Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Nesta sexta-feira, 09 de outubro, às 20h, o
Projeto Raros exibe na Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3o andar) o giallo psicodélico
Todas as Cores da Escuridão (Tutti Colori del Buio, 1972, 94 minutos), de
Sergio Martino. Depois da exibição, acontece um debate com
Fernando Brito, pesquisador e curador da
Versátil Home Video. Neste ano, a distribuidora presenteou os fãs
brasileiros dos thrillers italianos com o lançamento de uma elaborada
caixa contendo quatro clássicos do gênero, incluindo, além do seminal
Seis Mulheres
para o Assassino, de Mario Bava, outra obra cultuada de Sergio Martino,
O Estranho Vício da Sra. Wardh. O filme será exibido em cópia digital
com legendas em português.
Jane
(Edwige Fenech), uma mulher atormentada por fantasmas do passado e por
uma gravidez interrompida drasticamente, envolve-se com uma macabra
seita
de adoradores do demônio. O filme foi lançado nos cinemas brasileiros
em 1975 com o título Os Sonhos Eróticos de uma Mulher Insaciável.
Sergio
Martino pode não ser conhecido como um dos grandes mestres do cinema
fantástico italiano, mas certamente Todas as Cores da Escuridão figura
entre
os melhores filmes do horror feitos no país. Apesar de ser um giallo
atípico, sem a presença de um assassino misterioso e cheio de
referências à magia negra e ao ocultismo, traz o que o subgênero tem de
melhor: mise en scène precisa, fotografia psicodélica,
atmosfera onírica, musas estonteantes e uma trilha sonora cheia de
estilo, cortesia do mestre Bruno Nicolai. O filme é um herdeiro assumido
de O Bebê de Rosemary, clássico de Roman Polanski.
PROJETO RAROS
09/10 - 20h
TODAS AS CORES DA ESCURIDÃO
(Tutti Colori del Buio - Itália, 1972, 94 minutos)
Direção: Sergio Martino
Elenco: George Hilton, Edwige Fenech, Ivan Rassimov
Sala P. F. Gastal
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia
Av. Pres. João Goulart, 551 - 3º andar - Usina do Gasômetro
Sinopse: O astronauta Mark Watney (Matt Damon) é enviado a uma missão em
Marte. Após uma severa tempestade ele é dado como morto, abandonado pelos
colegas e acorda sozinho no misterioso planeta com escassos suprimentos, sem
saber como reencontrar os companheiros ou retornar à Terra.
Em 1978, o diretor Richard Donner
(A Profecia) decidiu aceitar a oferta de dirigir Superman: O Filme, mas com o intuito de
injetar nesse projeto um alto-grau de verossimilhança, ou seja: fazer com que a
gente acreditasse que um homem podia realmente voar. De uns anos para cá, é
curioso observarmos que, alguns filmes de ficção científica, se preocupam em
nos apresentar tramas das quais nos passa de que aquilo pode realmente ser crível.
Se os criadores de filmes recentes, como Gravidadee Interstellar investem
pesado em ficção com um pé na realidade, Perdido em Marte chega ao mais novo patamar
dessa obsessão pela verossimilhança dentro dos filmes de ficção.
Baseado na obra Andy
Weir, o mais novo filme de Ridley Scott (Blade Runner) conta a história de um
grupo de astronautas da NASA que pisaram pela primeira vez em Marte. Durante a
expedição, uma tempestade de areia os atinge e os obriga a deixar o planeta.
Porém, um deles chamado Mark Watney (Matt Damon) ficou para trás e foi dado
como morto. Quando Watney finalmente dá sinais para a terra que sobreviveu, começa
a missão da NASA em saber de qual maneira melhor para resgatá-lo.
A partir do momento em que o
protagonista começa a ter que se virar para tentar sobreviver enquanto a
cavalaria não chega o roteiro a todo o momento se preocupa em nos mostrar como
cada passo do personagem em viver um dia de cada vez naquele planeta pode “sim”
ser possível. Porém, o que poderia gerar um dramalhão, o personagem não perde
tempo com lágrimas, mas sim usa o que tem de disponível, mais com que aprendeu
ao longo da vida, para obter as coisas mais básicas para viver, desde plantar
batata para comer e criar água num lugar que não existe nenhum dos dois.
Com isso, há um belo cruzamento
de fórmulas de sucesso já vista em outros filmes sobre sobrevivência, como Apollo
13 e Naufrago (ambos com Tom Hanks) e vistos aqui se transforma numa trama
fresca e muito bem digerida, mesmo para aqueles que torcem o nariz para filmes
do gênero ficção. O feito para isso foi o fato dos criadores terem pedido
consulta a todo o momento pela própria NASA, com o intuito de mostrar o que era
possível ou não na tela. O divertido disso é o cruzamento de realidade com a
ficção, como quando Watney resgata o pequeno robô Sojourner (desativado em solo
marciano em 1997) com intuito de usá-lo para se comunicar com a NASA.
Mas se os pontos altos da trama
é vermos o protagonista tentar sobreviver em marte, em solo terráqueo a coisa
não é muito diferente e nos brinda com grandes momentos protagonizados pelos
atores Jeff Daniels e Sean Bean que, interpretam os personagens que lideram a
equipe em terra, e que precisam solucionar a maneira ideal para trazer o astronauta
de volta. Se há uma dose de verossimilhança em vermos o personagem de Damon em
sobreviver em solo marciano, às tentativas dos técnicos da NASA em achar uma
solução de melhor resgate soam tão reais que, elas não devem nada a reconstituição
perfeita que foi vista no filme Apollo 13, sendo que esse último foi baseado
realmente em fatos verídicos.
Porém nem tudo são flores,
pois a união da NASA com o governo Chinês na missão de resgate vista no filme
soa como forçada demais, pois esses últimos estão unicamente trama, para o
filme ser vendido e bem aceito no mercado cinematográfico de lá. Atualmente,
uma boa fatia em que um filme arrecada em bilheterias se consegue nos cinemas
da China e atualmente Hollywood faz de tudo para conseguir uma boa aceitação
por lá, chegando até mesmo em modificar determinados roteiros de alguns filmes.
Outro ponto negativo é o fato da equipe comandada pela personagem Melissa Lewis
(Jessica Chastain, de Interstellar) que, tem a missão de retornar e resgatar o
seu companheiro em solo marciano possui poucos momentos em cena o que é uma
pena, já que os personagens são bem carismáticos e roubam a cenas nos poucos
momentos que aparecem. Felizmente todos esses problemas se dissipam,
no momento em que chegamos ao ato final e vemos a tão complicada missão de
resgate sendo executada. É nesse momento que Ridley Scott poderia ser seduzido em
elaborar inúmeras cenas de ação desnecessárias, mas ao invés disso, tudo ocorre
de uma forma bem convincente e casando com a proposta inicial do filme que eu havia
dito acima. Aliás, é preciso reconhecer que aqui, o 3D é muito bem executado,
nos fazendo sentir que estamos testemunhando realmente marte a nossa frente e fazendo
com que a gente não se arrependa em ter pagado um ingresso mais caro.
Com atuações convincentes e
humanas, Perdido em Marte veio para fortalecer cada vez mais essa obsessão (no bom sentido) de Hollywood
em nos querer vender uma trama que cruza sempre o nosso mundo real com uma
ficção crível. Resta agora saber quando a ficção e realidade vistas no cinema
se tornaram uma só, ao ponto do cinéfilo não saber mais como separar esses dois
lados da mesma moeda.
Nos dias 10 e 11 de
Outubro,eu estarei no Cine
Capitólio,participando do curso Mario
Bava: Maestro do Macabro, criado pelo Cine Um e ministrado pelo doutor em
Literatura Inglesa pela Universidade de São Paulo, com especialização em
romance gótico, Fernando Brito. Enquanto atividade não chega, irei falar dos
principais filmes desse diretor que foi fonte de influência para inúmeros
outros diretores como Francis Ford Coppola e Tim Burton.
Seis Mulheres para um
assassino (1964)
Sinopse: Isabella, uma jovem
modelo, é assassinada por uma misteriosa figura mascarada numa Casa de Moda,
pertencente a Condessa Cristiana. Quando o namorado de Isabela se torna
suspeito do assassinato, o diário da vítima, contendo informações que
relacionem a jovem ao assassino, desaparece. O mascarado passa então a matar
todas as modelos da casa para encontrar o diário.
Esse é considerado o
primeiro filme Giallo da história, subgênero do Terror que teve seu auge nas
décadas de 1970 e 1980. Além de inaugurar um gênero, o filme influenciou uma
gama de cineastas, que vai de Dario Argento a Pedro Almodovar, passando por
Martin Scorsese e Tarantino, só para citar alguns poucos. Na verdade, o filme
criou as bases do cinema de terror que seria explorado nas décadas seguintes
por Hollywood; o assassino em série, o sadismo, a perseguição de jovens, os
assassinatos bizarros e muitos dos posteriores clichês do cinema de terror
foram inaugurados por Bava neste filme e disseminados em Hollywood através dos
chamados Slashers.
Em termos técnicos, vale
destacar o trabalho de Bava com as cores: Uma mistura inebriante de cores
fortes que produz uma atmosfera perfeita aos propósitos do filme, tornando-o
atraente também por sua estética.
O Chicote e o Corpo (1963)
Sinopse: No século XIX, um
nobre sádico aterroriza os membros de sua família. Ele é encontrado morto, mas
seu fantasma retorna para assombrar os residentes de seu castelo.
Como no segmento de
As Três Máscaras do Terror ou posteriormente no clássico Mata, Bebê, Mata!,Bava mais uma vez faz juz ao apelido de maestro, e dá início a uma experiência
realmente assustadora, uma pintura macabra e terrível em movimento, com closes
do rosto diabólico de Kurt (christopher Lee soberbo) surgindo da penumbra, filmado com
uma saturação de cores vermelhas e azuis jogadas sobre ele, ou apenas a sua mão
destacando-se em primeiro plano vinda da escuridão, junto de todo o
misé-en-scene habitual do gênero, com seus gemidos fantasmagóricos, trilha
sonora pesada e fúnebre, passos no corredor, marcas de pegadas misteriosas,
cortinas esvoaçantes sob o uivo do vento, sussurros na escuridão e o
interessantíssimo uso dos efeitos sonoros do chicote apavorando a atormentada e
libidinosa Nevenka, que vai sendo aos poucos, conduzidas às raias da loucura.