shakhnazarov tem uma de suas tarefas mais ingratas, que é fazer com que a sua adaptação se diferencie das outras e o resultando em algo parcial, mas com alguns frutos a serem verificados.
O filme já começa de uma forma que se difere das outras, onde acompanhamos em narração off o depoimento do personagem Shakhnazarov, onde tudo que é visto na tela é de acordo com o olhar do personagem com relação a Anna Karenina. Se num primeiro momento achamos que o filme poderia se enveredar por um olhar machista com relação aos fatos, eis que testemunhamos o nascimento de um amor proibido de uma forma gradual e humana. Se por um lado Maksim Matveyev como Shakhnazarov não tem muito que acrescentar com relação a sua presença na trama, Elizaveta Boyarskaya como Anna é a verdadeira alma do filme, pois o seu olhar expressivo transmite toda a felicidade, amor, angustia e tristeza que a personagem sente ao longo da projeção.
Contudo, é preciso tirar o chapéu para o desempenho do ator Vitaly Kishchenko, como o personagem Alexei, marido da protagonista. Embora o seu personagem aja de uma forma vingativa pelo fato de Anna ter lhe traído, e curioso que observamos um personagem não movido somente pela frustração, como também pode ter sido moldado pelos costumes dos homens da época e pelo lado conservador da igreja.  Vitaly Kishchenko se aproveita então ao criar um personagem dúbio, onde não sabemos então se sentimos por ele raiva ou pena ao ser movido por regras e costumes impostos pela sua religião que tanto respeita de uma forma cega e, por vezes, irracional.
Tecnicamente o filme possui um belíssimo visual, cuja fotografia e edição de arte andam de mãos dadas á todo momento. Curiosamente, as raras cenas de ação que surgem na tela (como a já conhecida corrida de cavalos) empolgam e isso graças a uma direção segura de Karen Shakhnazarov. Porém, o filme falha um pouco no seu tempo, por vezes excessivo, cuja algumas passagens da trama, principalmente aquelas que se passam em 1904 soam um tanto que dispensáveis.
Contudo o que faz dessa versão se diferenciar das demais é pelo fato de que algumas passagens da trama ficam até mesmo em aberto e fazendo com que cada um tenha uma interpretação com relação ao que foi apresentado. E quando a gente acha que estamos nos encaminhando para o final que todos nós já conhecemos, eis que Karen Shakhnazarov nos planta a semente da dúvida com relação ao destino de alguns personagens centrais da trama e fazendo com que se gerem até mesmo debates após a sessão. Anna Karenina - A História de Vronsky pode até não ser a melhor versão sobre o conto, mas possui um brilho próprio.    
  

NOTA: Filme exibido no último sábado para sócios do Clube de Cinema de Porto Alegre.    

  



Siga o Clube de Cinema de Porto Alegre através das redes sociais:
Facebook: www.facebook.com/ccpa1948
twitter: @ccpa1948  
Instagram: @ccpa1948 

Cine Dica: Cine Dica: Em Blu-Ray - DVD – VOD

A Colina Escarlate 
Leia a minha crítica já publicada clicando aqui.



MÃE!


Leia a minha crítica já publicada clicando aqui.




Bingo: O Rei das Manhãs
Leia a minha crítica já publicada clicando aqui.


Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: Star Wars: Os Últimos Jedi



Sinopse: Após encontrar o mítico e recluso Luke Skywalker (Mark Hammil) em uma ilha isolada, a jovem Rey (Daisy Ridley) busca entender o balanço da Força a partir dos ensinamentos do mestre jedi. Paralelamente, o Primeiro Império de Kylo Ren (Adam Driver) se reorganiza para enfrentar a Aliança Rebelde.


Star Wars: O Despertar da Força reacendeu a chama para aqueles que haviam perdido um pouco da fé que tinham pela força após o encerramento da trilogia anterior comandada por George Lucas. Mais do que um filme em que recolocava a saga nos trilhos, o filme era uma espécie de releitura do clássico de 1977, do qual não se esquecia de alguns eventos importantes vistos nos filmes anteriores, mas servindo de cartão de visita para aqueles que nunca haviam visto nenhum capítulo da saga. Star Wars: Os Últimos Jedi não somente dá continuidade aos eventos do filme anterior como também expande esse universo e fazendo com que a gente reflita sobre qual é o verdadeiro papel de cada um desses personagens.
Dirigido por Rian Johnson (Breaking Bad) a trama começa exatamente onde o filme anterior havia se encerrado, onde vemos Rey (Daisy Ridley) recorrendo ajuda ao mestre jedi Skywalker (Mark Hammil), para que ele venha ajudar Aliança Rebelde contra a Primeira Ordem e ensiná-la a controlar melhor a força. Ao mesmo tempo a General leia (Carrie Fisher) e seus aliados se veem encurralados perante o inimigo e começa então uma luta sem trégua para se manter a esperança. Heróis e vilões cairão durante o conflito e gerando algo novo e sem precedentes.
O grande trunfo dessa mais nova aventura intergalática é que ela vai contra tudo o que os fãs imaginavam ao longo desses dois anos de espera. Durante esse período, não faltou fanático levantando inúmeras teorias megalomaníacas sobre a origem de Rey, do porque a força ter despertado nela e qual seria a sua ligação com o Luke. Eis que então voltamos na já famosa cena final do filme anterior, onde na primeira ação do mestre Jedi jogada na tela é um verdadeiro tapa na nossa cara, pois ela nos diz que fomos ingênuos durante todo esse período de tentar adivinhar sobre o que aconteceria e nos jogando então em territórios desconhecidos.
Não que há uma mudança drástica com relação a tudo que apreciamos na saga até hoje, mas os filmes sempre caminharam junto com a realidade e usando isso como artifício para que o espectador sempre se identificasse com a história. Se em 1977 Star Wars surgiu como uma forma de jogar mais luz numa sociedade americana que ainda sofria com eventos daquele período (tempos de Nixon, Vietnã e crise econômica), nesse novo capítulo é colocado a prova o fato que a noção sobre bem e o mal nos dias de hoje não é algo assim tão simples e que a linha da qual os separa é muito mais fina do que se imagina.
Se houve então sempre um interesse em explorar essa nova faceta da saga, a escolha de Rian Johnson na direção foi mais do que acertada. Responsável pelos melhores episódios da cultuada série Breaking Bad, Johnson já está mais do que acostumado em não definir os seus personagens como heróis ou vilões, mas como seres humanos que cruzam a linha vermelha e que, querendo ou não, terão que enfrentar sérias consequências. O que testemunhamos então nesse novo Star Wars são as consequências dos atos dos personagens principais, principalmente vindos de Luke Skywalker.
Mais sábio, porém cansado de tudo, Luke deseja manter-se isolado do mundo por motivos bem esclarecidos, principalmente com relação em ter fracassado ao treinar Kylo Ren (Adam Driver). O que vemos então é um homem carregando nas costas o fardo de ter dado um pequeno passo em falso, mas que foi mais do que suficiente para gerar consequências irreversíveis. Mark Hammil tem aqui o seu melhor desempenho da carreira, pois embora ele volte a interpretar aquele personagem que tanto veneramos ao longo das décadas, ele consegue nos passar o quanto de percalços que ele atravessou durante todo esse percurso e fazendo que a gente compreenda em relação a sua escolha em querer se manter longe do resto do mundo.
Sua relação de mestre e aluna com Rey é outro ponto acertado do filme, pois além de nos fazer lembrar dos tempos em que Luke treinava com o velho mestre Yoda, é também uma espécie de continuidade do que vai além do que o herói havia passado no clássico O Império Contra Ataca. Embora o filme fale por si, há momentos em que irão soar bem familiares para nós como, por exemplo, a clássica cena em que Luke entra na caverna e passa por uma experiência imprevisível, tendo conhecimento maior sobre a força e sobre consigo mesmo. Rey passará por momentos parecidos, mas dos quais se sobressaem de um modo jamais visto e quando ela dá de encontro com ela mesma nessa passagem da caverna é disparado um dos melhores momentos do filme.
Aliás, muito se perguntaram quem é Rey  e quais seriam as respostas para sanar as dúvidas com relação a sua origem. As respostas chegam, mas não é de nenhuma das inúmeras que haviam sido previstas, mas sim de uma forma simples e que faz então todo o sentido. Já Kylo Ren, não só tem a sua origem melhor esclarecida, como também o seu personagem é muito melhor construído e fazendo então finalmente compreendermos as suas reais intenções dentro da Nova Ordem.
É aqui que chegamos ao momento mais corajoso da saga, onde as escolhas dos personagens é o que realmente movem o tabuleiro de toda a trama e fazendo com que as suas cruzadas, sejam elas ao lado da luz ou das sombras, soem mais humanas e bem mais ricas para serem melhor exploradas futuramente. Kylo Ren e Key seriam então dois lados da mesma moeda, cuja suas motivações se baseiam por passados que os marcaram, mas que fizeram de ambos andarem em caminhos distintos. Isso acontece, talvez, não devido aos poderes vindos da força, mas pelo modo que eles corresponderam com as situações que eles enfrentaram.
Tecnicamente o filme é um dos mais belos de toda a saga, onde os cenários são um verdadeiro mosaico de detalhes primorosos, sendo nunca uma forma de distração, mas que corresponda com a proposta principal da trama. Mas embora o filme possua efeitos de ponta, é de se espantar como o filme ressoa de uma forma como se ele tivesse sido feito nos velhos e bons tempos dos anos oitenta. O ápice dessa sensação é quando testemunhamos a aparição de um velho querido personagem, cuja sua forma original nos dá a mais pura boa nostalgia que a gente merece.
Falando em nostalgia, cada momento de Carrie Fisher em cena é algo precioso para ser visto, principalmente pelo fato que não a veremos no encerramento da saga. Assim como a sua personagem, a atriz realmente demonstra um cansaço da responsabilidade que carrega, mas sempre querendo demonstrar um profissionalismo em cada cena, pois sabia que personagens como esse ficam eternizados em nossas mentes: a cena em que Leia luta pela vida e finalmente usa a força é sem sombra de dúvida um dos momentos que os fãs mais queriam presenciar e fazendo então que gere uma lágrima.
Diferente do que se imagina, o filme tem começo, meio e fim e que, embora excessivo em alguns momentos, o filme cumpre em encerrar de uma forma mais do que satisfatória e deixando em aberto inúmeras possibilidades com relação ao futuro da saga. Star Wars: Os Últimos Jedi é corajoso em sua proposta, ao nos dizer que esses personagens não são o que são pelo que eles têm por dentro, mas sim são as suas ações que os definem como um todo. 


Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram