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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: A Morte Te Dá Parabéns



Sinopse: Tree (Jessica Rothe) é uma jovem estudante que trata mal os meninos, desdenha das amigas e não parece estar muito disposta a atender as ligações do pai no dia do aniversário dela. No fim do mesmo dia, no entanto, ela é brutalmente assassinada por um mascarado. Acontece que ela "sobrevive", ou melhor, acorda no mesmo e fatídico dia, numa espécie de looping macabro, que termina sempre com a morte da garota. Repetir, seguidamente, o mesmo dia, por outro lado, dá a Tree a chance de investigar quem a está querendo morta e o porquê.

Na metade dos anos 90, os cinemas foram invadidos pelos assassinos mascarados, graças à franquia Pânico, cuja fórmula foi usada tantas vezes que acabou sendo desgastada. Já no início da mesma década, o público teve o privilégio de assistir ao maravilhoso Feitiço do Tempo, cujo protagonista (Bill Murray) retorna no tempo e fica vivenciando o mesmo dia. Embora sejam propostas distintas, elas formam o filme A Morte Te Dá Parabéns que, embora caia em fórmulas manjadas, o filme diverte e não exige muito de quem assiste.
Dirigido por Christopher Landon (Atividade Paranormal: Marcados pelo Mal), acompanhamos um dia da vida de Tree (Jessica Rothe, de La La Land), uma universitária egoísta, da qual trata mal as pessoas, não leva a sério suas amigas e não responde as ligações do seu pai. Porém, no fim do mesmo dia, ela é brutalmente assassinada por um mascarado misterioso, mas que,  ao invés de morrer realmente, ela retorna ao passado e 24 horas antes do ocorrido. Entre idas e vindas no tempo, Tree tenta de todos os meios para descobrir quem é o seu assassino para só assim quem sabe parar de voltar no tempo.
Não é a primeira vez que o clássico estrelado por Bill Murray serviu de inspiração para a realização de outros filmes com a mesma temática. Basta à gente se lembrar, por exemplo, do ótimo No Limite do Amanhã e estrelado por Tom Cruise. Já A Morte Te Dá Parabéns pode enganar o desavisado por um momento, já que de terror o filme quase não tem nada, mas sim está mais para uma comédia adolescente e usando a ideia da viagem do tempo unicamente como desculpa para se criar momentos imprevisíveis de humor.
Entre suspense e comédia, o filme se envereda também sobre a desconstrução da protagonista, já que no principio Tree é uma jovem pouco sociável e trata as outras pessoas com o maior desdém. Mas pelo fato dela retornar sempre no tempo, ela consegue então a oportunidade de enxergar certas situações e o comportamento de outras pessoas por outro ângulo. Além de se dar conta de que suas colegas são um bando de materialistas, ela mesma consegue se enxergar como uma pessoa que poderia ter sido mais sociável com as pessoas mais próximas e das quais se importam realmente com ela.
Por causa disso, o filme nos diverte e faz com que até mesmo não queiramos que a protagonista descubra quem é o assassino que a mata, já que daí então as viagens no tempo acaba. Aliás, a revelação sobre quem é o assassino é tão dispensável que, quando é finalmente revelado, acaba soando tão ridículo que teria sido até melhor os roteiristas terem nos poupado disso. Dessa salada, é preciso reconhecer o bom empenho da jovem atriz Jessica Rothe, sendo que ela carrega todo o filme nas costas e fazendo dos demais personagens em cena algo bem descartável para dizer o mínimo.
Curto, divertido, mas dispensável, A Morte Te Dá Parabéns não ofende, desde que você leve tudo que for assistir na tela na maior esportiva.  

Onde assistir: Cine Victória:  Avenida Borges de Medeiros, 453 - Centro Histórico, Porto Alegre. Horários: 13h30, 15h40, 17h50 e 20h.

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terça-feira, 17 de outubro de 2017

Cine Dica: De Boca em Boca

Sinopse: Um documentário inédito, realizado em diversas bocas de fumo da capital gaúcha, com depoimentos de traficantes locais, além do registro de manifestações de moradores de uma comunidade sem voz. Em um ano onde Porto Alegre se encontra conturbada, com jovens perdendo a vida devido aos crimes violentos, tais como esquartejamento e tortura de pessoas.


É fácil para um político fazer propaganda belamente plástica em época de eleição, para daí então se eleger e conseguir o seu tão sonhado mandato. O problema é que, na prática, promessas vêm e vão, acabam não sendo cumpridas e o povo então é esquecido. Por mais que a mídia sensacionalista de hoje esconda, pelo menos temos documentários como De Boca em Boca, do qual revela o submundo onde vivem essas pessoas, das quais abraçam o tráfico de drogas como a única forma de sobrevivência, mas não escapando de sérias consequências.
Dirigido por Vagner Abreu, acompanhamos o cineasta adentrar nas bocas de fumo dos bairros de Porto Alegre, para ter uma conversa franca com os donos do local e tentar desvendar os motivos que levam esses jovens a escolherem o submundo do crime. Gradualmente conhecemos as motivações de cada um dos que são entrevistados, conhecendo os seus medos perante uma polícia violenta e da qual não diferencia bandido de pessoas inocentes que vivem nas comunidades pobres. O resultado é uma bola de neve, onde a violência gera mais violência e se tornando um círculo vicioso do qual não para.
Se o documentário Central de Tatiana Sager e Renato Dornelles é a prova escancarada de que os presídios do RS e do resto do Brasil se encontram falidos, De Boca em Boca pode ser interpretado como uma espécie de continuidade, onde mostra apenas as consequências desse quadro, do qual muitos dos entrevistados já estiveram na prisão, mas que pouco mudou após terem saído de lá. Não havendo ajuda vinda de políticos, ou tão pouco um acesso para a cultura, assistimos então um mosaico de inúmeras vidas que se encontram num beco sem saída e que através da venda de drogas eles enxergam a única válvula de escape para a solução dos seus problemas. Com armas na mão, vemos jovens que poderiam estar fazendo coisa melhor, mas que, infelizmente, não tiveram a sorte de ter um guia para conseguir uma trilha melhor em suas vidas.
Com uma edição engenhosa de Joaquim Lima, as cenas são de um realismo cru, onde não se esconde a possibilidade de a qualquer momento aqueles jovens sofrerem uma represália, seja dos policiais ou de bocas rivais. Com isso, testemunhamos pessoas que perdem o direito de algum lazer, pois além de comandarem o tráfico, também tentam ajudar na segurança da própria comunidade e da qual não recebe de fora. É como se fosse uma região separada do resto do estado, jogados a própria sorte e tendo que conviver com a possibilidade não estarem vivos no outro dia. 
De Boca em Boca é um documentário em que nos mostra apenas a ponta de um grande iceberg, do qual poderia ser evitado, mas somente se houvesse políticos realmente responsáveis e que ajudassem o povo como um todo. 

NOTA: O filme teve exibição especial ontem no Cinebancários Porto Alegre mas não se encontra diariamente em exibição. Acompanhem a pagina do facebook dos realizadores para então saber onde será a próxima exibição. Cliquem aqui. 




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Cine Dica: Em Blu-Ray - DVD – VOD: Os Meninos Que Enganavam Nazistas



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segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: Detroit em Rebelião



Sinopse: Em 25 de julho de 1967, a cidade de Detroit vive um dia tenso. Policiais invadem um bar clandestino e a ação foge do controle. Cidadãos se revoltam contra a situação e por cinco dias as pessoas fazem um motim nas ruas. O confronto violento entre policiais e a população causa mortes e destruição.



Primeira diretora da história ao ganhar um Oscar de melhor direção, Kathryn Bigelow provou que tinha mão firme na realização de filmes sobre as guerras, mas dos quais possuía certo grau de crítica sobre os conflitos. Títulos como Guerra ao Terror e A Noite Mais Escura são exemplos de um retrato cru de soldados americanos que, ou eram jogados numa guerra que não era deles, ou sendo encarregados de procurar e exterminar apenas um homem. Em tempos atuais, em que o retrocesso comandando por um conservadorismo assombra o mundo, Kathryn Bigelow decide revisitar o passado em Detroit em Rebelião, cuja trama ecoa de uma maneira forte e desconcertante em nosso presente.
A trama se passa no ano de 1967 na cidade de Detroit, num período que o preconceito racial ainda era muito forte. Após uma batida policial num bar clandestino, a comunidade negra se revolta com as autoridades inconsequentes e se criando então uma verdadeira rebelião por toda a cidade. Não demora muito para que esse conflito gere uma verdadeira guerra civil local e com inúmeras perdas.
Na virada dos anos 60 para os 70, aconteceu uma luta sem precedentes pelos direitos civis, onde a comunidade negra lutou como nunca para conseguir o seu lugar ao sol. Ao mesmo tempo os EUA estavam sendo derrotados na guerra do Vietnã e dando sinais que a corrupção política estava cada vez mais afetando os cidadãos da época. Numa época em que á crise e a baixa auto estima faziam nascer o pior do homem, sobrava para pessoas inocentes sentirem na pele o veneno vindo da intolerância.
Em sua primeira meia hora de projeção, Kathryn Bigelow retrata o americano derrotado, revoltado e imprudente. A cineasta faz então questão de retratar essa panela de pressão naqueles dias, onde vemos soldados paranoicos e afetados pelo que viram no outro lado do mundo, começar a descontar em pessoas inocentes e que não tiveram nada a ver com relação ao nascimento desse conflito em Detroit. Ao mesmo tempo, testemunhamos policiais já convivendo nesse dia a dia da cidade, mas não sabendo administrar suas próprias ações e gerando um terror psicológico sem fim.
Mesclando cenas filmadas com cenas verídicas da época, Kathryn Bigelow busca ao máximo um grau de verossimilhança em sua reconstituição de época. Assim como Guerra ao Terror, sua câmera treme, seguindo os seus personagens principais para não perder o foco e fazendo a gente testemunhar o pesadelo dos quais eles irão encarar. Ao reconstituir inúmeros fatos ocorridos na época, à cineasta cria então subtramas e das quais cada uma delas irão dar de encontro num motel e tornando o cenário num verdadeiro inferno.
Ao chegarmos a esse ponto, Kathryn Bigelow faz questão de criar planos fechados, com o desejo para que possamos sentir a tensão e medo do qual os personagens estão sentindo num espaço tão pequeno. Todo esse cenário de horror é comandado pelo policial Krauss (Will Poulter, de O Regresso), que acredita que o que está fazendo é o certo para conter a violência, mas usando métodos imprudentes e levando a todos para um caminho sem volta. No mesmo local conhecemos o policial Dismukes (John Boyega, de Star Wars: O Despertar da Força), que tenta a todo custo ajudar os seus irmãos da comunidade, mas ao mesmo tempo não querendo entrar em conflito com os demais policiais.
Ambos são dois lados distintos do conflito, sendo que um é inconsequente, movido pelo racismo e outro é movido pelo coração, mas tendo medo da retaliação. Em comum, ambos querem fazer o necessário para cessar o conflito, mas tendo as suas visões nubladas pelo preconceito, medo e a violência que acabam moldando as suas ações. O resultado é a perda da vida de inocentes, em uma situação que poderia ser amenizada através do dialogo, mas que passou muito longe desse cenário.
Com a participação de atores como Anthony Mackie (Capitão América: Guerra Civil) e Tyler James Williams (Todo Mundo odeia o Cris), Detroit em Rebelião é um filme que veio na hora certa para nos servir de alerta, pois vivemos numa realidade em que o fantasma do conservadorismo e da intolerância de um passado vem cada vez mais nos assombrando e ameaçando o nosso futuro. 

Onde assistir: Cinema GNC Moinhos Shopping - 4º andar, R. Olávo Barreto Viana, 36 - Moinhos de Vento, Porto Alegre. Horários: 13h10, 18h40  e 21h20.

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