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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Cine Dica: SESSÃO PLATAFORMA: BESTIAIRE



Sinopse: Populares na Europa medieval, os bestiários eram catálogos que reuniam informação sobre animais reais e fantásticos, acompanhados por ilustrações e lendas antigas cujas principais personagens eram animais exóticos. O filme desdobra-se como se de um livro de imagens fílmicas se tratasse, onde os seres humanos e os animais estão em exibição. Ao ritmo da mudança das estações do ano, os animais e as pessoas observam-se entre si. Temos a oportunidade de ver criaturas fascinantes e encantadoras: por um lado, búfalos, hienas, zebras, rinocerontes, avestruzes, por outro, taxidermistas e tratadores de animais. Todos habitam organizada e silenciosamente um quadro que o espectador observa. Uma meditação deslumbrante sobre a consciência da natureza e as fronteiras entre natureza e "civilização".

Dirigido por Denis Côté cujo seus filmes são confinados aos circuitos mais alternativos, fornece aqui em sua mais nova obra, inúmeras qualidades estéticas, juntamente com uma reflexão que nasce no espectador que assiste. Enquanto a maioria das salas de cinema passa filmes convencionais, Bestiáire surge como uma verdadeira lufada de ar fresco, cujos protagonistas são animais em um zoológico, que embora não digam palavra alguma, expressam seus supostos modos e sensações que transmitem para a câmera, de acordo com o lugar que eles estão no momento. Como na maioria das obras deste tipo, parece absolutamente necessário se criar uma história que enlaça o comportamento humano com os dos animais (assim como acontece em  animações, documentários ou ficção), mas Bestaire evita nas armadilhas que ocorrem em outros filmes, apresentando os animais em uma relação consistente e crua com o os humanos que surgem na tela e com o próprio espectador que assiste.
A relação entre os animais e os seres humanos, uma vez que é mostrado, prova por vezes ser pacifica, mas que não esconde o lado hipócrita dessa relação, para não dizer cruel. A crueldade realista, para não dizer bestial: um taxidermista agindo friamente com o que faz de melhor, estudantes nas artes plásticas e visitantes do zoológico. Mas eles estão ali presentes em sua relação primaria com os animais, isto é, em um desejo de posse e dominação: as cabeças empalhadas referem se ao troféu de caça, os guardas que controlam o ritmo de vida no animal, tratadores que alimentam de hora em hora os animais, mas que não muda o fato deles estarem privando a liberdade do animal dentro do zoológico, para então dar mais segurança para as massas humanas alienadas que os visitam.
O filme como um todo é produzido através das grades das gaiolas, que constantemente fica lembrando o encarceramento e observação criada em torno dos animais encarcerados gerando em alguns momentos sublimes, mas também de pura tensão: a cena que mostra zebras nervosas sendo colocadas em cubículos, da há sensação de que a qualquer momento elas serão abatidas. Do começo ao fim, somos apenas observadores de mãos atadas e o filme também abre com pessoas observando, mas de uma forma diferente: seus olhos observam o animal (jaz empalhado) enquanto suas mãos reproduzem os contornos no papel. Este processo de trazer o espectador para o local de observador junto com outras pessoas que surgem na tela, o diretor quer simplesmente encenar uma relação pré-existente de dominante / dominado que caracteriza a relação ao animal.

NOTA: O filme novamente será apresentado no próximo sábado as 17horas na sala P.F GASTAL.  Mais informações sobre a sessão Plataforma você encontra na pagina da sala clicando aqui.

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Cine Dica: Em DVD e Blu-Ray: TRUQUE DE MESTRE

Leia a minha critica já publicada clicando aqui. 

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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Cine Dica: Em Cartaz: ELYSIUM


Sinopse: No ano de 2159 existem duas classes de pessoas: os muito ricos que vivem numa estação espacial imaculada construída pelo homem chamada Elysium e os demais que vivem na Terra arruinada e superpovoada. As pessoas na Terra estão desesperadas para escapar da criminalidade e da pobreza do planeta e precisam desesperadamente da assistência médica de ponta disponível em Elysium mas alguns residentes de Elysium farão de tudo para impor o cumprimento das leis anti-imigração e preservar o estilo de vida luxuoso dos seus cidadãos. O único homem com alguma chance de trazer igualdade a esses mundos é Max (Matt Damon) um sujeito comum que precisa urgentemente chegar a Elysium. Com a sua vida em risco ele assume a contragosto uma missão perigosa que o colocará cara a cara contra a Secretária Delacourt (Jodie Foster) de Elysium e seu exército linha-dura. Se ele for bem-sucedido entretanto poderá salvar não só a sua própria vida mas também a de milhões de pessoas na Terra.

Como dito acima na sinopse, basicamente é isso Elysium: uma premissa simples, mas muito bem orquestrado na narrativa, proposta pelo cineasta Neill Blomkamp, cuja trama é também de sua própria autoria. Elysium é pesado em sua proposta que passa, com personagens inseridos em momentos chaves, com uma trama com começo, meio e fim bem amarrados. Assim como Distrito 9, o diretor novamente expõe a crueldade da diferença social, racial e colocada na historia de uma forma convincente, mesmo se tratando um futuro incerto, mas que passa uma metáfora sobre a hipocrisia e preconceito do nosso mundo atual. 
O diretor transmite sua mensagem através de diálogos, que embora curtos em alguns momentos, são certeiros em sua proposta que quer passar.  Novamente Neill Blomkamp prova que é a mais nova promessa do cinema americano. Se em Distrito 9 ele deu o seu cartão de visitas, em Elysium ele confirma que é um diretor repleto de idéias, nas quais possui um estilo próprio em filmar e dirigir os seus atores que escolhe.
Resta saber se o tema de diferença de classes, discriminação e o sofrimento das minorias irá se estender para mais um filme. Como sempre. Matt Damon não faz feio como herói de ação e convence no papel do errante Max, que na oportunidade que tem de ir para Elysium para se curar, pode também ajudar todos aqueles que precisam ir. Os brasileiros Wagner Moura e Alice Braga cumprem muito bem suas funções em seus papeis. Wagner Moura, aliás, conseguiu ter uma estréia em um filme americano muito mais feliz do que outros que tentaram, já que seu personagem simplesmente rouba a cena toda vez que surge e sua participação no ato final é de extrema importância.
A sempre ótima Jodie Foster me impressionou pelo fato de interpretar uma personagem tão desprezível, sendo que ela nada mais é do que uma referencia da política norte americana, com relação as pessoas que tentam a todo ano entrar no país de forma clandestina. Porém, nem de metáforas vive o filme e Sharlto Copley é uma prova disso. Ele havia trabalhado com o diretor em Distrito 9 e aqui ele faz um vilão extremamente detestável e uma verdadeira grande ameaça para os protagonistas. A fotografia de Elysium novamente repete a técnica do filme anterior do cineasta, onde o mundo é composto de inúmeros casebres que se estendem até onde a vista alcança .
Mas, assim como aconteceu no filme anterior, todo o cenário caindo em ruínas acaba que ajudando a contar a história. O contraste entre a Terra, que mais parece um planeta sem vida, com o verdadeiro éden que é a estação espacial Elysium é valorizado em cada centímetro da cenografia. Os efeitos do filme, embora simples, são eficazes, sendo que a primeira vista de Elysium nos primeiros minutos não tem como deixar de se impressionar.
As explosões, tiros, mortes são de uma forma crua, suja e que explora o contato cada vez mais inevitável da maquina com o ser humano. Aqui no caso, o personagem de Matt Damon usa um exoesqueleto que o torna forte num determinado tempo. Não teve como eu não me lembrar de Robocop, sendo que essa sensação é a mesma que eu senti em Distrito 9 e o que me faz acreditar que  Neill Blomkamp teria sido uma escolha mais lógica para a nova versão que está sendo comandada atualmente por José Padilha.
Enfim, Elysium é uma boa ficção científica que vai muito mais além do que um mero entretecimento. Nos faz refletir sobre o nosso mundo atual e que nos faz acreditar cada vez mais que o futuro será muito mais sombrio que nos possamos imaginar se não tomarmos uma providencia com nos mesmos.    

Leia também: DISTRITO 9

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Cine Dica: Sessão Plataforma apresenta Bestiaire

SESSÃO PLATAFORMA EXIBE DOCUMENTÁRIO CANADENSE BESTIAIRE NA SALA P. F. GASTAL
  
O filme da Sessão Plataforma de setembro é Bestiaire, do canadense Denis Côté, que participou dos festivais de Sundance, Berlim e Toronto. Imagine Bestiaire como um filme residência em um zoológico. Cotê faz um filme não sobre animais, mas sobre imagens em extinção. Uma meditação sobre a vida e o movimento, sobre a criação de imagens para representação do real, onde a todo o momento a câmera está revelada como intermediador imprescindível desse processo. Não é um filme apenas sobre a câmera e enquadramentos. Mas com seus rígidos e belíssimos quadros, Cotê faz com que o espectador e os personagens (vale ressaltar personagens não dirigíveis), troquem olhares constantes. Uma intimidadora experiência. Bestiaire será exibido dia 24 de setembro, às 20h, com reprise no sábado, dia 28 de setembro, às 17h. O valor do ingresso é de R$ 3,00.
 Bestiaire. Canadá, 2012, 72 minutos. Direção de Denis Côté. Documentário. Exibição em Blu-ray, com legendas em português.
  
Abaixo, texto dos curadores Davi Pretto e Giovani Borba e da produtora Paola Wink sobre o projeto Sessão Plataforma:

BASE

Uma base para se estar mais próximo aos filmes, pensando os filmes e pensando o cinema.

Foi com esse desejo que concebemos a Plataforma; imaginando uma estrutura horizontal, praticamente suspensa, onde se pode ir além. Um espaço para compartilhar a experiência cinematográfica da sala, e que vai além dela, e a descoberta de novos filmes, de novos realizadores. Lugar que nos aproxima do horizonte e nos convida a contemplar, nos convida a refletir.
 A Plataforma carrega um conjunto de ideias e ações que venham a encontrar novos caminhos para a situação paradigmática que nos encontramos atualmente na cinematografia brasileira. Vemos uma quantidade grande, ainda que desigual, de ações e investimentos governamentais, aliado com a facilidade trazida pela transformação para os equipamentos digitais (câmeras, projetores, etc). Vemos uma quantidade bastante significativa, e que cresce exponencialmente, de filmes nacionais lançados, inúmeros novos realizadores de lugares que antes eram desprovidos da possibilidade de produzir. Vemos a formação e crescimento de movimentos e realizadores que buscam uma produção mais horizontal e igualitária de criação coletiva, que corre em paralelo e independente de um modelo industrial. Porém há ainda um abismo que distancia a possibilidade de diálogo e inclusão desses filmes e cineastas com produções de grande orçamento e o circuito comercial “de shopping”. Nessa inclusão, quando ocorre, essas obras são forçadas a se enquadrar em um modelo industrial, que se propuseram a contrapor. A democratização das salas de cinema não legitimaria esse novo cinema, afinal essas obras já percorrem um circuito completo por si só. Festivais, mostras, cineclubes e exibições online que já somam números de público para essas obras, maiores que filmes de grande orçamento que pairam apenas em uma rede convencional de exibição. É imprescindível pensarmos como esses dois modelos de fazer cinema podem interagir sem a necessidade de nenhum deles perder sua personalidade.
 Essa questão da afirmação e preservação do âmago desse novo cinema também é indiretamente abalada quando ações do estado de financiamento fazem realizadores submeter seus projetos em modelos clássicos, onde são exigidos documentos dignos de uma proposta industrial. Roteiros, metas e justificativas. Projetos de realizadores internacionais renomados que trabalham com propostas fluídas e híbridas de encontro e acaso dificilmente seriam aprovados em editais no modelo encontrado no Brasil. Ainda parece que esbarramos em um pensamento de criação de um produto óbvio, como uma linha de montagem. Mais uma vez, vemos uma tentativa inadequada de controlar e definir o descontrole.
 A diversidade cinematográfica atravessa as fronteiras entre gêneros, bitolas, formatos, meios de exibição, de linguagem e metragem. Desta mesma maneira, pensamos que uma janela para este outro cinema pode se apresentar de maneiras também diversas, onde o formato com que se apresentam os filmes é parte de uma proposta artística.
 Foi deste pensar os filmes que queremos mostrar e como mostrá-los, que surge a Sessão Plataforma. Com o entendimento de que a Plataforma não está para uma mostra, tampouco festival de filmes. Nossa proposta é oferecer uma sessão única, e mesmo exibindo regularmente, essa premissa da sessão única faz de cada uma das sessões, uma nova edição, para um pequeno universo específico de cinema. Onde cada filme traz uma reflexão, imprime uma ideia, aponta novos caminhos, proporciona um outro olhar. Uma experiência cinematográfica periódica e extensiva; um formato horizontal, ao invés do formato vertical, intensivo e anual de eventos do gênero.
A Sessão Plataforma é apenas uma das vertentes desta rede maior que propomos para refletir, exibir, escrever e produzir junto com esse novo cinema. Desta Plataforma, nosso olhar se lança neste horizonte, em busca da produção contemporânea ao redor do mundo que explora nas possibilidades narrativas e estéticas, sem artifícios mirabolantes, que atritam, provocam e instigam; que possam reinventar o fazer cinematográfico, sob a ótica das mais diferentes culturas, de onde volta e meia nos surpreendem as cinematografias pouco conhecidas. 


Davi Pretto, Giovani Borba, Paola Wink.

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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Cine Dica: Em Cartaz: O Tempo e o Vento


Sinopse: O filme conta a história da família Terra Cambará durante dois séculos começando nas Missões e seguindo pelo século XX. Sob o ponto de vista desta família passa a história do Rio Grande do Sul e o drama de seu povo na cidade fictícia de Santa Fé.

É uma verdadeira missão impossível adaptar um épico como esse de Erico Veríssimo, cujo resultado não teve como sair 100% positivo. Embora o diretor Jayme Monjardim consiga condensar o grande épico de altos e baixos de uma família em meio a inúmeras guerras que aconteceram na historia do Sul num filme de apenas duas horas de duração, o resultado acaba se tornando um tanto que irregular, principalmente em algumas passagens do tempo. A meu ver, a trama fluiria muito melhor se o filme fosse de duas para três horas de duração, ou então adaptassem a historia novamente numa mini série para TV, cujo formato rendeu um pequeno clássico da TV brasileira anos atrás.   
Felizmente os produtores foram hábeis em já no inicio da historia, em conseguir prender atenção do espectador, no momento que surge a alma penada do Capitão Rodrigo (Tiago Lacerda) ao visitar pela ultima vez sua amada Bibiana (Fernanda Montenegro), que através dela, se inicia o conto da família que se estende em dois séculos. Já no inicio, nos é apresentado o melhor e o pior da produção: se a interpretação de Fernanda Montenegro é ótima como sempre, o mesmo não se pode dizer de Tiago Lacerda, cujo seu desempenho soa um tanto que forçado demais e sua teimosia de ficar sorrindo o tempo todo, parece mais que ele está imitando descaradamente Tarcisio Meira, que foi interprete do personagem na já citada mini série.
Com isso, o espectador que assiste deseja no fundo que o filme tão cedo não chegue ao ponto em que ele surge ainda vivo e deseja desfrutar um pouco mais do primeiro (e melhor) ato da trama. Aliás, Ana Terra com certeza foi à melhor personagem feminina criada por Veríssimo, pois devido as suas atitudes e opiniões fortes, representa uma mulher a frente daquele tempo. Nada melhor então do que ter uma atriz que faz jus a personagem e Cléo Pires da um show de interpretação, ao injetar um ar selvagem, de uma onça dentro de uma gaiola, mas pronta para se libertar e se entregar a um amor proibido.   
Embora com as irregularidades aqui e ali, o final entrega para o publico em geral, uma trama que já temos uma idéia de como ela acaba desde o inicio. Pode até agradar as grandes massas, principalmente os mais tradicionalistas daqui, mas que com certeza irá desagradar aqueles que buscam algo de mais corajoso numa superprodução brasileira como essa. Agora quem ficar durante os créditos de encerramento, ambos os lados que eu já citei, irão de concordar que a musica em "inglês" que é cantada, simplesmente não tem nada a ver com que nos foi apresentado durante as duas horas de projeção.  

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Cine Dica: MISTÉRIOS DE LISBOA SEGUE NA PROGRAMAÇÃO DA SALA P.F. GASTAL

Obra-prima de Raoul Ruiz, Mistérios de Lisboa ganha mais uma semana na Sala P.F. Gastal e permanece em cartaz no cinema da Usina do Gasômetro (3º andar) até dia 29 de setembro. 

O filme mergulha o espectador num turbilhão incontrolável de aventuras e desventuras, coincidências e revelações, sentimentos e paixões violentas, vinganças, amores desgraçados e ilegítimos em uma atribulada viagem por Portugal, França, Itália e Brasil.
 Numa Lisboa de intrigas e identidades ocultas, encontramos uma série de figuras que dominam o destino de Pedro da Silva, órfão de um colégio interno. Entre eles, está o Padre Dinis, que de aristocrata e libertino se converte em justiceiro; uma condessa roída pelo ciúme e sedenta de vingança; e um pirata sanguinário que se torna um próspero homem de negócios. Todos eles atravessam a história do século XIX e ajudam Pedro na busca por sua identidade.
 Vencedor de Prêmio da Crítica da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e do prestigiado Prix Louis Delluc na França em 2010, Mistérios de Lisboa é um dos testamentos cinematográficos de Ruiz, morto em 2011. Pouco exibido no Brasil, o cineasta foi um dos principais nomes do Novo Cinema Chileno dos anos 1960, país do qual precisou fugir após o Golpe de Estado em 1973. Radicado na França, compôs uma filmografia ímpar com mais de 100 títulos, com destaque para A Hipótese do Quadro Roubado (1978), As Três Coroas do Marinheiro (1983), A Vila dos Piratas (1983), além de O Tempo Redescoberto (1998), abusada adaptação da obra de Marcel Proust. Considerado pelo crítico Inácio Araújo como “um herdeiro direto de Orson Welles e Jorge Luis Borges, na medida em que aceita o mundo como constituído por aparências, a partir das quais compõe seus labirintos”, Ruiz faz de seu cinema uma investigação constante sobre a natureza das imagens. Produzido para a televisão, para ser exibido em capítulos, Mistérios de Lisboa foi captado e finalizado em formato digital. Na Sala P. F. Gastal o filme será exibido na íntegra, em uma sessão com cerca quatro horas e meia. O elenco do filme conta com as estrelas francesas Léa Seydoux, Clotilde Hesme e com o ator português e galã global Ricardo Pereira. A exibição será em blu-ray, no projetor de alta definição do espaço, o que assegura a qualidade da projeção.


Mais informações e horários das sessões, vocês conferem na pagina da sala clicando aqui.

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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Cine Clássico Contemporâneo: DISTRITO 9

 COM A CHEGADA DE ELYSIUM NOS CINEMAS, VAMOS RELEMBRAR DO PRIMEIRO GRANDE SUCESSO DE PUBLICO E CRITICA DO DIRETOR NEILL BLOMKAMP.  

Sinopse: A humanidade esperava por um ataque hostil ou por gigantes avanços tecnológicos, nada disso veio. Os alienígenas chegam à Terra como refugiados e se instalam em uma área da África do Sul, o Distrito 9, enquanto os humanos decidem o que fazer com eles. A Multi-National United (MNU) é uma empresa contratada para controlar os alienígenas e mantê-los em campos de concentração e deseja receber imensos lucros para fabricar armas que tenham como "matéria-prima" as defesas naturais dos extraterrestres. Mas a MNU falha na tentativa de fabricação das armas e descobre que para que elas sejam ativadas, o DNA dos aliens é necessário. O tensão entre humanos e aliens aumenta quando Wikus van der Merwe espalha um misterioso vírus que modifica o DNA das criaturas impedindo a poderosa MNU de colocar em prática seus planos de exploração sobre as criaturas de outro planeta. Então o homem que se torna o mais procurado do mundo, tem que fugir, e sem casa e sem amigos, só tem um lugar onde se esconder: Distrito 9.

É curioso como certos filmes que gastam milhões, milhões de dólares em termos de orçamento somente para criar um filme para entreter (e que às vezes nem diverti), que simplesmente não transmite nenhuma mensagem, algo que faça pensar e que torna a produção esquecível quando se sai da sala de cinema. Agora o que acontece quando um dos mais poderosos produtores atualmente decide pegar um de seus discípulos para a direção, criar uma historia que mescla realidade/ficção e cria algo original com um orçamento bem modesto? A resposta é “Distrito 9” que com certeza irá figurar para muitos como um dos melhores filmes dos últimos anos!
Com apenas 30 milhões de dólares no bolso, Neill Blomkamp criou uma trama a partir de um curta metragem que fez algum tempo, e com ele, criou-se esse longa metragem em que mostra os seres humanos como dominantes e os alienígenas como parte do terceiro mundo, diferente de tudo que já vimos no gênero, mas que ao mesmo tempo é um retrato da realidade atual e do passado. Pode-se muito bem enxergar nos extraterrestres uma representação das minorias que ao longo dos séculos foram massacradas pelas classes dominantes, referencias ao holocausto (do distrito 9, os aliens iriam para o distrito 10, que nada mais é que um campo de concentração), faz também uma critica a desastrosa política que foi de Bush, e isso sem contar que podemos enxergar em Distrito 9, um pequeno manifesto contra as condições miseráveis em que vive boa parte da população do Terceiro Mundo: ver os aliens procurando comida pelo lixo e serem explorados pelas gangues da favela é uma clara referencia que nos vemos todos os dias, nos telejornais e outros meios de comunicação.
E isso tudo é apresentado no primeiro ato da trama em forma de documentário (algo explorado recentemente em filmes como REC), que curiosamente é numa forma realista sem precedentes. Os alienígenas se movimentando em meio ao lixão da favela com os humanos são dignos de nota, mas isso sem contar à espaçonave que fica parada sobre a cidade, sendo que eu nunca tinha visto uma nave tão real e tão assustadora quando aparece de cima. E é nesta primeira parte que nos é apresentado o personagem Wikus Van De Merwe, (Sharlto Copley) um burocrata a serviço do governo para colocar pra fora os alienígenas, mas que graças à ironia do destino, o personagem irá aprender na pele o que os ETs sentem a partir do inicio do segundo ato.
É ai que não faltam referências aos filmes como Robocop e principalmente A Mosca (em uma cena idêntica). Alias, devo reconhecer que ator Merwe, Sharlto Copley faz um ótimo trabalho na trama: de um personagem chato, ambicioso, e convencido, para um personagem complexo, trágico e cheio de camadas há serem descobertas. Isso faz com que o publico se simpatize com ele e reconhecendo como mocinho no terceiro ato da trama.
E é no terceiro ato que os efeitos correm soltos, mas usados para o melhoramento da trama e ao mesmo tempo para uma diversão de primeira. Se muitas pessoas andavam reclamando que não se fazem mais filmes de ficção violenta ao estilo Robocop, então fiquem atentos para o terceiro ato que é sangue e corpos estourando a todo o momento e (porque não) uma referencia a Aliens o Resgate. Com um final que fecha a trama, mas deixa um gancho para uma possível continuação, Distrito 9 foi um sopro de vida para esse gênero que andava meio esquecido nos cinemas mas que provou que historias boas não faltam a serem contadas, seja com um orçamento generoso ou modesto.
O que importa é uma boa historia para o publico assistir e sair do cinema com o filme ainda na cabeça para se fazer então uma boa reflexão.

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