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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Cine Especial: Conhecendo 'Your Name'

Fui conhecer a obra de Makoto Shinkai a partir do longa "Suzume" (2023) e sendo o suficiente para me encantar pela forma dele contar as suas histórias e alinhá-las com um visual fantástico. Curiosamente, o realizador consegue fazer um curioso cruzamento entre a fantasia e realidade, já que boa parte de suas tramas se passam no mundo real. "Your Name" (2016) talvez seja o ápice de sua carreira, onde o cineasta nos brinda com uma trama cheia de fantasia, mas que fala sobre o que nos une através da vida.

Na trama, conhecemos Mitsuha Miyamizu (Mone Kamishiraishi), uma jovem que mora no interior do Japão e que deseja deixar sua pequena cidade para trás para tentar a sorte em Tóquio. Enquanto isso, Taki Tachibana (Ryûnosuke Kamiki), um jovem que trabalha em um restaurante italiano em Tóquio, deseja largar o seu emprego para tentar se tornar um arquiteto. Os dois não se conhecem, mas estão direta e misteriosamente conectados a partir dos seus sonhos.

Ir assistir ao filme sem ter muita informação torna a sessão ainda mais significativa, já que nos colocamos no lugar dos dois protagonistas diante de uma situação inexplicável. A partir do momento em que ambos trocam de corpos a partir das noites de sono é então que eles vão se conhecendo aos poucos e descobrindo que possuem até mesmo uma certa interligação. Neste meio tempo Makoto Shinkai capricha ao explorar o verdadeiro Japão dos tempos modernos, mas ao mesmo tempo desvendando um pouco mais de sua cultura cheia de significado.

Além disso, o ponto alto do filme se encontra em seu visual, cujo traço tradicional feito pelo realizador nos transmite que o lugar onde ocorrem os principais eventos da trama é realmente real. Curiosamente, Mitsuha Miyamizu deseja sair do lugar onde vive, já que ela acredita que lá não há nada de atrativo para se manter vivendo por lá. O visual, por sua vez, contesta esse pensamento da personagem, já que o local onde ela vive é tão cheio de detalhes que desejamos até mesmo dar um pause para apreciarmos estes momentos.

A meu ver Makoto Shinkai nos passa a ideia de que vivemos em uma geração que está cada vez mais distraída, conectada por demais nas redes sociais e esquecendo de apreciar o mundo real em nossa volta que ainda se encontra fresco para ser aproveitado ao máximo no dia a dia. Ao mesmo tempo, a ligação a distância entre os dois protagonistas é uma espécie de síntese sobre os tempos atuais, onde as pessoas cada vez mais se encontram distantes uma das outras e fazendo com que acabem perdendo a chance de se conhecerem da melhor forma. É através da fantasia que os dois protagonistas obtêm a chance de, não somente conhecerem a vida um do outro, como também conhecerem a real essência do que nos faz humanos.

Em termos de enredo, é curioso observar que o filme me lembrou o filme americano "A Casa do Lago" (2006), onde os protagonistas vivem na mesma casa, mas se conhecendo somente através de correspondências, já que eles se encontram separados em dois anos de diferença. Na trama criada por Makoto Shinkai algo de similar acontece, já que os protagonistas trocam de corpos para conhecerem a vida um do outro, mas mal sabendo que as suas vidas se encontram separadas em uma diferença de três anos. A premissa é similar, mas logo o filme de Makoto Shinkai ganha outros desdobramentos que culminam nas mais diversas teorias sobre o espaço tempo.

Contudo, o filme jamais se envereda para o lado complexo deste quesito, mas sempre se preocupando em explorar questões que vão desde a escolha e a possibilidade de controlarmos ou não o nosso próprio destino. Tudo alinhado através de personagens cativantes e dos quais nos identificamos pela sua simplicidade em meio a situações que beiram ao absurdo, mas faz com que sigam em frente para obter os seus objetivos. O ato final é cheio de simbolismos e faz com que as nossas expectativas se elevarem a cada minuto de projeção.

"Your Name" se tornou um dos maiores sucessos do Japão da história, adquirindo diversos prêmios e sendo descoberto até mesmo pelo ocidente. Fora do oriente, Makoto Shinkai foi apelidado de o novo Hayao Miyazaki, realizador de obras primas como "A Viagem de Chihiro" (2001), cuja comparação não me soa tão forçada, já que ambos construíram longas metragens com visuais deslumbrantes e que encantaram o mundo. A diferença é que Makoto Shinkai procura ao máximo idealizar uma história fantástica dentro do nosso mundo real, pois o próprio ainda tem muito a ser explorado e basta os seres humanos pararem por um momento para se darem conta disso.

Lançado recentemente em uma edição em DVD pelo selo Obras Primas do Cinema, “Your Name" é uma viagem sensorial de tamanha magnitude que faz com que a gente deseje que ela não acabe tão facilmente.   


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Cine Dica: Sessão Clube de Cinema (23/08): "Niki de Saint Phalle" na Cinemateca Paulo Amorim

Nosso encontro deste sábado será às 10h15 da manhã, na Cinemateca Paulo Amorim (CCMQ), com a exibição de Niki de Saint Phalle, longa francês que marca a estreia na direção da atriz Céline Sallette. Selecionado para o Festival de Cannes, o filme acompanha os anos formativos da artista franco-americana Niki de Saint Phalle (1930–2002), antes da consagração internacional com suas esculturas monumentais e vibrantes. Charlotte Le Bon, em uma das melhores atuações de sua carreira, encarna Niki em sua busca por afirmação em um meio artístico dominado por homens, entrelaçando traumas pessoais, rebeldia e o nascimento de uma linguagem estética singular.


Confira os detalhes da sessão:

SESSÃO DE SÁBADO NO CLUBE DE CINEMA

📅 Data: Sábado, 23/08/2025, às 10h15 da manhã

📍 Local: Cinemateca Paulo Amorim (CCMQ) – Rua dos Andradas, 736 – Centro Histórico, Porto Alegre


Niki de Saint Phalle

França, 2024, 100 min, 14 anos

Direção: Céline Sallette

Elenco: Charlotte Le Bon, Damien Bonnard, Judith Chemla, John Robinson

Sinopse: Niki é modelo, casada e mãe de uma menina pequena quando deixa os Estados Unidos em plena era McCarthy e se muda para a França com a família. Em meio a traumas de infância e períodos de internação em hospitais psiquiátricos, encontra na criação artística uma via de libertação, dando início ao percurso que a tornaria uma das vozes mais ousadas da arte contemporânea.

Esperamos por você!

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quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (21/08/25)

 Faça Ela Voltar

Sinopse: A vida de dois meio-irmãos que, após encontrarem seu pai morto no banheiro, são alocados para um lar adotivo. Andy e Piper acabam na casa de Laura, sua nova guardiã. Com um jeito excêntrico, Laura trabalhava como conselheira pedagógica e, além dos irmãos, também adota um jovem mudo chamado Oliver. Afastada da cidade grande, o imóvel no qual a garota e o garoto vivem esconde grandes segredos.


Anônimo 2

Sinopse: O pai suburbano Hutch Mansell, ex-assassino letal, é levado de volta ao seu passado violento depois de impedir uma invasão domiciliar, desencadeando uma cadeia de eventos que revela segredos sobre o passado de sua esposa Becca.


Faz de Conta Que é Paris

Sinopse: Para realizar o desejo, agora lamentado, de um pai idoso e muito doente de não ter feito uma viagem a Paris com os filhos, os três irmãos, que não se falam há cinco anos, fingem deixar Florença com ele a bordo de um trailer, que nunca sairá dos limites de um estábulo de cavalos.


Uma Mulher Sem Filtro

Sinopse: Bia (Fabiula Nascimento) é uma publicitária que vive uma vida estressante, cercada por problemas: um chefe machista, um marido folgado, um enteado insolente, uma melhor amiga narcisista e uma irmã bastante diferente. 

Amores à Parte

Sinopse: Em Amores à Parte, Carey (Kyle Marvin) vê sua vida virar de cabeça para baixo após sua mulher lhe revelar que o traiu com outra pessoa e, logo em seguida, pedir o divórcio do casal. Carey sofre com as confissões inesperadas de sua esposa Ashley (Adria Arjona) e vai atrás de seu casal de amigos Julie (Dakota Johnson) e Paul (Michael Angelo Covino) em busca de consolo e conselhos.


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Cine Dica: Cinesemana de 21 a 27 de agosto de 2025

A cinemasemana de 21 a 27 de agosto traz a estreia do documentário brasileiro TIJOLO POR TIJOLO, sobre uma família periférica que se reinventa graças às redes sociais. Outra novidade é o longa alemão A LUZ, do diretor Tom Tykwer, do sucesso “Corra, Lola, Corra”.

Seguem em cartaz os filmes brasileiros CARLOTA JOAQUINA, PRINCESA DO BRAZIL, de Carla Camurati, que voltou aos cinemas em cópia restaurada; e NO CÉU DA PÁTRIA NESSA INSTANTE, documentário de Sandra Kogut sobre as últimas eleições presidenciais no Brasil.

Também seguimos com títulos muito apreciados pelo público, como a comédia italiana FAZ DE CONTA QUE É PARIS, de Leonardo Pieraccioni; A PRISIONEIRA DE BORDEAUX, um filme dedicado às questões femininas e protagonizado por Isabelle Huppert; e o emocionante A FANFARRA, sobre a relação entre dois irmãos desconhecidos e que têm a música em comum.

Esses são os últimos dias de exibição de CLOUD, do diretor japonês Kiyoshi Kurosawa, sobre um jovem vendedor que engana seus compradores; e UMA BELA VIDA, do diretor Costa-Gavras, uma delicada reflexão sobre a finitude da vida.

Confira a programação completa no site oficial da cinemateca clicando aqui.

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Cine Dica: Streaming - 'Indomável'

Sinopse: No enorme Parque Nacional de Yosemite, a morte de uma mulher atrai um agente federal para uma terra sem lei, onde a natureza não segue as regras humanas.  

Se tornou cada vez mais comum a Netflix lançar uma série policial que prende atenção do espectador do começo até o seu final. Se por um lado se obtém certo êxito, do outro, há alguns casos de pontas que ficam no ar e dividindo a opinião do público. "Indomável" (2025) é um desses casos que nos conquista graças aos seus personagens bem construídos, mas que se veem envolvidos em uma trama cheia de camadas e que nem todas elas poderão ser descascadas.

Escrita por Elle Smith (A Filha do Rei do Pântano) e Mark L. Smith (O Regresso), a história acompanha o agente federal Kyle Turner (Bana), que vive no Parque Nacional de Yosemite, nos EUA, e precisa investigar a morte de uma jovem desconhecida após o corpo dela cair - ou ser jogado - do alto do El Capitán, formação rochosa de mais de 900 metros, famosa entre os praticantes de escalada.

Inicialmente é preciso dar crédito ao ator Eric Bana, já que boa parte da série ele carrega nas costas. Conhecido pelo público a partir do injustiçado "Hulk" (2003) de Ang Lee, Bana nos transmite um conflito interno do seu personagem, seja através do seu olhar, como também da forma como ele nos é apresentado pela primeira vez. Neste último caso, por exemplo, isso acaba sendo o suficiente para a série obter a nossa atenção, já que não sabemos ao certo o quanto está lúcida, ou não, a mente do protagonista.

Quanto ao crime em si é interessante observar que esse elemento principal se alinha com diversos assuntos, que vai desde ao abandono, vícios e o número cada vez maior de pessoas desabrigadas e que buscam um refúgio através da natureza. Se por um lado alguns desses pontos se tornam o suficiente para uma rodada de debates, por outros, eles se tornam uma espécie de cortina de fumaça para ofuscar o verdadeiro x da questão com relação ao assassinato. O resultado acaba se tornando um tanto confuso para aqueles que não prestarem atenção na trama no decorrer da série.

Outro, porém, está na questão das subtramas que mais atrapalha do que ajuda, como no caso da personagem parceira do protagonista vivida pela atriz Lily Santiago. Não que a sua história seja ruim, mas caso ela não existisse isso também não atrapalharia o ponto principal da trama, mesmo quando ela desencadeia momentos dramáticos e gerando até mesmo grande tensão em nós quando estamos assistindo. Contudo, isso não é o suficiente para termos também aquela sensação de uma trama que nos soa irregular em alguns momentos e cujo teor principal poderia ser mais bem desenvolvido.

Com relação a isso, pode-se dizer que a série explora ato e consequências, cuja ação desencadeia uma teia de eventos, mas que poderiam ter sido, ou mais bem explorados ou até mesmo sendo simplificados. Quando chegamos ao seu final me parece que tudo o que foi passado foi uma grande distração para não desconfiarmos do verdadeiro autor do crime, mas que nos dá também aquela sensação de traição da parte dos realizadores. A série nos conquista pela sua temática, mas nos decepciona um pouco pelos desdobramentos dela.

"Indomável" é uma boa série para se maratona no final de semana, mas que nos prega diversas peças que, por vezes, poderiam ter sido limadas da história. 

Onde Assistir: Netflix. 

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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 21 A 27 DE AGOSTO

 ESTREIA:


LUIZ GONZAGA – LÉGUA TIRANA

Brasil/ Drama/ 2024/ 115min.

Direção: Diogo Fontes e Marcos Carvalho

Sinopse: Retrata a vida e obra do icônico Luiz Gonzaga do Nascimento. Focando em sua infância e adolescência, o filme busca explorar as profundas conexões entre o artista em formação e os mitos que moldaram a cultura nordestina.

Elenco: Kayro Oliveira, Luiz Carlos Vasconcelos, Cláudia Ohana, Tonico Pereira.


EM CARTAZ:


PLACAR A REVISTA MILITANTE

Brasil/ Documentário/ 2024/ 101 min.

Direção:Ricardo Corrêa e Sérgio Xavier Filho

Sinopse: Sob o pretexto de falar de futebol, a revista Placar ousou denunciar a censura, escancarou os bastidores do esporte como palco de lutas políticas e deu voz aos jogadores em tempos de opressão. Entre gols históricos e imagens raras, o filme resgata o papel do jornalismo esportivo, mostrando como a paixão pelo futebol pode se tornar um ato de coragem e militância.


OS ENFORCADOS

Brasil/ drama/ 2024/ 123min.

Direção: Fernando Coimbra

Sinopse: Em um Rio de Janeiro tomado pelo crime, o casal Valério e Regina se vê envolvido em dívidas e traições herdadas da família de Valério. Uma noite, eles encontram o plano perfeito. Mas, ao executá-lo, são sugados por uma espiral de violência que parece não ter fim.

Elenco: Leandra Leal, Irandhir Santos, Thiago Thomé, Pêpê Rapazote, Ernani Moraes, Augusto Madeira, Ricardo Bittencourt.


HORÁRIOS DE 21 A 27 DE AGOSTO (não há sessões nas segundas-feiras):

15h: PLACAR A REVISTA MILITANTE

17h: OS ENFORCADOS

19h: LUIS GONZAGA – LÉGUA TIRANA


SESSÃO ESPECIAL CINECLUBE MATINAL: DIA 25, segunda, ás 19h, haverá uma sessão de pré-estreia do filme O ÚLTIMO AZUL, com debate

após a sessão. Debatedores: ROGER LERINA e MARCELO PERRONE.

Ingressos vendidos na bilheteria da sala.

Ingressos: Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 14,00 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 7,00. São aceitos PIX, cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo. Na quinta-feira, a meia-entrada é para todos e todas. EM TODAS AS QUINTAS TEMOS A PROMOÇÃO QUE REDUZ O VALOR DO INGRESSO PARA TODOS E EM TODAS AS SESSÕES PARA R$ 7,00.


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: 51- 30309405

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'A Hora do Mal'

Sinopse: Todas as crianças da mesma sala de aula, exceto uma, desaparecem misteriosamente na mesma noite e exatamente no mesmo horário. A comunidade fica se perguntando quem ou o que está por trás do desaparecimento.  

Na vida nada se cria, mas sim tudo se copia e essa frase pode ser muito bem usada quando o assunto é cinema. É bem verdade que a sétima arte vive em tempos em que quase não há uma história original, mas sim tramas que nos provocam um verdadeiro Déjà vu. Porém, isso não significa que a obra seja ruim.

Ao longo das décadas muitos diretores autorais criaram o seu modo de filmar e fazendo com que ganhasse, tanto admiradores, como também o surgimento de diretores que se inspiraram neles. O ator e comediante Zach Cregger é um caso interessante, já que ele começou no ramo da comédia, mas surpreendendo na direção a partir de "Noites Brutais" (2022), onde já vemos ali um realizador que bebeu muito da fonte de outras obras, mas conseguindo obter a nossa atenção na medida certa. Em seu terceiro longa na direção, "A Hora do Mal" (2025), o realizador mescla drama, comédia e horror e gerando desta mistura algo que aparenta ser original, mas cujo cinéfilo atento irá fisgar referências de outras obras.

Na trama, acompanhamos o misterioso caso do desaparecimento de 17 crianças de uma mesma turma, a classe da professora Gandy (Julia Garner) e de forma injusta acaba sendo a principal suspeita. Em uma determinada madrugada, mais precisamente às 2h17, todos os alunos da sala de Gandy acordaram, fugiram de suas casas por livre e espontânea vontade e sumiram.  Porém, com exceção de um único jovem, o tímido Alex Lilly.

Pode-se dizer que Zach Cregger soube como ninguém criar uma trama cujo teor nos passa uma sensação mórbida em um primeiro momento, já que estamos falando de crianças que desapareceram de forma misteriosa. Porém, na medida em que a trama avança, o drama passa a obter elementos de suspense, horror e ao mesmo tempo com pitadas de humor sombrio e gerando em nós aquela risada envergonhada que dispara, pois os nossos sentimentos naquele momento se encontram em conflito devido ao que estamos assistindo. Para aqueles que estão acostumados com o horror convencional o filme pode até decepcionar, mas não aqueles que buscam algo fresco e nisso o longa conquista com certo êxito.

Porém, como dito acima, o realizador bebeu da fonte de outros cineastas ao criar a sua trama e para o cinéfilo isso se torna um prato cheio devido as diversas referências. Para começar, o longa é dividido em capítulos, onde vemos em cada um deles a perspectiva de determinado personagem e criando assim um mosaico de informações e fazendo com que a gente monte as peças desse quebra cabeça. Não vai faltar momentos em que retornamos para determinada cena, contudo, por um ângulo diferente e fazendo com que respondesse a dúvida que tivemos naquele determinado momento.

São nestes momentos, por exemplo, que o longa me lembrou muito o que Quentin Tarantino fez em sua obra prima "Pulp Fiction" (1994) e não me surpreenderia se Zach Cregger tivesse se inspirado nesse clássico como um todo. Mas não é somente um lado Tarantinesco que senti a todo momento, como também nos planos-sequências em que o cineasta filma determinado personagem andando ou correndo e cuja cena do posto de combustível culmina em algo vertiginoso, assim como também os minutos finais do longa que se tornam inesquecíveis diante dos nossos olhos. Qualquer semelhança com que o cineasta Sam Raimi havia feito em sua trilogia clássica "Uma Noite Alucinante" não é mera coincidência e após assistirem ao filme sugiro que assistam essa divertida obra protagonizada por Bruce Campbell.

E como dito acima, Zach Cregger consegue mesclar elementos do horror e alinhá-lo com pitadas de comédia e gerando em nós um conflito interno com relação ao que estamos assistindo. Porém, é uma tendência cada vez mais comum dentro do gênero de horror, ao não somente mesclar elementos psicológicos, como também nos provocando um humor involuntário. Isso foi muito bem explorado, por exemplo, no já clássico "Corra" (2017), de Jordan Peele, e cujo símbolo da sineta se tornou tão marcante que também se encontra na obra de Zach Cregger e se tornando uma peça central da trama.

Ou seja, é um filme feito com que há de melhor no que já foi visto em outros longas metragens, mas cujo resultado se torna desconcertante, incômodo e até mesmo imprevisível. Zach Cregger, acerta ao não mudar a roda, mas sim usando tudo o que já havia aprendido e assistido no decorrer dos anos e é por esse caminho que se molda grandes colaboradores da sétima arte. Talvez seja ainda muito cedo para dizer se ele será alguém do mesmo patamar como Tarantino, mas nunca é demais dar certo crédito.

"A Hora do Mal" é puramente cinema, onde o realizador realiza uma verdadeira mistura de tudo o que já assistimos e nos passando algo que aparenta ser imprevisível. 

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