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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Cine Dica: Streaming - 'Lightyear'

Sinopse: Nesta aventura de ficção científica cheia de ação, conhecemos a origem definitiva de Buzz Lightyear (voz de Chris Evans), o herói que inspirou o brinquedo. 

"Toy Story" (1995) não foi somente revolucionário para época em tempos de revolução no modo de se fazer animação como também na construção de personagens carismático e extremamente humanos. Dentre os personagens Buzz Lightyear foi um dos mais queridos pelo público e quando se foi anunciado um projeto que contava sobre o Buzz "não boneco", mas sim sobre o verdadeiro patrulheiro espacial, tudo soou muito estranho. Felizmente, "Lightyear" (2022) é um filme feito de coração, feita com carinho pela Pixar, fazendo da obra uma grande aventura emocional e divertida.

Dirigido por Angus MacLane, a trama segue o lendário Patrulheiro Espacial depois que em um teste de voo da nave espacial faz com que ele vá para um planeta hostil e fique abandonado a 4,2 milhões de anos-luz da Terra ao lado de seu comandante e sua tripulação. Enquanto Buzz tenta encontrar um caminho de volta para casa através do espaço e do tempo, ele descobre que já se passaram muitos anos desde seu teste de voo e que os descendentes de seus amigos, um grupo de recrutas ambiciosos, e seu charmoso gato companheiro robô, Sox. Para complicar as coisas e ameaçar a missão está a chegada de Zurg, uma presença alienígena imponente com um exército de robôs implacáveis e uma agenda misteriosa.

Era mais do que esperado que público em geral fosse estranhar esse filme, já que não estamos falando daquele boneco carismático que achava ser um verdadeiro herói, mas sim estamos falando do verdadeiro patrulheiro espacial e cujo o humor não é o verdadeiro atrativo desse filme. Ele se encontra lá nas beiradas, porém, é pelo teor mais dramático e humano que o filme nos conquista, já que aqui Buzz é um herói com falhas e que tenta corrigi-las, mesmo que para isso lhe custe muito. Portanto, a gente facilmente deixa escorrer uma lagrima quando vemos o mesmo continuando tentar concluir a sua missão espacial, enquanto aqueles que ele amou vão seguindo com as suas vidas, envelhecendo e, enfim, partindo.

Ponto novamente para a Pixar, que desde "UP" (2009), ou desde o primeiro "Toy Sory", sempre nos passou as questões sobre a perda, do medo de ser abandonado ou até mesmo com relação ao fim de tudo. Se na quadrilogia dos brinquedos a questão sobre a perda e amadurecimento eram colocados sempre em pauta, aqui a questão sobre errar é discutida através das próprias atitudes de Buzz, que procura se corrigir de um erro grave do passado, mas quase não se dando conta que na vida é preciso errar para então poder posteriormente se criar algo novo. É através das personagens como Alisha Hawthorne e posteriormente da sua neta Izzy Hawthorne que ele aprende que é através das adversidades que se constroem a vida das pessoas e não somente os acertos que a gente coleciona.

Visualmente, o filme é um colírio para os olhos, sendo sempre uma cortesia dos realizadores do estúdio que sempre alinharam qualidade técnica com uma boa história. Cheia de aventura, o longa possui bons momentos de ação, por vezes, até mesmo angustiantes e fazendo a gente até temer pelo destino de alguns personagens. Se na abertura ação começa com intensidade aguarde então para o ato final, cheio de reviravoltas e por vezes até mesmo surpreendentes.

Logicamente o filme não poderia deixar de ter referencias, não somente aos filmes clássicos do estúdio, como também de outras obras dentro do gênero ficção cientifica. A missão do protagonista em si lembra muito o ótimo "Interestelar" (2014), mas também há uma pitada de "Gravidade" (2009), "2001 - Uma Odisseia no Espaço" (1968) e até mesmo "Perdido em Marte" (2015). Uma boa salada para dar um tempero melhor ao resultado do longa.

"Lightyear" é um filme para todas as idades, onde os adultos refletem sobre a carga emocional guardada nas entrelinhas da história enquanto os pequenos se divertem com uma grande aventura. 

Onde Assistir: Diney+ 

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Cine Dica: Próximas Sessões do Clube de Cinema de Porto Alegre - 'O Destino de Haffmann' / ' Il Buco'

O Destino de Haffmann

Boa noite

Segue a programação do Clube de Cinema no próximo final de semana.


SESSÃO DE SÁBADO CLUBE DE CINEMA

Local: Sala Paulo Amorim, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana. Data: 27/08/2022, sábado, às 10:15 da manhã 


O Destino de Haffmann (Adieu Monsieur Haffmann)

França/Bélgica, 2021, 115 min, 14 anos 

Direção:  Fred Cavayé 

Elenco: Daniel Auteuil, Gilles Lellouche, Sara Giraudeau

Sinopse:  François Mercier vive em Paris e sonha em formar uma família junto com Blanche, sua mulher. Ele trabalha para um talentoso joalheiro judeu, o Sr. Haffmann, com quem tem um bom relacionamento. Quando eclode a Segunda Guerra Mundial e os nazistas invadem Paris, Haffmann precisa contar com Mercier para se manter em segurança, incluindo a joalheria. O filme é uma adaptação da peça homônima de Jean-Philippe Daguerre.



"Il Buco"

SESSÃO DE DOMINGO CLUBE DE CINEMA 

Local: Sala Paulo Amorim, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana. Data: 28/08/2022, domingo, às 10:15 da manhã 


"Il Buco"

França/Itália/Alemanha, 2021, 93 min, 14 anos

Direção:  Michelangelo Frammartino

Elenco:  Paolo Cossi, Jacopo Elia, Denise Trombin, Nicola Lanza

Sinopse:  Durante o boom econômico da década de 1960, o próspero norte da Itália ergue o edifício mais alto da Europa. Do outro lado do país, no interior da Calábria, jovens exploradores investigam a caverna mais profunda da Europa, de 700 metros. Em uma aldeia vizinha, um velho pastor começa a entrelaçar sua vida solitária com os dois fatos.

Atenciosamente,

Carlos Eduardo Lersch

Diretor de Programação CCPA.

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terça-feira, 23 de agosto de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'ELVIS'

Sinopse: Desde sua ascensão ao estrelato, o ícone do rock Elvis Presley mantém um relacionamento complicado com seu enigmático empresário, Tom Parker, por mais de 20 anos. 

Baz Luhrmann tem poucos títulos no seu currículo, mas o suficiente para ter chamado atenção de muitos no decorrer dos anos. Em "Romeu e Julieta" (1996) ele atualizou o clássico de William Shakespeare para os tempos contemporâneos, mas mantendo as raízes shakespearianas e agradando assim diversos públicos. Já em "Moulin Rouge" (2001) ele provou que uma superprodução musical ainda tinha poder para atrair a massa cinéfila e com isso vieram na esteira outros grandes sucessos como "Chicago" (2002) de Rob Marshall e "Os Miseráveis" (2012) de Tom Hooper.

Porém, acima de tudo, Baz Luhrmann sendo um diretor autoral jamais se vendeu para os gêneros de sucesso do momento, mesmo quando os mesmos estavam fazendo barulho e trazendo lucro para os grandes estúdios. Felizmente as cinebiografias de grandes músicos do passado começaram a fazer sucesso inesperado nos últimos tempos, como no caso, por exemplo, de "Bohemian Rhapsody" (2018) e fazendo com que Luhrman se interessasse por um projeto que estava engavetado por muito tempo. Assim nasceu "Elvis" (2022), superprodução da Warner que reconta sobre a vida e a obra desse grande músico e os motivos que o levaram sair de cena de forma trágica e prematura.

A cinebiografia de Elvis Presley acompanhará décadas da vida do artista (Austin Butler) e sua ascensão à fama, a partir do relacionamento do cantor com seu controlador empresário "Coronel" Tom Parker (Tom Hanks). A história mergulha na dinâmica entre o cantor e seu empresário por mais de 20 anos em parceria, usando a paisagem dos EUA em constante evolução e a perda da inocência de Elvis ao longo dos anos como cantor. No meio de sua jornada e carreira, Elvis encontrará Priscilla Presley (Olivia DeJonge), fonte de sua inspiração e uma das pessoas mais importantes de sua vida.

Assim como foi em suas obras anteriores, Baz Luhrmann usa e abusa do lado técnico de como se fazer um filme musical, fazendo da obra um verdadeiro clipão e mantendo a nossa atenção do começo ao fim. Com uma edição frenética, o filme começa com os últimos passos do Rei do Rock, para logo em seguida voltarmos ao passado do cantor e tudo sendo narrado pela voz do empresário Tom Parker e que aqui é brilhantemente interpretado por Tom Hanks.  A partir daí, vemos não somente a construção do mito da música, como também uma parte da história norte americana.

No filme, basicamente Elvis é um estranho no ninho em meio a uma realidade norte americana conservadora, da qual os líderes políticos dominam todas as áreas culturais, usando a palavra de Deus e se dizendo responsáveis pela estabilidade democrática do país. Elvis foi construído através da cultura negra, cuja a música da mesma embalava os bairros pobres de várias cidades e alinhada com as músicas gospel que fez levantar a moral de muitos que pediam por socorro. Desses elementos, surgia então um grande talento a frente do seu tempo, que desafiou várias instituições conservadoras e fazendo uma geração de jovens finalmente sair da linha reta e que sempre foram obrigados a se manterem nela.

Tanto a fotografia de cores quentes, como a edição de arte caprichada, sintetiza uma época em que a sociedade norte americana vivia em uma grande realidade plástica e coube Elvis ser um de muitos em furar essa bolha. Não deixa de ser emocionante, por exemplo, ao testemunharmos as reconstituições das primeiras apresentações do cantor, sendo que a primeira dele vista na tv foi algo que gerou um grande estardalhaço e fazendo cutucar a onça com a vara curta de muitos que exigiam uma sociedade norte americana perfeita. Em meio a esse grande circo havia a figura complexa de Tom Parker.

Acusado por muitos como o verdadeiro causador da destruição de Elvis, Tom Parker visto aqui é alguém que tenta jogar pelos dois lados, ao tentar saber agradar o grande músico, mas ao mesmo tempo conter os ânimos da ala branca conservadora de Washington. Baz Luhrmann procura não o retratar como uma figura exatamente vilanesca, porém, humana, ambiciosa e que via no cantor a sua pipita de ouro e da qual poderia mantê-lo no jogo de como se deve prosperar em território norte americano. Tom Hanks entrega aqui a sua melhor performance depois de muito tempo, onde ele consegue construir para o seu Tom Parker uma figura humana, porém, muito ardilosa em suas ações, tanto para si como para o próprio Elvis.

Falando no Rei do Rock o mesmo foi interpretado por diversos atores ao longo das décadas, tanto por Kurt Russell em um telefilme para a tv em 1979 como também pelo ator Val Kilmer em "Amor A Queima Roupa" (1993). Porém, acredito eu, que Austin Butler será por muito tempo o ator definitivo ao dar vida a esse grande talento, já que ele consegue transmitir pelo seu olhar a energia vital que o cantor tinha dentro de si, mas cujo o seu próprio corpo não era suficiente forte para conter. Portanto, tanto o seu auge como a sua queda são muito bem representados por Butler, ao ponto de que quase não conseguimos distingui-lo quando é ele ou quando é o verdadeiro Elvis na reconstituição do seu último show, do qual o mesmo cantou a canção "Unchained Melody" e fechando o filme de uma forma surpreendente e impactante.

"Elvis" é um dos melhores filmes do ano, ao retratar um grande talento em seu ápice e queda em meio a selvageria e mutação de uma sociedade hipócrita norte americana. 


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 23 a 31 de agosto de 2022


 MOSTRA ECOFALANTE

Porto Alegre recebe a itinerância da 11ª Mostra Ecofalante entre 24 de agosto e 13 de setembro, com uma ampla programação de filmes contemporâneos e históricos de viés socioambiental, distribuídos em quatro salas de cinema da cidade. A Cinemateca Capitólio apresenta a sessão de abertura do evento, com o longa francês Animal, de Cyril Dion, na quarta-feira, 24 de agosto, às 19h30. Na primeira semana da mostra, acontece a sessão especial da cópia restaurada da produção angolana Sambizanga, um dos maiores clássicos do cinema africano, dirigido por Sarah Maldoror, e exibições de importantes obras latino-americanas contemporâneas como o cubano A Opção Zero, de Marcel Beltrán, e Esqui, do argentino Manque La Banca.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/5313/ecofalante/


PREMIADOS NA MOSTRA GAÚCHA DE CURTAS EM GRAMADO

A APTC-RS promove na terça-feira, 23 de agosto, às 19h, na Cinemateca Capitólio, a tradicional sessão dos filmes premiados na mostra gaúcha de curtas do Festival de Gramado. Serão apresentados os filmes laureados da edição de 2022: Sinal de Alerta Lory F, Fagulha, Possa Poder, O Abraço, A Diferença Entre Mongóis e Mongoloides, Mby´Á Nhendu - O Som do Espírito Guarani, Drapo A e Apenas para Registro. O valor do ingresso é R$ 10,00. 

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/5310/premiados-mostra-gaucha-de-curtas-de-gramado/


GRADE DE HORÁRIOS

23 a 31 de agosto de 2022


23 de agosto (terça)

15h – Crime do Futuro

17h – Diários de Otsoga

19h – Premiados Mostra Gaúcha de Curtas de Gramado


24 de agosto (quarta)

15h – Diários de Otsoga

17h – Memoria

19h30 – Animal (Ecofalante)


25 de agosto (quinta)

15h – Diários de Otsoga

17h – Two Spirits + A Mãe de Todas as Lutas

19h – Birds of America


26 de agosto (sexta)

15h – Diários de Otsoga

17h – Chichiales + A Opção Zero

19h30 – Sambizanga


27 de agosto (sábado)

15h – Diários de Otsoga

17h – Regresso a Reins (Fragmentos)

18h30 – Nosso Planeta, Nosso Legado

20h – Cinco Casas (pré-estreia)


28 de agosto (domingo)

15h – Shakespeare Shitstorm

17h – Terra Nova + O Elemento Tinta + Borom Taxi

19h – Mar Concreto + A Praia do Fim do Mundo


30 de agosto (terça)

15h – Diários de Otsoga

17h – Flores da Planície + CRUZ

19h30 – Quarto de Empregada


31 de agosto (quarta)

15h – Diários de Otsoga

17h – A Felicidade do Motociclista Não Cabe em Sua Roupa + Esqui

19h – The Gig is Up: O Mundo é uma Plataforma

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Cine Especial: Próximo Cine Debate - Baraka: Um Mundo Além das Palavras

Sinopse: O filme mostra várias paisagens, igrejas, ruínas, cerimônias religiosas e cidades, numa busca para que cada quadro consiga capturar a grande pulsação da humanidade nas atividades diárias.   


Quando James Cameron lançou o seu grandioso "Avatar" (2009) ele queria nos passar a ideia de que aquele mundo fantástico pertencia há um único ser, ou precisamente o planeta do qual os alienígenas e os outros seres vivos viviam. A obra nada mais era do que uma metáfora sobre o nosso próprio planeta, do qual se encontra ligado a todas as formas de vida e alinhado com os avanços e a insanidade do homem que vive nela. Em 1992, o documentário "Baraka - O Mundo Além das Palavras" surpreendeu o mundo através de um olhar pessoal do cineasta Ron Fricke, mas que sintetiza a real beleza do nosso planeta e alinhada com o melhor e o pior da humanidade da qual se encontra.

Sem nenhuma narração, o realizador inicia a sua obra nos brindando com belas paisagens do que pode ser as montanhas do Chile. Não há informação na tela quando começa as cenas sobre os locais e, portanto, cabe um certo conhecimento sobre as localidades, porém, isso é o que menos importa quando a obra avança. Ao todo, o documentário foi filmado em um total de 23 países e das quais as cenas se misturam e formando assim um único grande nervo pulsante desse grande mundo.

Das imensas paisagens testemunhamos as grandes civilizações antigas como, por exemplo, a antiga Roma que hoje se encontra em ruínas, ou do antigo Egito que ainda se mantém intacto com as suas surpreendentes Pirâmides e que pertenciam antigamente entre as grandes maravilhas do mundo. Há, portanto, um paralelo das antigas cidades com as atuais, das quais as mesmas se encontram super lotadas por milhares de pessoas, que jamais param de se movimentarem e simplesmente não veem mais o tempo passar ou tão pouco enxergar a sua realidade aos poucos definhar.

Desse cenário em que o sistema faz do ser humano uma engrenagem para fazer funcionar outras engrenagens concluímos que cada vez mais o mesmo se encontra em estado de alienação, se tornando a peça de um grande relógio e perdendo aos poucos o que lhe faziam verdadeiramente humanos. Não há como não se chocar, por exemplo, nas cenas em que nos mostra o que acontece com os pintinhos que a pouco tempo nasceram, sendo marcados e levados para o futuro abatedouro. Curiosamente, os próprios seres humanos são marcados a partir do momento quando atravessam as roletas para os seus respectivos trabalhos, mas que diferente das pequenas aves, acabam perdendo as suas vidas no momento em que se entregam por completa ao sistema poderoso do capitalismo.

Das grandes cidades com os seus arranha céus testemunhamos também as mais diversas favelas pelo mundo, onde a miséria transborda como um todo e levando uma grande parcela da humanidade para um futuro indefinido. Culturas e crenças andam de mãos dadas quando vemos diversas cerimonias ao redor do mundo e cujo o ápice se encontra em uma simbólica cena em que se passa na Índia, em que a pobreza se faz presente, mas não impedindo que aquele povo se banhe nas águas, praticam as suas oferendas e entregam os seus mortos para as profundezas. O tempo, por fim, destrói tudo, mas sempre havendo um novo começo neste grande globo azul.

"Baraka - Um Mundo Além das Palavras" é um surpreendente documentário em que as suas diversas imagens valem por mil palavras e que nos revela a grandiosidade de nossa grande mãe terra. 


Onde Assistir: Youtube

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Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO - PROGRAMAÇÃO 25 a 31 de agosto de 2022

5 Casas


CLÁSSICO ANGOLANO RESTAURADO

A cópia restaurada de Sambizanga, marco do cinema africano dirigido por Sarah Maldoror, será exibida na Cinemateca Capitólio nesta sexta-feira, 26 de agosto, às 19h30. A sessão faz parte da mostra Ecofalante. Entrada franca.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/5313/ecofalante/  


PRÉ-ESTREIA DE 5 CASAS

No sábado, 27 de agosto, às 20h, a Cinemateca Capitólio promove a sessão de pré-estreia de 5 Casas, documentário de Bruno Gularte Barreto, vencedor do prêmio de melhor filme da mostra de longas gaúchos do Festival de Gramado. O valor do ingresso é R$ 16,00.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/5317/5-casas/


TROMA EM EXIBIÇÃO

A Cinemateca Capitólio participa do Troma Latin America Festival, evento realizado no Brasil e Argentina entre agosto e setembro! No domingo, 28 de agosto, às 15h, receberemos a sessão gratuita de Shakespeare’s Shitstorm, novo filme de Lloyd Kaufman, nome lendário do cinema independente dos Estados Unidos. Entrada franca.  

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/5286/troma-latin-america-festival/


GRADE DE HORÁRIOS

25 a 31 de agosto de 2022


25 de agosto (quinta)

15h – Diários de Otsoga

17h – Two Spirits + A Mãe de Todas as Lutas

19h – Birds of America


26 de agosto (sexta)

15h – Crimes do Futuro

17h – Chichiales + A Opção Zero

19h30 – Sambizanga


27 de agosto (sábado)

15h – Diários de Otsoga

17h – Regresso a Reins (Fragmentos)

18h30 – Nosso Planeta, Nosso Legado

20h – 5 Casas (pré-estreia)


28 de agosto (domingo)

15h – Shakespeare Shitstorm

17h – Terra Nova + O Elemento Tinta + Borom Taxi

19h – Mar Concreto + A Praia do Fim do Mundo


30 de agosto (terça)

15h – Diários de Otsoga

17h – Flores da Planície + CRUZ

19h30 – Quarto de Empregada


31 de agosto (quarta)

15h – Crimes do Futuro

17h – A Felicidade do Motociclista Não Cabe em Sua Roupa + Esqui

19h – The Gig is Up: O Mundo é uma Plataforma

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Cine Especial: 'Os Inocentes' - Sombras do Passado

Sinopse: Mulher que trabalha como governanta de dois órfãos. Vivendo em uma casa vitoriana, começa ter visões de fantasmas e suspeita que o comportamento bizarro das crianças é influenciado por poderes sobrenaturais. 

O cinema "pós-terror "tem impressionado o público atual, ao trazer tramas que transitam entre o sobrenatural para situais verossímeis e até mesmo reconhecíveis em nosso dia a dia. Porém, não é a primeira vez que isso acontece, pois o horror com teor mais psicológico, por exemplo, começou a surgir entre o final dos anos cinquenta e começo dos anos sessenta. Já em 1958 o mestre Alfred Hitchcock havia lançado "Um Corpo que Cai", filme que usa ingredientes do sobrenatural, mas que se tornam somente cortina de fumaça para ocultar um plano maior.  

O próprio Hitchcock retornaria em 1960 com a sua obra prima "Psicose" e do qual a mesma mudaria a história do cinema para sempre. A partir daquele filme os monstros tradicionais daqueles tempos longínquos quase não assustavam mais, pois o próprio mundo real já dava sinais de que era mais assustador. Do outro lado do mundo, o estúdio Hammer ainda se sustentava com o sangue vermelho e cenas mais violentas com os seus filmes, muito embora alguns cineastas quisessem arriscar para se elevar dentro do gênero. Com isso, temos a pérola "Os Inocentes" (1961) filme apontado por alguns como a frente do seu tempo e que impressiona até mesmo nos dias de hoje como um todo.

Dirigido por Jack Clayton e baseado no livro "A Volta do Parafuso" de Henry James, cujo o roteiro foi adaptado por William Archibald e Truman Capote, a trama se passa na Inglaterra, durante o era Vitoriana: dois irmãos, Flora (Pamela Franklin) e Miles (Martin Stephens), moram com seu tio em uma antiga casa após ficarem órfãos. Os meninos são deixados aos cuidados da senhorita Giddens (Deborah Kerr), uma governanta muito competente, que ganha total liberdade de criação dos meninos. Porém, as duas crianças começam a serem possuídas por espíritos que habitavam a casa. Cabe a Giddens salva-las e exorcizar os espíritos que rondam a casa.

A última frase dita acima pode nos dar a entender que o filme gira em torno de elementos comuns do gênero de horror. Porém, o filme não nos dá respostas de uma forma fácil sobre o que realmente está acontecendo dentro da trama, já que a sua própria fonte literária nunca nos deixou algo conclusivo e o diretor Jack Clayton respeitou isso. Na abertura, por exemplo, vemos a protagonista desejando o melhor para as crianças, pois ela anseia de todo custo para que elas sejam protegidas e puras.

Aliás, é preciso destacar abertura, sendo ela gótica, incomoda e parecendo até mesmo fruto de algo parecido que Hitchcock havia criado na abertura de "Um Corpo Que Cai". Vale destacar a sombria e triste música na abertura e da qual é cantada pela atriz mirim Isla Cameron, que interpreta a pequena Flora. Se formos analisar mais a fundo, a música serve como um grande spoiler sobre o final da trama que, desde já, está entre os finais mais tristes e corajosos da história do cinema.

Até lá, somos brindados com uma bela fotografia em preto e branco, criada pelo realizador renomado Freddie Francis e fazendo da mansão Bly um ambiente não muito diferente do que era visto nos filmes de horror dos anos trinta, mas ganhando maior profundidade na medida em que a protagonista vai conhecendo cada parte da casa. Curiosamente, o filme me lembrou também do clássico "Rebecca" (1940), também do mestre Hitchcock, já que ambos os filmes se passam em uma grande mansão e cujo os personagens principais são envoltos pela sombra do passado de personagem que já, aparentemente, faleceram. Porém, aqui a possibilidade de um teor mais sobrenatural fica cada vez mais forte na medida em que a protagonista tenta de todo custo saber o que realmente está acontecendo naquele local e com as crianças.

Mas, assim como no livro, jamais temos uma certeza se tudo foi orquestrado por forças que vão além da realidade ou se foi tudo fruto de uma mente que se encontra a beira do precipício. Giddens se apresenta como uma pessoa disposta a proteger o lado inocente das crianças, mas cuja essa proteção não esconde uma mulher que foi reprimida no passado, seja através do lado paternal ou até mesmo das leis vindas da igreja. Sendo assim, a sua personagem possui momentos ambíguos, mas que quase revelam os seus reais desejos.

Deborah Kerr, atriz conhecida pelas suas atuações em "Quo Vadis?" (1951) e "Rei e Eu" (1956) nos brinda aqui como uma das suas melhores atuações da carreira, já que ela constrói para a sua personagem um olhar cheio de história, cicatrizes e da quais as mesmas influenciam as suas ações com relação ao que acontece na mansão. Em alguns momentos, por exemplo, ficamos temendo as suas atitudes muito mais do que aquelas que são vindas das crianças, sendo que as próprias não escondem certa estranheza em seus comportamentos, mas que se tornam em alguns momentos inocentes perante a instabilidade da protagonista que segue sempre temendo pelo que possa acontecer.

O ato final é claustrofóbico, angustiante e do qual nos leva em um beco sem saída. Não é uma explicação plausível sobre o que realmente aconteceu e cabe cada um tirar suas próprias conclusões. Revisto hoje, se percebe que o filme não era somente a frente do seu tempo, como também corajoso e que se fosse feito em tempos de hoje politicamente corretos seria completamente inviável.

Vale destacar que o clássico literário "A Volta do Parafuso" foi revistado em outras produções, sendo que a mais recente foi a minissérie "A Maldição da Mansão Bly" (2020) e fazendo com que uma nova geração procurasse nas livrarias o livro. Porém, nada supera o clássico de 1961, cujo o seu teor gótico e proposta ousada para época o tornam ainda hoje impecável. "Os Inocentes" um clássico de horror psicológico surpreendente e que nos leva aos mais profundos conflitos do interior do ser humano.    

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