Nos dias 20 e 21 de Maio eu estarei
participando do curso Horror Britânico - Uma Orgia de Sangue e
Pavor, criado pelo Cine Um e ministrado pelo crítico de cinema e especialista
no gênero fantástico Carlos Primati. Enquanto os dias da atividade não chegam,
eu estarei por aqui falando sobre os melhores filmes dos estúdios Hammer e
Amicus em ordem cronológica.
O Monstro de Duas
Faces (1960)
Sinopse: Londres,
1874. Henry Jekyll (Paul Massie) é um dedicado pesquisador que há 6 anos está
casado com Kitty (Dawn Addams), mas lhe dá pouca atenção. Com isso ela se
apaixonou por Paul Allen (Christopher Lee), o maior amigo de Jekyll.
Paralelamente Henry desenvolve uma fórmula que faz vir à tona o lado negro de
cada ser e, ao aplicar em si esta droga, Jekyll se altera não só
psicologicamente como fisicamente. Logo ele está na Sphinx, uma casa noturna
cara, mas de má reputação. Lá encontra Kitty e Paul, que conversam com ele.
Logo Jekyll está dançando com Kitty, que não imagina que este desconhecido que
diz se chamar Edward Hyde é o seu marido, que ela tanto evita. Este encontro
marca o início de várias tragédias.
Dirigido por Terence Fisher, a produção se diferencia se comparado ao livro. Ao começar
pelo fato de que aqui, Hyde não tem um aspecto monstruoso e sim de um homem
bonito, mas com um olhar diabólico, dando a entender, que o diretor quis passar
a idéia de que o mau esta em todo o lugar, não importa o seu aspecto, seja feio
ou bonito. Mesmo desconhecido por boa parte do publico, Paul Massie tem um
ótimo desempenho fazendo o papel duplo do protagonista e mesmo auxiliado pela
maquiagem, o ator soube criar uma interpretação que diferenciasse uma da outra.
Novamente, Christopher Lee retornaria nesta produção para trabalhar com Fisher,
mas como personagem secundário, mas importante para a trama. Curiosamente, Lee
faria Henry Jekyll numa versão interessante feita pelo estúdio rival Amicus.
A Górgona (1964)
Sinopse:No ano de 1910, na
cidade rural Alemã de Vandorf, sete assassinatos foram cometidos nos últimos
cinco anos, todas as vítimas transformadas em pedra. As autoridades locais
temem que uma antiga lenda tenha se tornado realidade: a última das Górgonas
assombra o local e transforma suas vítimas em pedra durante a lua cheia.
Tendo a famosa dupla
dinâmica Christopher Lee e Peter Cushing contracenando juntos, agora com papeis
invertidos, já que Lee era o mocinho e Cushing o bandido, mais uma vez a
direção ficou a cargo do competente Terence Fisher, a trilha sonora com James
Bernard e a produção de Anthony Nelson Keys. A Górgona é um filme da Hammer.
Ponto. Dizer isso instintivamente fará com que você logo visualize a
ambientação de época, os costumes, os dois nobres senhores Lee e Cushing
desferindo diálogos afiados, trilha sonora contundente e tudo mais.
Epidemia de Zumbis (1966)
Sinopse: Uma estranha
epidemia de proporções gigantescas toma conta do território inglês. Milhares de
mortos estão levantando de suas tumbas e aterrorizando o mundo dos vivos. Dr.
Peter Thompson, com a ajuda de seu mestre, Sir James Forbes, está tentando
controlar a terrível praga. Suas investigações os levarão a uma horrível
descoberta.
Antes de Romero
praticamente sufocar o zumbi tradicional, ligado à magia negra, essa pérola
britânica combinou mortos-vivos, luta de classes, investigação e romance, e o
resultado é digno de aplausos. Com ritmo preciso, cenas marcantes e um final
perfeitamente encaixado à narrativa. Talvez Epidemia não agrade a todos os
públicos, pois a narrativa ocorre de forma lenta em ritmo de clássico. Agora, é
obrigatório a quem gosta da Produtora Hammer e para quem quiser saber como os
zumbis eram antes de Romero revolucionar o gênero com A Noite dos Mortos Vivos.
Drácula: O Príncipe das trevas (1966)
Sinopse:Jovens casais viajando em
férias são aconselhados por moradores de um pequeno vilarejo na região das
Montanhas Carpathians a desistir de seus planos. Segundo os habitantes da
região uma maldição vive escondida no interior da floresta. Julgando tratar-se
de mera superstição dos moradores locais, os viajantes ignoram o aviso e partem
em direção ao desconhecido. Abandonados pelo cocheiro em pleno interior da
floresta, eles caminham até um castelo onde poderão contar apenas com a
hospitalidade do Conde Drácula.
Sequência do clássico
O Vampiro na noite e novamente estrelado pelo eterno Drácula Christopher Lee. O
filme apesar de ser inferior em alguns aspectos (a ausência do ótimo Van
Helsing-Peter Cushing é sentida) o filme é um ótimo exemplar da boa e velha
experiência de se assistir um bom filme de horror do pioneiro estúdios Hammer.
Curiosamente neste filme Drácula não fala nenhuma palavra, isso porque Lee não
gostou do roteiro que foi escrito por Jimmy Sangster (creditado como John
Sansom), a partir de uma história do produtor Anthony Hinds (sob o pseudônimo
de John Elder). Tanto que para evitar a possibilidade de uma repercussão
insatisfatória de seu personagem, ele pediu que sua participação fosse
silenciosa, ou seja, o vampiro não diz uma única palavra no filme inteiro,
apenas atuando com expressões faciais, e somente entrou em cena após quase cinquenta minutos de história. Mesmo não falando nada, a presença de
Christopher Lee é sempre marcante.
Frankenstein Criou a
Mulher (1967)
Sinopse: No século
XIX, no pequeno Vilarejo de Balkan, o Barão Frankenstein e um médico auxiliar
estão trabalhando numa experiência secreta que consiste em transferir a alma de
pessoas mortas para outros corpos.
Peter Cushing encarna
pela quarta vez o cientista nesse curioso filme que substitui o habitual
erotismo da produtora por um enredo até romântico, com uma detalhada recriação
dos aspectos técnicos das experiências do barão, e que inclui uma certa relação
com Pigmalião (a garota cujo corpo Frankenstein usa é complexada devido a sua
deformação física e ele, auxiliado por outro cientista, a transforma numa
beldade).O filme é um verdadeiro clássico da Hammer, que no título fez um
"ironia" com "E Deus
criou a Mulher" de Brigitte Bardot, de Roger Vadim, que dirigiu
Barbarella, um filme de Tudor Gates, que também escreveu Os Amantes
Vampiros com Ingrid Pitt. A cena da mulher conversando com uma cabeça
decepada é super original,
Frankenstein Tem Que
Ser Destruído (1969)
Sinopse: A experiência
do Barão Frankenstein deu errado, muito errado. Assim, outra vítima repousa em
um túmulo provisório. De repente, uma corrente de água estoura, forçando o
braço do cadáver para a superfície. Logo a corrente leva o corpo para cima. Em
pânico, o ajudante do Dr. Frankenstein tenta esconder o corpo novamente. mas
não é que cadáveres podem mesmo ser incontroláveis?
É considerado um dos
mais violentos do estúdio, principalmente pesas cenas de cabeças sendo cerradas
em longos takes e cérebros a mostra. É também um filme que foca mais no personagem Frankenstein que em uma de
suas criações. E falando nele, o cientista está agora mais vilanesco no que
nunca, não mostrando qualquer traço de remorso, piedade ou caráter, itens os
quais dava leves resquícios nos dois filmes anteriores. Há inclusive uma cena
onde estupra a personagem Verônica Carlson (a personagem, por favor), em uma sequencia
totalmente deslocada do roteiro. Dizem por aí até que tal cena nem tava no
script e foi incluída só para agradar os distribuidores americanos. Enfim, um
filme bem intenso e cheio de reviravoltas e destinos trágicos até para alguns
personagens.
Conde Drácula (1970)
Sinopse:Uma vez de
volta à vida, o eterno "Príncipe das Trevas" Drácula (Christopher
Lee) continua a matar as belas jovens do vilarejo vizinho de seu imponente
castelo gótico, sugando-lhe o sangue pelo pescoço. Revoltados, os aldeões se
reúnem.
O sexto filme da
série e o quinto estrelado pelo eterno Christopher Lee. O filme pertence à fase
que os estúdios Hammer em que, infelizmente, já não estava nos seus melhores
tempos. Mesmo assim o filme é mais um ótimo exemplo do bom e velho filme de
horror, com castelo fantasmagórico, camponeses amedrontados, e viajantes que
acabam se metendo no lugar errado e na hora errada. Vale nota que esse é o mais
violento filme de toda a série, não faltam cenas fortes, como Drácula matando a
punhaladas uma de suas servas, ou numa chacina dentro de uma igreja, onde
várias mulheres foram mortas por morcegos a serviço do conde. Tudo para dar
mais audiência e atrair mais o publico que o estúdio estava começando a perder
e uma pequena mostra do que os filmes de terror iriam apresentar no restante da
década de 70.
Carmilla – A Vampira
de Karnstein (1970)
Sinopse:Quando uma
misteriosa condessa viaja para o exterior para visitar um amigo doente, o
general Spielsdorf oferece sua hospitalidade para cuidar de sua filha Carmilla.
O que o general não imagina é que Carmilla é a reencarnação de uma terrível
vampira que inicia um ritual macabro para saciar sua sede de sangue. Primeiro
filme da trilogia Karnstein que explora a personagem criada pelo escritor
irlandês Joseph Sheridan LeFanu.
Baseado no livro
Carmilla, escrito pelo igualmente irlandês Sheridan Le Fanu (1814 /
1873), o filme foi uma das inúmeras alternativas dos estúdios Hammer no início
da década de 70 em se manter firme, pois após alguns filmes regulares, o
estúdio andava que mau das pernas na época. Com uma proposta ousada naquele
tempo, o filme carregada um certa dose de erotismo e lesbianismo, algo raro na
época e curiosamente em nenhum momento o filme possui algum toque de humor
tendo um clima bem sério e sombrio.
Destaque para a participação
de Peter Cushing, o eterno lendário caçador de vampiros Prof. Van Helsing e
claro para atriz polonesa Ingrid Pitt que se tornou uma das mais sensuais
vampiras do cinema com esse filme e acabou participando de outros inúmeros
tipos do gênero como A Condessa Drácula.
O Médico e a irmã
monstro (1971)
Sinopse: Na busca
pelo elixir da vida eterna, o Dr. Henry Jekyll começa a usar hormônios
femininos retirados de cadáveres frescos fornecidos por Burke e Hare .Estes têm
o efeito de alterar não só o seu comportamento (para pior), mas também de mudar
seu gênero, transformando-o em uma linda porém diabólica mulher.
O filme é baseado no
conto O Médico e o Monstro, mas foi à produção que mais teve liberdade para
criar algo que se diferenciasse do livro. É notável por mostrar Jekyll se
transformar em um Hyde feminino, mas também incorpora elementos da história de
Jack - o Estripador, e o caso Burke e Hare, dois imigrantes irlandeses que
mataram 17 pessoas em Edimburgo, na Escócia, e venderam seus cadáveres para
dissecação.
Apesar do elenco
desconhecido, a produção é bem redonda e caprichada, mesmo numa época que o
estúdio estava começando a entrar em decadência. Do elenco desconhecido, se destacam
Ralph Bates e Martine Beswick, ambos fazendo o protagonista(s) da trama.
Frankenstein e o
Monstro do Inferno (1974)
Sinopse:
Frankenstein está preso em um hospícios para loucos e assassinos, mas continua
seus experimentos secretamente. Com a chegada do Dr. Helder, preso por praticar
os mesmos crimes do Barão, ambos unirão forças para criar a melhor e mais
sofisticada criatura já vista. Para isso, eles contarão com o corpo de Herr
Schneider, um brutamontes que foi mantido vivo por Frankenstein após cometer
suicídio e Sarah, uma linda jovem muda que auxilía o Barão e é carinhosamente
chamada de Angel. Mas que tipo de criatura surgiria em um lugar desses?
Sendo o último fime
de Terence Fisher na direção e o último da franquia Frankenstein do estúdio,
Frankenstein e o Monstro do Inferno deixou a desejar de acordo com a crítica,
principalmente devido ao baixíssimo orçamento, visível principalmente na
carência dos cenários e na caracterização do monstro, que, apesar de legal, não
perde em nenhum momento a cara de "filme B" (apesar de falar muito
pouco, quando o faz sua boca permanece imóvel). Produzido em 1972, mas lançado
apenas dois anos depois, este longa derradeiro conta com o melhor assistente do
Barão. Dr. Helder, interpretado pelo excelente ator Shane Bryant, apesar de não
ser um vilão, demonstra plena falta de caráter, o que faz sua química com o
protagonista funcionar muito bem, principalmente quando eles discordam. A
criatura é interpretada por David Prowse, o Darth Vader. Curiosamente, mesmo
sendo planejado como último, este é o único filme da franquia que dá uma deixa
para continuações, sendo que os anteriores sempre pareciam dar um ponto final à
carreira do Barão.
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