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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Cine Especial: Retrospectiva 2017: O Top 10 dos Melhores Fimes Estrangeiros e Nacionais

Estrangeiros:

1º Blade Runner 2049

Blade Runner 2049 é um filme sobre nós, sobre a preservação do que nos faz realmente humanos e na busca pelos sonhos que podem ser realizados. Leia mais aqui. 

2º Mãe!

“Mãe!” talvez venha se tornar o melhor filme em que sintetiza a situação do mundo atual em que vivemos e que, infelizmente, anda se fazendo muito pouco para se mudar esse quadro.Leia mais aqui.      

3º Dunkirk 

Dunkirk é uma prova absoluta de que as velhas técnicas de filmagens ainda são eficazes para o nascimento de um belo espetáculo cinematográfico.  Leia mais aqui. 

4º Logan 

 LOGAN, um filme que entrará facilmente na lista dos melhores filmes de adaptação de HQ dos últimos anos, por ter a coragem de quebrar os alicerces firmes e previsíveis do gênero e nos presentear com algo corajoso e inesquecível. Leia mais aqui. 

5º  Mulher Maravilha

 Mulher Maravilha é o melhor filme da Warner/DC desde o Cavaleiro das Trevas, pois nos passa uma ar revigorante, moldado de coração e com uma boa dose de esperança para todos nós. Leia mais aqui. 

6º Corra!

CORRA! nos surpreende pela sua originalidade, mas ao mesmo tempo, sabendo usar velhas fórmulas de sucesso para se criar um belo filme de terror contemporâneo.   Leia mais aqui. 
  
7º Personal Shopper

Personal Shopper é aquele tipo de filme do qual não termina quando as luzes se ascendem, mas sim continua em nossas mentes. Leia mais aqui. 

8º  Na Praia na noite sozinha
 

Na Praia à Noite Sozinha é um filme que se divide entre sonhos e pensamentos e dos quais personifica o lado mais intimo de um cineasta super criativo. Leia mais aqui. 

9º Manifesto

Manifesto definitivamente não é um filme do qual será compreendido por todos, mas é graças a sua originalidade, além da contribuição e o esforço surpreendente vindo de Cate Blanchett, é o que torna o filme uma experiência incomum e que foge por completo do convencional. Leia mais aqui. 

10º  Bom comportamento 

Bom Comportamento é um belo exemplo cinematográfico, do qual ecoa o melhor do cinema do passado e sintetizando o potencial dessa arte a ser melhor explorada em nosso presente. Leia mais aqui. 

Para não serem esquecidos: PatersonIt: A Coisa,  Atômica,  Guardiões da Galáxia Vol.2, Homem Aranha: De Volta ao Lar, Em Ritmo de Fuga, A Criada,  La La Land, A Vilã,  Manchester à Beira-Mar,  A Qualquer Custo,  Jackie,  Star Wars: Os Últimos Jedi, Eu Não Sou Seu Negro, Fragmentado, Moonlight: Sob a Luz do Luar, Ornitólogo, Planeta dos Macados: Guerra, Thor: Ragnarok.


Nacionais: 

1º Martírio 

 Martírio é um filme denúncia, pois não somente revela as represálias que os indígenas sofrem todos os dias no país, como também escancara o lado podre e golpista dos políticos de ontem e hoje. Leia mais aqui. 

2º Central: O Filme

Central é um verdadeiro soco no estômago, não só pelo fato de testemunharmos um cenário de horror, mas  também por nos darmos conta que o estado criou um monstro e do qual até hoje não consegue controlá-lo.  Leia mais aqui. 

3º Bingo 

Bingo - O Rei das Manhãs é um filme brasileiro perfeito, do qual retrata uma década de 80 cheia de luzes, cores e de uma aura politicamente incorreta e sedutora.  Leia mais aqui. 

 4º Era o Hotel Cambridge

Era o Hotel Cambridge é um filme sobre a resistência  do Brasil de hoje, da qual não merece ser calada, mas sim ouvida e  refletida.  Leia mais aqui

5º Rifle 

Rifle é uma pequena experiência sensorial sobre a realidade contemporânea, da qual cada vez mais se encontra indefinida e movida pela incerteza sobre o nosso real papel no mundo atual.  Leia mais aqui. 

6º Pendular

Pendular comprova o grande talento da cineasta  Júlia Murat, onde soube criar momentos tanto sutis, como também momentos de forte impacto e nascendo então um mosaico sobre os relacionamentos contemporâneos e com alto teor crítico visual. Leia mais aqui. 

7º Redemoinho 

Redemoinho é um verdadeiro soco no estômago por saber criar um reflexo de nossa sociedade, por vezes, oprimida e cada vez mais perdida em seu dia a dia.  Leia mais aqui. 

8º Divinas Divas 

Divas Divinas é um registro histórico de um período, onde a intolerância desenfreada não impedia que o talento aflorasse nesse grupo de artistas e para que assim conseguissem a sua luz própria. Leia mais aqui. 

9º Joaquim 

 Joaquim é uma visão corajosa com relação a um personagem histórico tão conhecido e que com certeza irá reacender inúmeros debates pelo Brasil como um todo.  Leia mais aqui. 

10º Mulher do Pai

 Mulher do Pai é um belo exemplo de cinema autoral gaúcho, mas que sabe dialogar com um público que vai ao cinema em busca de se identificar com a proposta principal da trama.  Leia mais aqui. 

Para não serem esquecidos: Fale Comigo, Como nossos pais, Gabriel e a Montanha, Corpo Elétrico, Duas Irenes, Filme da minha vida, A cidade onde envelheço, Animal Politico, O Rastro, Quem é Primavera das Neves, Elon não Acredita na Morte.   


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quarta-feira, 20 de abril de 2022

Cine Dica: Streaming: 'Morte no Nilo'

Sinopse: As férias do detetive belga Hercule Poirot a bordo de um glamouroso cruzeiro no Egito se transforma em uma caçada a um assassino quando a lua de mel de um famoso casal é interrompida. 

Kenneth Branagh gosta de dirigir adaptações de clássicos literários, pois basta pegarmos "Hamlet" (1996) e "Frankenstein de Mary Shelley" (1994) como belos exemplos a serem conferidos e analisados. No universo da escritora Agatha Christie, por exemplo, o diretor foi a fundo na adaptação de "Assassinato no Expresso Oriente" (2017), sendo que em termos de comparação se tornou até mesmo superior se formos comparar com a versão de 1974. Em "Morte no Nilo" (2022) o diretor não perde o compasso nesta continuação e fazendo a gente desejar para que ele retorne em uma possível terceira parte.

Em "Morte no Nilo", durante sua viagem de lua de mel pelo rio Nilo, o casal Linnet Ridgeway (Gal Gadot) e Simon Doyle (Armie Hammer), convidaram os entes mais queridos para embarcar no barco Karvak e celebrar a união do casal. Porém a rica herdeira é misteriosamente morta de noite e por quase todos os passageiros têm motivos para matá-la. Mas um dos convidados, por coincidência, é o mais famoso detetive do mundo, Hércules Poirot (Kenneth Branagh), que começa a investigar o caso. Enquanto as investigações têm início no próprio barco, novas mortes acontecem com o intuito de encobrir a verdade e o caso acaba sendo mais difícil de se solucionar a cada tempo que passa.

Hércules Poirot talvez seja um dos personagens mais interessantes da literatura, mas que somente nas mãos de um cineasta como Branagh pode torna-lo mais verossímil do que se imagina. Para começar, ele não é um Sherlock Holmes inabalável, ao ponto de ele não conseguir esconder certos sentimentos, assim como também certas cicatrizes físicas e emocionais que jamais deixaram de sangrar. Não é à toa, portanto, que o prólogo acaba se tornando muito importante, ao revelar uma faceta mais humana e falha do protagonista.

Aliás, vale destacar essa abertura, pois Branagh pode enganar o público em geral, mas não o cinéfilo com olho vivo de plantão. Nos primeiros minutos, por exemplo, vemos uma referência não somente do filme "1917" (2019)" do qual foi dirigido pelo seu amigo Sam Mendes, como também do ótimo "Dunkirk" (2017) do diretor Christopher Nolan. Além dessas pequenas referencias, vale destacar a ótima fotografia em preto e branco que o diretor incrementa nesta hora, mas que isso se deve graças ao diretor de fotografia Haris Zambarloukos e que posteriormente ambos trabalhariam juntos no maravilhoso "Belfast" (2021).

Curiosamente, é interessante observar como essa abertura possui um peso fundamental dentro da história. Ela não possui uma ligação direta com o principal crime da trama, mas é algo que afeta Hércules Poirot diretamente e é então conhecemos a origem do seu estravagante bigode. Um momento dramático e do qual Branagh atua e dirige belamente.

Com relação a trama principal, o cineasta novamente arrisca tudo o que tem direito, ao inserir sua visão autoral na direção e cuja a sua câmera passeia pelos belos cenários em que ocorre a trama, seja ela nas paisagens naturais do Egito, ou simplesmente dentro do barco em que ocorrerá o assassinato. Branagh, aliás, retorna com o seu fetiche básico, ao fazer um giro de 360º graus com a sua câmera em meio aos atores e sendo algo ainda mais frenético do que foi visto em potência máxima anos atrás em "Frankenstein de Mary Shelley". Um diretor que não mede esforços para obter a nossa atenção e que consegue fazer isso com certo êxito.

Assim como o filme anterior, a obra é recheada de grandes astros, que vai do próprio Branagh a Gal Gadot e a veterana Annette Bening. Cada um interpreta um personagem que se torna peça fundamental desse jogo de gato e rato, ao ponto de alguns participarem do crime mesmo que indiretamente. A investigação vai cada vez mais a fundo, a ponto de ocorrer novas mortes e fazendo do barco um verdadeiro cenário claustrofóbico.

Talvez a solução do crime estivesse bem na nossa frente e tornando a revelação assim não tão surpreendente. Mas talvez isso não seja culpa de Kenneth Branagh, ou tão pouco culpa da escritora Agatha Christie, mas sim pelo fato de que crescemos assistindo e lendo outros crimes e dos quais muitos se inspiraram nos principais clássicos da escritora. Talvez as copias possam vir a ser melhores do que a original, mas nunca é demais irmos direto ao ponto onde tudo começou.

Com um epílogo em que vemos Hércules Poirot com um visual inesperado, "Morte no Nilo" é uma ótima pedida para aqueles que buscam uma boa história investigativa, além de nos despertar o desejo de irmos na livraria mais próxima. 

Onde Assistir: Star+ 

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segunda-feira, 19 de março de 2018

Cine Especial: Narrativa Cinematográfica: Extra



 A Chegada

Nesse último final de semana ocorreu na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre o curso Narrativa Cinematográfica, criado pelo Cine Um e ministrado pela pesquisadora e professora de história de cinema Fatimarlei Lunardelli. Em dois dias, Fatimarlei nos convidou para embarcarmos nas inúmeras maneiras de se contar uma história na tela do cinema e de como alguns títulos nos pegam desprevenidos na sua maneira de apresentá-las. Curiosamente, títulos clássicos, por exemplo, foram revisitados durante a aula e fazendo a gente se dar conta de como construtivos e a frente dos seus tempos eles foram com relação apresentação de suas respectivas  tramas.
Se títulos memoráveis como Cidadão Kane foram pioneiros na apresentação de sua narrativa, é preciso tirar o chapéu de filmes menores como, por exemplo, o filme noir A Dama do Lago, onde o protagonista se apresenta de uma forma que se quebra a quarta parede já no início da trama e para que logo em seguida a câmera se tornar o seu próprio olhar com relação aos eventos que nos são apresentados no decorrer da obra. Falando em câmera, não tem como deixar de nos esquecermos de títulos do mestre Alfred Hitchcock como Janela Indiscreta, em que a câmera do cineasta, por vezes, nos apresentava situações que nos colocava a frente do protagonista com relação aos eventos que nos eram apresentados. 
 Janela Indiscreta


Outro momento analisado durante atividade foi o fato de alguns títulos terem duas ou mais linhas narrativas num único longa metragem. Se Pulp Fiction foi lembrado de uma forma rápida, Amnésia, As Horas e os recentes A Chegada e Dunkirk foram analisados por nos pegarem desprevenidos em suas linhas narrativas e da maneira com que elas se cruzavam na reta final dos respectivos longas. Uma das alunas, por exemplo, reconheceu como o cineasta Denis Villeneuve foi criativo na adaptação do conto A Chegada para o cinema, já que no livro não há uma grande revelação em seu ato final, mas o cineasta difere esse problema na adaptação, ao colocar as linhas narrativas indo e voltando durante o decorrer da obra e fazendo com que ela nos faça montar um quebra cabeça e pensarmos e repensarmos sobre o que havíamos testemunhado. 
 Amnésia

Embora em tempos atuais, em que cada vez mais se desenvolve tramas das quais tentam nos surpreender, a narrativa clássica ainda é moldada e apresentada para os novos públicos. Fatimarlei destaca então Menina de Ouro, do veterano Clint Eastwood, em que a trama com o seu começo, meio e fim, da qual é apresentado de uma forma familiar, nos surpreende pela inserção de assuntos até mesmo espinhosos que perduram até hoje, mas com que fazem serem aceitos e gerar inúmeros momento de reflexão após o encerramento da sessão.
Novamente um curso criativo, do qual nos faz dar conta que, embora com mais de cem anos de vida, o cinema ainda nos surpreende na construção e apresentação de determinados filmes que são lançados anos após anos.
 Menina de Ouro
 

E que venha o curso sobre o cinema Russo.      

Leia mais sobre o meu especial Narrativa Cinematográfica clicando aqui.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: Blade Runner 2049



Sinopse: California, 2049. Após os problemas enfrentados com os Nexus 8, uma nova espécie de replicantes é desenvolvida, de forma que seja mais obediente aos humanos. Um deles é K (Ryan Gosling), um blade runner que caça replicantes foragidos para a polícia de Los Angeles. Após encontrar Sapper Morton (Dave Bautista), K descobre um fascinante segredo: a replicante Rachel (Sean Young) teve um filho, mantido em sigilo até então. A possibilidade de que replicantes se reproduzam pode desencadear uma guerra deles com os humanos, o que faz com que a tenente Joshi (Robin Wright), chefe de K, o envie para encontrar e eliminar a criança.



No último mês de setembro eu havia participado em Porto Alegre do curso de cinema “Filmes e Sonhos”, criado pelo Cine Um e ministrado pelo Psicanalista Leonardo Della Pasqua. Na atividade foi  debatido sobre os simbolismos incrementados em diversos filmes, cujo foco principal dessas obras eram os sonhos, sendo que muitos eram inspirados nas teorias do pai da psicanálise Sigmund Freud. Para o psicanalista, os sonhos seriam, por exemplo, a manifestação dos desejos reprimidos e dos quais se manifestam quando as pessoas estão dormindo.
Pegamos de exemplo o filme “Sonho” de Akira Kurosawa e do qual foi analisado durante atividade. No começo do filme, vemos uma criança, da qual está presenciando um ritual com pessoas andando com máscaras de raposa, mas tendo todo o cuidado para não ser visto por elas. Para o psicanalista, a cena seria uma representação de uma criança que observou os seus pais fazendo sexo, mas temendo que fosse pego durante o ato.
Pensando dessa forma chego a uma hipótese sobre uma enigmática cena do clássico Blade Runner de 1982. Numa passagem do filme o caçador de androide Rick Deckard (Harrison Ford) está sonhando acordado e presenciando a chegada de um unicórnio em sua direção. O unicórnio em si poderia ser uma representação do impossível, já que, até onde nós sabemos, não há provas  de que tal animal realmente tenha existido.
A imagem do unicórnio seria então uma representação do desejo do qual Deckard  teria pela personagem Rachel (Sean Young), mas que no fundo acredita que a união deles seria algo impossível, já que ele (aparentemente) é humano, mas ela é uma replicante. Já nas mãos do cineasta Dennis Villeneuve esses simbolismos continuam intactos no filme Blade Runner 2049, mas havendo uma mudança nessa transição e transformando então a imagem do mito em algo possível. A imagem do unicórnio dá lugar a um pequeno cavalo de madeira e simbolizando o sonho se tornar em realidade.
O cineasta canadense Dennis Villeneuve construiu uma carreira ao explorar os significados de símbolos, lembranças e sonhos dentro dos seus filmes. Em Incêndios, por exemplo, vemos uma mãe em busca do seu filho através de lembranças, do qual havia perdido durante a guerra, mas caindo em coma a partir do momento em que testemunhou uma imagem estarrecedora e simbólica. Em A Chegada, vemos a personagem de Emy Adams usando todos os seus recursos para se comunicar com extraterrestres através de símbolos, mas sendo testemunha de sonhos e lembranças dos quais se tornam peças fundamentais para trama.
Olhando para trás se percebe então que Villeneuve insere tudo que ele havia criado em seus filmes anteriores em Blade Runner 2049. O resultado não é apenas uma mera continuação, mas sim dando continuidade a tudo que Ridley Scott havia construído no filme original. Porém, Villeneuve vai muito mais além, ao criar para o filme uma identidade própria, alma e da qual caminha de forma independente e poética.
Contudo, o filme original se faz presente a cada momento da trama, se tornando uma velha lembrança que ecoa no presente de tal forma que não pode ser esquecida. Aliás, sonhos e lembranças são elementos que moldam o filme como um todo, como se fossem peças fundamentais de um tabuleiro para que o novo caçador de androides K (Ryan Gosling) busque a sua verdadeira origem. A lembrança de uma simples figura já citada do cavalo de madeira, por exemplo, se torna um bem precioso, pois é nela que K mantém a sua humanidade ainda intacta.
Aliás, a busca pela humanidade é o que move os personagens centrais, sejam eles humanos ou não. Portanto é fácil nos emocionarmos com a trágica personagem Joi (Ana Armas), que é uma inteligência artificial holográfica, mas que ama como um todo K. Uma passagem do filme, aliás, ecoa o filme ELA de SpIke Jones, já que esse momento é uma extensão até mesmo melhorada da proposta principal da qual havia sido apresentada naquele filme.
Falando em melhoramento, novamente o compositor Hans Zimmer (elogiado pelo seu último trabalho em Dunkirk de Christopher Nolan) dá um verdadeiro show na criação da trilha sonora para esse filme. Não que seja superior a obra prima criada pelo compositor Vangelis para o filme original, mas Zimmer a molda para representar, não somente os sentimentos dos quais os personagens sentem em determinado momento, como também sintetiza os momentos de pura tensão da trama. Quando esses momentos acontecem, a sua trilha sonora explode, como se o compositor quisesse que prestássemos atenção a cada cena crucial apresentada na tela.
Visualmente o filme é arrebatador, fazendo com que reconheçamos aquele universo familiar aos nossos olhos, mas moldado de uma forma que nos passasse uma sensação de passagem do tempo. Roger Deakins cria uma fotografia soberba, da qual luz e sombras andam de mãos dadas, como se a morte estivesse sempre à espreita, mas a luz sempre dando um sinal de esperança. Não me admira, portanto se ele venha a subir ao palco no Oscar 2018 e ganhar o seu merecido Oscar pelo seu magnífico trabalho.
Mas todo esse cuidado técnico não seria nada se o filme não nos emocionasse, mas nisso Dennis Villeneuve nos dá, principalmente para aqueles que amam cada passagem do filme original. Como eu já disse anteriormente, o filme funciona independente de sua fonte original, mas quando essa última surge cena, nossas mãos se apertam forte na cadeira, pois entramos em um terreno do qual se exige uma lágrima. Ao vermos um velho Deckard (Harrison Ford, ótimo) testemunhar uma sombra vinda de um passado mais dourado, a frase “ela tinha olhos verdes”, irá encravar em nossas memórias por um bom tempo.
Ao adentrarmos então em seu ato final, testemunhamos os protagonistas se encaminhando para os seus destinos, mas cada um tendo a consciência que conseguiram preservar o seu bem mais precioso que é a sua própria humanidade. Uma vez realizando esse sonho, a figura do unicórnio representando o impossível se esvaí por completo, dando lugar a figura de um pequeno cavalo de madeira e simbolizando o verdadeiro milagre do qual todos nós conseguimos obter em vida. Mesmo não estando presente, ás palavras do replicante Roy (Rutger Hauer) do filme original fazem ainda mais sentido, ecoando em nossas mentes e selando então a trama de uma forma esperançosa e encantadora.
Com a participação de grandes talentos como Jared Leto e Robin Wright, Blade Runner 2049 é um filme sobre nós, sobre a preservação do que nos faz realmente humanos e na busca pelos sonhos que podem ser realizados.