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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 25 de julho de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'Barbie'

 Sinopse: Barbie parte para o mundo humano em busca da verdadeira felicidade. 

Greta Gerwig é uma cineasta autoral e da qual fez o mundo enxergar novamente o cinema independente norte-americano a partir de sua atuação e roteiro com o longa "Frances Ha" (2012). De lá pra cá se tornou uma realizadora premiada e sendo convidada até mesmo a dirigir superproduções como "Adoráveis Mulheres" (2020), mas nunca deixando de dizer alguma coisa em suas obras e que falasse um pouco sobre o papel da mulher atual dentro de nossa sociedade. Portanto, engana-se quem acha que Greta tenha se vendido ao capitalismo desenfreado a partir do momento em que foi comandar "Barbie" (2023), pois o filme é uma crítica aos diversos assuntos e fala sobre qual é a verdadeira cruzada que as mulheres têm que trilhar atualmente como um todo.

Na trama, acompanhamos o dia a dia em Barbieland - o mundo mágico das Barbies, onde todas as versões da boneca vivem em completa harmonia. Uma das bonecas (interpretada por Margot Robbie) começa a perceber que talvez sua vida não seja tão perfeita assim, questionando-se sobre o sentido de sua existência e alarmando suas companheiras. Isso acontece quando ela começa obter as visões sobre uma menina e é então que ela decide procurá-la no mundo real para saber o que realmente está acontecendo. Porém, ela obtém a companhia de Ken (Ryan Gosling), mas mal sabendo que isso poderá gerar um sério problema.

Na abertura já temos uma vaga ideia do que estará por vir neste filme, pois Greta Gerwig presta uma bela homenagem ao clássico "2001 - Uma Odisseia no Espaço" (1968), e ao mesmo tempo, não deixa de fazer uma análise crítica sobre o mundo Patriarcado de antigamente, onde colocava as mulheres no lugar em que eles achavam no seu direito e com pensamento retrógrado. Porém, se por um lado a boneca foi criada para dizer que as jovens poderiam ser o que quiser na vida, do outro, atualmente vivemos em tempos em que nem todas são enganadas assim tão facilmente, pois a busca pelos sonhos é árdua e nem todas acabam sendo tão gloriosas. Ao mesmo tempo, o filme vem para dizer que basta ser você mesma para ser feliz e não seguir a moda que o mundo tenta ditar.

Com toda essa bagagem de mensagens na trama é obvio que muitas crianças que irão ao cinema para assistir algo que se case com as suas inocentes perspectiva não entendam tudo de forma imediata, mas cujo os pais ficaram surpresos com tamanho conteúdo adulto nas entrelinhas. Ao mesmo tempo, o filme possui um dos visuais mais interessantes do ano, principalmente com relação ao universo de  Barbieland, todo colorido, perfeito, mas ao mesmo tempo plástico e completamente bizarro. Curiosamente, isso é o que talvez o poderio norte-americano quisesse passar para a sociedade durante os anos cinquenta, cuja perfeição não escondia o seu lado falsamente real.

Em tempos atuais ninguém vive mais dessa perfeição, pois as pessoas buscam novos horizontes e não cabe mais alguém, ou o sistema governamental e religioso dizer o que você realmente ter o que fazer ou ser. É com esse pensamento em que o filme realmente engrena, principalmente quando Barbie encara o mundo real e se dando conta que as jovens não precisam mais dela e cabe ela própria procurar ser algo que no fundo ela desejou ser um dia. É então que Margot Robbie mostra porque é uma das melhores atrizes atualmente. 

É interessante observar como ela constrói para a sua Barbie um ser genuinamente inocente, mas que não esconde dentro de si algo que está batendo forte e querendo sair para finalmente conseguir respirar. A partir do momento em que a personagem enxerga o mundo real em sua volta, além da maneira de como as meninas realmente se comportam em suas vidas, é quando Margot Robbie consegue descascar a sua personagem como um todo e fazendo com que quando ela solta uma lagrima não soe algo inverossímil. Não é à toa que alguns críticos andam dizendo que ela pode sim ser indicada a diversos prêmios e que com certeza irá levar alguns consigo.

Porém, é com a personagem Glória, interpretada por América Ferrera, que o filme possui o discurso mais forte da obra sobre como é impossível ser mulher. Ela reclama sobre como as mulheres nunca são suficientemente boas, ou suficientemente magras, ou suficientemente mães, entre outras demandas inalcançáveis. Nem mesmo Barbie, que é uma boneca teoricamente perfeita, está imune a isso e o que faz a mensagem principal do filme obter um peso maior como um todo.

Esse discurso, aliás, acontece justamente quando Ken vê no mundo real uma espécie de paraíso para os homens, onde a ideia do Patriarcado lhe seduz e decidindo mudar a realidade de  Barbieland  a sua maneira. Fica até mesmo difícil de imaginar se é possível tirar algo de construtivo através de um personagem como Ken, mas Ryan Gosling consegue construir para ele um ser tragicômico que desejava somente atenção, quando na verdade poderia ser somente feliz com o que tem ao invés de forçar a Barbie a gostar dele a qualquer custo. Uma representação mais do que genuína sobre o homem Alfa atual que não sabe mais para onde ir uma vez que não sabe mais como controlar a mulher, quando na verdade deveria somente em se preocupar em ser alguém melhor para si.

Mas talvez os minutos finais seja onde se encontra a mensagem principal da obra e cuja cena fará com que diversas pessoas de todas as idades soltem uma lagrima. Ao final, constatamos que as meninas não precisam serem perfeitas, mas sim elas precisam serem humanas e desfrutarem desta vida ao máximo ao serem elas mesmas. Um discurso que fará muitos setores da sociedade se enfurecerem, mas não cabe a eles dizer o que fazer, mas sim cada um de nós.

Com uma participação curta, porém, poderosa de Kate McKinnon como a Barbie Estranha, "Barbie" é um filme que vai muito mais além do que a gente imagina, ao nos colocar frente a frente com vários questionamentos sobre o mundo real em que vivemos é só temos mais do que agradecer por isso. 

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