Sinopse: De "Cães de Aluguel" a "Os Oito Odiados", atores e colaboradores examinaram os oito primeiros filmes do aclamado diretor e roteirista Quentin Tarantino.
Gostar de Quentin Tarantino é fácil, pois não há diretor melhor do que ele que saiba criar ótimos filmes criativos, seja em história ou visual, e sabendo dialogar com um público que vive da cultura pop como um todo. Seus filmes são originais, mas moldados com referências de diversos outros clássicos, além de prestar sempre uma bela homenagem ao melhor da música e fazendo a gente cantarolar em cada sessão de suas obras. "Quentin Tarantino: Os Oito Primeiros" faz uma retrospectiva desse diretor polêmico, genial e autoral.
Dirigido por Tara Wood, “Quentin Tarantino: Os Oito Primeiros” é um documentário que faz uma retrospectiva dos 21 anos de carreira do diretor Quentin Tarantino no cinema norte-americano. Por meio de entrevistas com atores e atrizes que trabalharam por anos com o diretor, além de outros colegas de profissão, o modo de trabalho, a visão sobre cinema e a singularidade como diretor são apresentados para o público.
Com diversas imagens que resgatam o tempo em que Tarantino era um rato de video locadora, o documentário desvenda os seus primeiros passos, sua criatividade na elaboração de roteiros e os segredos que o levaram a se tornar um dos principais diretores do início da década de noventa. Com um orçamento minúsculo, Tarantino conquistou o mundo com o seu primeiro grande filme "Cães de Aluguel" (1992), exibido no festival de Cannes e mudando o cinema independente como um todo naquela época para sempre.
Isso serviu de pontapé inicial para elaboração de sua maior obra prima que foi "Pulp Fiction - Tempo de Violência" (1994) e do qual, na minha opinião, se tornou o melhor filme da década de noventa. Com depoimentos de Christoph Waltz, Tim Roth, Samuel L. Jackson, Michael Madsen, Luci Liu e tantos outros, o filme é um verdadeiro mosaico de informações sobre a pessoa de Tarantino e como a sua visão autoral para realização de seus filmes criasse um universo próprio e até mesmo interligado entre suas obras. De "Cães de Aluguel" aos "Oito Odiados" (2015), testemunhamos uma curiosa interligação entre os seus personagens, além de elementos criados pelo próprio cineasta que vai desde a marca de cigarros e bebidas.
Curiosamente, o documentário não foge de determinadas polêmicas, como no caso do produtor Harvey Weinstein, acusado de diversos crimes sexuais que ele cometeu contra diversas atrizes e que foi produtor dos principais sucessos de Tarantino. Nestas ocasiões, ocorre uma retrospectiva sobre alguns fatos, dos quais são narrados, por exemplo, por Michael Madsen e sendo reconstituído através de desenho animado. É interessante observar que nestes momentos Weinstein é sempre retratado como uma pessoa com uma ambiguidade sombria e cuja as revelações de Madsen revelam uma pessoa que possuía diversos segredos por detrás da porta e que tudo um dia iria transbordar para fora.
Nesta questão, o documentário não foge desses e de outros assuntos espinhosos, pois essa é a Hollywood construída através de dinheiro, ganância e até mesmo crimes que até hoje alguns se mantém um mistério. No final das contas, Tarantino sabia no vespeiro que estava se metendo, mas não desistiu de conseguir obter total independência e assim fugir da sombra negativa que acabou se tornando Weinstein. O documentário termina com um Tarantino livre, leve e solto, lançando o seu longa "Era uma Vez em... Hollywood" (2019) e fazendo a gente torcer para que o seu prazer em fazer cinema nunca termine.
"Quentin Tarantino: Os Oito Primeiros" é uma deliciosa retrospectiva sobre um cineasta autoral de primeira e que consegue arrastar multidões graças a sua criatividade na elaboração de incríveis histórias.
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