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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Cine Dica: Em Cartaz: A grande beleza


Sinopse: Em Roma durante o verão o escritor Jap Gambardella (Toni Servillo) reflete sobre sua vida. Ele tem 65 anos de idade e desde o grande sucesso do romance O Aparelho Humano escrito décadas atrás ele não concluiu nenhum outro livro. Desde então a vida de Jep se passa entre as festas da alta sociedade os luxos e privilégios de sua fama. Quando se lembra de um amor inocente da sua juventude Jep cria forças para mudar sua vida e talvez voltar a escrever.
  
Dono de uma visão incomum na forma de filmar, Paolo Sorrentino havia surpreendido a critica internacional ao arrancar um ótimo desempenho de Sean Penn no filme Aqui é o Meu Lugar e agora chega aos cinemas brasileiros com o seu surpreende A Grande Beleza, cujo protagonista vive em conflitos internos e com relação ao mundo que vive. Aqui existe uma critica feroz (atenção na cena da conversa entre amigos), com relação à alta sociedade da Itália, mais precisamente de Roma, que por mais que vivam no luxo e festas, não escondem o fato de não saberem qual é o seu lugar naquele mundo cheio de luzes e cores. Tudo isso, através de um olhar amadurecido do protagonista, que se vê cansado de tudo, mas buscando algum sentido entre amigos e nas ruas da capital italiana.
Jep Gambardella, interpretado pelo ótimo ator Toni Servillo (visto recentemente A Bela que Dorme) fica perambulando e se fascinando pela sua cidade. Vale destacar, que isso é muito bem representado nos maravilhosos primeiros dez minutos de projeção, onde o diretor avança de um lado para o outro com a câmera, capturando o mais de essencial da cidade e fazendo um resgate da Roma de ontem e hoje. Em meio a isso, testemunhamos o protagonista dançando em meio a inúmeras pessoas (aparentemente) felizes e desfrutando do melhor que as suas vidas podem lhe oferecer consigo próprias.
Em meio a um circulo de pessoas da alta, vemos diálogos maravilhosos, que ao mesmo tempo são tapa na cara para alguns personagens, que se desconstroem com palavras duras, mas verdadeiras. Jep é um que não possui papas na língua, sendo que ele não suporta o fato de ver seus conterrâneos com a faca e o queijo nas mãos, mas ficam dizendo que sempre se sacrificaram na vida, quando na realidade nunca sentiram na pele o verdadeiro significado da palavra. Essa alienação é ainda bem mais sentida no momento que essa classe da alta mergulha num universo cheio de festas, bebida, drogas e sexo, sendo que eles experimentam esses ingredientes noite após noite, talvez por acreditarem que faça eles realmente se sentirem-se vivos.     
Jep, por mais que queira, não se sente acomodado nesse universo que vive, que por vezes se refugia ao passado, se lembrando tanto do seu primeiro amor, como também indo á lugares que o faça se lembrar da grande beleza que foi aquela visão de quando jovem. Ao mesmo tempo ele começa a experimentar algum sentido disso tudo, no momento que começa a dialogar e a observar personagens super interessantes, desde as confissões de um padre quase papa, como também as girafas que somem, que são sequências de grande conteúdo e beleza. Tudo isso moldado por momentos que lembram o melhor da filmografia de Federico Fellini (principalmente A Doce Vida), mas Sorrentino sempre deixou claro que jamais buscou inspiração através da obra desse grande diretor.      
Embora seja um tanto que longo em alguns momentos, A Grande Beleza nos encanta pelo seu incrível visual fantástico e por nos apresentar uma fábula adulta contemporânea que nos remete ao passado glamoroso do cinema Italiano, mas que sobrevive ainda aos dias de hoje com estilo.    


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Cine Dica: Estreias do final de semana (17/01/14)

A grande beleza 

Sinopse: Em Roma durante o verão o escritor Jap Gambardella (Toni Servillo) reflete sobre sua vida. Ele tem 65 anos de idade e desde o grande sucesso do romance O Aparelho Humano escrito décadas atrás ele não concluiu nenhum outro livro. Desde então a vida de Jep se passa entre as festas da alta sociedade os luxos e privilégios de sua fama. Quando se lembra de um amor inocente da sua juventude Jep cria forças para mudar sua vida e talvez voltar a escrever.

Caminhando com Dinossauros 

Sinopse: Pela primeira vez na história do cinema os espectadores vão realmente sentir e viver a era em que os dinossauros comandavam a Terra. Caminhando com Dinossauros é a experiência mais imersiva em 3D capaz de transportar o público para o meio de uma aventura épica no mundo pré -histórico em que um simples dinossauro luta para se tornar um herói para a posteridade. Baseado no megassucesso da TV o longa é uma experiência inesquecível para toda a família.
  

Muita calma nessa hora 2 

Sinopse: Três anos depois da viagem para Búzios as amigas Mari Tita Aninha e Estrella se reencontram no Rio de Janeiro. Mari está coordenando a produção de um grande Festival de Música e convida as amigas para o evento. Estrella volta da Argentina depois da morte da avó mas sua única herança é uma samambaia. Aninha pede ajuda a uma vidente mas presságios inusitados a deixam ainda mais indecisa. Tita depois de passar três anos na Europa está decidida a arrumar um emprego como fotógrafa. Juntas vão perceber que estão prontas para novos desafios.


O Lobo de Wall Street  

Sinopse: O filme é adaptação do livro de memórias de Jordan Belfort que no Brasil ganhou o nome de O Lobo de Wall Street. Belfort foi um corretor de títulos da bolsa norte-americana que entrou em decadência nos anos 90. Sua história envolve o uso de drogas e crimes do colarinho branco.

Tarzan - A Evolução da Lenda - 3D 

Sinopse: Diferente de todas as outras versões esta clássica lenda é reinventada nos tempos atuais. Durante uma viagem a uma isolada área da selva africana apenas Tarzan filho único da família Greystoke sobrevive a um acidente aéreo. Em completo isolamento Tarzan cresce aprendendo as leis da selva junto com um grupo de gorilas. Quando ele finalmente estabelece contato com outros humanos e apaixona-se pela bela Jane descobre que o local onde vive está sendo ameaçado por um grande empreendimento de exploração mineral. Agora Tarzan terá que usar seus conhecimentos para salvar esse paraíso intocado.

  
O Menino e o Mundo 


Sinopse: Sofrendo com a falta do pai um menino deixa sua aldeia e descobre um mundo fantástico dominado por máquinas-bichos e estranhos seres. Uma inusitada animação realizada com diversas técnicas artísticas que retrata as questões do mundo moderno através do olhar de uma criança.


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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Cine Especial(HQ): PLANETARY VOL. 2 – O QUARTO HOMEM

Sinopse: Isto é Planetary: três pessoas que andam pelo mundo em busca de estranhezas e maravilhas, descobrindo coisas que outros gostariam que continuassem cobertas. Eles são arqueólogos do mistério, exploradores da história secreta do planeta, cartógrafos das fronteiras invisíveis de um mundo fantástico! 

Foi a partir do saudoso mix Pixel Magazine, que fui conhecer essa obra máxima de Warren Ellis, só que com a série já bem adiantada. Antes disso, através de outra editora, já havia sido lançado dois encadernados, contendo os primeiros capítulos dos arqueólogos do mistério. Totalizando 27 edições nos EUA, infelizmente aqui no Brasil, o ultimo capitulo acabou não sendo publico por aqui, pois além do próprio Warren Ellis atrasar a publicação da ultima aventura, Pixel Magazine acabou perdendo o rumo e deixou de publicar o ato final.
Felizmente (embora com os seus habituais atrasos), a editora Panini tem feito um ótimo trabalho com o selo adulto da Vertigo e embora Planetary não pertença à casa de Constantine e sim ao selo WildStorm, a sensação de leitura de qualidade é praticamente a mesma. Planetary é mais do que uma série de aventura e ficção adulta, como também uma bela homenagem á tudo que há de bom no universo pop, desde literatura, HQ, cinema, série de TV e dentre outros. Quem possui certo conhecimento e um olhar mais atento, irá captar as principais referencias ao longo das tramas, principalmente agora nesse segundo volume, que vai desde á homenagens a Constantine, como também 20.000 léguas submarinas, os filmes B dos anos 50, Superman, Lanterna Verde e Mulher Maravilha.        
Ao mesmo tempo Planetary é cheio de mistérios, principalmente com relação às intenções e passados de certos personagens, como Elijah Snow de exemplo: recrutado por Jakita Wagner para se tornar o terceiro membro do grupo, Snow até então era mais um observador e tentando compreender mais esse universo novo que lhe foi apresentando, mesmo já sendo um veterano de mais de cem anos de vida na terra. Aqui, ele não só recobra certas lembranças que havia esquecido, como também é revelada a sua verdadeira identidade.
Esse é outro charme da série de Ellis, pois quando se acha que já sabe de tudo, é ai então revelado algo surpreendente para deixar tudo então do avesso. A Panini acertou em cheio ao republicar os primeiros volumes que totalizam os primeiros capítulos da série em encadernados econômicos e que podem ser comprados facilmente nas bancas. Num total de quatro volumes, que contem os 27 capítulos, a editora tem tudo na mão para não errar, principalmente por não ser uma série muito comprida, porém, com tramas de enorme qualidade.   


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Cine Curiosidade: INDICADOS AO OSCAR 2014



Foi novidade hoje de manhã, os responsáveis pelo Oscar transmitirem o anuncio dos indicados deste ano ao vivo pelo Youtube e com isso acho que a repercussão foi bem maior. Gravidade e Trapaça são os filmes com o maior numero de indicações, com 10 cada um. Talvez a maior surpresa tenha sido á ausência de Tom Hanks na categoria de melhor ator pelo seu desempenho no filme Capitão Philips, sendo que todo mundo esperava ele entre os cinco indicados. Suspeito, que talvez ele tenha perdido a vaga para Leonardo DiCaprio, cujo o seu desempenho pelo O Lobo de Wall Street cresceu positivamente com relação a opinião da critica e sua vitoria no ultimo Globo de Ouro é uma prova disso.
Confiram a lista abaixo completa:     


MELHOR FILME

Trapaça
12 Anos de Escravidão
Gravidade
O Lobo de Wall Street
Clube de Compras Dallas
Ela
Capitão Phillips
Nebraska
Philomena

MELHOR DIRETOR

Steve McQueen (12 Anos de Escravidão)
David O. Russell (Trapaça)
Martin Scorsese (O Lobo de Wall Street)
Alfonso Cuarón (Gravidade)
Alexander Payne (Nebraska)

MELHOR ATOR

Chiwetel Ejiofor (12 Anos de Escravidão)
Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas)
Bruce Dern (Nebraska)
Christian Bale (Trapaça)
Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street)

MELHOR ATRIZ

Amy Adams (Trapaça)
Sandra Bullock (Gravidade)
Cate Blanchett (Blue Jasmine)
Judi Dench (Philomena)
Meryl Streep (Álbum de Família)

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Michael Fassbender (12 Anos de Escravidão)
Bradley Cooper (Trapaça)
Barkhad Abdi (Capitão Phillips)
Jared Leto (Clube de Compras Dallas)
Jonah Hill (O Lobo de Wall Street)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Lupita Nyong'o (12 Anos de Escravidão)
Jennifer Lawrence (Trapaça)
Julia Roberts (Álbum de Família)
June Squibb (Nebraska)
Sally Hawkins (Blue Jasmine)

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

Os Croods
Ernest e Célestine
Frozen - Uma Aventura Congelante
Vidas ao Vento
Meu Malvado Favorito 2

MELHOR FILME ESTRANGEIRO

Alabama Monroe (Bélgica)
A Grande Beleza (Itália)
A Caça (Dinamarca)
Omar (Palestina)
A Imagem que Falta (Camboja)

MELHOR DOCUMENTÁRIO

A um Passo do Estrelato
O Ato de Matar
A Praça Tahrir
Cutie and the Boxer
Guerras Sujas

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Woody Allen (Blue Jasmine)
Spike Jonze (Ela)
Bob Nelson (Nebraska)
Eric Singer e David O. Russell (Trapaça)
Craig Borten e Melisa Wallack (Clube de Compras Dallas)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

John Ridley (12 Anos de Escravidão)
Julie Delpy, Ethan Hawke e Richard Linklater (Antes da Meia-noite)
Billy Ray (Capitão Phillips)
Terence Winter (O Lobo de Wall Street)
Steve Coogan e Jeff Pope (Philomena)

MELHOR FOTOGRAFIA

Philippe Le Sourd (O Grande Mestre)
Emmanuel Lubezki (Gravidade)
Bruno Delbonnel (Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum)
Phedon Papamichael (Nebraska)
Roger Deakins (Os Suspeitos)

MELHOR TRILHA SONORA

Alexandre Desplat (Philomena)
William Butler e Owen Pallett(Ela)
John Williams (A Menina que Roubava Livros)
Steven Price (Gravidade)
Thomas Newman (Walt nos Bastidores de Mary Poppins)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

"Let It Go" (Frozen - Uma Aventura Congelante)
"The Moon Song" (Ela)
"Ordinary Love" (Mandela)
"Alone Yet Not Alone" (Alone Yet Not Alone)
"Happy" (Meu Malvado Favorito 2)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

12 Anos de Escravidão
Gravidade
O Grande Gatsby
Trapaça
Ela

MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO

O Cavaleiro Solitário
Vovô Sem Vergonha
Clube de Compras Dallas

MELHOR FIGURINO

12 Anos de Escravidão
Trapaça
O Grande Gatsby
The Invisible Woman
O Grande Mestre

MELHOR EDIÇÃO

Jay Cassidy e Crispin Struthers (Trapaça)
Christopher Rouse (Capitão Phillips)
Alfonso Cuarón e Mark Sanger (Gravidade)
Joe Walker (12 Anos de Escravidão)
Clube de Compras Dallas

MELHORES EFEITOS ESPECIAIS

Gravidade
O Hobbit: A Desolação de Smaug
Homem de Ferro 3
O Cavaleiro Solitário
Além da Escuridão - Star Trek

MELHOR EDIÇÃO DE SOM

Até o Fim
Capitão Phillips
Gravidade
O Grande Herói
O Hobbit: A Desolação de Smaug

MELHOR MIXAGEM DE SOM

O Hobbit: A Desolação de Smaug
Capitão Phillips
Gravidade
Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum
O Grande Herói

MELHOR CURTA-METRAGEM

Aquel No Era Yo
Helium
Pitääkö Mun Kaikki Hoitaa?
The Voorman Problem
Avant Que De Tout Perdre (Just Before Losing Everything) *

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO

Get a Horse!
Feral
Mr. Hublot
Possessions
Room on the Broom

MELHOR CURTA-METRAGEM DE DOCUMENTÁRIO

Facing Fear
Karama Has No Walls
The Lady in Number 6: Music Saved My Life
Prison Terminal: The Last Days of Private Jack Hall

CaveDigger


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Cine Dica: Acompanhe aqui ao vivo o anuncio dos indicados ao Oscar 2014


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Cine Especial: Retrospectiva 2013: Parte 3

OS 10 MELHORES FILMES BRASILEIROS DE 2013  


Alguns me criticam por eu não fazer uma única lista dos melhores filmes do ano, em que um ou outro filme brasileiro se destaca entre os filmes estrangeiros. A meu ver, o cinema brasileiro merece uma lista separada sobre os melhores do ano, pois vivemos atualmente num período em que o cinema brasileiro se destaca por nos apresentar inúmeras opções, que por vezes há muitos filmes lançados que nem sequer a maioria do publico assistiu. Enquanto é sempre divulgado as comédias da Globo filmes na mídia, filmes de pequeno porte e aqueles que tem vindo de Pernambuco, tem se destacado entre os cinéfilos graças as suas tramas criativas, mesmo sem uma divulgação maciça e ficando por várias semanas em cartaz em salas especializadas para o cinema brasileiro, como Cinebancários aqui de Porto Alegre como belo exemplo.        
2013 foi o ano que eu mais assisti filmes nacionais no cinema e, portanto é um tanto que difícil lançar uma lista, onde com certeza aquele que for ler, irá sentir falta de um ou outro filme. Mas enfim, curtem abaixo a lista dos dez melhores filmes brasileiros de 2013, com a minha opinião como critico.     


NOTA: Leiam as minhas matérias sobre cada filme clicando nos títulos.   

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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Cine Dica: Em Cartaz: O LOBO DE WALL STREET


Sinopse: O filme é adaptação do livro de memórias de Jordan Belfort que no Brasil ganhou o nome de O Lobo de Wall Street. Belfort foi um corretor de títulos da bolsa norte-americana que entrou em decadência nos anos 90. Sua história envolve o uso de drogas e crimes do colarinho branco.

Entre o início de 2003 a junho do mesmo ano, eu trabalhava como promotor de vendas em Porto Alegre, onde eu vendia consórcios e prometia para o cliente que ele conseguiria em pouco tempo um carro. Mas o que eu dizia para ele era um discurso copiado à exaustão, cujas mesmas frases eu dizia para todos os clientes, que infelizmente não liam a letra miúda do contrato quando assinavam  e devido a isso, nada de carro tão cedo na garagem. Quando as vacas começaram a ficar magras e senti a falcatrua no ar cada vez mais empestando aquele lugar, decidi então cair fora e tentar procurar outra coisa mais honesta para mim, antes que fosse tarde demais.
Tempos depois eu soube que alguns foram presos devido a esse esquema e atualmente, até aonde eu sei, essa empresa trabalha apenas em seguros. Somente eu e outro amigo da época é que temos uma ideia de como aquilo era uma loucura, que precisava ser louco para conseguir dinheiro a todo custo, mesmo que para isso pudesse custar a sua própria alma. Todas essas lembranças de um período de desespero para conseguir um emprego e dinheiro, vieram a minha mente ao assistir O Lobo de Wall Street, nova parceria do diretor Martins Scorsese e Leonardo DiCaprio.
Baseado nas memórias de Jordan Belfort acompanhamos o protagonista interpretado por DiCaprio, que é um corretor de títulos da bolsa norte-americana. Durante o dia ele ganhava milhões de dólares por minuto e nas noites gastava com sexo e drogas, além das viagens internacionais. Dinheiro, poder, mulheres e drogas nunca eram suficientes, porém, suas artimanhas e a vida corrupta levaram-no para a prisão. 
É aquela velha historia de que poder corrompe as pessoas, mas até lá, se a pessoa não sai já no principio, acaba subindo e subindo, ao ponto que o poder que investiu acaba se tornando sua maldição, mas ao mesmo tempo tendo o dom de criar ouro, para o bem ou para o mal. Nisso, Scorsese retrata de uma forma enlouquecedora, com uma montagem rápida, câmera sempre em movimento, música ao fundo, diálogos rápidos e afiados, que fazem do filme, mesmo com 3 horas de duração, o longa mais ágil do diretor desde Cassino que possuía o mesmo tempo de projeção. A intenção dele talvez nunca fosse endeusar esse universo mentiroso que foi de Belfort, mas mostrar o seu dia a dia e como precisava ser louco, ambicioso e ter uma energia fora do comum, para saber sobreviver e ganhar num mundo como esse.
Loucura e ambição são os ingredientes que moldaram a vida do personagem, sendo que essas virtudes suspeitas, para seguirem em frente sempre lado a lado, era preciso um escape para ele, sendo drogas e mulheres aos montes. Sexo e drogas é outra coisa que chove no filme do Scorsese, onde o protagonista e seus companheiros se esbaldam sem pestanejar em situações loucas e com uma grande dosagem de humor negro que não se via na carreira do diretor há um bom tempo.  
Claro que além do lado autoral do cineasta, o filme funciona também graças ao ótimo desempenho dos seus atores, principalmente de DiCaprio. De uma parceria com Scorsese que iniciou a partir Gangues de Nova York, DiCaprio cada vez mais se consolida como um dos melhores intérpretes da nossa geração e aqui ele simplesmente incorpora o seu personagem de uma forma tão assombrosa e explosiva, que fico me perguntando se ele não saiu afetado durante o percurso. Curiosamente, essa energia não se sente em seu personagem no principio do filme, mas sim no personagem Mark Hanna, que deu o empurrão para que Belfort seguisse nesse universo de negócios ilícitos e aqui é interpretado por Matthew McConaughey, que mesmo em poucos minutos em cena, nos brinda com uma cena que se tornou clássica instantaneamente.
Embora sejam baseados em fatos reais, alguns irão suspeitar que algumas situações absurdas (acredite, tem muitas!) na realidade não aconteceram, mas os que vivenciaram aquilo e segundo o próprio Belfort, realmente tudo aconteceu. Então, se presenciarmos um dos protagonistas sofrendo uma incrível dose de drogas, mas mesmo assim conseguindo pegar o carro e dirigindo com o corpo todo mole até chegar a sua casa, acredite, realmente aconteceu. Aliás, essa parte é disparada o momento mais ensandecido do filme e tudo causado pelo personagem Donnie Azoff, companheiro de Belfort e interpretado pelo comediante Jonah Hill, no que talvez seja o seu melhor desempenho na carreira.
É claro que os atos finais do filme mostram que o crime não compensa e isso é muito bem representado numa bela seqüência onde vemos o tira bom interpretado por Kyle Chandler indo de trem para casa e seguindo sua pacata vida honesta. Um contraste se compararmos ao destino de Belfort, que embora tenha pagado pelos seus erros, estamos falando da America, que se diz a terra das oportunidades, ou seja, para todos. Os minutos finais sintetizam bem isso, onde eu simplesmente não pude deixar de me enxergar no ano de 2003, em meio a dúzias de pessoas em busca dos seus sonhos, mas mal sabendo (ou sabendo muito bem), que sempre há um porém em se tratando de vendas ou a forma mais fácil de conseguir dinheiro na vida.
O Lobo de Wall Street passa o recado para nós, que na realidade somos ovelhas em meio a inúmeros lobos, mas em vez de sermos devorados, corremos o risco de perder a nossa lã que nos cobre e revelar o lobo que não queremos despertar em nós mesmos. 


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