Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Sinopse: Capitu e o Capítulo aborda de forma livre a obra de Machado de Assis, Dom Casmurro. Com a proposta de ser um ensaio, o longa apresenta a personalidade complexa de Capitu, em contraste com os diálogos inventivos de Bentinho, e o amor profundo que ele sente pela moça. A paixão visceral vista através de uma nova perspectiva. O enredo também trabalha com a inquietação dos sentimentos humanos, tal qual o ciúme primitivo de Bentinho, e todas as intrigas desenvolvidas por suas paranoias.
Sinopse:Vozes: Diegho Kozievitch, Jeff Franco, Renet Lyon, Fabiane Gouvêa, Paulo Munhoz, Tales Munhoz, Caroline Roehrig, Nana Vendruscolo e Wellington Wella
#EAGORAOQUE
Brasil/Documentário /2020/70min.
Direção: Jean-Claude Bernardet / Rubens Rewald
Sinopse: Como agir hoje politicamente? É possível mudar as coisas, as pessoas, a sociedade? E agora, o que fazer? Um intelectual e suas contradições.
HORÁRIOS DE 27 DE JULHO a 02 DE AGOSTO (não há sessões nas segundas-feiras):
15h: BRICHOS 3 MEGAVÍRUS
17h: #EAGORAOQUE
19h: CAPITÚ E O CAPÍTULO
Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00.Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.
ATENÇÃO: NAS QUINTAS-FEIRAS TODOS PAGAM MEIA ENTRADA EM TODAS AS SESSÕES! CINEBANCÁRIOS :Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405/Email:cinebancarios@sindbancarios.org.br
Sinopse: Barbie parte para o mundo humano em busca da verdadeira felicidade.
Greta Gerwig é uma cineasta autoral e da qual fez o mundo enxergar novamente o cinema independente norte-americano a partir de sua atuação e roteiro com o longa "Frances Ha" (2012). De lá pra cá se tornou uma realizadora premiada e sendo convidada até mesmo a dirigir superproduções como "Adoráveis Mulheres" (2020), mas nunca deixando de dizer alguma coisa em suas obras e que falasse um pouco sobre o papel da mulher atual dentro de nossa sociedade. Portanto, engana-se quem acha que Greta tenha se vendido ao capitalismo desenfreado a partir do momento em que foi comandar "Barbie" (2023), pois o filme é uma crítica aos diversos assuntos e fala sobre qual é a verdadeira cruzada que as mulheres têm que trilhar atualmente como um todo.
Na trama, acompanhamos o dia a dia em Barbieland - o mundo mágico das Barbies, onde todas as versões da boneca vivem em completa harmonia. Uma das bonecas (interpretada por Margot Robbie) começa a perceber que talvez sua vida não seja tão perfeita assim, questionando-se sobre o sentido de sua existência e alarmando suas companheiras. Isso acontece quando ela começa obter as visões sobre uma menina e é então que ela decide procurá-la no mundo real para saber o que realmente está acontecendo. Porém, ela obtém a companhia de Ken (Ryan Gosling), mas mal sabendo que isso poderá gerar um sério problema.
Na abertura já temos uma vaga ideia do que estará por vir neste filme, pois Greta Gerwig presta uma bela homenagem ao clássico "2001 - Uma Odisseia no Espaço" (1968), e ao mesmo tempo, não deixa de fazer uma análise crítica sobre o mundo Patriarcado de antigamente, onde colocava as mulheres no lugar em que eles achavam no seu direito e com pensamento retrógrado. Porém, se por um lado a boneca foi criada para dizer que as jovens poderiam ser o que quiser na vida, do outro, atualmente vivemos em tempos em que nem todas são enganadas assim tão facilmente, pois a busca pelos sonhos é árdua e nem todas acabam sendo tão gloriosas. Ao mesmo tempo, o filme vem para dizer que basta ser você mesma para ser feliz e não seguir a moda que o mundo tenta ditar.
Com toda essa bagagem de mensagens na trama é obvio que muitas crianças que irão ao cinema para assistir algo que se case com as suas inocentes perspectiva não entendam tudo de forma imediata, mas cujo os pais ficaram surpresos com tamanho conteúdo adulto nas entrelinhas. Ao mesmo tempo, o filme possui um dos visuais mais interessantes do ano, principalmente com relação ao universo de Barbieland, todo colorido, perfeito, mas ao mesmo tempo plástico e completamente bizarro. Curiosamente, isso é o que talvez o poderio norte-americano quisesse passar para a sociedade durante os anos cinquenta, cuja perfeição não escondia o seu lado falsamente real.
Em tempos atuais ninguém vive mais dessa perfeição, pois as pessoas buscam novos horizontes e não cabe mais alguém, ou o sistema governamental e religioso dizer o que você realmente ter o que fazer ou ser. É com esse pensamento em que o filme realmente engrena, principalmente quando Barbie encara o mundo real e se dando conta que as jovens não precisam mais dela e cabe ela própria procurar ser algo que no fundo ela desejou ser um dia. É então que Margot Robbie mostra porque é uma das melhores atrizes atualmente.
É interessante observar como ela constrói para a sua Barbie um ser genuinamente inocente, mas que não esconde dentro de si algo que está batendo forte e querendo sair para finalmente conseguir respirar. A partir do momento em que a personagem enxerga o mundo real em sua volta, além da maneira de como as meninas realmente se comportam em suas vidas, é quando Margot Robbie consegue descascar a sua personagem como um todo e fazendo com que quando ela solta uma lagrima não soe algo inverossímil. Não é à toa que alguns críticos andam dizendo que ela pode sim ser indicada a diversos prêmios e que com certeza irá levar alguns consigo.
Porém, é com a personagem Glória, interpretada por América Ferrera, que o filme possui o discurso mais forte da obra sobre como é impossível ser mulher. Ela reclama sobre como as mulheres nunca são suficientemente boas, ou suficientemente magras, ou suficientemente mães, entre outras demandas inalcançáveis. Nem mesmo Barbie, que é uma boneca teoricamente perfeita, está imune a isso e o que faz a mensagem principal do filme obter um peso maior como um todo.
Esse discurso, aliás, acontece justamente quando Ken vê no mundo real uma espécie de paraíso para os homens, onde a ideia do Patriarcado lhe seduz e decidindo mudar a realidade de Barbieland a sua maneira. Fica até mesmo difícil de imaginar se é possível tirar algo de construtivo através de um personagem como Ken, mas Ryan Gosling consegue construir para ele um ser tragicômico que desejava somente atenção, quando na verdade poderia ser somente feliz com o que tem ao invés de forçar a Barbie a gostar dele a qualquer custo. Uma representação mais do que genuína sobre o homem Alfa atual que não sabe mais para onde ir uma vez que não sabe mais como controlar a mulher, quando na verdade deveria somente em se preocupar em ser alguém melhor para si.
Mas talvez os minutos finais seja onde se encontra a mensagem principal da obra e cuja cena fará com que diversas pessoas de todas as idades soltem uma lagrima. Ao final, constatamos que as meninas não precisam serem perfeitas, mas sim elas precisam serem humanas e desfrutarem desta vida ao máximo ao serem elas mesmas. Um discurso que fará muitos setores da sociedade se enfurecerem, mas não cabe a eles dizer o que fazer, mas sim cada um de nós.
Com uma participação curta, porém, poderosa de Kate McKinnon como a Barbie Estranha, "Barbie" é um filme que vai muito mais além do que a gente imagina, ao nos colocar frente a frente com vários questionamentos sobre o mundo real em que vivemos é só temos mais do que agradecer por isso.
HISTÓRIA(S) DO CINEMA DE JEAN-LUC GODARD EM EXIBIÇÃO
Nos dias 29 e 30 de julho, a Cinemateca Capitólio e a Aliança Francesa Porto Alegre exibem a versão integral da cultuada série História(s) do Cinema, criada por Jean-Luc Godard entre 1988 e 1998. O valor do ingresso (que pode ser usado para os dois programas exibidos no mesmo dia) é R$ 10,00. A mostra Godard! apresenta novas reprises dos cinco clássicos que o diretor francês realizou nos anos 1960 até o dia 30 de julho.
Nesta sexta-feira, 28 de julho, às 19h30, O Projeto Raros celebra o centenário de Seijun Suzuki, um dos nomes incontornáveis da Nouvelle Vague Japonesa, com a sessão de O Vagabundo de Kanto (Kanto mushushu, 1963), na Cinemateca Capitólio. A sessão conta com apresentação do crítico e professor Sérgio Alpendre. Entrada franca.
Sinopse: O físico J. Robert Oppenheimer trabalha com uma equipe de cientistas durante o Projeto Manhattan, levando ao desenvolvimento da bomba atômica.
Christopher Nolan se tornou o tema do meu primeiro curso que eu ministrei pelo Cine Um não somente pela sua curiosa filmografia, como também pela sua obsessão pela verossimilhança. Pelo fato de elaborar tramas que podem muito bem acontecer no mundo real isso faz com que cada ação testemunhada na tela tenha as suas consequências e por vezes irreversíveis. "Oppenheimer" (2023) é sobre atos e consequências orquestradas por um homem, que tinha a intenção de evitar uma guerra, mas deu início ao que pode provocar a extinção humana.
Baseado no livro biográfico vencedor do Prêmio Pulitzer, Prometeu Americano: O Triunfo e a Tragédia de J. Robert Oppenheimer, a trama é ambientada na Segunda Guerra Mundial, onde acompanhamos a vida de J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), físico teórico da Universidade da Califórnia e diretor do Laboratório de Los Alamos durante o Projeto Manhattan - que tinha a missão de projetar e construir as primeiras bombas atômicas. A trama acompanha o físico e um grupo formado por outros cientistas ao longo do processo de desenvolvimento da arma nuclear que foi responsável pelas tragédias nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, em 1945.
A destruição de Hiroshima e Nagasaki é com certeza um dos maiores crimes contra a humanidade e dos quais os EUA quase nunca quiseram debater, seja por medo ou até mesmo vergonha. Portanto, sempre quando um filme é lançado sobre esse assunto rende diversos debates, principalmente quando o próprio cinema norte americano levanta a questão e fazendo a gente questionar se irão ou não fazer uma autocrítica. Christopher Nolan, por sua vez, compreende a magnitude sobre o tema e procura adentrar na alma humana do criador da bomba e para isso filma como ninguém.
Defensor ferrenho do IMAX, Nolan filma com esse recurso não somente para sentirmos maiores detalhes do cenário dos eventos da trama, como também cada expressão e olhar que a gente testemunha em seus respectivos personagens principais, principalmente com relação Robert Oppenheimer. Se no passado Sergio Leone, mesmo com poucos recursos, adentrava ao máximo na mente dos seus protagonistas através de um zoom até então inédito, aqui Nolan usa a tecnologia de ponta ao seu favor para tentarmos compreender sobre o que está pensando o homem realizador da bomba do fim do mundo. Cillian Murphy entrega uma atuação poderosa, ao construir um personagem complexo, que deseja ir além de suas capacidades, mas tendo consciência do erro que estaria cometendo e sobre aqueles que se aproveitariam disso.
Com três horas de duração ao seu favor, Christopher Nolan cria um verdadeiro filme de ação, mas não com explosões ou perseguição, mas sim com diversos diálogos afiados e onde cada passagem nos explica as engrenagens sobre a criação da bomba que mudaria os rumos do mundo. Com uma edição poderosa, o filme ainda obtém maior ritmo graças a sua trilha sonora composta pelo compositor sueco Ludwig Göransson, cuja suas notas disparam em momentos em que o cineasta pede para prestarmos atenção sobre o que está acontecendo enquanto a trilha sonora vai nos acompanhando. Algo similar ao que foi visto em "A Rede Social" (2010), onde aparentemente nada acontece, mas cuja trilha aumenta a carga dramática em sua total magnitude.
Além disso, é surpreendente quando a fotografia transita entre as cores tradicionais para momentos em preto e branco, sendo que neste último caso ela sintetiza o lado frio e calculista de homens poderosos e sem nenhum escrúpulo com relação aos seus atos. É um filme político, mas ao mesmo tempo transitando entre o subgênero tribunal e destacando o momento em que os EUA estava fazendo o seu Caça às Bruxas contra o comunismo e jugando até mesmo aqueles que um dia haviam ajudado o país no passado.
Neste cenário se encontra o homem do gabinete do Presidente, Lewis Strauss, interpretado por Robert Downey Jr e cuja suas intenções transitam entre o bom senso e ambição que o alimenta. Strauss vê no protagonista alguém para ser usado a todo custo, mas uma vez sendo inútil decide destruí-lo através de investigações e julgamento. Downey está ótimo em seu personagem, ao destacar uma pessoa complexa, que sabe jogar no universo político, mas conhecendo os seus limites de perto e se dando conta que não é exatamente intocável.
Emily Blunt, por sua vez, nos brinda com uma atuação poderosa, cuja sua personagem gerará polêmicas, mas cuja sua expressão final perante a hipocrisia da política norte-americana nos faz esquecer de qualquer passo em falso vindo dela. Já Jean Tatlock, interpretada por Florence Pugh, não só representa a ala comunista perseguida dentro da trama, como também o outro lado do protagonista que o próprio não sabe controlar e se sentindo nu em determinado ponto da história. Curiosamente, Nolan faz deste momento uma forma de se desprender de qualquer regra narrativa e fazendo criar dentro de nós uma sensação desconfortante, mas que é preciso ser sentida.
Desconforto é palavra-chave para o filme como um todo, já que estamos diante de uma obra que fala passo a passo da construção da bomba da morte. Por conta disso não há glamour no momento em que ela explode, pois ela é silenciosa para desfrutarmos da beleza de algo até então inédito, para logo depois sentirmos o barulho da explosão e nos darmos conta do horror que estará por vir. Após Hiroshima e Nagasaki, o protagonista se encontra diante de uma sociedade norte americana radiante, mas tentando conter dentro de si o peso de tal gravidade.
O filme, portanto, nos mostra que estamos impotentes perante a força de poderes que podem nos destruir a qualquer momento e cujo cientistas que ajudaram na realização de certos inventos se tornarem apenas peças que são controladas por homens poderosos. Ao fim, ao vermos a cena final do protagonista ao lado de Albert Einstein testemunhamos as suas expressões de horror por terem total juízo de que o homem se extinguira devido as suas ambições e que não haverá nenhum poder para conter infelizmente. A bomba foi disparada no final da Segunda Guerra, mas ela ainda se alastra.
"Oppenheimer" não é somente sobre a origem da bomba atômica como também o ponto inicial da extinção da raça humana.
De 25 de julho a 12 de setembro, a Sala Redenção apresenta uma programação de obras cinematográficas que representam diferentes vanguardas artísticas. O ciclo “A Vanguarda no Cinema” apresenta oito sessões comentadas, realizadas às terças-feiras, às 19h, com entrada franca e aberta à comunidade em geral.
Em diálogo com as ideias de vanguarda da historiadora francesa Nicole Brenez e do belga Thierry de Duve, a programação se dedica àquelas obras que se expõem ao risco de não serem percebidas como arte, e que rompem com os limites do previsível. São filmes que trazem inovações na linguagem e no formato cinematográficos.
“A Vanguarda no Cinema” reúne representantes do movimento surrealista (“A Concha e o Clérigo”), do expressionismo (“M, O vampiro de Düsseldorf” e “Paula Modersohn-Becker – Retrato”) e da montagem russa (“Um homem com uma câmera” e “Outubro”). Além disso, a programação apresenta obras de dois diretores que inovaram na produção de documentários: o alemão Harun Farocki (“Videogramas de uma revolução” e “Imagens do mundo e inscrições da guerra”) e o francês Chris Marker (“Sem Sol”).
O ciclo está vinculado à disciplina “Seminários de Tópicos Especiais: Cinema de Vanguarda e Vanguardas Artísticas”, do bacharelado em Artes Visuais da UFRGS, ministrada pelo professor Luís Edegar de Oliveira Costa. Os alunos da disciplina, juntamente com Luís Edegar, são os responsáveis pela curadoria do ciclo e participam dos debates após cada sessão. Algumas exibições contam ainda com a correalização do Instituto Goethe Porto Alegre e da Aliança Francesa Porto Alegre.
O cinema da UFRGS está localizado no campus central da universidade, com acesso mais próximo pela Rua Eng. Luiz Englert, 333. Confira a programação completa no site oficial clicandoaqui.
Sobre o Filme: Vários pioneiros de diversas invenções viram as suas obras serem mastigadas de forma errônea pela humanidade ao longo da história. Pegamos, por exemplo, o nosso Santos Dumont, que criou o avião a motor e que viu o seu maior feito sendo usados para um cenário que ele jamais queria que fosse inserido. Em 1932, ocorreu a revolução constitucionalista, em que o estado de São Paulo se levantou contra o governo revolucionário de Getúlio Vargas. Mas o conflito aconteceu e aviões atacaram o Campo de Marte, em São Paulo, no dia 23 de julho. Possivelmente, sobrevoaram o Guarujá, e a visão de aviões em combate pode ter causado uma angústia profunda em Santos Dumont que, nesse dia, aproveitando-se da ausência de seu sobrinho, suicidou-se, aos 59 anos de idade.
Grandes feitos acabam sendo usados pela ambição do homem e do qual não consegue desvencilhar desse grande defeito ao longo da história. "Radiocative" (2021) fala sobre uma mulher à frente do seu tempo, mas que viu o seu grande feito sendo dividido entre a salvação e a destruição. Dirigido por Marjane Satrapi, do filme "Persepolis" (2008), o filme conta sobre a cientista Marie (Rosamund Pike), que sempre enfrentou dificuldades em conseguir apoio para suas experiências devido ao fato de ser uma mulher. Ao conhecer Pierre Curie (Sam Riley), ela logo se surpreende pelo fato dele conhecer seu trabalho, o que a deixa lisonjeada. Logo os dois estão trabalhando juntos e, posteriormente, iniciam um relacionamento que resultou em duas filhas. Juntos, Marie e Pierre descobrem dois novos elementos químicos, rádio e polônio, que dão início ao uso da radioatividade.
Confira a minha crítica já publicada clicandoaquie participe da próxima live do Cine Debate.
Sinopse: Em 1955, em Nova York, o detetive particular Harry Angel é contratado para encontrar um cantor desaparecido no final da Segunda Guerra Mundial. Sua investigação o leva a Nova Orleans, onde feitiçaria e assassinato seguem seus passos.
Certa vez o escritor inglês Alan Moore estava passeando pelas ruas de Londres quando de repente ele cruzou com uma misteriosa figura que lhe piscou o olho e seguiu o seu rumo. Essa figura usava um casaco surrado, estava fumando e tinha a cara do cantor e compositor Sting. O escritor ficou tão fascinado por aquela pessoa que a mesma o acabou servindo de inspiração para a criação de Constantine, personagem ocultista, que enfrenta diversos demônios, que surgiu pela primeira vez nas HQ do "Monstro do Pântano" que o escritor estava no comando na época dos anos oitenta e que posteriormente acabou ganhando suas próprias histórias.
Quando eu penso nesta lenda urbana logo me vem à mente um outro personagem cuja sua trama é parecida, sobre um detetive dos anos cinquenta que é contratado por um homem misterioso para encontrar o paradeiro de um cantor que se encontra sumido desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O detetive, por sua vez, possui um visual semelhante ao Constantine e o homem misterioso que o contrata não é ninguém menos que o próprio Diabo. A história foi lida pela primeira vez em um livro lançado em 1978, intitulado "Coração Satânico" e escrito por William Hjortsberg.
Sendo assim, talvez a figura de Constantine não seja tão original como eu imaginava, pois a fonte de inspiração para a sua criação talvez já estivesse neste livro e a adaptação para o cinema de 1987 comandada por Alan Parker fortalece ainda mais esse meu pensamento. O filme foi lançado em um momento interessante do cinema norte americano, pois se de um lado havia filmes esperançosos que e que compartilhavam a ideia da Utopia norte americana, do outro, havia produções que ainda exploravam o lado realista e obscuro da realidade do dia a dia. Embora seja um filme de terror "Coração Satânico" foge facilmente dos clichês do gênero e nos brindando com um belo filme investigativo.
Na realidade o filme é bem próximo do subgênero "Noir" do qual fazia muito sucesso nos anos quarenta e cinquenta e do qual foi revisitado ao longo das décadas. Tudo está lá, desde uma fotografia quase em preto e branco, como também cenários que são moldados por muita chuva, mulheres misteriosas, detetives durões e uma trama que explora o lado obscuro da alma humana. Não é à toa, portanto, que o filme o segue uma linha cujo elementos já haviam sido revistados em "Chinatown" (1974) e posteriormente em "Blade Runner" (1982).
Não é sempre, porém, que um filme consegue obter uma fidelidade perfeita quando nós comparamos a sua fonte de origem. Porém, Alana Parker surpreende ao filmar como ninguém, pois determinadas cenas remetem a forma como as obras literárias contam as suas histórias, principalmente quando pequenos detalhes acabam por cobrir meia página para termos uma exatidão sobre um personagem ou situação. Na cena, por exemplo, em que somos apresentados pela primeira vez o misterioso personagem de Robert De Niro logo observamos os detalhes de suas unhas, do seu modo de vestir a sua misteriosa bengala em sua mão direita.
Tudo realizado de uma forma perfeccionista, como se cada detalhe se tornasse crucial e que serviria para montarmos um quebra cabeça e para ficar finalizado ao final da trama. Além disso, a mente do personagem de Mickey Rourke é fragmentada, sendo que as suas lembranças vêm e voltam durante a trama e fazendo com que as mesmas se tornem peças principais da narrativa. O que era para ser a busca sobre um simples desaparecimento de um cantor esquecido acaba se tornando uma cruzada que leva o protagonista a um beco sem saída.
Mickey Rourke estava vindo de um enorme sucesso que foi "9 1/2 Semanas de Amor" (1986) e desde "O Selvagem da Motocicleta" (1983) estava sendo apontado como o mais novo Marlon Brando. Infelizmente os rumos não foram como a gente esperava e o ator acabou enfrentando uma extrema decadência o que é uma grande pena, já que neste filme ele obtém uma de suas melhores atuações, pois tanto o seu personagem como a sua pessoa do mundo real se cruza na construção de seu desempenho e fazendo do seu personagem alguém ainda mais complexo do que nós imaginamos. Embora com poucas cenas Robert De Niro novamente dá um show de atuação e cujo seu misterioso personagem já nos dá uma ideia do que ele é no primeiro ato da trama, mas fazendo com que a revelação se torne ainda mais assustadora.
O final, a meu ver, está entre os mais corajosos da história do cinema, pois ele é bem anti-hollywoodiano e fugindo de qualquer clichê previsível. Curiosamente, "Coração Satânico" foi destaque da primeira edição da saudosa revista Set de cinema e se tornando um verdadeiro item de colecionador para aqueles que buscam informações sobre críticas e análises quando a obra havia sido lançada. O filme por si só envelheceu muito bem e podendo até mesmo entrar facilmente na lista dos melhores filmes da década de oitenta.
"Coração Satânico" é um grande clássico ao saber cruzar o gênero de horror com o subgênero Noir e fazendo da obra se tornar venerada e até mesmo copiada ao longo das décadas.