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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Cine Curiosidade: Vencedores do Globo de Ouro 2023


O Globo de Ouro, uma das maiores premiações da TV e do cinema, recebeu celebridades no hotel Beverly Hilton, em Los Angeles, nos Estados Unidos, e entregou as estatuetas da 80ª edição. Os principais vencedores da noite foram: “Os Fabelmans”, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (12), e “Os Bansshes de Inisherin”, com Colin Farrell. Ainda na categoria de filmes, Cate Blanchett e Steven Spielberg ganharam a terceira estatueta – cada, e Austin Butler ganhou seu primeiro Globo de Ouro pelo papel em “Elvis”.

Já nos prêmio para a televisão, “Abbott Elementary”, disponível no Star+, e “The White Lotus”, da HBO Max foram os grandes destaques da noite. Grandes nomes de Hollywood também foram premiados, como Kevin Costner, Zendaya, Amanda Seyfriend e Evan Peters.A cerimônia marcou o retorno da premiação à TV americana após os escândalos de corrupção que a deixaram sem lar no ano passado. No Brasil, o Globo de Ouro ficou sem transmissão oficial -- a TNT, que tradicionalmente exibia o prêmio, não o fez este ano.

O melhor momento da noite ficou por conta quando O ator Ke Huy Quan agradeceu o cineasta Steven Spielberg em seu discurso da vitória no Globo de Ouro 2023. O ator recebeu o prêmio de melhor ator coadjuvante por Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo. Spielberg dirigiu Huy Quan em Indiana Jones e o Templo da Perdição. “Fui criado para nunca esquecer de onde vim e sempre lembrar quem me deu minha primeira oportunidade. Estou muito feliz em ver Steven Spielberg aqui esta noite”, disse Quan [via Variety].


Veja os vecendores da 80ª edição do Globo de Ouro


Televisão


Melhor Performance de um Ator em Série de Televisão – Musical ou Comédia

Donald Glover, “Atlanta”

Bill Hader, “Barry”

Steve Martin, “Only Murders in the Building”

Martin Short, “Only Murders in the Building”

Jeremy Allen White, “O Urso” (Vencedor)


Melhor Performance de uma Atriz em Série de Televisão – Musical ou Comédia

Quinta Brunson, “Abbott Elementary”(Vencedor)

Kaley Cuoco, “The Flight Attendant”

Selena Gomez, “Only Murders in the Building”

Jenny Ortega, “Wandinha”

Jean Smart, “Hacks”


Melhor Performance de um Ator em Série de Televisão – Drama

Jeff Bridges, “The Old Man”

Kevin Costner, “Yellowstone” (Vencedor)

Diego Luna, “Andor”

Bob Odenkirk, “Better Call Saul”

Adam Scott, “Ruptura”


Melhor performance de atriz em série de televisão – Drama

Emma D’Arcy, “A Casa do Dragão”

Laura Linney, “Ozark”

Imelda Staunton, “The Crown”

Hilary Swank, “Alask: Em Busca da Notícia”

Zendaya, “Euphoria” (Vencedor)


Melhor Performance de ator em série limitada ou filme feito para a televisão

Taron Egerton, “Black Bird”

Colin Firth, “A Escada”

Andrew Garfield, “Em Nome do Céu”

Evan Peters, “Dahmer: Um Canibal Americano” (Vencedor)

Sebastian Stan, “Pam e Tommy”


Melhor performance de atriz em série limitada ou filme feito para a televisão

Jessica Chastain, “George e Tammy”

Julia Garner, “Inventando Anna”

Lily James, “Pam e Tommy”

Julia Roberts, “Gaslit”

Amanda Seyfried, “The Dropout” (Vencedor)


Melhor série dramática de televisão

“Better Call Saul”

“The Crown”

“A Casa do Dragão” (Vencedor)

“Ozark”

“Severance”


Melhor série limitada de televisão ou filme feito para a televisão

“Black Bird”

“Dahmer: Um Canibal Americano”

“Pam e Tommy”

“The Dropout”

“The White Lotus” (Vencedor)


Melhor performance de atriz Coadjuvante em Série de Televisão Musical ou Drama

Elizabeth Debicki, “The Crown”

Hannah Einbinder, “Hacks”

Julia Garner, “Ozark” (Vencedor)

Janelle James, “Abbott Elementary”

Sheryl Lee Ralph, “Abbott Elementary”


Melhor performance de ator Coadjuvante em Série de Televisão Musical ou Drama

John Lithgow – “The Old Man”

Jonathan Pryce – “The Crown”

John Turturro – “Ruptura”

Tyler James Williams – “Abbott Elementary” (Vencedor)

Henry Winkler – “Barry”


Melhor Performance de uma Atriz Coadjuvante em Série, Série Limitada ou Filme Feito para a Televisão

Jennifer Coolidge, “The White Lotus” (Vencedor)

Claire Danes, “A Nova Vida de Toby”

Daisy Edgar-Jones, “Sob a Bandeira do Céu”

Niecy Nash-Betts, “Dahmer: Um Canibal Americano”

Aubrey Plaza, “The White Lotus”


Melhor Performance de um Ator Coadjuvante em Série, Série Limitada ou Filme Feito para a Televisão

F. Murray Abraham, “The White Lotus”

Domhnall Gleeson, “O Paciente”

Paul Walter Hauser, “Black Bird” (Vencedor)

Richard Jenkins, “Dahmer: Um Canibal Americano”

Seth Rogen, “Pam e Tommy”


Melhor Série de Televisão – Musical ou Comédia

“Abbott Elementary” (Vencedor)

“The Bear”

“Hacks”

“Only Murders in the Building”

“Wandinha”


Filmes


Melhor Filme – Musical ou Comédia

“Babilônia”

“Os Banshees de Inisherin” (Vencedor)

“Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”

“Glass Onion: Um Mistério de Knives Out”

“Triângulo da Tristeza”


Melhor Filme – Drama

“Avatar: O Caminho da Água”

“Elvis”

“Os Fabelmans” (Vencedor)

“Tár”

“Top Gun: Maverick”


Melhor Filme – Língua Estrangeira

“RRR” (Índia)

“Nada de Novo no Front” (Alemanha)

“Argentina, 1985” (Argentina) (Vencedor)

“Close” (Bélgica)

“Decisão de Partir” (Coreia do Sul)


Melhor Roteiro – Filme

Todd Field, “Tár”

Tony Kushner e Steven Spielberg, “Os Fabelmans”

Daniel Kwan, Daniel Scheinert, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”

Martin McDonagh, “Os Banshees de Inisherin” (Vencedor)

Sarah Polley, “Women Talking”


Melhor Canção Original – Filme

“Carolina”, Taylor Swift (“Um Lugar Bem Longe Daqui”)

“Ciao Papa”, Guillermo del Toro & Roeban Katz (“Pinóquio de Guillermo del Toro”)

“Hold My Hand”, Lady Gaga e Bloodpop (“Top Gun: Maverick”)

“Lift Me Up”, Tems, Ludwig Göransson, Rihanna e Ryan Coogler (“Pantera Negra: Wakanda Para Sempre”)

“Naatu Naatu”, Kala Bhairava, MM Keeravani, Rahul Sipligunj (“RRR”) (Vencedor)


Melhor Ator Coadjuvante em Qualquer Filme

Brendan Gleeson, “Os Banshees de Inisherin”

Barry Keoghan, “Os Banshees de Inisherin”

Brad Pitt, “Babilônia”

Ke Huy Quan, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” (Vencedor)

Eddie Redmayne, “O Enferemeiro da Noite”


Melhor Atriz Coadjuvante em Qualquer Filme

Angela Bassett, “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” (Vencedor)

Kerry Condon, “Os Banshees de Inisherin”

Jamie Lee Curtis, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”

Dolly De Leon, “Triângulo da Tristeza”

Carey Mulligan, “Ela Disse”


Melhor ator em Filme – Musical ou Comédia

Diego Calva, “Babilônia”

Daniel Craig, “Glass Onion: Um Mistério de Knives Out”

Adam Driver, “Ruído Branco”

Colin Farrell, “Os Banshees de Inisherin” (Vencedor)

Ralph Fiennes, “O Menu”


Melhor Filme de animação

“Pinóquio de Guillermo del Toro” (Vencedor)

“Marcel The Shell With Shoes On”

“Gato de Botas: O Último Pedido”

“Red: Crescer é uma Fera”


Melhor Ator em Filme – Drama

Austin Butler, “Elvis” (Vencedor)

Brendan Fraser, “The Whale”

Hugh Jackman, “Um Filho”

Bill Nighy, “Living”

Jeremy Pope, “The Inspection”


Melhor Atriz em Filme - Drama 

Cate Blanchet, “Tár” (Vencedor)

Olivia Colman, “Império da Luz”

Viola Davis, “A Mulher Rei”

Ana de Armas, “Blonde”

Michelle Williams, “Os Fabelmans”


Melhor Atriz em Filme – Musical ou Comédia

Lesley Manville, “Sra. Harris vai a Paris”

Margot Robbie, “Babilônia”

Anya Taylor-Joy, “O Menu”

Emma Thompson, “Boa sorte, Leo Grande”

Michelle Yeoh, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” (Vencedor)


Melhor Diretor – Filme

James Cameron, “Avatar: O Caminho da Água”

Daniel Kwan e Daniel Scheinert, “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”

Baz Luhrmann, “Elvis”

Martin McDonagh, “Os Banshees de Inisherin”

Steven Spielberg, “Os Fabelmans” (Vencedor)


Melhor Trilha Sonora Original

Alexandre Desplat, “Pinóquio de Guillermo del Toro”

Hildur Guðnadóttir, “Women Talking”

Justin Hurwitz, “Babilônia” (Vencedor)

John Williams, “Os Fabelmans”

Carter Burwell, “Os Banshees de Inisherin”


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terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'Decisão de Partir'

Sinopse: Um homem cai do pico de uma montanha e morre. O detetive responsável pelo caso, Haejoon (PARK Hae-il), vai ao encontro da viúva da vítima. Seo-rae (TANG Wei) não mostra nenhum sinal de agitação com a notícia da morte do marido.  

Park Chan-Wook abriu as portas para o mundo conhecer ainda mais o cinema Sul Coreano, ou mais precisamente foi a partir do seu clássico "Old Boy" (2003) que, não somente descobrimos a forma de se fazer cinema por lá, como também nos revelar as suas obsessões. Conhecido pela trilogia da "Vingança", Park Chan-Wook sempre teve uma predileção por personagens obsessivos, que vão até o fundo de determinada situação, mas que acabam se encontrando em um cenário nenhum pouco acolhedor. "Decisão de Partir" (2022) é mais uma mostra dos seus vícios, mas explorando novas formas de contar uma história e nos surpreendendo ao criar sensações em nós até então inéditas com relação a sua filmografia.

Na trama, Hae-joon (Park Hae-il) é o mais jovem inspetor do departamento de polícia de Busan. Nos fins de semana, ele vive em uma cidade litorânea enevoada com sua amada esposa, mas durante a semana na cidade ele é tão dedicado ao seu trabalho que faz vigias todas as noites em vez de dormir. Mas, sua vida começa a se complicar quando o corpo de um alpinista é encontrado na base de uma montanha rochosa íngreme. O principal suspeito é a viúva do homem, Seo-rae (Tang Wei), uma bela imigrante chinesa que não parece nem um pouco chateada com sua morte.

Para o cinéfilo de carteirinha irá perceber que o realizador bebeu e muito da fonte do gênero policial norte americano, principalmente com relação aos clássicos "Extinto Selvagem" (1993) e "Um Corpo que Cai" (1958) do mestre Alfred Hitchcock. Neste último caso, por exemplo, constatamos que há uma predileção por esse em homenageá-lo, já que a trilha sonora ecoa familiar, como se fosse extraída de diversos filmes do pai de "Psicose" (1960). Porém, Park Chan-Wook busca somente uma ideia como inspiração, para logo depois controlar as rédeas até o seu final.

Para começar, novamente, o diretor coloca na mesa personagens que se tornam obsessivos um pelo outro, ao ponto que chegamos a rir de determinadas situações que beiram ao absurdo, porém, não fugindo da realidade da qual eles se encontram. Curiosamente, o humor acaba até mesmo se tornando um novo elemento do cineasta, do qual o mesmo chocava em seus filmes anteriores, muito embora nos provocava uma mudança de direção no canto de nossa boca com o seu humor sombrio. Aqui, o humor é quase caricato, como se nos provocasse uma vontade de sacudir o protagonista principal para não ser tão tolo, embora a gente conclui que ele seja um viciado em seu trabalho e tendo como novo aperitivo uma viúva que lhe faz ficar curioso e despertando nele um desejo de continuar ainda mais a fundo neste caso.

Park Chan-Wook procura alinhar a sua visão autoral na realização de seus filmes com a perspectiva do seu personagem principal. Reparem, por exemplo, quando o mesmo fica observando de longe a principal suspeita, para logo depois vermos ele no mesmo local onde ela se encontra, como se houvesse um anseio dele em estar mais próximo a ela ou até mesmo em sua obsessão em querer se teletransportar no momento em que ocorre o principal crime da história. Na medida em que o caso não fica solucionado eles acabam se aproximando cada vez mais intimamente, mas tendo sempre uma nova carta na mesa para que o seu lado profissional do policial afloressa.

Tudo isso funciona não somente graças a mão segura do realizador, como também pelo incrível desempenho do seu casal principal. Os atores Tang Wei  e Park Hae-il fazem dos seus respectivos personagens se tornarem os dois lados da mesma moeda, ao ponto do personagem Park Hae-il  não conseguir mais conviver sem a sua principal suspeita, mesmo sabendo no fundo que irá consumi-lo de uma forma jamais vista. Como se ainda não bastasse um novo caso é aberto, onde a ela se torna novamente a principal suspeita e fazendo dela uma verdadeira viúva negra.

Park Chan-Wook realiza, portanto, um filme que nos provoca diversos sentimentos, onde não temos ao certo uma certeza se queremos que ambos terminem juntos ou se ele consiga finalmente obter um bom senso antes que seja tarde para o mesmo. O ato final nos revela surpreendente, ao ser revelado camadas que escondiam diversos segredos envolvendo ambos os personagens e culminando em um dos finais mais surpreendentes que eu já vi do cinema recente. Ao final ficamos que nem o protagonista perdido a deriva, mas agradecendo ao cineasta por ter nos levados nesta corrente completamente instável em sua filmografia.

"Decisão de Partir" é o mais puro cinema de Park Chan-Wook, onde ele mantém a sua essência, mas ao mesmo tempo nos ensina como se faz para apreciarmos um verdadeiro cinema.  


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Cine Dica: Próxima Sessão do Clube de Cinema de Porto Alegre - "A Brigada da Chefe"

 Segue a programação do Clube de Cinema no próximo sábado.

SESSÃO CLUBE DE CINEMA


Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana

Data: 14/01/2022, sábado, às 10:15 da manhã

"A Brigada da Chefe" (La Brigade)

França, 2022, 97 min, Livre


Direção: Louis-Julien Petit

Elenco: Audrey Lamy, François Cluzet, Chantal Neuwirth, Fatou Kaba

Sinopse: Cathy é uma chef de cozinha que sonha em abrir seu próprio restaurante. Enquanto não consegue o dinheiro necessário para bancar o negócio, ela aceita trabalhar na cozinha de um abrigo para jovens imigrantes. No início Cathy odeia o novo emprego - e os garotos preferem comer bobagens industrializadas. Mas, aos poucos, a paixão da chef pela culinária começa a despertar o interesse dos meninos, ao mesmo tempo em que ela percebe que o mundo vai além da sua cozinha.

Atenciosamente,

Carlos Eduardo Lersch

Diretor de Programação CCPA.

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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Cine Dica: Streaming - 'Nada de Novo no Front'

Sinopse: Um grupo de estudantes alemães é convencido por um professor excessivamente nacionalista a se alistar no Exército durante a Primeira Guerra Mundial. Ao testemunharem morte e mutilações, o heroísmo dá lugar aos horrores e às tragédias da guerra. 

Nos últimos tempos o cinema parece ter redescoberto novamente a 1ª Primeira Guerra Mundial, período de guerra que nestes últimos tempos foi explorado tanto em filmes autorais como os blockbusters. Neste último caso tivemos "Mulher Maravilha" (2017), onde a origem da protagonista acontece ao final desse conflito, enquanto "1917" (2019), de Sam Raimi, uma missão suicida acontece em meio a guerra sem fim e que não tem dia ou hora para acabar. "Nada de Novo no Front" (2022) talvez seja o melhor dessa nova leva, onde retrata de forma crua o inferno na terra sobre o que acontece nestes conflitos e que chega a um ponto em que nada mais faz sentido.

Dirigido Edward Berger, o filme é uma adaptação do romance homônimo de Erich Maria Remarque, onde conta uma história que segue o adolescente Paul Baumer e seus amigos Albert e Muller, que se alistam voluntariamente no exército alemão, movidos por uma onda de fervor patriótico. Mas isso é rapidamente dissipado quando enfrentam a realidade brutal da vida no front. Os preconceitos de Paul sobre o inimigo e os acertos e erros do conflito logo os desequilibram. No entanto, em meio à contagem regressiva, Paul deve continuar lutando até o fim, com nenhum objetivo além de satisfazer o desejo do alto escalão de acabar com a guerra com uma ofensiva alemã.

O filme russo "Vá e Veja" (1985) ainda é para mim um dos filmes de guerra mais chocantes de todos os tempos, pois ele mostra a inocência sendo morta perante a barbárie e fazendo nascer de forma precoce na criança o seu lado adulto e perante ao horror criado pelo próprio ser humano. Em "Nada de Novo no Front" acontece algo parecido, onde vemos jovens cegos pelo patriotismo, querendo embarcar um uma guerra em defesa do país, mas mal sabendo que serão todos abatidos que nem gado e posteriormente substituídos por outros. Isso é muito bem sintetizado na abertura do filme, onde vemos diversos soldados sendo mortos, jogados em uma vala qualquer, tendo suas roupas arrancadas, levadas para serem lavadas e, posteriormente, serem usadas por novos combatentes.

Edward Berger surpreende em uma fantástica direção, onde ele não somente realiza planos sequências mirabolantes, como também ensaia momentos de puro suspense e fazendo a gente se conscientizar que a maioria dos personagens vistos ali não terão muita sorte a seguir. Cada um deles é apresentado de uma forma que nos simpatizamos, para logo depois sentirmos um nó na garganta quando são abatidos e nos dar a sensação de estarmos com eles em meio ao cenário que se torna um verdadeiro matadouro. Logicamente, há um protagonista que nós seguimos até o final de sua jornada que é no caso de Paul, interpretado pelo ator Felix Kammerer e pelo qual testemunhamos uma transformação.

Com um olhar jovem e revigorante, Paul vai logo se transformando gradualmente na medida que vai vendo seus colegas serem dizimados aos poucos, onde a sujeira e a fumaça vão se tornando uma segunda pele do seu corpo e fazendo despertar no próprio o lado mais sombrio do ser humano. Paul começa a sentir na pele o que leva o ser humano ao praticar as piores atrocidades do mundo, já que o próprio acaba cometendo, mas logo em seguida tenta se redimir mesmo em meio ao inferno. Enquanto isso, líderes de cada lado do conflito tentam entrar em um acordo para terminar com essa guerra, mas a ambição e a intolerância acabam falando de uma forma muito mais alta.

Nem adianta por aqui dar explicações sobre a origem dessa guerra, já que a própria perde todo o sentido quando testemunhamos o saldo total de 17 milhões vidas perdidas somadas com todos os países que participaram dela. Por ser uma superprodução Alemã, os realizadores não se intimidaram pelo fato de que o próprio governo da época foi o responsável por esse terrível massacre, ao colocar jovens que a recém saíram da vida adolescente para logo arriscarem as suas vidas por um governo que enxerga os mesmos somente como números a serem usados ou posteriormente descartados. Portanto, a reta final acaba sendo angustiante para Paul, ao testemunhar todo o horror que havia vivido, onde acabou perdendo inúmeros colegas de forma tão sentido, para logo ser novamente jogado a esse conflito unicamente devido ao capricho fascista de um determinado ser humano e do qual não poderia nem sequer ser ouvido.

Embora já tenha se passado mais de cem anos após esses eventos, a 1ª Guerra Mundial ainda é analisado pelos estudiosos sobre o porquê do nascimento das raízes disso tudo. Como eu disse acima, uma vez que o conflito se torna um verdadeiro inferno a sua origem já não faz nenhum sentido e tudo que restou para aqueles soldados é saírem vivos para contar o que testemunharam ou morrer para salvar a vida do seu próximo. Infelizmente já nestes mesmos conflitos ocorreu de sementes germinarem para o fascismo continuar prevalecendo e abrindo assim as portas para a 2ª Guerra Mundial.

"Nada de Novo no Front" é um filme de horror do qual retrata a primeira Grande Guerra e da qual muitos inocentes morreram acreditando em uma causa fantasiosa. 

Onde Assistir: Netflix.   

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Cine Dica: Cinemateca Capitólio retoma mostra que resgata a era de ouro do VHS, com novos títulos

Blade Runner 

Após um pequeno recesso, a Cinemateca Capitólio retoma suas atividades na terça-feira, 10 de janeiro, com a segunda parte da mostra A Era do VHS, iniciada em 13 de dezembro último. A mostra foi concebida para relembrar o impacto revolucionário que a chegada ao mercado do videocassete, no início da década de 80, provocou, tanto em termos técnicos quanto culturais e comportamentais. O primeiro aparelho de VHS fabricado no Brasil foi lançado em 1982, sendo esta considerada, portanto, a data oficial do nascimento do VHS no país, embora antes disso aparelhos importados e fitas piratas já estivessem circulando em menor escala.

A programação da mostra A Era do VHS inclui títulos que incorporam o vídeo em suas narrativas, como Videodrome – A Síndrome do Vídeo, de David Cronenberg e Sexo, Mentiras e Videotape, de Steven Soderbergh, até obras estreadas na década de 80 que fizeram grande sucesso nas videolocadoras à época, como Blade Runner – O Caçador de Androides, de Ridley Scott, Corpos Ardentes, de Lawrence Kasdan, e 9 ½ Semanas de Amor, de Adrian Lyne. A segunda parte da mostra, que se estende até o dia 25 de janeiro, além de voltar a exibir os títulos apresentados em dezembro, inclui novas atrações, com destaque para obras cultuadas como Veludo Azul, de David Lynch, A Marca da Pantera, de Paul Schrader, e os dois primeiros filmes da série O Chamado, do diretor japonês Hideo Nakata, sobre uma fita de vídeo amaldiçoada, que provoca a morte de quem a assiste.

Na sexta-feira, dia 13, às 19h30, um Raros especial exibe a comédia de humor negro inglesa Comendo os Ricos (Eat the Rich), muito popular entre os videomaníacos na década de 80.

Os espectadores que vierem assistir a mostra A Era do VHS também poderão visitar na galeria do andar térreo uma exposição com itens que resgatam a história do videocassete no Brasil. Elaborada pela equipe do Centro de Documentação e Memória da Cinemateca Capitólio, a exposição reúne diversos itens do acervo da instituição.


PROGRAMAÇÃO


Videodrome – A Síndrome do Vídeo

Videodrome

Direção de David Cronenberg

EUA, 1983, 87 minutos

Classificação indicativa: 18 anos

Max Renn (James Woods), dono de uma pequena emissora de televisão a cabo, capta imagens de pessoas torturadas e mortas. Logo, ele descobre que a transmissão se chama Videodrome, é gerada em Pittsburgh e é muito mais que um programa sensacionalista em busca de espectadores mórbidos. Trata-se de um experimento que usa a televisão para alterar permanentemente as percepções das pessoas, causando sérios danos cerebrais. Obra-prima do diretor canadense David Cronenberg, Videodrome é um dos títulos que melhor sintetiza as suas obsessões estéticas, e conta com a participação da cantora Blondie no elenco.


Mamãe é de Morte

Serial Mom

Direção de John Waters

EUA, 1994, 95 minutos

Classificação indicativa: 16 anos

Beverly Sutphin (Kathleen Turner) tem uma vida familiar feliz, com seus filhos e seu marido dentista. Porém, quando a professora despreza um de seus meninos, a esposa perfeita desenvolve um gosto insaciável por assassinatos, a começar pela educadora de seu filho. Hilariante comédia negra de John Waters, com grande atuação de Kathleen Turner.


Blade Runner – O Caçador de Androides

Blade Runner

Direção de Ridley Scott

EUA, 1982, 117 minutos

Classificação indicativa: 14 anos

Rick Deckard (Harrison Ford) é um caçador de recompensas. Seu trabalho: eliminar androides que vivem ilegalmente na Terra. Seu sonho de consumo: substituir sua ovelha de estimação elétrica por um animal de verdade. A grande chance surge ao ser designado para perseguir seis androides fugitivos de Marte. O clássico da ficção científica que consolidou as carreiras de Harrison Ford e Ridley Scott e tornou-se uma obra de culto desde a sua estreia.


Sexo, Mentiras e Videotape

Sex, Lies, and Videotape

Direção de Steven Soderbergh

EUA, 1989, 100 minutos

Classificação indicativa: 14 anos

John (Peter Gallagher) está enfrentando problemas sexuais com a esposa, Ann (Andie MacDowell). Paralelamente, ele mantém um caso com a cunhada (Laura San Giacomo). Mas a chegada do seu amigo Graham (James Spader), que grava um vídeo com depoimentos das mulheres sobre suas vidas sexuais, muda tudo. Filme vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes.


Corpos Ardentes

Body Heat

Direção de Lawrence Kasdan

EUA, 1981, 113 minutos

Classificação indicativa: 18 anos

O advogado Ned Racine (William Hurt) começa um caso amoroso com Matty Walker (Kathleen Turner), esposa de um empresário rico da Flórida. Incentivado pela amante, Ned planeja um esquema para matar o marido de Matty, para que eles possam fugir juntos com o seu dinheiro. Mas, complicações aparecem por causa de traições, lançando o advogado infeliz em uma situação muito mais traiçoeira do que ele imaginava. Releitura do filme noir, com brilhantes atuações de William Hurt e Kathleen Turner.


A Força de um Amor

Breathless

Direção de Jim McBride

EUA, 1983, 100 minutos

Classificação indicativa: 18 anos

Jesse (Richard Gere) rouba um carro para ir até Los Angeles convencer Monica (Valerie Kapriskie), por quem está apaixonado, a fugir com ele para o México. No caminho, ele atira em um policial, tornando a fuga ainda mais necessária. Mas Monica não tem certeza de que quer acompanhá-lo. Refilmagem americana do clássico francês Acossado, de Jean-Luc Godard, foi um dos títulos que transformou Richard Gere no maior símbolo sexual de Hollywood na década de 80.


Hannah e suas Irmãs

Hannah and her Sisters

Direção de Woody Allen

EUA, 1986, 107 minutos

Classificação indicativa: 14 anos

A amizade e o relacionamento de três irmãs vivendo em Nova York. No Dia de Ação de Graças seus conflitos amorosos e existenciais são evidenciados no meio de um grupo de amigos e parentes não muito homogêneo. Lee (Barbara Hershey) é uma pintora casada com Frederick (Max von Sydow), Holly (Dianne Wiest) sonha em ser uma escritora e Hannah (Mia Farrow) é uma atriz famosa, com vida aparentemente perfeita. Um dos principais sucessos da filmografia de Woody Allen.


Vida de Balconista

Direção de Cavi Borges

Brasil, 2008, 70 minutos

Classificação indicativa: livre

Mateus (Mateus Solano) é um jovem que trabalha em uma locadora de filmes e sonha em ser diretor de cinema. Enquanto o plano não se torna realidade, o funcionário precisa lidar com todo tipo de cliente que aparece no estabelecimento. Realizado e finalizado em mini-dv, o filme retrata alhumas das experiências do diretor Cavi Borges, dono da locadora de vídeo mais famosa do Rio de Janeiro, a Cavídeo.


9 ½ Semanas de Amor

9 ½ Weeks

Direção de Adrian Lyne

EUA, 1986, 117 minutos

Classificação indicativa: 18 anos

Elizabeth (Kim Basinger) é uma bela mulher que trabalha em uma galeria de arte e se envolve com John (Mickey Rourke), um homem rico e misterioso. Eles  começam a praticar jogos sexuais cada vez mais intensos, o que torna o relacionamento complicado e difícil de ser controlado. Filme transformado em obra de culto, em função das tórridas cenas de sexo entre Basinger e Rourke.


1941 – Uma Guerra Muito Louca

1941

Direção de Steven Spielberg

Estados Unidos, 1979, 118 minutos

Classificação indicativa: 12 anos

Após o ataque japonês a Pearl Harbor, os residentes da Califórnia entram em pânico com medo de serem o próximo alvo. Entre eles estão Wild Bill Kelso, um piloto louco da Guarda Nacional; o Sargento Frank Tree, um patriota, comandante do grupo de tanque; Ward Douglas, um civil com vontade de ajudar a guerra americana a qualquer esforço e custo e o Major General Joseph W. Stilwell, que tenta duramente manter a sanidade no meio do caos. Comédia maluca de Steven Spielberg que foi um grande fracasso por ocasião de sua estreia nos cinemas, mas seria redescoberta pelo público ao ser lançada em VHS.


A Marca da Pantera

Cat People

Direção de Paul Schrader

Estados Unidos, 1982, 118 minutos

Classificação indicativa: 16 anos

Mulher descobre que, quando tomada por desejo sexual, torna-se uma pantera. Seu irmão explica que ambos pertencem a uma tribo que se transforma em panteras na hora do sexo. Como está apaixonada por um homem e ainda é virgem, teme consumar a paixão. Polêmica refilmagem do clássico Cat People, que causou polêmica por explicitar as sugestões do clássico de Jacques Tourneur lançado em 1942.


O Enigma do Mal

The Entity

Direção de Sidney J. Furie

Estados Unidos, 1982, 125 minutos

Classificação indicativa: 16 anos

Impactante filme de horror baseado em fatos reais, com Barbara Hershey no papel de uma mulher assombrada por uma entidade invisível que a viola sexualmente.  


Beijo Ardente – Overdose

Direção de Flavia Moraes e Hélio Alvarez

Brasil, 1984, 60 minutos

Classificação indicativa: 12 anos

Nas ruínas da Usina do Gasômetro, esconde-se um vampiro entediado e angustiado com a vida eterna. À noite, em busca de sangue, ele sai pelas ruas de Porto Alegre atrás de vítimas inocentes. Primeira obra longa de ficção realizada em vídeo no Rio Grande do Sul.


Veludo Azul

Blue Velvet

Direção de David Lynch

Estados Unidos, 1986, 120 minutos

Classificação indicativa: 16 anos

Rapaz volta à cidade natal após longo tempo e descobre uma orelha humana decepada em um jardim. Insatisfeito com a investigação policial, ele e a filha do detetive encarregado começam a averiguar por conta própria, e descobrem coisas estranhas. Filme que consagrou a estética de David Lynch, elevado à condição de obra de culto desde a sua estreia.


Comendo os Ricos

Eat the Rich

Direção de Peter Richardson

Inglaterra, 1987, 90 minutos

Classificação indicativa: 18 anos

Um grupo de excluídos, entre eles um imigrante ilegal, negro e gay, se vingam dos ricos que os humilhavam tomando conta de um restaurante politicamente incorreto em Londres, onde até ursos panda bebês são servidos. Logo depois os próprios ricos e poderosos acabam indo para o forno. Comédia de humor negro muito popular entre os frequentadores de locadoras de vídeo na década de 80.


Ring – O Chamado

Ringu

Direção de Hideo Nakata

Japão, 1998, 96 minutos

Classificação indicativa: 14 anos

Um vídeo com imagens apavorantes provoca a morte de quem o assiste. Uma repórter não acredita no fato até assistir ao vídeo e precisará desvendar o mistério antes que o seu tempo acabe. Uma das obras referenciais da nova onda de horror oriental que eclodiu na década de 90.


O Chamado 2

Ringu 2

Direção de Hideo Nakata

Japão, 1999, 95 minutos


GRADE DE HORÁRIOS

10 a 18 de janeiro de 2023


10 de janeiro (terça-feira)

15h – Videodrome – A Síndrome do Vídeo

17h – Sexo, Mentiras e Videotape

19h – Veludo Azul


11 de janeiro (quarta-feira)

15h – Mamãe é de Morte

17h –Beijo Ardente – Overdose

19h – A Marca da Pantera


12 de janeiro (quinta-feira)

15h –Vida de Balconista

17h – 9 ½ Semanas de Amor

19h – 1941 – Uma Guerra Muito Louca


13 de janeiro (sexta-feira) 

15h – Corpos Ardentes

17h – O Enigma do Mal

19h30 – Projeto Raros Especial A Era do VHS (Comendo os Ricos)


14 de janeiro (sábado)

16h30 – Ring – O Chamado

18h30 – O Chamado 2


15 de janeiro (domingo)

16h30 – Blade Runner – O Caçador de Androides

18h30 – Veludo Azul


17 de janeiro (terça-feira)

15h – Mamãe é de Morte

17h – Hannah e suas Irmãs

19h – 1941 – Uma Guerra Muito Louca


18 de janeiro (quarta-feira)

15h – A Força de um Amor

17h – Vida de Balconista

19h – Sexo, Mentiras e Videotape

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Cine Especial: 'A Cruz de Ferro - Do Outro Lado do Front'

Lançado recentemente em DVD pela Classicline "A Cruz de Ferro"(1977) foi o antepenúltimo trabalho da filmografia relativamente curta do Sam Peckinpah. O diretor, que em trabalhos como Meu "Ódio Será Sua Herança" (1969) e "Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia" (1974) conduz a história através dos olhos de personagens marginais, optou novamente pelos anti-heróis ao abordar o tema da Segunda Guerra Mundial do ponto de vista de um alemão. Fugindo do tradicionalismo bobo “alemão= vilão; francês/russo/inglês= herói”, Peckinpah abre o filme mostrando o grupo liderado por Steiner fazendo aquilo que soldados, independentemente de nacionalidade, fazem: matando pessoas. Em uma sequência típica do diretor, com cortes rápidos sendo intercalados por tomadas em câmera lenta, o grupo invade uma fortificação e aniquila violentamente os soldados russos. A cena seguinte, que possui um apelo emocional deveras barato, vem para complementar a ideia de que, nas guerras, mais do que militares, bandeiras e ideologias, existem seres humanos capazes de realizarem tanto o bem quanto o mal: após a matança, o grupo encontra uma criança escondida entre os escombros e, contrariando ordens superiores, Steiner decide poupar a vida dela.

A desconstrução da generalização que caracteriza o alemão necessariamente como um ser diabólico durante a guerra continua à medida que a personalidade do Sargento vai ficando mais clara. Steiner odeia seus superiores, Hitler e, de modo geral, o militarismo. O que o leva até o campo de batalha não é a defesa do nazismo, mas sim um vício quase doentio no estado de guerra, tema que a Bigelow abordou no vencedor do Oscar "Guerra ao Terror" (2009). Contrastando com o personagem, temos o Capitão Stransky. Vilão declarado da trama, Stransky também é construído evitando o óbvio. Assim como Steiner, o personagem também não nutre simpatias pelo Fuhrer alemão e, de certa forma, despreza o nazismo. Seu sonho fútil de conseguir uma distinção militar, assim como os meios desonestos que ele emprega para conseguí-la, longe de serem ambições e fraquezas de caráter exclusivos dos alemães, representam traços de personalidade que podem ser encontrados em qualquer lugar do mundo.

Peckinpah conduz essa história sobre obsessão alternando bem as cenas de ação com os diálogos que desenvolvem a trama e os personagens. Entre um e outro ataque russo (todos violentos e explicitamente gráficos), o diretor reserva espaço na tela para cada um dos soldados comandados por Steiner e para que Stransky utilize sua influência para montar o plano que o levará até a Cruz de Ferro. Quando o embate inevitável entre os personagens ocorre, todas as cartas já foram colocadas na mesa e fica claro o que cada um deles fará. Foi nessa hora que eu comecei a torcer.

Após uma fuga épica através do território russo que reforça o aspecto humano dos personagens, Sargento e Capitão finalmente encontram-se frente-a-frente no campo de batalha. É nesse momento, amigos, que toda e qualquer razão que o ser humano costumeiramente possui em condições normais dá lugar à um estado primitivo de selvageria e insanidade, tanto dos personagens quanto do espectador. Peckinpah realiza alguns de nossos desejos mais ocultos e sanguinários para em seguida fechar o filme com uma cena insana, doentia. A risada diabólica que pode ser ouvida enquanto os créditos sobem é um dos momentos mais marcantes dentre aqueles que eu já assisti do diretor e a mensagem que é exibida no final, uma frase do alemão Bertolt Brecht (Mesmo que o mundo tenha se erguido para deter o bastardo, a cadela que o pariu está no cio novamente), resume bem a mensagem do filme, que faz um alerta não contra os alemães (mas não os exclui), mas sim contra as fraquezas que conduzem os homens ao estado de guerra.


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