Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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A Cinemateca Capitólio abre o ano de 2025 com uma mostra especial dedicada a um grande mestre do cinema e três lançamentos em cartaz!
A partir de 14 de janeiro, será apresentada a mostra Hitchcock Colorido, com quatro filmes realizados em cores pelo diretor inglês: Festim Diabólico (1948), O Terceiro Tiro (1955), Marnie, Confissões de uma Ladra (1964) e Trama Macabra (1976).
A partir de 16 de janeiro, três lançamentos serão apresentados na telona da Cinemateca: Baby, do brasileiro Marcelo Caetano, Misericórdia, do francês Alain Guiraudie, e Tudo Que Imaginamos Como Luz, da indiana Payal Kapadia.
Sinopse: Jeanne usa seus encantos e inteligência para ascender na escala social. Contrariando todas as convenções, ela se torna uma das favoritas do Rei Luís XV e se muda para Versalhes.
É curioso observar que ao longo da história muitos impérios foram criados através da sombra da igreja católica, mas cuja mesma não tinha força o suficiente para conter a libertinagem da raça humana. O universo aristocrático francês de séculos atrás transitava entre os bons costumes para aflorar o lado selvagem da carne como um todo e revelando o seu verdadeiro jogo entre política e cobiça. "A Favorita do Rei" (2023) mostra que não era muito difícil se chegar ao poder, desde que saiba transitar entre os bons costumes e o desejo pela liberdade.
Dirigido por Maïwenn, a mesma de "Polissia" (2011), o filme conta a história real de Jeanne Bécu, filha ilegítima de uma costureira humilde, que alcança o auge da corte francesa como amante oficial do rei Luís XV (Johnny Depp). Interpretada pela própria diretora Maïwenn, a protagonista é ambiciosa que, determinada a ascender socialmente, utiliza seu charme para escapar da pobreza. Porém, os olhares conservadores da corte serão o seu obstáculo com o passar do tempo.
Maïwenn possui um certo equilíbrio entre direção e atuação, mesmo quando se tem o risco dessas duas tarefas gerarem algo irregular no decorrer da produção. Ao usar uma história real sobre tempos passados, a mesma fala sobre o papel da mulher de ontem e hoje, sempre vigiada devido às regras dos bons costumes, mas usando um jogo de cintura perante a ignorância conservadora. Em contrapartida, o filme é uma crítica ácida com relação ao formalismo exagerado quando na realidade não passavam de seres humanos que desejavam ser eles mesmos.
Nesta última observação que eu faço, por exemplo, isso se encaixa perfeitamente com relação ao rei Luís XV, que usava e abusava dos serviços imperiais, mas não escondia o fato de que tudo ali não passava de uma verdadeira piada e isso se intensifica na cena em que Jeanne observa o seu despertar por detrás espelho. Após anos envolvidos em escândalos que gerou o seu afastamento do mundo cinematográfico, Johnny Depp retorna com estilo, ao criar para si um Luís XV não muito diferente do que foi visto em um dos seus melhores desempenhos que foi "O Libertino" (2004), porém, um tanto mais contido. Curiosamente, a sua química entre a diretora e atriz funciona até certo ponto, pois nota-se que a própria realizadora não se sentia muito à vontade com o ator em cena e isso se confirmou em algumas declarações dela de que jamais voltaria trabalhar com Depp novamente devido ao seu lado desdém com relação em atuar em determinados projetos.
Polêmicas à parte, o filme irá agradar aqueles que apreciam um bom filme que se preocupa em fazer uma bela reconstituição de época e nisso o longa tem em abundância. Ao mesmo tempo o filme é cru com relação ao racismo aflorado daquele período e isso é intensificado ainda mais através de alguns comentários racistas vindo das próprias filhas do rei. De lá pra cá o mundo evoluiu, mas ao mesmo tempo certas raízes venenosas do passado continuam ainda prevalecendo em tempos contemporâneos.
Ao final, constatamos que a cruzada Jeanne Bécu em busca da felicidade não é muito diferente das mulheres que acreditam que conseguiram a estabilidade da vida através do poder. Na realidade o olhar crítico e conservador sempre estará lá para destruir aqueles que não tem amarras com a igreja e cabe saber como viver neste mundo cheio de regras em que a religião dita a última palavra. O filme pode ser irregular em alguns momentos, mas a sua mensagem já vale a sessão como um todo.
"A Favorita do Rei" é sobre tempos em que o poder francês ansiava pela libertinagem, mesmo com o olhar conservador da igreja.
Sinopse: Um vampiro antigo da Transilvânia persegue uma jovem atormentada na Alemanha do século 19.
Robert Eggers já pode tranquilamente ser apontado como um dos melhores cineastas autorais dos últimos tempos e que ao mesmo tempo deu sangue novo ao gênero de horror como um todo. Títulos como "A Bruxa" (2016), "O Farol" (2020) e "O Homem do Norte" (2022) foram obras que geraram debate, dividiram a opinião do público, mas sendo justamente por isso que os longas continuassem sendo lembrados nestes últimos anos. Em "Nosferatu" (2024) o cineasta não somente cria uma refilmagem do clássico de 1922, como também o molda de sua maneira e fazendo novamente uma obra que gerará debates após a sessão de cinema.
Na trama se passa nos anos de 1800 na Alemanha e testemunhamos a sombria figura do Conde Orlok (Bill Skarsgård) na busca por um novo território. O vendedor de imóveis Thomas Hutter (Nicholas Hoult) fica responsável por conduzir os negócios de Orlok, mas ao mesmo tempo deixando para trás a sua esposa Ellen (Lily-Rose Depp) que começa a ter visões assustadoras sobre o Conde. Não irá demorar muito para que ambos se encontrem e selando o destino de ambas as partes.
Pode-se dizer que a última grande adaptação do livro Drácula para o cinema foi bem lá atrás em 1992 com o título "Drácula de Bram Stoker" e dirigido por Francis Ford Coppola. Após isso nenhuma outra adaptação ganhou o mesmo status e fazendo com que o personagem perdesse o prestígio nestes últimos anos. Porém, Robert Eggers sempre foi grande fã da história, seja vinda do livro ou da primeira e melhor adaptação que havia sido lançada em 1922 e fazendo com que o diretor realizasse até mesmo uma peça teatral antes de ingressar como diretor de cinema.
Tendo a chance de realizar o seu grande sonho de dirigir uma obra sobre esse rico personagem, Robert Eggers aproveita para moldá-la da sua maneira, ao injetar um teor sombrio similar ao que foi visto em "A Bruxa" e ao mesmo tempo um teor psicológico, onde os personagens transitam entre a realidade e delírio, mas cujo essa última observação tem certo fundamento. É interessante, por exemplo, a maneira como Conde Orlok é apresentado aos poucos, sendo visto somente como uma sinistra sombra pelas visões de Ellen, para logo depois ganhar contornos peculiares a partir do momento que Hutter tem o seu primeiro contato com ele. Se no filme "A Bruxa" a entidade demoníaca vista no final daquele longa era apresentada como um vulto que possuía uma voz peculiar, aqui não é muito diferente, pois vemos Conde Orlok como um ser mórbido, cuja a voz parece que foi extraída de tempos bastante antigos e que aos poucos temos uma dimensão de sua real face como um todo.
Com uma pesada maquiagam, Bill Skarsgård simplesmente desapareceu em cena, ao construir para si um Nosferatu, ou Drácula para os íntimos, algo que se difere das outras adaptações, mas se aproximando ainda mais da figura literária criada por Bram Stoker. Com uma edição de arte impressionante, além de uma fotografia sombria e que enche os olhos, o filme é extremamente fiel as passagens da trama vista no clássico de 1922, mas ao mesmo tempo Robert Eggers procura preencher novas lacunas dentro do roteiro, ao dar maior profundidade com relação a ligação entre Ellen e Nosferatu e cujo teor sexual é mais acentuado aqui diga-se de passagem. esta última observação, por exemplo, Lily-Rose Depp constrói uma Ellen inocente superficialmente, mas que não esconde a sua força e desejo interior e culmina em uma cena erótica inesperada com Hutter.
Assim como a versão comandada por Francis Ford Coppola em 1992, o diretor Robert Eggers também opta em fazer uma espécie de conto de fadas gótico, cujo os desejos e a solidão sentida na vida eterna se cruzam para se colocar um ponto final nisso. Até lá, o realizador não poupa esforços, tanto em ser fiel ao clássico do expressionismo alemão, como também fazer um paralelo aos tempos contemporâneos, em que a descrença se torna cada vez mais acentuada na medida em que catástrofes como a pandemia se alastraram pelo mundo. Neste último caso, por exemplo, Robert Eggers presta uma bela homenagem ao realizador alemão Werner Herzog, sendo que ambos retratam a peste de Orlok através de inúmeros ratos em cena e fazendo da cidade de Wismar um verdadeiro inferno na terra.
Curiosamente, o filme também é uma reconstituição fiel com relação aos pensamentos da época, em que certas crenças começam a ficar de lado e dando lugar aos meios científicos. Neste cenário em que o fantástico se fortalece e a lógica fica eclipsada o personagem Prof. Albin Eberhart Von Franz, interpretado brilhantemente por Willem Dafoe, se torna uma figura que usa os dois lados da situação para o seu propósito e fazendo com que o mesmo se encaminhe para descobrir a trágica verdade sobre o que está acontecendo na cidade de Wismar. Se nas adaptações anteriores de "Nosferatu" esse personagem era visto como mero figurante, aqui ele ganha total relevância e se tornando uma das peças centrais da obra.
Se há algumas irregularidades com relação ao ritmo da trama do segundo ato, isso é completamente dissipado em seu ato final, onde o encontro definitivo de Ellen e o Orlok acontece e culminando em um momento surpreendente e até mesmo superior se formos compará-la com as outras versões. É como se Robert Eggers quisesse que não esqueçamos dela tão cedo e conseguindo, enfim, com grande êxito. Quem diria que uma história tantas vezes levada para o cinema pudesse soar tão fresca e renovada nos dias de hoje.
"Nosferatu" é uma história de horror de primeira linha, onde Robert Eggers refilma o clássico com elegância, coragem e puramente cinema.
O Globo de Ouro 2025, um dos principais termômetros do Oscar, revelou sua lista de vencedores neste domingo (5). O grande destaque em número de vitórias foram o filme “Emilia Pérez” e a série “Xógum” com quatro vitórias cada. A premiação também contou com uma vitória histórica para o Brasil: Fernanda Torres se tornou a primeira atriz brasileira a vencer o prêmio de Melhor Atriz em Filme Drama. Torres concorria por “Ainda Estou Aqui”, que perdeu o prêmio de Filme em Língua Não Inglesa para Emilia Pérez.
Ao subir ao palco para receber o prêmio das mãos de Viola Davis, Torres agradeceu ao diretor Walter Salles e relembrou que sua mãe, Fernanda Montenegro, esteve no palco do Globo de Ouro 25 anos atrás, concorrendo por "Central do Brasil". "Foi um ano incrível para os desempenhos de tantas atrizes aqui, que admiro tanto. Claro, que quero agradecer ao Walter Salles, meu parceiro, meu amigo. Que história, Walter! E quero dedicar esse premio à minha mãe. Vocês não têm ideia! Ela estava aqui há vinte e cinco anos."
Ela aproveitou para falar de sua personagem. "Isso é uma prova de que a arte dura na vida até durante momentos difíceis pelos quais a Eunice Paiva Passou. Com tantos problemas hoje no mundo, tanto medo, esse é um filme que nos ajudou a pensar em como sobreviver em tempos como esse.
Confira a lista dos Indicados e Vencedores:
Melhor Atriz Coadjuvante
Selena Gomez, Emilia Pérez
Ariana Grande, Wicked
Felicity Jones, O Brutalista
Margaret Qualley, A Substância
Isabella Rossellini, Conclave
Zoe Saldaña, Emilia Pérez – VENCEDORA
Melhor Atriz em Série de Comédia ou Musical
Kristen Bell, Ninguém Quer
Quinta Brunson, Abbott Elementary
Ayo Edebiri, O Urso
Selena Gomez, Only Murders in the Building
Kathryn Hahn, Agatha Desde Sempre
Jean Smart, Hacks – VENCEDORA
Melhor Ator Coadjuvante
Denzel Washington, Gladiador II
Kieran Culkin, A Verdadeira Dor – VENCEDOR
Guy Pearce, O Brutalista
Jeremy Strong, O Aprendiz
Yura Borisov, Anora
Edward Norton, Um Completo Desconhecido
Melhor Ator de Drama em Série de TV
Donald Glover, Sr. e Sra. Smith
Jake Gyllenhaal, Acima de Qualquer Suspeita
Gary Oldman, Slow Horses
Eddie Redmayne, O Dia Do Chacal
Hiroyuki Sanada, Xógum: A Gloriosa Saga do Japão – VENCEDOR
Billy Bob Thornton, Landman
Melhor Atriz Coadjuvante em Título para a Televisão ou Streaming
Liza Colón-Zayas, O Urso
Hannah Einbinder, Hacks
Dakota Fanning, Ripley
Jessica Gunning, Bebê Rena – VENCEDORA
Allison Janney, A Diplomata
Kali Reis, True Detective: Night Country
Melhor Ator Coadjuvante em Título para a Televisão ou Streaming
Tadanobu Asano, Xógum: A Gloriosa Saga do Japão – VENCEDOR
Javier Bardem, Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos de Pais
Harrison Ford, Falando a Real
Jack Lowden, Slow Horses
Diego Luna, A Máquina
Ebon Moss-Bachrach, O Urso
Melhor Ator em Série de Comédia ou Musical
Adam Brody, Ninguém Quer
Ted Danson, Um Espião Infiltrado
Steve Martin, Only Murders in the Building
Jason Segel, Falando a Real
Martin Short, Only Murders in the Building
Jeremy Allen White, O Urso – VENCEDOR
Melhor Roteiro
Emilia Pérez
Anora
O Brutalista
A Verdadeira Dor
A Substância
Conclave – VENCEDOR
Melhor Comediante
Jamie Foxx, What Had Happened Was
Nikki Glaser, Someday You’ll Die
Seth Meyers, Dad Man Walking
Adam Sandler, Love You
Ali Wong, Single Lady – VENCEDORA
Ramy Youssef, More Feelings
Melhor Filme de Língua Não-Inglesa
Tudo Que Imaginamos Como Luz
Emilia Pérez – VENCEDOR
The Girl With the Needle
Ainda Estou Aqui
The Seed of the Sacred Fig
Vermiglio
Melhor Ator de Filme para TV ou Série Limitada
Colin Farrell, Pinguim – VENCEDOR
Richard Gadd, Bebê Rena
Kevin Kline, Disclaimer
Cooper Koch, Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais
Ewan McGregor, Um Cavalheiro Em Moscou
Andrew Scott, Ripley
Melhor Atriz de Filme para TV ou Série Limitada
Cate Blanchett, Disclaimer
Jodie Foster, True Detective: Night Country – VENCEDORA
Cristin Milioti, Pinguim
Sofía Vergara, Griselda
Naomi Watts, Feud: Capote vs. the Swans
Kate Winslet, O Regime
Melhor Atriz em Filme de Comédia ou Musical
Amy Adams, Canina
Cynthia Erivo, Wicked
Karla Sofía Gascón, Emilia Pérez
Mikey Madison, Anora
Demi Moore, A Substância – VENCEDORA
Zendaya, Rivais
Melhor Ator em Filme de Comédia ou Musical
Jesse Eisenberg, A Verdadeira Dor
Hugh Grant, Herege
Gabriel LaBelle, Saturday Night
Jesse Plemons, Tipos de Gentileza
Glen Powell, Assassino por Acaso
Sebastian Stan, Um Homem Diferente – VENCEDOR
Melhor Filme de Animação
Flow – VENCEDOR
Divertida Mente 2
Memórias de um Caracol
Moana 2
Wallace & Gromit: Avengança
Robô Selvagem
Melhor Direção
Jacques Audiard, Emilia Pérez
Sean Baker, Anora
Edward Berger, Conclave
Brady Corbet, O Brutalista – VENCEDOR
Coralie Fargeat, A Substância
Payal Kapadia, Tudo Que Imaginamos Como Luz
Melhor Trilha Sonora
O Brutalista
Conclave
Robô Selvagem
Emilia Pérez
Rivais – VENCEDOR
Duna: Parte 2
Melhor Canção Original
The Last Showgirl – “Beautiful That Way”
Rivais – “Compress/Repress”
Emilia Pérez – “El Mal” – VENCEDORA
Better Man – “Forbidden Road”
Robô Selvagem — “Kiss the Sky”
Emilia Pérez – “Mi Camino”
Maior Evento Cinematográfico do Ano
Alien: Romulus
Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice
Deadpool & Wolverine
Gladiador 2
Divertida Mente 2
Twisters
Wicked – Vencedor
Robô Selvagem
Melhor Filme para TV ou Série Limitada
Monstros
Bebê Rena – VENCEDOR
Difamação
Pinguim
True Detective: Terra Noturna
Ripley
Melhor Série de Comédia
Abbott Elementary
O Urso
Magnatas do Crime
Hacks – VENCEDOR
Ninguém Quer
Only Murders in the Building
Melhor Atriz de Drama em Série de TV
Kathy Bates, Matlock
Emma D’Arcy, A Casa do Dragão
Maya Erskine, Sr. e Sra. Smith
Keira Knightley, Black Doves
Keri Russell, A Diplomata
Anna Sawai, Xógum: A Gloriosa Saga do Japão – VENCEDORA
"Nosferatu" (1922) do mestre Friedrich Wilhelm Murnau é apontado como um dos melhores filmes de horror de todos os tempos. Talvez muito disso se deva pelo fato de o realizador ter tido uma obsessão pelo realismo, ao ponto de muitos acreditarem que o vampiro em cena era realmente real. Essa lenda urbana aumentou ainda mais pelo fato da vida do ator Max Schreck ter sido tão pouco explorada pelos exploradores do cinema e fazendo com que a teoria aumentasse ainda mais.
No decorrer dos anos "Nosferatu" foi revisitado diversas vezes, ao ponto de ganhar uma merecida refilmagem em 1979 pelo mestre Werner Herzog. Porém, sempre existe aquele desejo de explorar aquela velha teoria de que Schrerk fosse realmente um vampiro. Eis que então foi lançado "A Sombra do Vampiro" (2000), filme que dá uma luz sobre essa possibilidade sobre o que era ficção e realidade durante as filmagens do clássico. O filme foi dirigido por E. Elias Merhige, conhecido na época pelo cultuado "Begotten" (1990). Porém, o filme nasceu através do desejo de Nicolas Cage em trazer essa proposta às telas, sendo que ele bancou o projeto e se tornando então o produtor como um todo.
Apreciador do expressionismo alemão, a abertura do filme é uma clara referência a essa época e que através do cinema ganhou a sua força. O filme em si traz algumas reconstituições sobre o que pode ter acontecido durante as filmagens e ao mesmo tempo utilizando cenas extraídas do clássico. O filme acaba se tornando um colírio para os olhos daqueles que apreciam a reconstituição dos primeiros anos do cinema, principalmente quando a câmera era mais simples, sendo tudo algo mais experimental e sintetizando tempos em que os primeiros realizadores autorais tinham certa obsessão de criar algo genuíno.
Há quem diga que Murnau era algo do tipo, ao ponto que esse desejo pela realização de sua obra é potencializado ainda mais pela atuação de John Malkovich não se preocupando na possibilidade de soar caricato em alguns momentos. Porém, o filme pertence mesmo ao ator Willem Dafoe, na época já conhecido pelos seus incríveis desempenhos como "Mississípi em Chamas" (1988) e "A Última Tentação de Cristo" (1988). Aqui, o seu Nosferatu é um ser monstruoso, porém, trágico e ao ponto de que seu passado se torna um mistério, pois o próprio há muito tempo havia esquecido. Sua obsessão pela atriz Greta Schroeder se torna o seu principal motivo para fingir que é um ator e que está atuando no projeto do "Murnau.
É curioso a reação dos demais personagens perante ao personagem, sendo que eles acreditam que seja um ator que está interpretando um vampiro, mas a sua presença é tão incômoda que faz os mesmos duvidarem disso. Dafoe constrói para si um vampiro cheio de trejeitos peculiares, que se distancia do que o verdadeiro Max Schreck havia criando e se distanciando ainda mais se formos compará-lo ao assombroso desempenho de Klaus Kinski na versão de 1979. Não é a toa, portanto, que o ator havia sido indicado há vários prêmios na época, incluindo uma indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante.
Embora tenha tido uma estreia discreta na época do seu lançamento, o filme foi o suficiente para despertar a atenção da nova geração de cinéfilos para conhecer o clássico de 1922. Na época eu já era fã do clássico expressionista e fiz questão de assisti-lo no cinema e tendo, portanto, uma sessão inesquecível. Embora curto, o filme é uma experiência um pouco incomum, sendo que o final levanta mais dúvidas do que respostas sobre o que poderia ter acontecido realmente durante as filmagens e fazendo com que o filme fosse revistado no decorrer dos anos.
"A Sombra do Vampiro" é uma curiosa transição entre a ficção e a realidade sobre a realização de um clássico e que certas lendas urbanas podem sim ter algum fundamento.
Sinopse: Um conto cinematográfico gótico sobre a obsessão entre uma jovem mulher amedrontada e o aterrorizante vampiro apaixonado por ela, indiferente ao rastro do mais puro horror que deixa em seu caminho em direção a ela.
ENCONTRO COM O DITADOR
Sinopse: 1978. Durante três anos, o Camboja, agora Kampuchea Democrático, esteve sob a opressão de Pol Pot e do seu Khmer Vermelho. Atualmente, o país está economicamente devastado e quase dois milhões de cambojanos morreram num genocídio que permanece silencioso.
A primeira cinesemana de 2025 traz várias novidades em nossa programação. Entre elas está o longa COMO GANHAR MILHÕES ANTES QUE A AVÓ MORRA, representante da Tailândia na disputa pelo Oscar de filme internacional. Também temos a estreia do filme alemão DYING – A ÚLTIMA SINFONIA, vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Berlim. Outra estreia é MARCELLO MIO, lançado para marcar o centenário de nascimento do grande ator italiano Marcello Mastroianni. E ainda faremos a pré-estreia de BABY, um dos destaques nacionais na temporada de festivais de 2024.
Seguimos em cartaz com dois títulos bem recebidos pelo público na virada do ano: o indiano TUDO QUE IMAGINAMOS COMO LUZ e o espanhol HISTÓRIAS QUE É MELHOR NÃO CONTAR.
(All we imagine as light - Índia/França/Holanda/Luxemburgo, 2024, 120min). Direção de Payal Kapadia, com Kani Kusruti, Divya Prabha, Chhaya Kadam. Filmes da Mostra, 14 anos. Drama.
Sinopse: Na caótica Mumbai, a rotina de três mulheres que trabalham em um hospital é atravessada por sentimentos e situações que dão conta das tradições de um país. Prahna não tem notícias do marido, que foi tentar a sorte em outro país. Anu vive um romance com um rapaz que os pais não aprovam. Parvaty perdeu o marido e também está prestes a perder sua casa. O alento para o caos pode estar em uma viagem para o interior, onde há paz de espírito. O filme foi o vencedor do grande prêmio do júri no Festival de Cannes e já aparece em várias listas de melhores produções do ano.
17h15 – COMO GANHAR MILHÕES ANTES QUE A AVÓ MORRA Assista o trailer aqui.
(Lahn Mah - Tailândia, 2024, 125min). Direção de Pat Boonnitipat, com Putthipong Assaratanakul, Usha Seamkhum, Sanya Kunakorn. Paris Filmes, 12 anos. Drama.
Sinopse: Amah é uma senhora idosa que, de acordo com as tradições de seu país, sonha em ter uma sepultura própria quando morrer. Isso atrai o interesse de seu neto, que resolve cuidar da avó por conta da herança que ela pode deixar depois que partir. À medida em que o jovem se aproxima da idosa, as vivências e sentimentos entre ambos vão se modificando, com base no amor e respeito. O longa é o representante da Tailândia no Oscar e está entre os 15 títulos pré-selecionados ao prêmio de filme internacional.
19h30 – HISTÓRIAS QUE É MELHOR NÃO CONTAR (NÃO HAVERÁ SESSÃO DIA 8) Assista o trailer aqui.
(Historias para no contar - Espanha, 2024, 100min). Direção de Cesc Gay, com Anna Castillo, Chino Darín, Maribel Verdú, José Coronado, Javier Cámara. Pandora Filmes, 14 anos. Comédia dramática.
Sinopse: Um elenco talentoso protagoniza cinco episódios de situações embaraçosas do dia a dia, provavelmente já vividas por muitas pessoas e que seria melhor não serem reveladas. Em comum, as histórias são tratadas com bom humor e desfechos inesperados, incluindo o encontro de três amigas atrizes para um teste de elenco ou a tentativa de um casal de arranjar uma namorada para um amigo desiludido.
PRÉ-ESTREIA
QUARTA, DIA 8 ÀS 19h30 – SESSÃO COM A PRESENÇA DO DIRETOR. Assista o traileraqui.
BABY
(Brasil, 2024, 106min). Direção de Marcelo Caetano, com João Pedro Mariano e Ricardo Teodoro. Vitrine Filmes, 16 anos. Drama.
Sinopse: Após ser liberado de um centro de detenção juvenil, Wellington se vê sozinho nas ruas de São Paulo, sem nenhum contato com os pais ou recursos para reconstruir a vida. Ele encontra Ronaldo, um homem maduro que lhe ensina novas formas de sobrevivência. Prêmios de melhor filme e ator no Festival do Rio.
SALA EDUARDO HIRTZ
15h30 – DYING - A ÚLTIMA SINFONIA - ESTREIA Assista o traileraqui.
(Sterben - Alemanha, 2024, 180min). Direção de Matthias Glasner, com Corinna Harfouch, Lars Eidinger, Lilith Stangenberg. Imovision, 16 anos. Drama.
Sinopse: A música e o humor ácido costuram o cotidiano da família Lunies, formada pelo casal de idosos Lissy e Gerd e seus filhos Tom e Ellen. O casal enfrenta os problemas da saúde que vêm com a velhice, enquanto Tom é um maestro reconhecido que está às voltas com os ensaios de uma nova obra ao mesmo tempo em que precisa encarar o papel de pai. Já Ellen é uma dentista que não consegue se controlar quando a situação envolve álcool ou sexo. O filme ganhou o Urso de Prata de melhor roteiro no Festival de Berlim.
19h – MARCELLO MIO - ESTREIA Assista o traileraqui
(França, 2024, 120min). Direção de Christophe Honoré, com Chiara Mastroianni, Catherine Deneuve, Fabrice Luchini. Imovision, 14 anos. Drama.
Sinopse: Marcello Mastroiani (1924 - 1996) é reverenciado pela própria filha em homenagem ao centenário do seu nascimento. Diante da semelhança, Chiara Mastroianni se apresenta como Marcello e reencarna o pai em alguns momentos emblemáticos da sua trajetória. Entre cenários de Paris e Roma, ela se veste e fala como ele, entregando momentos de interpretação convincente e outros em que parece estar em busca de sua verdadeira identidade. O filme participou da seleção oficial do Festival de Cannes 2024.
PREÇOS DOS INGRESSOS:
TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 16,00 (R$ 8,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 20,00 (R$ 10,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTE BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES MEDIANTE PAGAMENTO COM O CARTÃO DO BANCO.
Estudantes devem apresentar Carteira de Identidade Estudantil.
Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013.
A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.