Enfim, termino neste post os especiais sobre Jean Luc-Godard que antecede a minha participação no curso sobre ele que ocorre neste sábado e domingo no Cinebancários. Além de eu ter a oportunidade de ganhar um certificado sobre ele, foi também uma bela desculpa em revisitar as principais obras que ele criou, principalmente da fase de ouro, não só dele, como também de muitos diretores franceses, que foi a tão conhecida fase Nouvelle Vague francesa. Mas diferente dos seus colegas (como François Truffaut), percebo que Godard queria mais do que fazer um cinema autoral, mas também uma critica perante o mundo que ele vivia e com isso, não me surpreenderia que ele tivesse se incomodado bastante com as autoridades que metiam o bedelho o torto a direito, num tempo que a liberdade de expressão era pouco valorizada. Censura, ele sofreu tanto no seu país de origem, como também em outros lugares como aqui por exemplo. Se ele fosse brasileiro, suas obras teriam sofrido o diabo maior ainda nos tempos de chumbo. Até mesmo quando a nossa ditadura estava começando a se desintegrar, um dos seus filmes não escapou da famigerada censura que foi Je vous salue, Marie, uma visão contemporânea sobre a mãe de Jesus.
Isso foi mais do que suficiente para o filme ser censurado e ser recebido a paus e pedras, mesmo tendo sido liberado pouco tempo depois, mas isso tendo acontecido foi lógico, pois vivíamos num tempo conservador, onde muitos ainda tinham até medo de ter opiniões próprias e uma mente aberta que soubesse separar as coisas. Atualmente, pessoas falam e criam inúmeras visões sobre diversos assuntos, pois atualmente vivemos num mundo um pouco mais liberal, embora a quem diga que a um vicio incessantes do politicamente correto a ser sempre imposto, mas espero que estejam errados.
Portanto, Jean Luc-Godard foi alguém (e ainda é, pois ele ainda vive) uma pessoa a frente do seu tempo e um dos grandes responsáveis pela semente que germinou que foi o cinema autoral, que por sinal, aprecio muito e são filmes que sobrevivem ao tempo. De Godard só tenho mais que agradecer mesmo.
Abaixo, confiram um pouco do ultimo filme dele que eu revi.
O PEQUENO SOLDADO
Sinopse: 1958, guerra da Argélia. Bruno Forestier é desertor, está refugiado em Genebra e se apaixona por Véronica Dreyer. Recebe a incumbência, por um partido de extrema esquerda, de eliminar um jornalista político da rádio suíça. Fracassada a missão, Bruno é preso e torturado pelo FLN. Consegue escapar e volta para Verônica que está trabalhando para o FLN. Tempos depois, ela é presa e torturada até a morte pelos extremistas franceses.
Primeiro filme do diretor após o sucesso de Acossado. Devido às fortes cenas do cárcere que o protagonista sofreu, o filme acabou ficando censurado por três anos na França. Contudo, não foi devido a esse fato que Godard largaria sua visão mais critica contra o governo que vivia na época. O filme possui uma violência simples e direta, onde uma voz over antecipa o que ira acontecer, principalmente em uma breve cena de interrogatório em um banheiro. Ao mesmo tempo, o filme possui uma estética semelhante vista em Acossado, embora um pouco mais moderada, porém, suficiente para entrar na lista de filmes lembrados da fase Nouvelle Vague francesa. Como sempre, Anna Karina (esposa do diretor na época) faz novamente uma personagem marcante, embora não tão boa quanto em Viver a Vida.