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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 5 de março de 2015

Cine Dica: Em Cartaz: JARDIM EUROPA

Sinopse: Eleonora e seus três filhos, Luís Felipe, Ana Luiza e Mariana, vivem no bairro de Jardim Europa. Apesar do dinheiro contado, eles não deixam o luxuoso bairro por nada. Escritor, Luís Felipe é frequentador assíduo de um sebo, onde conversa bastante com o dono Juarez e o empregado Pampolini, morador de um bairro pobre da zona leste. Quando Alberto, o pai falido, volta para casa, a vida dessa família decadente vai mudar radicalmente...
Num determinado momento visto no  filme de sucesso do ano passado, Faroeste Caboclo, um personagem solta uma forte, mas significativa frase: “parente somente aparece quando esta fodido”. Embora existam alguns conservadores que não concordem com essa frase, seria um tanto que hipocrisia dizer que isso não acontece hoje em dia, não importando qual tipo de classe de família, pois os problemas sempre serão os mesmos. O cineasta Mauro Baptista Vedia explora os problemas financeiros, sentimentais e a falta do lado samaritano de uma família de classe alta, mas que possui os mesmos problemas de qualquer família do mundo contemporâneo de hoje.
Temos uma família abandonada pelo pai que, por sua vez, retorna quando dá a entender que se encontra duro na vida. A mãe (Cinthia Zaccariotto) encara a sua realidade de forma sarcástica, enquanto o filho (Sílvio Restiffe) procura sua identidade própria escrevendo um novo livro, mas enfrentando o fato de ser o único homem responsável da casa, mesmo quando não deseja tal fardo. O seu amigo vendedor de livros  Juarez (Laerte Melo) se encanta por sua mãe, mas vê nela uma saída de escape para escapar dos problemas de sua irmã hipocondríaca (Ester Laccava).
Nesse mosaico formado por problemas do cotidiano, encontramos um malandro que,  trabalha para o vendedor de sebos e mesmo com os problemas do dia a dia, seja de falta de dinheiro ou questões políticas, encara a vida na esportiva e se apresentando com o menos perdido na história. Os personagens se encontram perdidos e é o que dá ordem a esse universo realístico e identificador. Uma vez que os inúmeros problemas se colidem uns contra os outros, acaba gerando ainda mais conflitos dos quais os protagonistas se vêem acuados em meio a inúmeras informações.
O cineasta Mauro Batista cria então inúmeros planos sequências, para fazer com que o espectador consiga acompanhar cada um dos personagens, já que, cada um deles cria uma proeza de fazer com que a gente se identifique com eles facilmente e, portanto, não desejamos perde-los de vista. O clímax ocorre quando todos se encontram num único quadro de cena, onde os problemas já não fazem mais sentido e tudo o que ocorre é a explosão de extravasamento do interior de cada um: a cena em que vemos a filha mais nova desejar não saber quem é ou dos problemas da irmã hipocondríaca do vendedor de livros sintetiza muito bem isso.
Com pouco mais de uma hora e meia de duração, Jardim Europa é uma simples produção brasileira, mas que tem muito a dizer sobre a nossa vida cotidiana cheia de problemas, para não dizer alienada. A mensagem que nos passa é: ou você abraça a causa de seu próximo, ou você se encontra perdido e mesquinho nesse labirinto do cotidiano, que por vezes se encontra cada vez mais sem sentido.    

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Cine Dica: O CINEMA DE RAOUL WALSH NA SALA P. F. GASTAL

Entre os dias 10 e 20 de março, a Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) exibe a mostra O Cinema de Raoul Walsh, com uma seleção de treze filmes de um dos mais importantes dos primeiros mestres de Hollywood. Com projeção digital, a mostra tem parceria com as distribuidoras MPLC, Versátil e a locadora E o Vídeo Levou. 
Um dos primeiros discípulos de D. W. Griffith – trabalhou como assistente de direção, montador e ator de O Nascimento de uma Nação (1915) – Raoul Walsh construiu uma das trajetórias mais sólidas de Hollywood. Grande contador de histórias, idolatrado pela influente crítica francesa dos anos 1950 e 60, o diretor atravessou gêneros, estúdios e diferentes períodos ao longo de 52 anos.   
Entre os destaques da mostra, estão filmes que ajudaram a moldar a cara do grande cinema norte-americano. Com o faroeste, Walsh explorou a aventura em A Grande Jornada (1930), filme que revelouJohn Wayne; o lado psicológico dos personagens em Sua Única Saída (1947), e uma grande narrativa histórica dos Estados Unidos em O Intrépido General Custer (1941), com Errol Flynn, o principal astro de sua filmografia. Já com o filme de gângsteres, realizou obras-primas absolutas como Heróis Esquecidos(1939) e Fúria Sanguinária (1949), ambos com James Cagney no papel principal, e Seu Último Refúgio(1941), com Humphrey Bogart em um de seus trabalhos mais emblemáticos. Com o filme de guerra, cunhou o singular Um Punhado de Bravos (1945), um dos primeiros filmes a explorar a sensação de desorientação e o medo do desconhecido ao longo de uma missão. 
A mostra ainda exibe dois filmes da década de 1950 com Clark GableNas Garras da Ambição (1955) eMeu Pecado Foi Nascer (1957), e a despedida de Walsh, o faroeste Um Clarim ao Longe (1964). Também serão exibidos destaques de seu período silencioso, como o seu centenário filme de estreia,Regeneração (1915), e o marco do cinema de fantasia, O Ladrão de Bagdá (1924), com o grandeDouglas Fairbanks, em uma das produções mais impressionantes da década de 1920.     



GRADE DE PROGRAMAÇÃO
10 a 20 de março de 2015



Regeneração (Regeneration, 1915, 70 minutos)

Aos 10 anos, Owens se torna um órfão quando sua santa mãe morre. Os Conways, que são vizinhos, acolhem Owen, mas a constante bebedeira de Jim logo coloca Owen na rua. Aos 17, Owen descobre que força é poder. Aos 25, Owen é o líder de sua própria gangue, que passa a maior parte do seu tempo jogando e bebendo. Mas Marie vem para a área de gângsteres da cidade e tudo muda para Owen quando ele se apaixona por Marie. Exibição em DVD com subtítulos em inglês.

O Ladrão de Bagdá (The Thief of Bagdah, 1924, 139 minutos)

O ladrão Ahmed, fazendo-se passar por príncipe, penetra no castelo para liderar a revolta contra os invasores mongóis. Conto das mil e uma noites que é considerado um dos mais fantasiosos e divertidos do cinema mudo. Com Douglas Fairbanks no papel principal.
Exibição em DVD.

A Grande Jornada (The Big Trail, 1930, 116 minutos)

Nesta arrebatadora aventura dos pioneiros, um jovem e corajoso guia (John Wayne) conduz milhares de colonos por perigosos despenhadeiros, cruéis tempestades de neve, ataques de indígenas e estouros de manadas de búfalos, levando-os a seu destino no oeste distante. Durante a viagem, ele se apaixona por uma linda pioneira (Marguerite Churchill), e nunca desiste de tentar ganhar seu coração. Tyrone Power co-estrela este épico visualmente espetacular. Exibição em DVD.

Heróis Esquecidos (The Roaring Twenties, 1939, 106 minutos)

Eddie Bartlett (James Cagney) é um veterano de guerra desempregado que se torna contrabandista de bebidas, trocando as batalhas por garrafas. Enquanto cresce seu império, Eddie enfrenta ameaças externas e internas, constantes batalhas territoriais, confrontos de gangues e traições. Exibição em DVD.


Seu Último Refúgio (High Sierra, 1941, 100 minutos)

Earle Roy "Mad Dog" é salvo da prisão por um velho que quer sua ajuda em um assalto já programado. Quando o golpe dá errado e um homem é baleado, Earle é forçado a se esconder pelos picos da Sierra Nevada. Exibição em DVD.

O Intrépido General Custer (They Died with Their Boots on, 1941, 140 minutos)

À Sétima Cavalaria o General Armstrong Custer disse, "cavalguem para o inferno ou para a glória. Isto depende do ponto de vista." O ponto de vista de Raoul Walsh está no espetacular O Intrépido General Custer, decididamente para a glória. Errol Flynn interpreta o famoso general nesta crônica sobre sua vida, desde os seus dias em West Point até a Guerra Civil e sua reputação como herói da fronteira, imortalizado pela Batalha de Little Big Horn. Exibição em DVD.

O Ídolo do Público (Gentleman Jim, 1942, 105 minutos)

Cinebiografia romanceada do campeão dos pesos pesados James J. Corbett, um dos raros bons filmes de boxe que defende o esporte e empolgam em vez de mostrar sua violência e as falcatruas que envolvem sua prática. Na São Francisco do final do século XIX, quando as lutas de boxe eram tão populares quanto ilegais, o ambicioso bancário James Corbett (Errol Flynn) dá um jeito de se projetar como pugilista e de ingressar no aristodrático Olympic Club. Alternando vitórias e aventuras boêmias, ele faz a corte à graciosa milionária Victoria Ware (Alexis Smith) e se prepara para enfrentar o campeão mundial John L. Sullivan (Ward Bond). Exibição em DVD.

Um Punhado de Bravos (Objective, Burma!, 1945, 142 minutos)

Durante a 2ª Guerra Mundial uma tropa de pára-quedistas invade a Birmânia (atual Myanma) ocupada pelos japoneses, para destruir um importante posto de radar. A missão tem pleno êxito, mas quando tentam retornar a um ponto para serem resgatados se deparam com japoneses esperando por eles. Assim eles precisam fazer uma perigosa caminhada, através da selva ocupada pelo inimigo. Exibição em DVD.

Sua Única Saída (Pursued, 1947, 100 minutos)

Jeb Rand (Robert Mitchum) é criado pela Sra. Callum, que oculta seu passado, ainda que pesadelos antigos atormentem a mente do rapaz. Com o passar dos anos, decidido a casar com sua irmã de criação, Jeb lutará contra os parentes da moça que se colocarem no caminho e consequentemente entenderá melhor o que ocorreu de obscuro em sua vida quando criança. Exibição em DVD.

Fúria Sanguinária (White Heat, 1949, 105 minutos)

Chefão de gangue de criminosos, após um assalto a um trem que acaba na morte de quatro pessoas, resolve se entregar sob a confissão de um assalto a um hotel, para evitar a câmara de gás por causa do golpe com o trem. Dentro da cadeia, a polícia infiltra um homem como seu companheiro de cela para obter mais informações. Exibição em DVD.

Nas Garras da Ambição (The Tall Men, 1955, 122 minutos)

Após a Guerra Civil Americana, Ben Allison (Clark Gable), juntamente com seu irmão, seguem para Montana. No caminho, salvam Nella (Jane Russell) de um ataque de índios e ela segue com eles. Os dois irmãos agora disputarão o coração da bela jovem. Exibição em DVD.

Meu Pecado Foi Nascer (Band of Angels, 1957, 125 minutos)

Amantha (Yvonne de Carlo) é uma aristocrata que perde sua posição social quando descobrem que ela tem ancestrais negros. À venda como escrava, ela é comprada por Hamish Bond (Clark Gable). O início da Guerra Civil mudará o destino de todos. Exibição em DVD.

Um Clarim ao Longe (A Distant Trumpet, 1964, 120 minutos)

Tenente Hazard, recém-saído de West Point, chega na quente Arizona empoeirada. É o último filme de Raoul Walsh. Exibição em DVD com legendas em espanhol.
  

GRADE DE HORÁRIOS
10 a 20 de março de 2015



10 de março (terça)
15:00 – Regeneração
17:00 – Seu Último Refúgio
19:00 – Um Punhado de Bravos

11 de março (quarta)
15:00 – A Grande Jornada
17:00 – Fúria Sanguinária
19:00 – O Ladrão de Bagdá

12 de março (quinta)
15:00 – Meu Pecado Foi Nascer
17:00 – Um Clarim ao Longe
19:00 – O Intrépido General Custer

13 de março (sexta)
15:00 – Heróis Esquecidos
17:00 – Nas Garras da Ambição
19:00 – O Ídolo do Público

14 de março (sábado)
15:00 – A Grande Jornada
17:00 – Sua Única Saída
19:00 – Regeneração

15 de março (domingo)
15:00 – Seu Último Refúgio
17:00 – Fúria Sanguinária
19:00 – Heróis Esquecidos

17 de março (terça)
15:00 – O Ídolo do Público
17:00 – Sua Única Saída
19:00 – O Intrépido General Custer

18 de março (quarta)
15:00 – Fúria Sanguinária
17:00 – A Grande Jornada
19:00 – Um Punhado de Bravos

19 de março (quinta)
15:00 – Seu Último Refúgio
17:00 – Um Clarim ao Longe
19:00 – Meu Pecado Foi Nascer

20 de março (sexta)
15:00 – Nas Garras da Ambição
17:00 – O Ladrão de Bagdá
20:00 – Projeto Raros
 

Sala P. F. Gastal
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia
Av. Pres. João Goulart, 551 - 3º andar - Usina do Gasômetro
Fone 3289 8133
www.salapfgastal.blogspot.com

Cine Curiosidade: Capitão America 3: Poster feito por fã chama atenção pela qualidade

Sabendo que o terceiro filme do bandeiroso será baseado na saga Guerra Civil, um fã criou um criativo e poderoso poster que deu o que falar hoje na rede. E vcs o que acham?   


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quarta-feira, 4 de março de 2015

Cine Dica: Dia internacional da mulher no CineBancários

PROGRAMAÇÃO ESPECIAL PARA O DIA INTERNACIONAL
DA MULHER NO CINEBANCÁRIOS
O CineBancários segue a tradição de celebrar o Dia Internacional da Mulher promovendo uma programação especial para a data. Esse ano, a sala de cinema do Sindicato dos Bancários antecipará a pré-estreia do filme "Violette", de Martin Provost, em três sessões exclusivas e com entrada franca no dia 8 de março (domingo), às 15h, 17h e 19h. O longa entra em cartaz no dia 9 de abril (quinta-feira).
Passando-se em Paris, meados do século XX, Violette (interpretada por Emmanuelle Devos) se vê como uma mulher feia e desinteressante. Porém se por um lado a ausência de autoestima domina a sua vida, por outro a faz refletir sobre as relações entre as pessoas e, em especial, sobre a condição feminina. São essas reflexões que ela passa para o papel. Até que um dia conhece a autora por quem tem a maior admiração: Simone de Beauvoir (Sandrine Kiberlain). Simone elogia a força e interpidez de Violette e a encoraja a desenvolver o talento, não se conter e desafiar todos os limites. No meio dessa relação, elas acabam se envolvendo em vários níveis.

FICHA TÉCNICA:
Direção: Martins Provost
Roteiro: Martins Provost, Marc Abdelnour, René de Ceccatty
Produção: TS Productions, France 3 Cinéma, Climax Films
Fotografia: Yves Cape
Edição: Ludo Troch
Gênero: Drama
País: França
Ano: 2013
COR
Tempo: 139 minutos
Classificação: 14 anos.

Elenco: Emmanuelle Devos, Sandrine Kiberlain, Olivier Gourmet, Catherine Hiegel, Jacques Bonaffé, Olivier Py.

 
MAIS INFORMAÇÕES:
     - Baseado na vida da grande escritora Violette Leduc e sua mentora/objeto de desejo Simone de Beauvoir

     - Seleção Oficial – Festival Internacional de Toronto

CRÍTICA:
Um drama de época muito bem realizado” – The Hollywood Reporter

A pioneira escritora feminista Violette Leduc recebe uma biografia digna de sua vida” - Variety

Emmanuelle Devos nos oferece o papel mais apaixonante e exageradamente louco de toda a sua carreira” - IndieWire
TRAILER:
Leiam a minha critica já publicada clicando aqui.  
C i n e B a n c á r i o s 

Rua General Câmara, 424, Centro - Porto Alegre | Fone: (51) 34331204 
  

terça-feira, 3 de março de 2015

Cine Especial: A Noviça Rebelde: 50 Anos depois


Sinopse:No final da década de 1930, na Áustria, quando o pesadelo nazista estava prestes a se instaurar no país, uma noviça (Julie Andrews) que vive em um convento mas não consegue seguir as rígidas normas de conduta das religiosas, vai trabalhar como governanta na casa do capitão Von Trapp (Christopher Plummer), que tem sete filhos, viúvo e os educa como se fizessem parte de um regimento. Sua chegada modifica drasticamente o padrão da família, trazendo alegria novamente ao lar da família Von Trapp e conquistando o carinho e o respeito das crianças. Mas ela termina se apaixonando pelo capitão, que está comprometido com uma rica baronesa.
Se pedirmos a um cinéfilo que cite cinco filmes clássicos marcantes para o cinema, sempre existirá a possibilidade de um deles ser A Noviça Rebelde.  São inúmeros os fatores que o alçaram ao patamar de “Clássico”, ou melhor, um conjunto de acertos que o colocam mais próximo de uma obra perfeita: boas interpretações, roteiro simples mais capaz de despertar a atenção de quem assiste, fotografia, direção, trilha sonora, etc.. Ainda hoje conseguimos nos encantar com Maria (Julie Andrews), o Sr. Trapp (Christopher Plummer) e as sete crianças. Entretanto, é verdade que dos anos 60 até nossos dias o cinema mudou bastante, tornou-se mais rápido, dinâmico, elétrico, ás vezes barulhento e até ensurdecedor, e aos poucos nos acostumamos a este novo cinema. Assim, aos incautos filhos dos anos 80 e 90, diminuam a velocidade antes de sentarem na poltrona para assistir este filme.
Maria é uma jovem noviça que não consegue se adaptar ao mundo recheado de disciplina do convento para freiras, então, é com grande sabedoria que sua madre superiora a encaminha para uma temporada fora dos muros daquela instituição, para, quem sabe assim, a jovem reconhecer a verdadeira “vontade de Deus”. Maria não poderia ter ido para um lugar mais desafiante do que a casa do Capitão Trapp, local em que o riso, as brincadeiras, e a diversão deram lugar a disciplina, tão rígida quanto a de um navio. Esta era a forma daquele chefe de família apagar as lembranças alegres que pairavam naquela casa antes de sua esposa falecer. Assim, na primeira parte do filme veremos as aventuras de Maria para trazer a alegria de volta aquela casa, contrariando e ao mesmo tempo encantando ao Sr. Trapp, com suas belas canções alegrando toda a família, menos, é claro, a Baronesa Schraeder(Eleanor Parker), que almejava casar com Sr. Trapp.
A segunda e última parte da obra mostra esta família fugindo do Estado Nazista, pois a trama é ambientada na Áustria pré-ascensão de Hitler. E, como o Capitão Trapp é um nacionalista fervoroso e não aceitava aquela ofensiva alemã, só lhe restava fugir, mesmo que isto significasse abandonar sua amada terra natal, porém, era a única forma de salvar sua família, decisão difícil também tomada por muitos europeus naqueles tempos sombrios.
Um filme adorado por inumeras gerações e não é a toa que foi belamente homenageado no ultimo Oscar comemorando então os seus 50 anos de vida. 


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Cine Dica: Horror surrealista de Giulio Questi no Raros


Na sexta-feira, 6 de março, às 20h, o Projeto Raros da Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) exibe Arcana (1972), de Giulio Questi, um dos filmes mais singulares do horror italiano dos anos 1970. Com entrada franca, a sessão terá projeção em DVD com legendas em inglês. Após a exibição, haverá um debate com os críticos e pesquisadores do cinema de gênero italiano Carlos Thomaz Albornoz, César Almeida e Cristian Verardi. 
“Este filme não é uma história. É um jogo de cartas. Por isso que o começo e o fim não são verossímeis. Vocês são os jogadores. Joguem bem e vençam”. É com essas palavras que Giulio Questi introduz Arcana, seu terceiro longa-metragem. Na trama, uma viúva siciliana ganha a vida como clarividente em Milão e ajuda o filho com poderes sobrenaturais a se tornar um grande feiticeiro. No elenco de Arcana estão Lucia Bosé e Tina Aumont, divas de diferentes períodos do cinema italiano.  
 Nos anos anteriores, Questi já havia introduzido seu surrealismo particular em gêneros populares do cinema italiano. Em O Pistoleiro das Balas de Ouro (1967), também conhecido no Brasil como Django Vem Para Matar (numa tradução internacional oportunista com o sucesso do filme de Sergio Corbucci), subverte as narrativas de vingança típicas do faroeste, apresentando uma cidade repleta de figuras inusitadas. Em A Morte Fez um Ovo (1968), aproxima-se do giallo para criar uma trama política bizarra que entrelaça assassinatos de prostitutas e experiências científicas com frangos. 
O fracasso comercial do experimental Arcana abreviou a trajetória cinematográfica de Questi, um dos poucos a conseguir equilibrar-se entre as premissas narrativas do cinema de gênero e as invenções radicais das rupturas pós-1960. Entre meados da década de 1970 e os anos 1990, o diretor realizou filmes e séries para a televisão italiana. Nos anos 2000, retomou a produção pessoal com elogiadíssimos filmes experimentais, feitos com câmera digital em seu próprio apartamento. Giulio Questi morreu em dezembro de 2014. 

PROJETO RAROS
06/03
ARCANA
Direção: Giulio Questi
1972
102 minutos
Elenco: Lucia Bosé, Tina Aumont e Maurizio Degli Esposti
Exibição em DVD com legendas em inglês
  
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segunda-feira, 2 de março de 2015

Cine Dica: Em Cartaz: Nostalgia da Luz



Sinopse: Grande Prêmio da Academia Europeia de Cinema 2010 melhor documentário nos festivais de Guadalajara México Toronto Canada e Yamagata Japão. Prêmio da Crítica de Nova York.Em outubro de 2010 Patricio Guzmán recebeu no Festival do Rio o prêmio Fipresci pelo conjunto da obra. Em Atacama lado a lado os grandes observatórios que examinam o universo e os abandonados acampamentos de mineiros de cobre na época de Pinochet transformados em cárcere para presos políticos. Em Atacama o tão distante que quase escapa à vista e só pode ser visto pela lente do telescópio e o tão perto que igualmente quase escapa à vista e só pode ser visto por quem se dispõe a examinar cada grão da areia do deserto. Alexander Kluge criou certa vez no final da década de 1970 no filme A patriota(Die Patriotin) uma imagem da relação do indivíduo com a história: uma professora insatisfeita com a história da Alemanha no século 20 decide com uma pá abrir um buraco no meio do Congresso e escavar até encontrar a verdadeira história de seu país. Guzmán encontrou no deserto de Atacama uma imagem real ainda mais forte: com pequenas pás de jardinagem parentes de presos políticos que morreram nos cárceres que a ditadura de Pinochet montou no deserto vasculham a areia em busca de fragmentos de ossos para por meio de um exame de dna comprovarem que o filho ou o marido ou o irmão que o familiar desaparecido morreu ali nas prisões do deserto de Atacama.




O documentário chileno Nostalgia da Luz nos brinda como cenário principal o Deserto do Atacama, onde astrônomos se utilizam da transparência do céu para explorar a infinitude do universo em busca de vida extraterrestre. Paralelamente, ocorre outro tipo de busca. O longa-metragem também debate a procura, por um grupo de mulheres, de corpos de parentes desaparecidos durante o período da severa ditadura do general Augusto Pinochet. Também é neste cenário que arqueólogos pesquisam os vestígios das civilizações pré-colombianas, como pinturas rupestres e fósseis. 
Nostalgia da Luz utiliza-se de composições poéticas, explorando, de maneira singular,  metáforas e comparações. O documentário explora constantemente o paradoxo existente entre o moderno e o passado. Isso é evidenciado pela própria composição do ambiente cinematográfico, marcado pelo Deserto do Atacama que, carrega o passado das antigas civilizações e elementos modernos inseridos nesse cenário, isto é, os centros de observações astronômicas. Percebe-se, nitidamente, o emprego de planos estáticos e meditativos que realçam a beleza de objetos prosaicos. Além disso, o filme lida com a obsessão humana pelo passado e discute a contradição que há no fato de ignorarmos, comumente, nossa História recente.
Valendo-se de composições de imagens que prendem a atenção do espectador, Nostalgia da Luz surpreende através de planos inspiradíssimos, marcados pela representação ímpar do espaço sideral, bem como de fotografias justapostas dos desaparecidos políticos. É importante lembrar que, assim como o conteúdo do filme, as imagens também se comunicam através das metáforas e das comparações. Ao trazer a superfícies da Lua em uma das tomadas, Guzmán sugere a representação de um crânio humano.
O filme é espetacular e fundamental para a reflexão de todas as sociedades humanas. Os constantes questionamentos, aos quais o ser humano está submetido, são evidenciados ao longo do documentário. Ademais, o filme oferece uma fantástica visão filosófica sobre a existência e a condição humana, a qual é, durante todo o longa-metragem, comparada com a infinitude, as dúvidas e o mistério do cosmos. 
A produção cinematográfica chilena faz uso de uma sensibilidade única, que permeia tanto a narração pausada e cuidadosa como a própria composição fotográfica e sonora do longa. Nostalgia da Luz abre portas para a discussão, para a reflexão e, sobretudo, para problematizar o verdadeiro sentido da nossa existência e preocupações como seres humanos.




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