Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Sinopse:Elphaba, agora demonizada como a Bruxa Má do Oeste, vive no exílio, escondida na floresta de Oz, e tenta desesperadamente expor a verdade que conhece sobre o Mágico.
O SOBREVIVENTE
Sinopse:Um homem se junta a um game show no qual os competidores, que podem ir a qualquer lugar do mundo, são caçados por "caçadores" empregados para matá-los.
HOMO ARGENTUM
Sinopse: Comédia argentina que reúne 16 histórias curtas e independentes protagonizadas por Guillermo Francella. A obra usa humor e ironia para fazer uma crítica social à realidade argentina, explorando aspectos da cultura nacional, como hipocrisia, dependência familiar, violência e desencanto.
Sinopse: A catadora de recicláveis Gal decide fugir dos abusos do marido Leandro após tentar denunciá-lo e ser ignorada pela polícia.
Anna Muylaert é uma cineasta que se consolidou ao dirigir tramas que explorassem as mais diversas camadas da família contemporânea brasileira. Se em "Que Horas Ela Volta?" (2015) ela explorava o papel da empregada doméstica dentro de uma família que a tratava com um ser invisível, por outro, em "Mãe só há Uma" (2016) é uma análise delicada sobre o fato que nem sempre os laços de sangue formam um laço familiar saudável. Em "A Melhor Mãe do Mundo" (2025) a realizadora vai mais a fundo sobre a luta de uma mulher perante os abusos e o trabalho árduo de sobreviver e cuidar dos seus filhos.
Na trama, acompanhamos a catadora dada Gal (Shirley Cruz) que decide fugir dos abusos do marido Leandro (Seu Jorge) após tentar denunciá-lo para a polícia. Querendo proteger seus filhos, a mulher fode de casa, coloca suas duas crianças pequenas, Rihanna e Benin, na carroça e as leva numa jornada pela cidade de São Paulo. Não demora muito para eles passarem por diversos obstáculos nesta jornada, desde dormir na rua, como também passar fome.
Anna Muylaert acerta ao focar no primeiro plano do longa atuação assombrosa de Shirley Cruz como Gal, onde através da sua expressão concluímos que estamos diante de uma pessoa que já passou por diversas adversidades, mas que não desiste para proteger ao que mais preza na vida. A realidade da personagem é uma de inúmeras mulheres do Brasil que passam por diversos obstáculos, além de sofrer abusos nas mãos de um machismo que não pode ser mais tolerado neste último caso, por exemplo, esse papel é muito bem defendido pelo Seu Jorge, do qual nos causa repulsa, mas ao mesmo tempo pena ao se entregar ao vício da bebida e de uma mentalidade atrasada.
Tecnicamente o filme é impecável em termos de edição, já que Anna Muylaert cria um filme dinâmico, onde quase todo o tempo acompanhamos a protagonista como se fosse a nossa guia e termos uma melhor noção de sua realidade nua e crua. Com um movimento de câmera quase documental, o filme nos ressoa família, já que no dia a dia sempre cruzamos com uma Gal, mas nunca damos a devida atenção como merecia. No final das contas, é uma representação de uma mulher forte em proteger os filhos e a si mesma, mesmo quando se balança na possibilidade de retornar para alguém que não vale a pena.
Acima de tudo, o coração do filme pertence a interação entre Gal e os pequenos atores, onde cada um deles nos brinda com atuações singelas, verossímeis e muito próximo da realidade. Ao mesmo tempo, o filme é uma análise lúcida do outro lado da moeda, onde vemos uma parte da sociedade excluída, mas que ajuda uns aos outros perante situações desesperadoras. O final dá um fio de esperança, mesmo quando a gente se pergunta qual será o futuro daquela família.
"A Melhor Mãe do Mundo" é o retrato cru de uma mulher invisível para a maioria da sociedade, mas que existe e segue em frente.
O feriado de 20 de novembro oferece quatro estreias na nossa programação, incluindo o documentário AMOR E MORTE EM JULIO RENY, que recupera a trajetória de um dos principais nomes do rock gaúcho. Outro destaque é o longa JAY KELLY, novo filme do diretor Noah Baumbach e que traz de volta o galã Geroge Clooney aos cinemas. Quem também retorna é o cineasta sul-coreano Hong-Sang-soo, que soma O QUE A NATUREZA TE CONTA à sua vasta produção. A quarta novidade é o longa ENTRE DUAS MULHERES, um remake assinado pela jovem diretora canadense Chloé Robichaud.
Seguem em cartaz o “blockbuster” brasileiro O AGENTE SECRETO, de Kleber Mendonça Filho, que já levou mais de 500 mil espectadores aos cinemas, e também a versão do mexicano Guillermo del Toro para o clássico de terror FRANKENSTEIN.
O público ainda tem uma oportunidade de assistir ao delicado CORAÇÕES JOVENS, um drama sobre a descoberta do amor na adolescência rodado entre Holanda e Bélgica, enquanto os problemas da terceira idade são o tema de QUERIDO TRÓPICO, protagonizado pela grande atriz chilena Paulina García. Entre as despedidas da semana estão A QUEM EU PERTENÇO, uma coprodução entre Tunisia e França e que propõe uma reflexão sobre o papel da maternidade; MALÊS, dirigido e protagonizado por Antonio Pitanga; e INCÊNDIOS, considerado a obra-prima do diretor Denis Villeneuve.
Confira a programação completa no site oficial da CInemateca clicandoaqui.
Sinopse: brasileiro natural de Minas Gerais que superou a pobreza, o racismo e a homofobia para se tornar um dos maiores pianistas do mundo.
O piano é sem sombra de dúvida um dos instrumentos musicais mais significativos dessa arte e que serviu de inspiração para diversos filmes. Porém, a realidade é ainda mais impressionante do que qualquer ficção e nos surpreende pelos seus momentos de superação. "3 Atos de Móises" (2025) é sobre abraçar o que mais ama e se tornar o que estava predestinado à vida.
Dirigido por Eduardo Boccaletti, o filme conta a história de Moisés Mattos, um brasileiro natural de Minas Gerais que superou a pobreza, o racismo e a homofobia para se tornar um dos maiores pianistas do mundo. Moisés foi uma criança constantemente apaixonada pela música. Porém, por conta de sua condição financeira, foi preciso praticar em teclas desenhadas em um banco de madeira e daquele cenário humilde, aos poucos, abriu novas portas.
Eduardo Boccaletti procura somente usar a sua câmera para acompanhar Moisés Mattos, onde ele narra passo a passo sobre quando começou a sua paixão pelo piano. É curioso observar como as limitações de sua vida não o impediram, mas sim fazendo com que desejasse ainda mais avançar em seus objetivos. Uma vez conhecendo pessoas ilustres da música foi então que obteve passos mais largos para conquistar os seus objetivos.
O filme é dividido em três atos, onde a segunda parte se torna até mesmo a mais interessante, onde conhecemos as raízes do protagonista, assim como também as suas motivações. Há, ao menos, duas cenas que nos encanta, que é quando ele nos mostra como começou a tocar piano de forma imaginada, mas que serviu de inspiração a partir do momento que começou a tocar o próprio instrumento. A segunda cena é deveras tocante, onde conhecemos um velho piano do qual nem mais funciona na casa do Moisés, mas cujo teclados que ainda funcionam faz toda a diferença como um todo.
Ao final deste segundo, para o terceiro ato final, conhecemos enfim toda a sua jornada até obter o seu principal objetivo, ao se apresentar tocando o que mais ama perante milhares de pessoas. Com o tempo Moisés Mattos foi se tornando um dos grandes pianistas do nosso tempo, mesmo não sendo conhecido pela maioria do público. Ao menos o documentário vem para obter uma fatia deste público que desconhece esse grande talento e para que assim possa ouvir as suas incríveis melodias. O cinema é assim ao nos dar novas janelas para apreciarmos novas artes e formas.
"3 Atos de Móises" é um convite para conhecermos um dos nossos grandes talentos da música, mas cujo público até então desconhecia.
Premiado “Querido Trópico” e “O que a Natureza te Conta”, do sul-coreano Hong Sang-Soo, são as estreias de 20 de novembro no CineBancários
Sala na Rua da Ladeira exibe também “O Agente Secreto”
O 33º longa-metragem do diretor sul-coreano Hong Sang-Soo estreia dia 20 de novembro no CineBancários, com distribuição da Pandora Filmes. Em “O Que a Natureza Te Conta” (What Does That Nature Say to You, 2025), Donghwa, um poeta na casa dos trinta anos, acompanha a namorada até sua casa e, por acaso, passa o dia com seus futuros sogros. Entre conversas, refeições e um longo jantar, o encontro se transforma num retrato de tensões familiares e afetivas. O filme foi exibido nos Festivais de Berlim e Nova York de 2025. A produção tem 100% de aprovação no Rotten Tomatoes e conta com Ha Seongguk, Kwon Hae-hyo e Cho Yunhee no elenco.
A crítica internacional destaca o estilo minimalista do diretor e sua habilidade de construção narrativa a partir de encontros casuais, conversas, silêncios e despedidas - mostrando que a beleza pode "nascer das pequenas coisas". "É um dos trabalhos recentes mais cativantes de Hong", avaliou a revista The Hollywood Reporter. Para o jornal The Guardian, trata-se de um filme "genuinamente engraçado e complexo - intrigante como sempre".
Produção panamenha-colombiana
A outra estreia da cine semana de 20 a 26 de novembro é o premiado longa “Querido Trópico”, protagonizado por Paulina García, atriz chilena aclamada por seu papel em Gloria (2013), de Sebastián Lelio, pelo qual ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim. O filme, que foi o vencedor do Grande Prêmio Coup de Coeur, além de outros prêmios como o concedido pelo sindicato da crítica francesa, tem a distribuição da Filmes do Estação.
“Querido Trópico” traz a história de Ana Maria, uma imigrante colombiana empregada como cuidadora, que cruza o caminho de Mercedes na Cidade do Panamá. De classe alta, Mercedes luta contra a evolução da demência que lentamente apaga a sua identidade. Conforme suas vidas se entrelaçam, as duas embarcam em uma jornada de descobertas e apoio mútuo.
O filme participou da Première Latina do Festival do Rio em 2024 e também ganhou os prêmios Premio del Público no Festival Biarritz Amérique Latine; Melhor interpretação para Paulina García e Jenny Navarrete no Festival Biarritz Amérique Latine e Melhor direção no Kolkata International Film Festival.
PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS 20 A 26 DE NOVEMBRO
ESTREIAS:
QUERIDO TRÓPICO
Panamá/Colômbia/Drama/ 108min.
Direção: Ana Endara
Sinopse: Na vibrante cidade do Panamá, Ana Maria é uma imigrante colombiana que se torna cuidadora de Mercedes, uma rica mulher de meia idade que está lutando contra a demência. As duas desenvolvem uma inesperada amizade transformadora.
Elenco: Paulina García, Jenny Navarrete e Juliette Roy
O QUE A NATUREZA TE CONTA
Coréia do sul/ Drama/ 2025/108min
Direção: Hong Sang-soo
Sinopse: Um jovem poeta deixa a namorada na casa dos pais dela e se surpreende com seu tamanho. Ele encontra o pai dela, conhece a mãe e a irmã dela e todas acabam passando um longo dia juntas; alimentadas por conversas, comida e bebidas.
Elenco: Ha Seongguk, Kwon Hae-hyo, Cho Yunhee
EM CARTAZ:
O AGENTE SECRETO
Brasil/França/Holanda/Alemanha /Drama/2024/ 158 min.
Direção: Kleber Mendonça Filho
Sinopse: O longa é um thriller político, que acompanha Marcelo (Wagner Moura), um especialista em tecnologia que foge de um passado misterioso e volta ao Recife em busca de paz, mas logo percebe que a cidade está longe de ser o refúgio que procura.
Elenco: Wagner Moura, Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Carlos Francisco, Hermila Guedes, Alice Carvalho, Roberto Diogenes
HORÁRIOS DE 20 A 26 DE NOVEMBRO (não há sessões nas segundas):
14h30 – QUERIDO TRÓPICO
16h30 – O AGENTE SECRETO
19h30 – O QUE A NATUREZA TE CONTA
Ingressos
Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 14 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 7. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.
Na quinta-feira, a meia-entrada (R$ 7) é para todos e todas.
CineBancários
Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre
Mais informações pelo telefone (51) 3030.9405 ou pelo e-mail cinebancarios@sindbancarios.org.br
Sinopse: De mudança para Portugal, Ana, professora de literatura, doa seus livros e, os que restaram, devolve para aqueles que a presentearam com as obras, vindas com dedicatórias especiais. Ela entende que está é uma maneira de dizer adeus ao passado.
Uma vez que você lê um livro você se torna rico, já que ele lhe dá recursos para viajar para outros mundos, seja ele ficção ou realidade, mas desde que você abra a sua mente e consiga adentrar uma nova janela para a sua vida. Além disso, os livros podem ser uma parte específica de sua história, sendo que a própria pode até mesmo se tornar um livro um dia. "Livros Restantes" (2025) fala sobre a mudança de vida de uma protagonista, mas não se esquecendo do papel primordial dos livros e sobre as pessoas que haviam lhe dado.
Dirigido por Marcia Paraiso, o filme conta a história de Ana Catarina (Denise Fraga), uma mulher de meia idade e que vive em uma comunidade pesqueira em Florianópolis. Decidida a se mudar para Portugal, ela parte para uma pequena jornada em devolver cinco livros marcantes a quem os presenteou. Cada reencontro despertou memórias. reflexões sobre sua a sua vida e revelando como a literatura pode lhe abrir portas sobre a sua vida, além de ser um fio condutor entre o passado e o presente de forma sincronizada.
Rodado em Florianópolis, o filme é uma espécie de homenagem à cidade, tendo como cenário principal a Barra da Lagoa, mas também locações no Pântano do Sul, Sambaqui e outras localidades. Com a sua câmera na mão, Marcia Paraiso grava as cenas dos locais históricos com carinho, como se cada esquina onde a protagonista passa possui um teor histórico e sendo que isso é fortalecido principalmente quando surge em cena imagens criadas em Super8. Isso serve de preparativo para conhecermos melhor Ana Catarina, que decide mudar a sua vida indo para Portugal, mas não abandonando as suas memórias através dos livros e como cada pessoa que deu de presente para ela possui um grande significado.
Como não poderia deixar de ser Denise Fraga novamente dá um verdadeiro show de interpretação, mesmo em um ano do qual ela já havia me surpreendido em "Sonhar com Leões", de Paolo Marinou-Blanco. Porém, se naquele filme a sua personagem foi modelada com um humor ácido, aqui a sua personagem Ana nos transmite sobre alguém que tem muitas histórias para se contar, mas que decide começar do zero quando toma a decisão de se mudar. Porém, a sua partida não seria um ponto final de sua história, pois o que abandona são histórias pendentes e tendo os livros como papel primordial no enredo.
Vale destacar as outras atuações em cena, em especial da atriz Vanderleia Will, que rouba a cena quando o irmão de Ana, interpretado pelo ator Renato Turnes, faz uma revelação para ela e cuja reação da personagem é algo que impressiona. Com elenco escolhido a dedo, cada um em cena dá um complemento para atuação de Denise Fraga e fazendo com que o seu desempenho cresça na medida em que o tempo passa. Vale destacar também a cena da confraternização familiar e cuja explosão de fúria da protagonista me remeteu imediatamente ao filme pertencente ao movimento Dogma intitulado "Festa de Família" (1998).
No saldo geral é um filme que dá valor à cultura, seja ela literária, como também a própria cidade em si dentro da trama. Ao mesmo tempo é um longa que dá valor sobre a nossa jornada, de como ela é significativa e que cada pessoa que cruzou durante a nossa vida tem um papel fundamental para o nosso desenvolvimento como pessoa. Quem sabe um dia cada um de nós tenhamos a nossa história sendo contada um determinado livro e que poderá estar escondido em uma determinada prateleira futura.
"Livros Restantes" não é somente declaração de amor com relação a cidade de Florianópolis, como também uma síntese sobre o poder de um livro e como ele pode moldar a vida de uma pessoa como um todo.
Na sexta-feira, 21 de novembro, às 19h30, o Projeto Raros apresenta, na Cinemateca Capitólio, Na Boca do Mundo, primeiro longa-metragem dirigido pelo ator Antônio Pitanga. Entrada franca.
No sábado, 22 de novembro, às 18h30, o Coletivo Reconto convida o público para um debate sobre o filme Ata-me, dirigido por Pedro Almodóvar, logo após a exibição do longa na Cinemateca Capitólio. A proposta é abrir um espaço de conversa onde o cinema encontra a psicanálise — e onde o pensamento pode se deslocar a partir das imagens. A entrada custa R$10, com ingressos à venda no dia, a partir das 17h30, diretamente na bilheteria da Cinemateca. O pagamento é feito somente em dinheiro.
A partir de domingo, 23 de novembro, a Cinemateca Capitólio celebra a vida e a arte de Lô Borges e apresenta sessões gratuitas do filme Lô Borges – Toda Essa Água, dirigido por Rodrigo de Oliveira e Vânia Catani. No mesmo dia, às 16h30, uma sessão gratuita do filme colombiano Um Poeta, de Simon Mesa Soto, será realizada dentro do evento mundial Europe–Latin America Cinema Night.
Nos dias 22 e 23 de novembro serão realizadas as últimas sessões da mostra Judit Elek: Uma ilha em terra firme, dedicada a uma das pioneiras diretoras do cinema húngaro.