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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: O SILÊNCIO DO CÉU



Sinopse: Diana (Carolina Dieckmann) foi estuprada dentro de casa. Em vez de denunciar, ela prefere ficar em silêncio e não conta nem para o marido, Mario (Leonardo Sbaraglia). Ele, por sua vez, também esconde um segredo, gerando uma distância cada vez maior entre eles.

Já no início de O Silêncio do Céu testemunhamos um estupro, onde Diana (Carolina Dieckmann, ótima) é imobilizada e estuprada por dois homens e incapaz de se livrar da experiência traumática. Num determinado momento da situação, Diana foca o teto azul de sua casa, como se naquele ponto ela buscasse uma fuga, um porto seguro e longe daquela situação dolorosa. Após esse momento, percebemos que a fotografia azulada, sendo o mesmo azul visto no teto, permeia em todos os cenários no decorrer do filme, como se os personagens quisessem enxergar um céu para eles cheio de harmonia, mas que tudo não passa de uma tentativa de esconder uma realidade crua, da qual eles não conseguem fugir, mas sim descobrem de que forma irão seguir em frente após esse momento fatídico.
Dirigido por Marcus Dutra (Trabalhar Cansa), o cineasta ainda tem a proeza de fazer com que retornemos a cena do crime e olharmos por outra perspectiva. Se na primeira vez nós assistimos através do olhar da vítima, na segunda enxergamos pelos olhos do seu marido Mario (Leonardo Sbaraglia, de Relatos Selvagens), que testemunha a cena grotesca, mas que não consegue intervir devido a sua fobia da qual sofre. Ele sabe o que aconteceu, mas espera que a sua esposa conte para ele, enquanto ela não diz nada e tenta seguir a vida com a família como se nada tivesse acontecido.
Se enveredando para ideias já vistas em clássicos como Um Corpo que Cai, Marcus Dutra cria uma analise sobre o comportamento do ser humano contemporâneo, onde a hipocrisia se torna um elo de defesa perante uma realidade da qual a pessoa não consegue enfrentar, mas sim procurando uma forma de encará-la pela surdina. Mario mergulha numa cruzada de redenção, mas não somente em defesa de sua esposa, como também na possibilidade de limpar a honra e matar os seus demônios interiores. Mario, portanto pode ser interpretado de diversas formas, tanto como um machista que, se acha no direito de limpar a imagem da sua pessoa, como também alguém que cria dentro de si um personagem que ele não é ou que está escondido no seu ser. 
Diana por sua vez representa uma fortaleza na tela, sendo que não busca segurança, mas sim uma forma de tentar manter vivo o que já foi quebrado. Mesmo escolhendo o silêncio assim como o seu marido, ela transmite uma posição madura, mesmo quando sua expressão luta para não desabafar. Já Mario, por vezes, escolhe o papel do violado, como se tivesse a obrigação de tomar uma providência, principalmente quando descobre quem são realmente os estupradores.
Embora seja uma trama que aparenta estar dentro de um gênero especifico como o suspense, não é de hoje que Dutra cria algo que vai muito além do que o gênero tem a oferecer: Trabalhar Cansa, por exemplo, não era somente sobre a possibilidade de algo estar enterrado dentro de uma parede, como também um retrato pessimista do Mercado de Trabalho. Quando eu era vivo não era só sobre espíritos, como também sobre a difícil relação atual de pais e filhos. O suspense visto em O Silêncio do Céu se torna uma cortina de fumaças que, gradualmente, se revela uma analise do comportamento humano perante os seus atos e consequências distintas. 
Carolina Dieckmann e Leonardo Sbaraglia brilham em seus respectivos papeis, sendo que esse último se sobressai, ao ponto de carregar o filme nas costas em momentos reveladores da trama. Já Dieckmann nos brinda com algo diferente de tudo que já fez na TV, ao representar o papel da mulher forte de hoje perante um mundo machista e perdido sobre as mudanças das quais muitos ainda não compreendem ou não querem aceitar. Essas mudanças e o comportamento da mulher de hoje é o que faz com que os homens da trama agem como inconsequentes e revelando o seu lado mais sombrio de sua alma humana.
Com a participação ilustre de Chino Darin (filho de Ricardo Darin), O Silêncio do Céu é uma crítica ácida contra o comportamento inconsequente do homem, que cada vez se encontra mais perdido perante a complexidade e a independência da mulher contemporânea. 


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Cine Dica: Sala P. F. Gastal apresenta projeto Tela Brilhadora

PROJETO COLETIVO IDEALIZADO POR JÚLIO BRESSANE EM EXIBIÇÃO NA SALA P. F. GASTAL
A partir de terça-feira, 27 de setembro, a Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) exibe o projeto Tela Brilhadora, idealizado pelo diretor Júlio Bressane, que reúne quatro filmes produzidos com baixo orçamento. A programação conta com as obras Garoto, de Bressane, O Prefeito, de Bruno Safadi, O Espelho, de Rodrigo Lima, e Origem do Mundo, de Moa Batsow. O valor do ingresso é R$ 8,00.

FILMES

Garoto
(Brasil, 2015, 75 minutos)

Inspirado no conto O Assassino Desinteressado Bill Harrigan, do escritor argentino Jorge Luis Borges, o filme acompanha um jovem casal que se encontra em um lugar encantado, onde experimentam uma aventura amorosa e espiritual. Tudo muda quando o rapaz, inesperadamente, comete um crime que conduz os dois à separação. No entanto, uma série de eventos inquietantes os reunirá mais uma vez.

Direção: Julio Bressane
Roteiro: Julio Bressane, Rosa Dias
Fotografia: Pepe Schettino
Montagem: Rodrigo Lima
Elenco: Marjorie Estiano, Gabriel Leone e Josie Antello
Produtor: Bruno Safadi

O Prefeito
(Brasil, 2015, 70 minutos)

O prefeito da cidade do Rio de Janeiro quer entrar para a história. Para tanto, decide separar o Rio do Brasil e fundar um novo país.

Diretor: Bruno Safadi
Roteiro: Bruno Safadi
Fotografia: Lucas Barbi, Edson Secco
Montagem: Ricardo Pretti
Elenco: Nizo Neto, Djin Sganzerla, Gustavo Novaes
Produtor: Bruno Safadi, Cabi Borges, Fernanda Romero

Origem do Mundo
(Brasil, 2015, 64 minutos)

Este documentário fantástico procura resgatar os registros pré-históricos brasileiros por meio da cultura popular, do folclore e das lendas ligadas ao assunto. Um olhar sobre a origem da nossa história conduzida por personagens reais, anciões do interior do Brasil, que mantêm os mitos passados por séculos nos pequenos grupos sociais. Com textos de Bernardo Silva Ramos, um dos pioneiros na descoberta e interpretação da arte rupestre.

Diretor: Moa Batsow
Roteiro: Moa Batsow, Jade Mariani
Fotografia: Moa Batsow, Jade Mariani
Montagem: Quito Ribeiro
Música: Guilherme Vaz
Produtor: Bruno Safadi

O Espelho
(Brasil, 2015, 65 minutos)

Um misterioso chamado atrai um homem até a porteira de um sitio abandonado. Uma mulher emerge do lodo, do fundo de um lago, um espelho d’água. Eles se encontram, se aproximam e um feitiço é lançado. Juntos, experimentam os maravilhosos encantos da alucinação, das lembranças, dos sonhos. Reflexos na água revelam segredos escondidos na natureza da alma. O Espelho é uma recriação do conto homônimo do escritor brasileiro Machado de Assis.

Direção: Rodrigo Lima
Roteiro: Rodrigo Lima
Fotografia: Pablo Hoffmann
Montagem: Rodrigo Lima
Música: Guilherme Vaz
Elenco: Ana Abbott, Augusto Madeira
Produtor: Fernanda Romero, Jura Capela

GRADE DE HORÁRIOS
27 de setembro a 2 de outubro de 2016

27 de setembro
17h30 – Origem do Mundo
19h – Garoto

28 de setembro
17h30 – O Espelho
19h – O Prefeito

29 de setembro
17h30 – Garoto
19h – Origem do Mundo

30 de setembro
17h30 – O Prefeito
19h – O Espelho
20h15 – Projeto Raros (Curtas-metragens de Curtis Harrington)

1 de outubro
10h30 – Cineclube Academia das Musas
17h30 – Origem do Mundo
19h – Garoto

2 de outubro
17h30 – O Espelho
19h – O Prefeito
  
Sala P. F. Gastal
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia
Av. Pres. João Goulart, 551 - 3º andar - Usina do Gasômetro
Fone 3289 8133

www.salapfgastal.blogspot.com

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: OS SENHORES DA GUERRA



Sinopse: A história é  dos irmãos Júlio e Carlos Bozano, que estiveram em lados opostos na Revolução de 1923, no Rio Grande do Sul, quando houve um conflito entre maragatos (federalistas) e chimangos (republicanos). Julio Bozano, advogado nomeado intendente aos 26 anos e que comanda o Exército contra o seu irmão, Carlos Bozano, vivido por André Arteche.

Embora aparente ser uma produção mais simples, o épico gaúcho dirigido por Tabajara Ruas se mostra muito mais  eficiente em alguns momentos do que uma produção mais cara que foi Tempo e o Vento como exemplo. Sua câmera tremida, montagem rápida e uma fotografia que sintetiza bem o período, fazem com que a obra possua uma aura de superprodução independente do seu valor.
Infelizmente a produção possui o mesmo mal da produção dirigida Jayme Monjardim, que é não saber dar conta de inúmeras subtramas, em meio a fatos históricos que merecem certa relevância. Por vezes, a produção se esquece do principal foco da trama: o conflito dos dois irmãos (Rafael Cardoso e André Arteche), que embora unidos em sangue, suas visões diferentes com relação à guerra civil gaúcha os fazem ficarem em lados opostos. Se o roteiro se concentrasse mais nesse conflito, o filme seria muito mais rico.
Em compensação, personagens secundários roubam a cena em inúmeros momentos. É como no caso  de  Andrea Buzato (Castigo Final), que embora a sua personagem esteja em poucos momentos em cena, da um verdadeiro show de interpretação. Isso faz com que o seu colega de cena  André Arteche meio que se perca nas cenas em que contra cena com ela  e faz com que o desempenho de Rafael Cardoso quando surge se torne mais interessante no decorrer do filme. 
Produção que foge um pouco do lado pretensioso, mas que poderia ter tido um voo mais alto.  



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Cine Dica: Beleza Americana em debate

CINELIPSAM DEBATE BELEZA AMERICANA NA SALA P. F. GASTAL
Neste sábado, 24 de setembro, às 10h30, o CineLIPSAM, projeto da Liga de Psiquiatria e Saúde Mental da UFCSPA, exibe o filme Beleza Americana (American Beauty, 1999, 120 minutos), de Sam Mendes. Após a sessão, acontece um debate com Maria Cristina Gobbo, pesquisadora especialista em terapia sexual. Com entrada franca, a sessão tem apoio da distribuidora MPLC.

Beleza Americana

Lester Burham (Kevin Spacey) não aguenta mais o emprego e se sente impotente perante sua vida. Casado com Carolyn (Annette Bening) e pai da "aborrecente" Jane (Tora Birch), o melhor momento de seu dia quando se masturba no chuveiro. Até que conhece Angela Hayes (Mena Suvari), amiga de Jane. Encantado com sua beleza e disposto a dar a volta por cima, Lester pede demissão e começa a reconstruir sua vida, com a ajuda de seu vizinho Ricky (Wes Bentley).

CineLIPSAM
O CineLIPSAM é um projeto aberto à comunidade realizado pela Liga de Psiquiatria e Saúde Mental da UFCSPA, tendo como objetivo a discussão e o ensino de questões referentes à saúde mental por meio de produções cinematográficas. Essa metodologia de ensino consiste na escolha de temas que satisfazem a área psíquica e na exibição de filmes em que é possível a identificação de aspectos de saúde metal e suas relações com outras áreas do conhecimento. Após a exibição, é realizada uma pequena pausa seguida de uma discussão multidisciplinar facilitada por especialistas no tema proposto ou membros da LIPSAM convidados. Na discussão, todos os presentes são convidados a participar e expressar suas ideias. Dessa forma há um incentivo à cultura, uma vez que os filmes selecionados englobam diversos aspectos artísticos e sociais, levando em conta suas origens e propostas, e à desestigmatização de aspectos relacionados à saúde metal, abordando o indivíduo como um todo e destacando aspectos sociais e psicológicos, além dos orgânicos. Tais temas são discutidos com intuito de realizar também uma psicoeducação com o público presente, orientando na identificação de transtornos psiquiátricos e fases normais do desenvolvimento humano. Portanto, o projeto consiste em uma metodologia de ensino, que combina lazer e aprendizagem, proporcionando, assim, melhor compreensão dos temas abordados e impacto na formação dos participantes.

Maria Cristina Gobbo possui graduação em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1980). Especializou-se em terapia sexual de Casal e família. Trabalha em clínica privada desde 1981, com psicoterapia individual, sexual, casal e família. Ministra cursos, palestras e workshops em escolas, clínicas e universidades, sobre o tema da sexualidade humana. É professora e supervisora do Instituto da Família de Porto Alegre - RS
  
Sala P. F. Gastal
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia
Av. Pres. João Goulart, 551 - 3º andar - Usina do Gasômetro
Fone 3289 8133

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: O HOMEM NAS TREVAS



Sinopse: Um trio de bandidos malandros encontra uma oportunidade perfeita de fazer um assalto e sair ilesos. Após descobrirem que uma mansão é habitada por um homem muito rico e cego, eles elaboram um plano para tentar invadir o local, já que pensam que vão fazer o roubo perfeito. Talvez eles estejam errados.
Se o cinema de aventura e fantasia se sustenta cada vez mais com superproduções baseadas em HQ do momento, o cinema de horror e suspense atual ganha frutos graças a obras baratas, porém, recompensadoras. Esse ano não foi diferente, mas ao mesmo tempo, filmes como Invocação do Mal 2 e Quando as Luzes se Apagam, pecaram ao nos apresentar tramas que acabam caindo um tanto que na previsibilidade. Não é o caso de O Homem nas Trevas que, embora tenha alguns clichês, ganha a nossa atenção por criar momentos imprevisíveis e angustiantes.
A trama é simples, porém, nos atrai. Um trio de jovens assaltantes decide invadir e roubar casas de uma Detroit cada vez mais abandonada após a crise mundial. Após inúmeros roubos, decidem roubar uma grande quantia de dinheiro de um ex-soldado cego, para assim finalmente mudarem as suas vidas. O que eles não sabem é que não deveriam ter subestimado justamente o habitante cego da casa.
Assim como na ótima refilmagem A Morte do Demônio, o filme é produzido pelo cineasta Sam Raimi, mas é dirigido pelo seu discípulo, o uruguaio Fede Alvarez, que havia impressionado Raimi com o seu curta Ataque de Pânico e fez com que ganhasse um convite para trabalhar em território americano. Embora tenha apenas dirigido até agora dois longas metragens, Álvares nos impressiona, pois o que vemos na tela é uma verdadeira aula de como se faz um bom suspense, usando uma fotografia sombria e fazendo da câmera uma ferramenta narrativa mais do que essencial.
Uma vez que o trio de assaltantes entra na casa, a câmera de Alvarez perambula o local em planos sequências mirabulantes, nos mostrando até mesmo peças chaves e fazendo com que o cinéfilo  já se prepare pelo pior que irá acontecer na tela. Uma vez que o dono da casa tem conhecimento de que seu lar está sendo invadido, começa então uma verdadeira caçada de gato ao rato, onde tudo pode acontecer na escuridão. Nesse jogo de suspense e tensão, cabe o cinéfilo decidir de que lado ele fica, pois não há heróis ou vilões na trama, mas sim pessoas comuns, cuja suas falhas humanas os levam para um caminho sem volta.
Se no princípio poderíamos até tachar mal o trio central, o roteiro gradualmente nos mostra que, no fundo, alguns deles procuram a sua redenção pessoal. Rocky (Jane Levy) procura uma forma de fugir de uma vida desregrada e tentar dar uma vida melhor para a sua irmã menor. Vista em A Morte do Demônio, Jane Leyy demonstra versatilidade e fibra, ao encarar um filme do qual exige muito esforço físico, mas que ao mesmo tempo saiba transmitir momentos de puro desespero.
Contudo, a alma do filme se encontra na presença sinistra do homem cego, interpretado com intensidade pelo ator Stephen Lang (Avatar), Mesmo usando lentes brancas que o fazem não enxergar nada em cena, Lang nos convence do começo ao fim que é um ex-veterano de guerra e passando para nós em cena um auto grau de verossimilhança. Embora o seu personagem possua motivações e segredos da casa que se revelam um verdadeiro clichê dentro do gênero, tudo é compensado quando as ações do personagem se elevam num grau cada vez mais sinistro, mesmo quando o roteiro nos faça entender o motivo dele ter chegado a tal ponto.
Com uma cena inicial que já nos prende e se enlaça nos momentos derradeiros da trama, O Homem nas Trevas é um frescor dentro do gênero de horror deste ano, principalmente para aqueles que buscavam mais desafio e menos fórmulas desgastadas. 




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