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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 7 A 13 AGOSTO

 "A Prisioneira de Bordeaux", com Isabelle Huppert, e "Paterno", de Marcelo Lordello, são as estreias de 7 de agosto no CineBancários

Cinema exibe também "O Deserto de Akin", longa nacional sobre dilema de médico cubano no Brasil. Uma das diretoras francesas mais renomadas da atualidade, Patricia Mazuy aborda o encontro entre duas mulheres de classes sociais diferentes, mas que se conhecem ao visitar os maridos na prisão, em A PRISIONEIRA DE BORDEAUX, que estreia no CineBancários no dia 07 de agosto, na sessão das 19h. 

Isabelle Huppert interpreta Alma Lund, uma mulher de classe alta que vive sozinha desde a prisão do marido. Num dia de visita, conhece Mina Hirti (Hafsia Herzi), uma jovem mãe que foi visitar o companheiro, mas, por questões burocráticas, não poderá o ver, e deve voltar no dia seguinte. Ela mora longe, são 3h de viagem, e Alma simpatiza com ela, e lhe oferece estadia em sua casa na cidade. Começa aí uma amizade improvável, que toma contornos inesperados, num filme que discute classe e raça na França contemporânea, sem deixar de lado a posição da mulher dentro de uma sociedade patriarcal e preconceituosa.

Mazuy conta que buscou criar duas mulheres em pontas opostas para encontrar o equilíbrio do filme. “A personagem de Alma é paradoxal: ela tem tudo, mas não tem nada, tem tempo para fazer tudo, mas não tem nada para fazer, ela está em um vazio absoluto. Mina está em uma solidão igualmente forte, mas de uma maneira diferente. Enquanto eu tentava atrair Hafsia para o burlesco, Isabelle precisava ser capaz de encontrar leveza e loucura em meio a esse desespero absoluto que parece habitar sua personagem. Basicamente, ele é uma personagem que não tem muita consciência da realidade.”

“Com um belo enredo labiríntico, a história de Alma e Mina é uma fábula moderna sobre bons samaritanos e pessoas bem-intencionadas, abastadas e privilegiadas. E nas mãos de duas atrizes que criam maravilhas com a fisicalidade que une seus personagens, este é o tipo de filme francês forte que te prende do início ao fim, até a cena final, vitoriosa e emocionante”, escreve a revista Variety.

Na sessão das 17h, o CineBancários exibe o longa nacional PATERNO, dirigido por Marcelo Lordello. Com Marco Ricca, Thomás Aquino e Rejane Faria no elenco, o filme se passa no Recife e acompanha Sérgio (Ricca), um homem envolvido em um projeto imobiliário da empresa familiar que precisa lidar com as heranças duvidosas de seu pai e as tentativas de manter contato com o filho. 


PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS DE 07 a 13 DE AGOSTO


ESTREIAS:


A PRISIONEIRA DE BORDEAUX

França/ Drama/ 2024/108 min.

Direção: Patricia Mazuy

Sinopse: Alma, sozinha em sua casa imensa, e Mina, mãe solteira de um conjunto habitacional em outra cidade, organizaram suas vidas em torno das visitas que fazem aos respectivos companheiros presos. Quando as duas mulheres se encontram na antessala da área de visitas, uma amizade improvável se inicia.

Elenco: Isabelle Huppert, Hafsia Herzi, Noor Elsari, Jean Guerre Souye, Julien William Edimo, Jana Bittnerova, Magne Havard Brekke, Lionel Dray, Robert Plagnol, Julia Vivoni, Lola Jehl.

PATERNO

Brasil-França/ Drama/2022 /110min.

Direção: Marcelo Lordello

Sinopse: Envolvido em um empreendimento imobiliário em uma área popular do Recife, para um projeto de sua empresa familiar, Sérgio (Marco Ricca) vive entre as heranças duvidosas (práticas e pessoais) repassadas pelo pai já velho, e as tentativas de manter contato com o filho, à beira da idade adulta. Um personagem em crise, que se vê desconectado de seu tempo: não mais funcionando pelas regras que vieram antes, mas incapaz de se relacionar com o futuro que se aproxima. Que lugar lhe resta nesta cidade, país, mundo? 

Elenco: Marco Ricca, Gustavo Patriota, Thomas Aquino.



EM CARTAZ:


O DESERTO DE AKIN

Brasil/ Drama/ 2024/ 78 min.

Direção: Bernard Lessa

Sinopse: Akin é um dedicado médico cubano em exercício no Brasil, pelo programa Mais Médicos, em meados de 2018. Entre sua rotina de trabalho na comunidade indígena e seus momentos de intimidade com Érica e Sérgio, sua relação com o Brasil se aprofunda e fortalece. Com o resultado presidencial de Jair Bolsonaro e o fim abrupto da cooperação entre os dois países, ele se vê impelido a tomar uma decisão: voltar a Cuba e abandonar as relações que vinha construindo ou permanecer e se reinventar mesmo sem poder medicar.

Elenco: Reynier Morales, Ana Flavia Cavalcanti, Welket Bungué


HORÁRIOS DE 07 A 13 DE AGOSTO

15H: O DESERTO DE AKIN

17h: PATERNO

19h: A PRISIONEIRA DE BORDEAUX


Não há sessões nas segundas-feiras


Ingressos

Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 14 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 7. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.

Na quinta-feira, a meia-entrada (R$ 7) é para todos e todas.


CineBancários

Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre

Mais informações pelo telefone (51) 3030.9405 ou pelo e-mail cinebancarios@sindbancarios.org.br


C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro 

Porto Alegre - RS - CEP 90010-230 

Fone: 51- 30309405

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Cine Dica: Em Cartaz - 'F1'

Sinopse: Na década de 1990, Sonny Hayes era o piloto mais promissor da Fórmula 1 até que um acidente na pista quase encerrou sua carreira. 

"top Gun: Maverick" (2022) não só se tornou o maior sucesso da carreira de Ton Cruise como também provou que o público está mais interessado em cenas de ação realistas e não moldadas por CGI. O grande feito disso se deve um pouco a ótima direção de Joseph Kosinski, que conseguiu rodar cenas impressionantes e que fizeram com que o público entrasse dentro do filme e sem ao menos o uso do já ultrapassado 3D. Em "F1" (2025) o cineasta novamente prova o seu talento na direção de filmes de ação e criando um longa que presta uma bela homenagem para aqueles que ainda gostam desse tipo de corrida.

Produzido pelo piloto Lewis Hamilton, o filme conta a história sobre o lendário piloto Sonny Hayes (Brad Pitt) que, após longos anos afastado após um grave acidente, é convencido a voltar a correr para apoiar Joshua Pearce (Damson Idris), o jovem novato da escuderia fictícia ApexGP. Disposto a todos os riscos, Sonny monta uma estratégia para fazer a equipe se tornar vitoriosa, mesmo correndo sério risco de quebrar certas regras.

Para os brasileiros o filme desperta uma grande nostalgia, principalmente para aqueles que acordam cedo para assistir e torcer pela vitória de Ayrton Senna na pista. Ao mesmo tempo, se percebe que a premissa é bastante semelhante ao que foi visto em "Maverick", já que Sonny corre não pela riqueza, mas sim pela paixão pela corrida e disposto em testar os seus limites. Por conta disso, o filme também pode ser interpretado como uma forma de redenção que Brad Pitt procura fazer para si, seja com relação a sua carreira, como também em sua vida pessoal, por vezes, atribulada.

Embora seja uma ficção, a história possui alguns elementos familiares para aqueles que acompanhavam a Fórmula 1 de antigamente, principalmente em uma cena de uma determinada cena e onde vemos o nosso Senna na pista. Além disso, o filme tem participações especiais de vários pilotos da vida real e o que faz com que o fã se sinta ainda mais em casa ao assistir o longa. Porém, é nas cenas de ação que o filme obtém o espetáculo.

Joseph Kosinski dirige como ninguém ao realizar cenas realistas, onde vemos Brad Pitt realmente dentro do veículo e elevando ainda mais o lado verossímil das cenas. Praticamente não há uso de efeitos visuais, sendo que sentimos o peso dos carros, assim como as suas batidas e elevando ainda mais a nossa tensão quando testemunhamos elas. Uma forma de homenagear a fase dourada da Fórmula 1, da qual era mais perigosa, porém, emocionante e inesquecível.

Curiosamente, existe uma rivalidade entre Sonny e Joshua Pearce, sendo que esse último não vê com bons olhos o retorno do veterano e gerando assim desavenças, tanto na pista, como também nos bastidores da escuderia. Para os fãs da velha guarda essa rivalidade remete os bons tempos de duelos entre Senna e Alan Prost, sendo que ambos pilotavam na mesma equipe, mas trocavam farpas a todo momento durante as provas. Porém, o filme nos ensina que o trabalho em equipe é o melhor caminho para um bom alinhamento e para que daí possam alcançar os seus objetivos.

Embora previsível em alguns momentos o filme acaba sendo também uma grata surpresa para aqueles que não davam muito crédito, pois a Fórmula 1 não é muito popularmente conhecida nos EUA. Com o estrondoso sucesso do filme, o projeto não somente superou as expectativas, como também provou que o público está procurando algo novo e realístico quando vai ao cinema. A meu ver, os dias de CGI estão se esgotando e abrindo novamente as portas para tempos em que realmente se colocava a mão na massa para se fazer um grande espetáculo.

"F1" é uma grata surpresa, principalmente para aqueles que davam pouco crédito, mas que tiveram que se calar perante a sua qualidade e sucesso.  

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Cine Dica: Sandra Kogut em Porto Alegre

 SANDRA KOGUT DEBATE NO CÉU DA PÁTRIA NESSE INSTANTE

Na quarta-feira, 6 de agosto, às 19h, a Cinemateca Capitólio apresenta a sessão de pré-estreia do documentário No Céu da Pátria Nesse Instante. A diretora Sandra Kogut participa de um debate após a projeção. O valor do ingresso é R$ 16,00. A bilheteria abre às 18h30. 


06/08/2025 • 19:00H

No Céu da Pátria Nesse Instante + debate

(R$ 16,00)

Brasil | 2023 | 105 min | DCP

Direção: Sandra Kogut

Classificação Indicativa: Livre [NAC]

Rodado ao longo do ano de 2022, o filme acompanha de perto os meses turbulentos do período eleitoral que culminaram na invasão do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF, no dia 8 de janeiro de 2023. Através do olhar e da vivência de alguns personagens envolvidos no processo das eleições, articulando o pessoal e o político, mergulhamos num Brasil de tensão e expectativa, onde coexistem realidades paralelas, que têm dificuldade de se enxergar mutuamente. Um registro de um momento na história do país onde a democracia esteve seriamente em jogo.

Informação completa: https://www.capitolio.org.br/eventos/9110/no-ceu-da-patria-nesse-instante-debate/

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Cine Dica: Em Cartaz -'Um Lobo Entre os Cisnes'

Sinopse: Baseado na vida do bailarino Thiago Soares, um garoto pobre criado no subúrbio do Rio de Janeiro, que na adolescência descobre o Hip Hop, entra para o Ballet aos quinze anos e se torna uma estrela internacional. Ele foi o primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres. 

Filmes de superação é algo que há em abundância dentro da história do cinema, principalmente quando o assunto é com relação ao esporte. Em alguns casos, por exemplo, existe a interação entre o professor e o aluno e é através disso que a obra obtém coração pulsante como um todo. "Um Lobo Entre os Cisnes" (2022) fala sobre a segunda chance que se obtém através da dança, mas do qual exige disciplina e saber compreender o lado severo do superior como um todo.

Dirigido por Marcos Schechtman e Helena Varvaki, trama gira em torno do bailarino Thiago Soares (Matheus Abreu), uma das grandes referências do balé dentro e fora do Brasil. Nesta cinebiografia, acompanhamos a trajetória do garoto pobre, criado no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro, que, na adolescência, troca as batalhas de hip hop pelos palcos do balé clássico após ganhar uma bolsa de estudos numa escola renomada de dança da cidade. Porém, para obter a perfeição, terá um treinamento rigoroso com o o bailarino cubano Dino Carrerti (Dario Grandinetti).

Como não poderia deixar de ser, o filme mostra o lado duro do protagonista antes de obter a oportunidade, desde ao enfrentar a pobreza, como também não saber ao certo onde se encaixar neste mundo. Embora relutante, ele decide ingressar no universo do balé e onde ele começa a compreender que a arte desta dança é o mesmo que saber lutar. É então que o filme conquista a nossa atenção pelo desenvolvimento do protagonista como um todo.

Matheus Abreu se dá bem ao dar vida ao protagonista Thiago, onde ele constrói para si um personagem que não esconde a sua fúria interior, mas da qual se contêm através da arte da dança, seja através do balé, como também do hip hop. Com um físico quase idêntico do verdadeiro Thiago, Abreu se entrega ao personagem do começo ao final do longa e cumprindo o dever de casa até mesmo com certa elegância. Porém, é através de sua interação com o ator argentino Dario Grandinetti que o filme obtém um novo verniz.

Tendo chamado a minha atenção pelo filme "Vermelho Sol" (2018), Dario Grandinetti ganha o protagonismo dentro da história toda vez que surge em cena, ao fazer do professor Dino alguém obsessivo pela perfeição. Porém, ele não esconde as suas cicatrizes físicas e emocionais através de suas escolhas através do tempo, mas enxergando no jovem protagonista uma forma de manter ainda vivo o seu legado. Entre atritos e aprendizado, a dupla central sempre dá novo sangue ao longa quando se interagem em cena e fazendo com que o filme obtenha a nossa atenção até o seu final.

Porém, até lá, eu achei irregular do segundo ao terceiro ato final da trama, principalmente pelo fato da edição sempre nos dá a entender que uma determinada passagem da história aparenta ser o final do longa, quando na verdade ela continua e fazendo disso soar meio estranho. Ao menos, no decorrer disso, as cenas em que o protagonista dança, e das quais são muito bem filmadas, fazem com que a gente nos desprenda dessa observação. Ao final, o filme é sobre superação, sobre o desejo de deixar algo para a história e ser lembrado como alguém que faz a diferença na vida.

"Um Lobo Entre os Cisnes" é a história real sobre superação através da dança e cuja essa arte pode sim fazer a diferença na vida das pessoas. 



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Cine Dica: Madrugada do Desejo

MADRUGADA DO DESEJO NA CINEMATECA CAPITÓLIO

No sábado, 9 de agosto, às 23h59, a Cinemateca Capitólio apresenta a Madrugada do Desejo, uma noite embalada pela exibição de obras-primas intensas e arrebatadoras. Concebida por integrantes do Clube do Filme, a programação destaca Crash – Estranhos Prazeres, um dos longas mais ousados de David Cronenberg, A Ilha dos Prazeres Proibidos, o maior sucesso popular de Carlos Reichenbach, um filme surpresa cultuado por diversas gerações, e curtas experimentais que serão exibidos até o raiar do sol, capitaneados por Possibly in Michigan, de Cecelia Condit.


INGRESSOS

– Valor: R$ 20,00

– Pagamento via PIX.

– À venda a partir de sábado, 2 de agosto, na bilheteria da Cinemateca Capitólio.  

– A bilheteria abre 30 minutos antes de cada sessão.

– Confira os horários das sessões no site da Cinemateca Capitólio.  

– Limite de dois ingressos por pessoa.


Criado pelo Programa de Alfabetização Audiovisual, com apoio da Associação de Amigas e Amigos da Cinemateca Capitólio, o Clube do Filme é um projeto formativo iniciado em 2024 que reúne jovens apaixonados por cinema. Os encontros semanais são pautados pelo debate em torno da programação da Cinemateca Capitólio, incluindo a exibição de filmes de curta e longa-metragem, além de conversas com a presença de profissionais e convidados.

A Madrugada do Desejo contará com comes e bebes, doces e salgados, quitutes e delícias da Doces Temporadas.


Programação completa: https://www.capitolio.org.br/novidades/9114/madrugada-do-desejo/


GRADE

23h59 – Crash – Estranhos Prazeres

02h – A Ilha dos Prazeres Proibidos

04h – Filme surpresa

06h – Prazer e colapso: Curtas experimentais  

domingo, 3 de agosto de 2025

Cine Dica: Mostra exibe adaptações cinematográficas de clássicos da literatura

Aproximar, comparar e estudar as linguagens do cinema e da literatura é a proposta do ciclo “Filmes e Livros”, que estreia na Sala Redenção no dia 4 de agosto, segunda-feira, e segue em setembro e outubro. As sessões são conduzidas por Fatimarlei Lunardelli – jornalista, escritora, professora e crítica de cinema brasileira – e acontecem sempre na primeira segunda-feira de cada mês, com palestra às 15h, seguida da exibição de filme e bate-papo com o público.

Já em sua origem, quando o cinema passou do registro documental dos acontecimentos para a fabulação, a tradição literária forneceu as bases para seu desenvolvimento. Por meio de estratégias de posicionamento de câmera e montagem das imagens, correlatas aos ganchos literários do folhetim, os primeiros cineastas aprenderam a envolver e manter a atenção dos espectadores. No ciclo “Filmes e Livros”, o público é convidado a ler as obras e a participar das conversas que irão relacionar a literatura e o cinema, discutindo suas diversas aproximações.

A programação tem início em 4 de agosto com “As Horas”, de Michael Cunningham, vencedor do Prêmio Pulitzer em 1999. A narrativa acompanha três mulheres de distintas gerações cujas vidas são entrelaçadas pelo romance “Mrs. Dalloway”, de Virginia Woolf, que celebra seu centenário de publicação este ano. O segundo encontro, em 1º de setembro, debate a obra “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, livro escrito pela pernambucana Martha Batalha, e sua adaptação para o cinema. O ciclo encerra em 6 de outubro com a discussão sobre “Anna Karenina”, clássica obra de Liev Tolstói, e sua adaptação cinematográfica de 2013.

A entrada é gratuita e aberta à comunidade em geral. A Sala Redenção está localizada no campus centro da UFRGS, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333.

Confira a programação completa no site oficial da sala clicando aqui. 

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Cine Especial: Revisitando 'O Enigma do Outro Mundo'

O tempo é o verdadeiro juiz com relação a arte, pois se ela não é reconhecida em sua época talvez ela seja na medida em que o tempo passa. No caso do cinema isso não é diferente, sendo que os anos passam, filmes se tornam sucessos de bilheteria enquanto outros fracassam, ou são mal interpretados pela crítica especializada. Um dos meus filmes preferidos "Blade Runner" (1982) fracassou em seu ano de lançamento, mas rapidamente se tornou cultuado graças as sessões da Cinematecas, VHS e tv a cabo.

Na luta pelo lucro muitos filmes acabam ficando pelo caminho, sendo que o verão do cinema norte americano do ano de 1982 é um belo exemplo disso. Entre os diversos lançamentos da época o maior sucesso de bilheteria acabou sendo "ET" de Steven Spielberg, sendo que o filme ficou por meses em cartaz, fazendo com que o público fosse ir aos cinemas diversas vezes e fazendo com que os outros lançamentos ficassem em segundo plano. Dentre os fracassos, além do já citado "Blade Runner" temos a obra prima do diretor John Carpenter, "O Enigma do Outro Mundo", sendo apedrejado na época do seu lançamento, mas se tornando um dos mais interessantes exemplos de filmes que ganharam o reconhecimento ao longo dos anos.

O filme é uma refilmagem do clássico "O Monstro do Ártico" (1951) de Christian Nyby, porém, o diretor John Carpenter decidiu em seguir a fonte, ou mais precisamente se inspirar mais no conto escrito por John W. Campbell. Na obra literária, a criatura mata e copia as suas vítimas e fazendo se criar uma verdadeira paranoia sobre quem é o ser no decorrer da trama. Pode-se dizer que a obra serviu de inspiração até mesmo para outros clássicos dos tempos de paranoia da Guerra Fria, como no caso de "Vampiros de Almas"(1956).

Para John Carpenter, a premissa da trama também poderia ser facilmente inserida nos tempos de paranoia que acontecia no início dos anos oitenta. Era os tempos da AIDS, onde as pessoas ainda não sabiam ao certo como pegava a doença e gerando assim uma verdadeira paranoia na época e causando até mesmo um grande conflito de desconfiança entre as pessoas. Visto hoje, o filme de Carpenter pode ser interpretado como uma parábola desse período de incerteza sobre um inimigo invisível para boa parte da sociedade.

Como filme em si o longa é uma verdadeira aula de filmes de horror gore e com diversas pinceladas de suspense que envelheceram muito bem diga-se de passagem. Não há como negar que o longa causa uma sensação claustrofóbica, principalmente pelo fato da trama se passar em uma base isolada na Antártida e cujo inferno acontece quando um cachorro é perseguido por um helicóptero da base Norueguesa e fazendo com que a equipe comandada por Kurt Russell não compreenda a situação. A resposta acontece quando o cão é preso no canil, onde ele começa a sugar os demais no local e se transformando em um ser tenebroso.

Vale salientar que falamos de um filme lançado em uma época em que não havia em abundância o uso dos efeitos digitais. Para que a criatura impressionasse nas telas foi chamado o maquiador e de recursos visuais Rob Bottin, que já havia trabalhado com Carpenter em "A Bruma Assassina" (1980). O resultado foi um grande uso de animatrônicos, maquiagem pesada, o uso de gelatina falsa e sangue em abundância. Por conta disso sentimos um peso quando a criatura surge em cena, seja na forma de um cão deformado, ou de uma aranha, ou até mesmo surgindo como uma enorme boca cheia de dentes na barriga de um dos protagonistas.

Tudo culmina em cenas de horror inesquecíveis, que fazem o espectador não as esquecer tão cedo. Pode-se dizer que o filme era algo até mesmo a frente do seu tempo, pois até então não havia tamanha cenas de mutilação, metamorfoses em cena e tudo moldado a mão e com bastante criatividade na medida certa. Ao mesmo tempo, Carpenter capricha em cenas com momentos tensos, principalmente quando o personagem de Kurt Russell faz testes de sangue em seus amigos para saber qual deles é o invasor alienígena. A cena é por si só um dos momentos em que faz todo mundo pular da cadeira, pois ninguém esperava a reação da criatura daquela maneira e gerando um verdadeiro pandemônio na história.

Como eu disse acima, o filme fala sobre paranoia, desconfiança e sobre quem acreditar em tempos de incerteza. A criatura invasora se torna, portanto, um mero artificio para fazer os personagens aflorarem os seus piores medos e paranoias e fazendo com que o filme se torne ainda mais atual do que nunca nos dias de hoje. Só a cena final fortalece ainda mais essa visão pessimista e da qual John Carpenter a manteve mesmo no contragosto dos engravatados da Universal da época.

O filme estreou no meio da avalanche de "ET", que era um filme mais positivo para uma plateia que fugia de filmes mais pessimistas na época. Ao mesmo tempo o longa foi injustamente massacrado pela crítica daquele ano, alegando ser uma obra cruel, desumana e violentamente explicita. Atualmente, quase não há nenhum crítico que fale de forma negativa sobre esse filme, sendo até mesmo fazendo parte da lista dos melhores filmes de ficção de todos os tempos.

Recentemente o selo Obras Primas do Cinema lançou o clássico em um blu-ray caprichado, com luva metálica, dois DVDs com vários extras, além de posters, um livrinho explicativo e diversas fotos. Um item obrigatório para aqueles que ainda apreciam a mídia física e que desejam sentir nas suas mãos o seu filme preferido e tê-lo em sua prateleira. "O Enigma do Outro Mundo" é um filme a frente do seu tempo, sendo hoje cultuado e colecionando diversos fãs ao redor do mundo. 

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