Sinopse: Impedida de frequentar o culto de sua preferência, Mel não desiste de professar a sua fé.
Embora vivemos em um país laico é mais do que explicito que atualmente exista certas igrejas que tentam doutrinar a população de uma forma errônea. Se Jesus prega a paz e amor o mesmo não se pode dizer de certos pastores que usam a bíblia para passar aos seus seguidores o preconceito para ser empregado contra todos aqueles que eles acham diferente como no caso da comunidade LGBT. "Toda Noite Estarei Lá" (2024) fala sobre a luta individual de uma pessoa contra o preconceito, mas que representa uma grande parcela da população que luta atualmente pelos seus direitos de ir e vir e até mesmo para viver.
Dirigido por Tati Franklin e Suellen Vasconcelos, o documentário revela o dia a dia de Mel Rosário, uma travesti cabeleireira e ativista que sofreu transfobia e foi impedida de frequentar uma igreja neopentecostal em que frequentava. Como protesto, ela aparece todas as noites na porta da igreja com cartazes, buscando exercer seu direito à liberdade religiosa. Porém, assim como as demais pessoas, ela terá que enfrentar também os tempos de Covid, Bolsonarismo e retrocessos, já que o documentário se passa entre os anos 2018 e 2022.
Tati Franklin e Suellen Vasconcelos procuram serem apenas observadores com relação ao cotidiano de Mel Rosário, onde as imagens falam por si e fazendo a gente compreender melhor o seu universo particular. Os eventos vistos na tela se passam em um único ponto deste grande país, mas ao mesmo tempo é uma espécie de representação do enorme retrocesso, adversidades e perdas de direitos que o Brasil sofreu nos últimos anos. Pode-se dizer que Mel é uma de várias pessoas que tiveram que conviver com esses duelos do dia a dia, mas não significa que recuou em sua jornada.
Ao mesmo tempo em que testemunhamos a sua busca pela justiça, além de sua encruzilhada em manter o seu protesto contra o local, o documentário revela o seu cotidiano, desde de ser uma cabeleireira, como também o seu dia a dia com a sua família e revelando ainda mais sua real pessoa. Ao invés de desistir de tudo a protagonista decidiu lutar ao máximo, mas mal sabendo o que viria a seguir.
O documentário revela um Brasil nebuloso entre 2018 e 2022, com o advento do fascismo, a morte de Marielle Franco, prisões políticas como as de Lula e o surgimento do Covid-19. É engraçado que sempre quando assistimos um documentário como esse que revela um pouco mais desse período nos espantamos pelo fato de termos chegado aqui hoje vivos, pois só quem viveu teve a chance de contar a história e cuja as consequências ainda hoje são sentidas. Nota-se que Tati Franklin e Suellen Vasconcelos nem imaginavam o que aconteceria quando começaram a colocar em prática esse documentário, pois de uma única proposta acabou se tornando algo ainda maior, mesmo sendo uma obra de curta duração.
Ao final nota-se que Mel Rosário segue lutando pelo que acredita, mantendo firme a sua fé e deixando o desanimo de lado quando lhe pega de jeito. Acima de tudo, é uma representação da força de vontade de muitos que sofreram e que ainda sofrem o preconceito, mas que precisam estarem prontos perante um futuro que ainda se encontra indefinido, principalmente em tempos atuais em que a Democracia do país e do restante do mundo está sendo sempre atacada como um tudo. Assim como Mel Rosário cabe cada um fazer a sua parte, mesmo quando a luta aparenta estar perdida.
"Toda Noite Estarei Lá" fala sobre a luta de uma pessoa contra o preconceito e retrocessos, mas que também representa uma grande parcela da população como um tudo.
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