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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 23 de agosto de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'ELVIS'

Sinopse: Desde sua ascensão ao estrelato, o ícone do rock Elvis Presley mantém um relacionamento complicado com seu enigmático empresário, Tom Parker, por mais de 20 anos. 

Baz Luhrmann tem poucos títulos no seu currículo, mas o suficiente para ter chamado atenção de muitos no decorrer dos anos. Em "Romeu e Julieta" (1996) ele atualizou o clássico de William Shakespeare para os tempos contemporâneos, mas mantendo as raízes shakespearianas e agradando assim diversos públicos. Já em "Moulin Rouge" (2001) ele provou que uma superprodução musical ainda tinha poder para atrair a massa cinéfila e com isso vieram na esteira outros grandes sucessos como "Chicago" (2002) de Rob Marshall e "Os Miseráveis" (2012) de Tom Hooper.

Porém, acima de tudo, Baz Luhrmann sendo um diretor autoral jamais se vendeu para os gêneros de sucesso do momento, mesmo quando os mesmos estavam fazendo barulho e trazendo lucro para os grandes estúdios. Felizmente as cinebiografias de grandes músicos do passado começaram a fazer sucesso inesperado nos últimos tempos, como no caso, por exemplo, de "Bohemian Rhapsody" (2018) e fazendo com que Luhrman se interessasse por um projeto que estava engavetado por muito tempo. Assim nasceu "Elvis" (2022), superprodução da Warner que reconta sobre a vida e a obra desse grande músico e os motivos que o levaram sair de cena de forma trágica e prematura.

A cinebiografia de Elvis Presley acompanhará décadas da vida do artista (Austin Butler) e sua ascensão à fama, a partir do relacionamento do cantor com seu controlador empresário "Coronel" Tom Parker (Tom Hanks). A história mergulha na dinâmica entre o cantor e seu empresário por mais de 20 anos em parceria, usando a paisagem dos EUA em constante evolução e a perda da inocência de Elvis ao longo dos anos como cantor. No meio de sua jornada e carreira, Elvis encontrará Priscilla Presley (Olivia DeJonge), fonte de sua inspiração e uma das pessoas mais importantes de sua vida.

Assim como foi em suas obras anteriores, Baz Luhrmann usa e abusa do lado técnico de como se fazer um filme musical, fazendo da obra um verdadeiro clipão e mantendo a nossa atenção do começo ao fim. Com uma edição frenética, o filme começa com os últimos passos do Rei do Rock, para logo em seguida voltarmos ao passado do cantor e tudo sendo narrado pela voz do empresário Tom Parker e que aqui é brilhantemente interpretado por Tom Hanks.  A partir daí, vemos não somente a construção do mito da música, como também uma parte da história norte americana.

No filme, basicamente Elvis é um estranho no ninho em meio a uma realidade norte americana conservadora, da qual os líderes políticos dominam todas as áreas culturais, usando a palavra de Deus e se dizendo responsáveis pela estabilidade democrática do país. Elvis foi construído através da cultura negra, cuja a música da mesma embalava os bairros pobres de várias cidades e alinhada com as músicas gospel que fez levantar a moral de muitos que pediam por socorro. Desses elementos, surgia então um grande talento a frente do seu tempo, que desafiou várias instituições conservadoras e fazendo uma geração de jovens finalmente sair da linha reta e que sempre foram obrigados a se manterem nela.

Tanto a fotografia de cores quentes, como a edição de arte caprichada, sintetiza uma época em que a sociedade norte americana vivia em uma grande realidade plástica e coube Elvis ser um de muitos em furar essa bolha. Não deixa de ser emocionante, por exemplo, ao testemunharmos as reconstituições das primeiras apresentações do cantor, sendo que a primeira dele vista na tv foi algo que gerou um grande estardalhaço e fazendo cutucar a onça com a vara curta de muitos que exigiam uma sociedade norte americana perfeita. Em meio a esse grande circo havia a figura complexa de Tom Parker.

Acusado por muitos como o verdadeiro causador da destruição de Elvis, Tom Parker visto aqui é alguém que tenta jogar pelos dois lados, ao tentar saber agradar o grande músico, mas ao mesmo tempo conter os ânimos da ala branca conservadora de Washington. Baz Luhrmann procura não o retratar como uma figura exatamente vilanesca, porém, humana, ambiciosa e que via no cantor a sua pipita de ouro e da qual poderia mantê-lo no jogo de como se deve prosperar em território norte americano. Tom Hanks entrega aqui a sua melhor performance depois de muito tempo, onde ele consegue construir para o seu Tom Parker uma figura humana, porém, muito ardilosa em suas ações, tanto para si como para o próprio Elvis.

Falando no Rei do Rock o mesmo foi interpretado por diversos atores ao longo das décadas, tanto por Kurt Russell em um telefilme para a tv em 1979 como também pelo ator Val Kilmer em "Amor A Queima Roupa" (1993). Porém, acredito eu, que Austin Butler será por muito tempo o ator definitivo ao dar vida a esse grande talento, já que ele consegue transmitir pelo seu olhar a energia vital que o cantor tinha dentro de si, mas cujo o seu próprio corpo não era suficiente forte para conter. Portanto, tanto o seu auge como a sua queda são muito bem representados por Butler, ao ponto de que quase não conseguimos distingui-lo quando é ele ou quando é o verdadeiro Elvis na reconstituição do seu último show, do qual o mesmo cantou a canção "Unchained Melody" e fechando o filme de uma forma surpreendente e impactante.

"Elvis" é um dos melhores filmes do ano, ao retratar um grande talento em seu ápice e queda em meio a selvageria e mutação de uma sociedade hipócrita norte americana. 


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO 23 a 31 de agosto de 2022


 MOSTRA ECOFALANTE

Porto Alegre recebe a itinerância da 11ª Mostra Ecofalante entre 24 de agosto e 13 de setembro, com uma ampla programação de filmes contemporâneos e históricos de viés socioambiental, distribuídos em quatro salas de cinema da cidade. A Cinemateca Capitólio apresenta a sessão de abertura do evento, com o longa francês Animal, de Cyril Dion, na quarta-feira, 24 de agosto, às 19h30. Na primeira semana da mostra, acontece a sessão especial da cópia restaurada da produção angolana Sambizanga, um dos maiores clássicos do cinema africano, dirigido por Sarah Maldoror, e exibições de importantes obras latino-americanas contemporâneas como o cubano A Opção Zero, de Marcel Beltrán, e Esqui, do argentino Manque La Banca.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/5313/ecofalante/


PREMIADOS NA MOSTRA GAÚCHA DE CURTAS EM GRAMADO

A APTC-RS promove na terça-feira, 23 de agosto, às 19h, na Cinemateca Capitólio, a tradicional sessão dos filmes premiados na mostra gaúcha de curtas do Festival de Gramado. Serão apresentados os filmes laureados da edição de 2022: Sinal de Alerta Lory F, Fagulha, Possa Poder, O Abraço, A Diferença Entre Mongóis e Mongoloides, Mby´Á Nhendu - O Som do Espírito Guarani, Drapo A e Apenas para Registro. O valor do ingresso é R$ 10,00. 

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/5310/premiados-mostra-gaucha-de-curtas-de-gramado/


GRADE DE HORÁRIOS

23 a 31 de agosto de 2022


23 de agosto (terça)

15h – Crime do Futuro

17h – Diários de Otsoga

19h – Premiados Mostra Gaúcha de Curtas de Gramado


24 de agosto (quarta)

15h – Diários de Otsoga

17h – Memoria

19h30 – Animal (Ecofalante)


25 de agosto (quinta)

15h – Diários de Otsoga

17h – Two Spirits + A Mãe de Todas as Lutas

19h – Birds of America


26 de agosto (sexta)

15h – Diários de Otsoga

17h – Chichiales + A Opção Zero

19h30 – Sambizanga


27 de agosto (sábado)

15h – Diários de Otsoga

17h – Regresso a Reins (Fragmentos)

18h30 – Nosso Planeta, Nosso Legado

20h – Cinco Casas (pré-estreia)


28 de agosto (domingo)

15h – Shakespeare Shitstorm

17h – Terra Nova + O Elemento Tinta + Borom Taxi

19h – Mar Concreto + A Praia do Fim do Mundo


30 de agosto (terça)

15h – Diários de Otsoga

17h – Flores da Planície + CRUZ

19h30 – Quarto de Empregada


31 de agosto (quarta)

15h – Diários de Otsoga

17h – A Felicidade do Motociclista Não Cabe em Sua Roupa + Esqui

19h – The Gig is Up: O Mundo é uma Plataforma

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Cine Especial: Próximo Cine Debate - Baraka: Um Mundo Além das Palavras

Sinopse: O filme mostra várias paisagens, igrejas, ruínas, cerimônias religiosas e cidades, numa busca para que cada quadro consiga capturar a grande pulsação da humanidade nas atividades diárias.   


Quando James Cameron lançou o seu grandioso "Avatar" (2009) ele queria nos passar a ideia de que aquele mundo fantástico pertencia há um único ser, ou precisamente o planeta do qual os alienígenas e os outros seres vivos viviam. A obra nada mais era do que uma metáfora sobre o nosso próprio planeta, do qual se encontra ligado a todas as formas de vida e alinhado com os avanços e a insanidade do homem que vive nela. Em 1992, o documentário "Baraka - O Mundo Além das Palavras" surpreendeu o mundo através de um olhar pessoal do cineasta Ron Fricke, mas que sintetiza a real beleza do nosso planeta e alinhada com o melhor e o pior da humanidade da qual se encontra.

Sem nenhuma narração, o realizador inicia a sua obra nos brindando com belas paisagens do que pode ser as montanhas do Chile. Não há informação na tela quando começa as cenas sobre os locais e, portanto, cabe um certo conhecimento sobre as localidades, porém, isso é o que menos importa quando a obra avança. Ao todo, o documentário foi filmado em um total de 23 países e das quais as cenas se misturam e formando assim um único grande nervo pulsante desse grande mundo.

Das imensas paisagens testemunhamos as grandes civilizações antigas como, por exemplo, a antiga Roma que hoje se encontra em ruínas, ou do antigo Egito que ainda se mantém intacto com as suas surpreendentes Pirâmides e que pertenciam antigamente entre as grandes maravilhas do mundo. Há, portanto, um paralelo das antigas cidades com as atuais, das quais as mesmas se encontram super lotadas por milhares de pessoas, que jamais param de se movimentarem e simplesmente não veem mais o tempo passar ou tão pouco enxergar a sua realidade aos poucos definhar.

Desse cenário em que o sistema faz do ser humano uma engrenagem para fazer funcionar outras engrenagens concluímos que cada vez mais o mesmo se encontra em estado de alienação, se tornando a peça de um grande relógio e perdendo aos poucos o que lhe faziam verdadeiramente humanos. Não há como não se chocar, por exemplo, nas cenas em que nos mostra o que acontece com os pintinhos que a pouco tempo nasceram, sendo marcados e levados para o futuro abatedouro. Curiosamente, os próprios seres humanos são marcados a partir do momento quando atravessam as roletas para os seus respectivos trabalhos, mas que diferente das pequenas aves, acabam perdendo as suas vidas no momento em que se entregam por completa ao sistema poderoso do capitalismo.

Das grandes cidades com os seus arranha céus testemunhamos também as mais diversas favelas pelo mundo, onde a miséria transborda como um todo e levando uma grande parcela da humanidade para um futuro indefinido. Culturas e crenças andam de mãos dadas quando vemos diversas cerimonias ao redor do mundo e cujo o ápice se encontra em uma simbólica cena em que se passa na Índia, em que a pobreza se faz presente, mas não impedindo que aquele povo se banhe nas águas, praticam as suas oferendas e entregam os seus mortos para as profundezas. O tempo, por fim, destrói tudo, mas sempre havendo um novo começo neste grande globo azul.

"Baraka - Um Mundo Além das Palavras" é um surpreendente documentário em que as suas diversas imagens valem por mil palavras e que nos revela a grandiosidade de nossa grande mãe terra. 


Onde Assistir: Youtube

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Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO - PROGRAMAÇÃO 25 a 31 de agosto de 2022

5 Casas


CLÁSSICO ANGOLANO RESTAURADO

A cópia restaurada de Sambizanga, marco do cinema africano dirigido por Sarah Maldoror, será exibida na Cinemateca Capitólio nesta sexta-feira, 26 de agosto, às 19h30. A sessão faz parte da mostra Ecofalante. Entrada franca.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/5313/ecofalante/  


PRÉ-ESTREIA DE 5 CASAS

No sábado, 27 de agosto, às 20h, a Cinemateca Capitólio promove a sessão de pré-estreia de 5 Casas, documentário de Bruno Gularte Barreto, vencedor do prêmio de melhor filme da mostra de longas gaúchos do Festival de Gramado. O valor do ingresso é R$ 16,00.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/5317/5-casas/


TROMA EM EXIBIÇÃO

A Cinemateca Capitólio participa do Troma Latin America Festival, evento realizado no Brasil e Argentina entre agosto e setembro! No domingo, 28 de agosto, às 15h, receberemos a sessão gratuita de Shakespeare’s Shitstorm, novo filme de Lloyd Kaufman, nome lendário do cinema independente dos Estados Unidos. Entrada franca.  

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/5286/troma-latin-america-festival/


GRADE DE HORÁRIOS

25 a 31 de agosto de 2022


25 de agosto (quinta)

15h – Diários de Otsoga

17h – Two Spirits + A Mãe de Todas as Lutas

19h – Birds of America


26 de agosto (sexta)

15h – Crimes do Futuro

17h – Chichiales + A Opção Zero

19h30 – Sambizanga


27 de agosto (sábado)

15h – Diários de Otsoga

17h – Regresso a Reins (Fragmentos)

18h30 – Nosso Planeta, Nosso Legado

20h – 5 Casas (pré-estreia)


28 de agosto (domingo)

15h – Shakespeare Shitstorm

17h – Terra Nova + O Elemento Tinta + Borom Taxi

19h – Mar Concreto + A Praia do Fim do Mundo


30 de agosto (terça)

15h – Diários de Otsoga

17h – Flores da Planície + CRUZ

19h30 – Quarto de Empregada


31 de agosto (quarta)

15h – Crimes do Futuro

17h – A Felicidade do Motociclista Não Cabe em Sua Roupa + Esqui

19h – The Gig is Up: O Mundo é uma Plataforma

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Cine Especial: 'Os Inocentes' - Sombras do Passado

Sinopse: Mulher que trabalha como governanta de dois órfãos. Vivendo em uma casa vitoriana, começa ter visões de fantasmas e suspeita que o comportamento bizarro das crianças é influenciado por poderes sobrenaturais. 

O cinema "pós-terror "tem impressionado o público atual, ao trazer tramas que transitam entre o sobrenatural para situais verossímeis e até mesmo reconhecíveis em nosso dia a dia. Porém, não é a primeira vez que isso acontece, pois o horror com teor mais psicológico, por exemplo, começou a surgir entre o final dos anos cinquenta e começo dos anos sessenta. Já em 1958 o mestre Alfred Hitchcock havia lançado "Um Corpo que Cai", filme que usa ingredientes do sobrenatural, mas que se tornam somente cortina de fumaça para ocultar um plano maior.  

O próprio Hitchcock retornaria em 1960 com a sua obra prima "Psicose" e do qual a mesma mudaria a história do cinema para sempre. A partir daquele filme os monstros tradicionais daqueles tempos longínquos quase não assustavam mais, pois o próprio mundo real já dava sinais de que era mais assustador. Do outro lado do mundo, o estúdio Hammer ainda se sustentava com o sangue vermelho e cenas mais violentas com os seus filmes, muito embora alguns cineastas quisessem arriscar para se elevar dentro do gênero. Com isso, temos a pérola "Os Inocentes" (1961) filme apontado por alguns como a frente do seu tempo e que impressiona até mesmo nos dias de hoje como um todo.

Dirigido por Jack Clayton e baseado no livro "A Volta do Parafuso" de Henry James, cujo o roteiro foi adaptado por William Archibald e Truman Capote, a trama se passa na Inglaterra, durante o era Vitoriana: dois irmãos, Flora (Pamela Franklin) e Miles (Martin Stephens), moram com seu tio em uma antiga casa após ficarem órfãos. Os meninos são deixados aos cuidados da senhorita Giddens (Deborah Kerr), uma governanta muito competente, que ganha total liberdade de criação dos meninos. Porém, as duas crianças começam a serem possuídas por espíritos que habitavam a casa. Cabe a Giddens salva-las e exorcizar os espíritos que rondam a casa.

A última frase dita acima pode nos dar a entender que o filme gira em torno de elementos comuns do gênero de horror. Porém, o filme não nos dá respostas de uma forma fácil sobre o que realmente está acontecendo dentro da trama, já que a sua própria fonte literária nunca nos deixou algo conclusivo e o diretor Jack Clayton respeitou isso. Na abertura, por exemplo, vemos a protagonista desejando o melhor para as crianças, pois ela anseia de todo custo para que elas sejam protegidas e puras.

Aliás, é preciso destacar abertura, sendo ela gótica, incomoda e parecendo até mesmo fruto de algo parecido que Hitchcock havia criado na abertura de "Um Corpo Que Cai". Vale destacar a sombria e triste música na abertura e da qual é cantada pela atriz mirim Isla Cameron, que interpreta a pequena Flora. Se formos analisar mais a fundo, a música serve como um grande spoiler sobre o final da trama que, desde já, está entre os finais mais tristes e corajosos da história do cinema.

Até lá, somos brindados com uma bela fotografia em preto e branco, criada pelo realizador renomado Freddie Francis e fazendo da mansão Bly um ambiente não muito diferente do que era visto nos filmes de horror dos anos trinta, mas ganhando maior profundidade na medida em que a protagonista vai conhecendo cada parte da casa. Curiosamente, o filme me lembrou também do clássico "Rebecca" (1940), também do mestre Hitchcock, já que ambos os filmes se passam em uma grande mansão e cujo os personagens principais são envoltos pela sombra do passado de personagem que já, aparentemente, faleceram. Porém, aqui a possibilidade de um teor mais sobrenatural fica cada vez mais forte na medida em que a protagonista tenta de todo custo saber o que realmente está acontecendo naquele local e com as crianças.

Mas, assim como no livro, jamais temos uma certeza se tudo foi orquestrado por forças que vão além da realidade ou se foi tudo fruto de uma mente que se encontra a beira do precipício. Giddens se apresenta como uma pessoa disposta a proteger o lado inocente das crianças, mas cuja essa proteção não esconde uma mulher que foi reprimida no passado, seja através do lado paternal ou até mesmo das leis vindas da igreja. Sendo assim, a sua personagem possui momentos ambíguos, mas que quase revelam os seus reais desejos.

Deborah Kerr, atriz conhecida pelas suas atuações em "Quo Vadis?" (1951) e "Rei e Eu" (1956) nos brinda aqui como uma das suas melhores atuações da carreira, já que ela constrói para a sua personagem um olhar cheio de história, cicatrizes e da quais as mesmas influenciam as suas ações com relação ao que acontece na mansão. Em alguns momentos, por exemplo, ficamos temendo as suas atitudes muito mais do que aquelas que são vindas das crianças, sendo que as próprias não escondem certa estranheza em seus comportamentos, mas que se tornam em alguns momentos inocentes perante a instabilidade da protagonista que segue sempre temendo pelo que possa acontecer.

O ato final é claustrofóbico, angustiante e do qual nos leva em um beco sem saída. Não é uma explicação plausível sobre o que realmente aconteceu e cabe cada um tirar suas próprias conclusões. Revisto hoje, se percebe que o filme não era somente a frente do seu tempo, como também corajoso e que se fosse feito em tempos de hoje politicamente corretos seria completamente inviável.

Vale destacar que o clássico literário "A Volta do Parafuso" foi revistado em outras produções, sendo que a mais recente foi a minissérie "A Maldição da Mansão Bly" (2020) e fazendo com que uma nova geração procurasse nas livrarias o livro. Porém, nada supera o clássico de 1961, cujo o seu teor gótico e proposta ousada para época o tornam ainda hoje impecável. "Os Inocentes" um clássico de horror psicológico surpreendente e que nos leva aos mais profundos conflitos do interior do ser humano.    

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quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'O Debate'

Sinopse. Paula e Marcos acabaram de se separar depois de 20 anos juntos. Ele é editor-chefe de um telejornal e ela uma apresentadora de televisão. Eles têm opiniões divergentes, mas continuam amigos e parceiros de trabalho. 

Nos últimos três anos a realidade brasileira tem sido tão complexa que com certeza renderia uma série com diversas temporadas. Porém, imagine cada um tendo que conviver com a essa realidade e ao mesmo tempo tendo que administrar a sua própria vida e que, querendo ou não, os rumos do país acabam por afetar o seu dia a dia. "O Debate" (2022) é uma comédia brasileira inteligente sobre como os rumos do mundo em volta atinge a vida das pessoas e sendo que elas precisam tomar uma providência para seguir por uma nova estrada desta cruzada.

Dirigido por Caio Blat e com roteiro de Guel Arraes e Jorge Furtado, o filme conta a história de Paula e Marcos, interpretados pelos atores Paulo Betti e Débora Bloch, que acabaram de se separar depois de 20 anos juntos. Ele é editor-chefe de um telejornal e ela uma apresentadora de televisão. Eles têm opiniões divergentes, mas continuam amigos e parceiros de trabalho. Mas apesar disso, o relacionamento de respeito entre eles não impede que eles tenham visões distintas sobre como devem conduzir a edição dos melhores momentos do debate que a TV vai exibir - e que pode interferir na escolha de centenas de milhares de eleitores indecisos.

O roteiro elaborado por Arraes e Furtado consegue transitar entre os elementos de ficção protagonizados pelo casal central com os eventos verídicos que ocorreram nos últimos três anos no país, desde a questão do desgoverno Bolsonaro como também o surgimento da Covid-19. Se dividindo entre os afazeres jornalísticos com a vida pessoal de casados, os protagonistas centrais estão sempre dialogando em cena, cujos os assuntos políticos são os mesmos que nós ouvimos e discutimos ao longo de todo esse tempo. Isso faz com que nos identifiquemos com o casal, pois determinadas palavras que Paula lança, por exemplo, contra o Presidente são aquelas mesmas que nós disparamos todos os dias, pois motivos é que o não faltam e a lista foi se alongando ao longo do tempo.

Tanto Paulo Betti como Débora Bloch estão bem em seus respectivos papeis, pois ambos possuem uma veia quase cômica nas cenas em que eles discutem diversos assuntos sobre o universo político, mas surpreendendo até mesmo nas cenas quando se exige um apelo mais dramático. Voltando entre o passado e o presente, o roteiro dá o espaço necessário para que ambos os interpretes consigam criar as mais diversas camadas de interpretação sobre determinadas atitudes que os seus personagens praticam em determinados momentos da trama e fazendo criar dentro de nós um pequeno conflito se devemos ou não torcermos para que eles fiquem juntos. Uma vez conseguindo essa façanha o resultado da fictícia, ou não, eleição política acaba ficando em segundo plano, pois desejamos que ambos fiquem bem ao final de tudo mesmo em meio aos escombros.

Assim como no nosso mundo real, o resultado das eleições fica em aberto, fazendo com que tiremos as nossas próprias conclusões sobre o destino do país e de como o casal central terá que conviver pelos próximos quatro anos. Logicamente, é uma lição que os realizadores querem nos passar nesta reta final antes da nossa real eleição, pois independente do que aconteça tudo o que nos resta é mantermos unidos perante um futuro indefinido, porém, talvez não tão nebulosos como nós tememos.

"O Debate" fala sobre um casal gente como a gente, que enfrenta as adversidades destes tempos complexos brasileiros e que tentam sobreviver para manter o que tinham de mais precioso em um passado mais dourado.   

NOTA: O filme estreia dia 25 de Agosto. 


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 18 A 24 DE AGOSTO DE 202 na Cinemateca Paulo Amorim

 SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES

Os Amores Dela


SALA 1 / PAULO AMORIM


14h30 – OS AMORES DELA Assista o trailer aqui.

(Les Amours d’Anaïs - França, 2022, 100min) Direção de Charline Bourgeois-Tacquet,com Anaïs Demoustier, Valeria Bruni Tedeschi, Denis Podalydès. Imovision, 14 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Anaïs tem 30 anos e não leva nada a sério: é infiel com o namorado, não paga o aluguel em dia e nem cumpre os prazos do seu orientador de doutorado. Seguindo seus desejos, ela se interessa por Daniel, um editor literário que é casado com Emilie, uma escritora famosa. Mas, aos poucos, a jovem percebe o quão interessante é Emilie e resolve se aproximar dela.


16h30 – TRALALA Assista o trailer aqui.

(França, 2020, 120min). Direção Arnaud Larrieu e Jean-Marie Larrieu, com Mathieu Amalric, Josiane Balasko, Mélanie Thierry. Bonfilm, 14 anos Comédia dramática.

Sinopse: Tralala é um sem-teto de 48 anos que ganha a vida cantando pelas ruas de Paris. Certo dia, uma jovem misteriosa lhe deixa uma mensagem e desaparece. O artista parte em busca desta mulher, mas acaba encontrando uma senhora que acredita que Tralala é seu filho que desapareceu 20 anos atrás. Surpreso pela revelação, ele aceita interpretar este papel. O filme fez parte do Festival Varilux de Cinema Francês de 2021.


18h45 – IL BUCO Assista o trailer aqui.

(França/Itália/Alemanha, 2021, 93min). Direção de Michelangelo Frammartino, com Paolo Cossi, Jacopo Elia, Denise Trombin, Nicola Lanza. Zeta Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Durante o boom econômico da década de 1960, o próspero norte da Itália ergue o edifício mais alto da Europa. Do outro lado do país, no interior da Calábria, jovens exploradores investigam a caverna mais profunda da Europa, de 700 metros. Em uma aldeia vizinha, um velho pastor começa a entrelaçar sua vida solitária com os dois fatos.


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


15h – AOS NOSSOS FILHOS Assista o trailer aqui.

(Brasil, 110min, 2022). Direção de Maria de Medeiros, com Marieta Severo, José de Abreu, Laura Castro, Marta Nóbrega. Imovision, 16 anos. Drama.

Sinopse: Vera é responsável por uma ONG de crianças soropositivas, ao mesmo tempo em que luta contra traumas do passado deixados pela ditadura militar. Tânia, sua filha, vive um casamento de 15 anos com outra mulher e pretende ter um filho. Separadas por ideais diferentes, preconceitos e muitas mágoas, mãe e filha precisam se entender e se adaptar aos novos tempos. O filme é uma adaptação da peça de teatro homônima, protagonizada pela própria Maria de Medeiros no Brasil.


17h – UM HERÓI Assista o trailer aqui.

(Ghahreman - Irã/França, 2021, 125min). Direção de Asghar Farhadi, com Amir Jadidi, Mohsen Tanabandeh, Fereshteh Sadrorafaii. Califórnia Filmes, 16 anos. Drama.

Sinopse: Rahim resolve usar uma licença de dois dias da cadeia para tentar convencer o seu credor a perdoar a dívida que o levou à prisão. Parte da negociação envolve uma bolsa com algumas moedas de ouro, mas o plano dá errado e Rahim tenta encontrar o verdadeiro dono deste pequeno tesouro – o que acaba gerando uma resposta positiva da opinião pública. Mas a situação toma outros rumos e envolve toda a família de Rahim numa verdadeira teia de notícias falsas.


19h15 – A TEORIA DOS VIDROS QUEBRADOS Assista o trailer aqui.

(La Teoria de los Vidrios Rotos - Uruguai/Argentina/Brasil, 85min, 2022). Direção de Diego “Parker” Fernández, com Martín Slipak, Roberto Birindelli, César Troncoso, Veronica Perrotta. Okna Filmes, 14 anos. Comédia policial.

Sinopse: Inspirado na teoria que dá título ao filme, o roteiro acompanha Claudio, funcionário de uma companhia de seguros que é designado para trabalhar em uma cidade do interior do Uruguai. A experiência deveria ser tranquila, mas, quando ele chega, vários carros são incendiados. Para se garantir no emprego – e no casamento - Claudio terá que descobrir o que realmente aconteceu. O filme foi o vencedor do Kikito de longa estrangeiro no Festival de Gramado 2021.


SALA 3 / NORBERTO LUBISCO


16h – LOS CONDUCTOS Assista o trailer aqui.

(Colômbia-França-Brasil, 2020, 70min). Direção de Camilo Restrepo, com Luiz Felipe Lozano. Olhar Distribuidora, 16 anos. Drama.

Sinopse: Recém liberto do controle de uma seita religiosa, Pinky encontra abrigo e trabalho numa fábrica ilegal de camisas. Enquanto tenta reconstruir sua vida, memórias violentas lhe assombram e clamam por vingança. O filme é baseado na experiência pessoal do protagonista, que interpreta seu próprio papel.

*NÃO HAVERÁ SESSÃO NO DIA 20, SÁBADO.*


FESTIVAU DE C4NN3S


16h – AUTOBIOGRAFIA OBSCENA + O CASO DORA

(Brasil, 2022, 20min + 60min)

Trabalhos das artistas Dora Longa e Fabricia Jordão, com apresentação comentada pelas próprias artistas.

*SESSÃO NO DIA 20, SÁBADO.* ENTRADA FRANCA.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores têm direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional. Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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