TECNICA, INOVAÇÃO E INTERPRETAÇÃO
UNIDAS EM UM SÓ
Sinopse: A arrogância do Homem deflagra uma cadeia de acontecimentos que leva os símios a ter um outro tipo de inteligência e a desafiar nosso posto de espécie dominante no planeta. Caesar o primeiro símio inteligente é traído pelos humanos e se revolta passando a liderar a incrível corrida de sua espécie rumo à liberdade e ao inevitável confronto com o Homem.
Uma nova visão de uma obra prima do cinema. Um diretor praticamente estreante. Fãs do filme original na maioria contra a uma nova versão. Somando dois mais dois, muitos esperaram pelo pior nesta nova versão do clássico O Planeta dos Macacos, filme que marcou em 1968 e até hoje impressiona por não ter envelhecido e criar as mais diversas reflexões na mente das pessoas. Mas num ano que Fox provou que fez a lição de casa (vide X-Men: Primeira Classe) eles decidiram apresentar uma nova historia totalmente fresca, mas que ao mesmo tempo possui um forte vinculo com os filmes anteriores da cine série (principalmente a Conquista Do Planeta dos Macacos). Dirigido pelo praticamente estreante Rupert Wyatt, acompanhamos o cientista Will Rodman (Franco) que desenvolveu um vírus que poderá curar o mal de Alzheimer – doença que afeta seu pai, o músico Charles (Lithgow). Durante os testes com uma macaca, Olhos Brilhantes, porém, Will percebe que o tratamento aumenta a inteligência da cobaia, que passa esta característica ao filhote Cesar antes de ser morta no laboratório. A fim de evitar que o chimpanzé seja sacrificado, o cientista adota-o, percebendo, com o tempo, que suas habilidades cognitivas continuam a crescer de uma forma fantástica, até que um confronto com um vizinho tira o animal de suas mãos e leva Cesar a abandonar a docilidade habitual.
O inicio do filme retrata muito bem o conflito que o personagem James Franco passa ao tentar de todos os meios achar uma cura para o seu pai (o fantástico John Lithgow do limite da Realidade) mesmo que acabe não pensando nas conseqüências e uma delas é próprio Cesar que é magistralmente interpretado pelo ótimo Andy Serkis e com o seu visual de macaco fantasticamente criado pela Weta que dentre outras coisas criou os efeitos de Avatar. Talvez o grande trunfo na criação dos movimentos e expressão do personagem Cesar esteja pelo fato de que pela primeira vez assistimos o verdadeiro casamento de interpretação e técnica visual posta nas telas, porque já assistimos a muitos personagens digitais no cinema que visualmente parecem perfeitos, mas caiam na armadilha dos olhos sem vida, que sempre incomodou a maioria dos cinéfilos.
Desta vez sentimos vida a cada gesto e cada expressão que Cesar passa na tela de uma forma assombrosa que da a nítida impressão que realmente estamos vendo um macaco super inteligente na tela, mas aonde se separa a técnica (efeito capture) e a interpretação de Serkis? A meu ver um não vive sem o outro para se criar algo perfeito como foi visto nesta produção, mas desde o principio da historia da sétima arte, uma produção sempre irá funcionar desde que ela tenha uma ótima historia e um ótimo elenco que passe suas melhores interpretações e mesmo com todos os efeitos especiais do mundo a cargo de se criar uma historia, jamais ela irá substituir o calor humano, e Andy Serkis é uma prova disso, tanto, que não me surpreenderia se a academia do Oscar fosse dar uma indicação para ele. Impossível? Nem tanto, porque é o ator que está ali e passando todos os sentimentos possíveis que o personagem sente então não custa imaginar os efeitos especiais que cobrem o ator como uma mera roupa (não custa tentar membros da academia).
Mas a gloria não fica somente para Serkis, sendo que a historia ajuda e é muito bem construída em focar gradualmente a transformação de Cesar, de um simples macaco para um líder dos símios. É simplesmente tocante em vermos a interação dele com os outros macacos normais, que se a principio o tratam com certa hostilidade, aos poucos eles o respeitam principalmente pelo fato que o próprio provocou isso graças ao seu intelecto superior em saber trapacear e criar uma revolta perante os humanos hostis (hostilidade muito bem representada pelo jovem ator Tom Felton da cine serie Harry Potter). E quando a coisa tende a melhorar, ela fica cada vez mais fantástica quando todos os macacos que desejam a liberdade, liderados pelo protagonista, decidem escapar e enfrentar os humanos, onde o conflito se estende até a ponte Golden Gate numa seqüência de eventos espetaculares e desde já uma das melhores cenas de ação do ano.
Por fim, Planeta dos Macacos: A Origem não possui a mesma carga e potencial de se criar inúmeras teorias e reflexões que nem o filme original criou, mas como eu disse no inicio do texto, é uma trama fresca, inteligente e que respeita acima de tudo os fãs da cine serie original, seja em pequenas referencias espalhadas em todo o filme, seja por possuir a mesma mensagem de alerta (embora atualizada) sobre o perigo que nos mesmos podemos criar contra nos tudo apartir das melhores das intenções. E a cena final durante os créditos (e que da uma deixa para uma eventual seqüência) é um belo exemplo disso. Mais atual impossível.