Sinopse: Protagonizado por Bill Skarsgård, Contra o Mundo acompanha "Garoto", que jura vingança depois que sua família é assassinada por Hilda Van Der Koy
O típico filme ação dos anos oitenta protagonizado pelo "exército de um homem só" foi tão reaproveitado ao longo do tempo que no final do século vinte ele já se encontrava moribundo. Porém, eis que a franquia "John Wick" provou que com estilo, ótima direção, violência estilizada e um ótimo protagonista pode sim dar um passo à frente para que o público volte a ver os filmes desse gênero com novos olhos. Temos então "Contra o Mundo" (2024), um filme de ação na veia e que não mede esforços para nos surpreender a cada cena.
Dirigido por Moritz Mohr, acompanhamos a história de "O Garoto" (Bill Skarsgård) que deseja vingança depois que sua família é assassinada por Hilda Van Der Koy (Famke Janssen), a matriarca de uma dinastia pós-apocalíptica que deixou o menino órfão, surdo e sem voz. O protagonista então é treinado pelo xamã (Yayan Ruhian) para se tornar uma máquina de guerra contra o governo totalitário e que não medirá esforços para matar a sua líder. Porém, para que isso seja feito, ele terá que enfrentar um grande exército e provocando uma verdadeira carnificina.
Nitidamente Moritz Mohr buscou inspiração nas HQ para a realização do seu filme, pois visualmente ele parece uma história típica extraída desta arte e cujo visual é cartunesco e nostálgico. Neste último caso isso é devido as várias referências que o longa usa e mistura no decorrer da trama, que vai desde aos filmes de ação, vídeo game e o que havia de melhor na década de oitenta e que hoje se fortalece devido a essa onda de nostalgia que nos toca a cada dia que passa. É algo parecido com que foi visto, por exemplo, no ótimo "Scott Pilgrim contra o Mundo" (2010), mas alinhado com uma violência gráfica bem ao estilo Kill Bill (2003) de Tarantino.
Mas o melhor de tudo fica por conta do seu próprio protagonista, já que o personagem de Bill Skarsgård não fala por ser surdo e mudo, mas sabemos o que ele está pensando através da narração off. Esse artificio não somente remete os tempos do subgênero noir como também é outra referência as HQ, onde sempre víamos o herói pensando através dos balões e fazendo com que isso se torne ainda mais atrativo. O melhor de tudo é que nunca sabemos ao certo se ele está realmente bem mentalmente, já que a sua mente por vezes é bastante fragmentada, com o direito de sempre testemunharmos ele conversando com a sua irmã já morta.
Aliás, o filme é recheado de diversas reviravoltas, com o direto de nunca sabermos ao certo se o protagonista está realmente indo em direção ao lugar certo de sua jornada. Embora seja homem vs sistema totalitário, esse conflito gera perda de ambas as partes e fazendo chegar um ponto que o protagonista se perguntará sobre qual será o caminho mais lógico em meio a uma violência completamente fora das fronteiras da normalidade. Tudo acaba se tornando uma grande piada, ao ponto que os vilões são cartunescos em meio a esse absurdo, sendo que o personagem falastrão vivido por Brett Gelman é o melhor que sintetiza isso.
Ao final da jornada do herói concluísse que tudo que lhe resta é viver na nostalgia e de tempos mais coloridos, pois o mundo caótico atual está fazendo tudo desmoronar e fazendo todos se esquecerem do que havia de melhor nele. Uma diversão de primeira, mas que fala desse nosso vício de olharmos para o passado e abraçarmos a nostalgia a tal ponto que queremos esquecer dos dilemas atuais como um todo mesmo que seja por alguns momentos. Diversão e reflexão em um único pacote e a gente só agradece.
"Contra o Mundo" é uma grata surpresa para aqueles que apreciam um ótimo filme de ação e todo alinhado com que há de melhor da cultura pop.
Onde Assistir: Amazom Prime Vídeo e Apple TV.
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