Sinopse: O vazamento
de dados confidenciais revela a posição de diversos agentes infiltrados em
células terroristas, colocando suas vidas em risco. O próprio James Bond
(Daniel Craig) é um dos afetados e precisa demonstrar sua lealdade a M (Judi
Dench) para ajudá-la a resolver o problema. Logo ele passa a investigar quem
está por trás do ataque ao MI6 e percebe que o responsável está bastante
familiarizado com o modo de funcionamento da agência de espionagem britânica.
Dirigido por Sam Mendes e com Javier Bardem, Ralph Fiennes, Albert Finney,
Helen McCrory e Ben Whishaw no elenco.
Quando se vai com
muita sede ao pote há de sempre se decepcionar. Não que o gosto seja ruim, mas
ele não se parece com nada com que a gente imaginava anteriormente. Essa foi a
minha sensação com Cavaleiro das Trevas Ressurge desse ano, que embora tenha
fechado com chave de ouro a trilogia do homem morcego, o filme não se casava com a
minha expectativa que estava a mil e o mesmo acontece com a mais nova aventura do agente
secreto inglês. Não que o filme seja decepcionante, muito pelo contrario, sendo
que ele é bem superior ao filme anterior que ficou devendo, mas a propaganda que a MGM fez para vender o seu peixe foi tão positiva, que eu esperava ver algo no mínimo nunca antes
visto.
O filme explora sim situações
que antes o protagonista nunca passou, como o fato dele se sentir uma verdadeira peça
de museu perante o mundo novo de hoje, desde alta tecnologia, a vilões cada vez
mais imprevisíveis. Embora seja bem vinda essa proposta, é interessante que ela
contradiz com o primeiro filme desse reboot do personagem, já que lá, James
Bond a recém estava ingressando como agente e aqui ele já sente o peso da idade. Se por um lado isso possa parecer um furo dos grandes, por
outro, tudo é muito bem orquestrado sem ser
muito forçado e isso graças à mão segura de Sam Mendes.
Vindo de filmes mais
autorais (como o genial Soldado Anônimo), Mendes não se intimida em fazer
belas cenas de ação bem verossímeis. E diferente do que foi visto aventura
anterior, as cenas de ação surgem sempre para agilizar, mas nunca deixar a trama
incompreensível, tanto para os fãs como para o marinheiro de primeira viagem.
Além disso, o cineasta é hábil na direção do elenco, que mesmo alguns
apresentando suas limitações, ele consegue tirar melhor proveito de cada um deles.
Mesmo ainda mantendo a
cara de gelo imutável, Daniel Craig se mostra cada vez mais a vontade com o
personagem, que para a surpresa de muitos, solta até mesmo piadas que nos fazem
nos lembrar dos 007 de antigamente. Para alguém que antes mesmo do primeiro
filme era considerado como uma escolha errada, ele está fazendo muito bem o seu
dever de casa. Mas o que dizer de Judi Dench, que mesmo depois de 17 anos
dentro da cine série interpretando a superiora de Bond, consegue novamente nos
surpreender com a sua personagem, que luta para se manter firme como uma
verdadeira dama de ferro, mas terá que encarar as conseqüências dos seus atos,
que embora eles sejam a serviço de um bem maior, sempre acontece de haver seqüelas.
Uma delas é o próprio
vilão da trama, Raoul Silva,
interpretado de uma forma extraordinária por Javier Bardem, que mesmo possuindo
desejos de vingança previsíveis, eles tem uma certa lógica e compreendemos as suas motivações.
Bardem ainda nos brinda com um personagem cheio de camadas, sendo a mais
explicita, quando ele se apresenta pela primeira vez na trama para Bond, com umas atitudes nem um pouco suspeitas digas se de passagem. O dialogo de ambos nesta
cena é riquíssimo e desde já esta entre os melhores momentos de toda a cine
série.
Com todos os piões no
lugar, o jogo da trama se envereda para alguns lugares até então nunca
explorados na vida do protagonista perto do final da trama, que se num primeiro
momento possa parecer nenhum pouco espantoso, isso acabou por fazer do personagem
mais humano e que nos faz agente compreender um pouco mais do porque dele embarcar neste mundo de espionagem. Com um ato final cheio de tensão (e emoção), o filme
encerra de uma forma satisfatória esse circulo que se iniciou com Cassino Royale,
mas que ao mesmo tempo traz de volta a tona velhos elementos tão bem conhecidos
pelos antigos fãs. Eis que então paira a pergunta: para continuar firme e forte
neste mundo atual, 007 deve se abraçar a velhos hábitos? Talvez nunca seja
demais olhar um pouco para traz!
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