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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Cine Dica: Streaming: 'Kimi: Alguém Está Escutando'

Sinopse: Uma analista de dados que sofre de agorafobia segue uma rotina rigorosa dentro da segurança de seu loft no centro da cidade de Seattle. Nas pausas, ela flerta com a vizinha do outro lado da rua e se comunica com sua mãe. Tudo muda quando ela ouve um barulho estranho.

Alfred Hitchcock se tornou ao longo das décadas uma fonte da criatividade e da qual muitos diretores buscam em seus clássicos uma forma de se inspirarem e fazerem os seus filmes. Quando tocamos nesse assunto nos lembramos rapidamente de Brian de Palma, sendo que nos anos oitenta ele lançou filmes como "Dublê de Corpo" (1984) e "Vestida para Matar" (1980) e cujo os títulos nos faz lembrar das fórmulas de sucesso que o mestre do suspense criava em suas obras primas. Agora é a vez de Steven Soderbergh prestar uma pequena homenagem ao mestre pelo filme "Kimi: Alguém Está Escutando" (2021), que fala sobre os dilemas do mundo contemporâneo e do qual é moldado de uma forma criativa e interessante de ser degustada.

E se cada respiração, cada som, cada momento fosse registrado? Durante a pandemia do COVID-19 em Seattle, uma agorafóbica (Zoë Kravitz) que trabalha com tecnologia descobre evidências de um crime violento ao revisar um fluxo de dados e encontra resistência e burocracia quando tenta denunciá-lo à sua empresa. Para se envolver, ela percebe que deve enfrentar seu maior medo saindo de seu apartamento e indo para as ruas da cidade, que estão cheias de manifestantes depois que a Câmara Municipal aprova uma lei que restringe os movimentos da população sem-teto.

Em termos de originalidade o filme quase não tem nada, sendo que a premissa parcialmente lembra o recente "A Mulher Da Janela" (2021). Porém, se naquele filme ele se perdia pelo caminho em alguns pontos, aqui Steven Soderbergh tem controle absoluto, ao criar um cenário bastante familiar ao nosso, onde a protagonista se isola do mundo por motivos trágicos vindos do passado, além de possuir receio devido a pandemia que se alastra pelo mundo. Desde a trilha sonora, como também o fato dos personagens se observarem pela janela, Soderbergh cria uma ligeira homenagem ao clássico "Janela Indiscreta" (1954), mas cujo os motivos que levam ambos os protagonistas se isolarem acabam sendo distintos se formos comparar um com o outro e correspondendo mais com a realidade da época em que cada filme foi lançado.

Tecnicamente Soderbergh cria um filme claustrofóbico, mas não só pelo fato de boa parte da trama a protagonista estar isolada, como também a forma que o cineasta a filma. Em um determinado momento, por exemplo, ela sai do seu apartamento para uma pequena missão, mas cujo os seus passos acabam se tornando ligeiros, com o direito de ela estar encolhida e tendo receio de se encostar em algo ou alguém a qualquer momento durante o trajeto. Desta forma, o cineasta cria essa sequência de uma forma incomoda, onde a sua câmera se posiciona inclinada e nos dando a entender que enxergamos ali uma realidade distorcida e opressora de acordo como a protagonista enxerga.

Aliás, essa realidade bate de frente com os mais diversos assuntos que passamos dia após dia debatendo, desde sobre a pandemia, como também o aumento de da população sem lar e de estarmos cada vez mais presos as tecnologias das multimilionárias e fazendo nos tornamos dependentes a elas. Se "Inimigo do Estado" (1998) ou "A Rede" (1996) eram apenas protótipos sobre o que seria o nosso futuro, aqui a situação é muito mais verossímil, mesmo quando temos um ato final que quase cai nas velhas fórmulas previsíveis do cinema norte americano. Porém, o filme funciona não somente  graças a boa direção do cineasta, como também a presença forte de sua protagonista e Zoë Kravitz cada vez mais prova que terá uma carreira promissora e sendo que esse ano, talvez, finalmente se torne uma grande estrela com a estreia de "The Batman".

Embora curto, "Kimi: Alguém Está Escutando" é uma declaração de amor que Steven Soderbergh faz ao mestre Alfred Hitchcock e que fala dos nossos principais medos destes tempos atuais complexos.  

Onde Assistir: HBO Max. 

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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'Licorice Pizza'

Sinopse: Alana Kane e Gary Valentine crescem e se apaixonam em San Fernando Valley, na Califórnia, em 1970. 

Paul Thomas Anderson gosta de nos apresentar personagens obsessivos, que vão correndo de encontro com os seus objetivos, mesmo que para isso lhe custem muito caro. Se em "Boogie Nights - Prazer Sem Limites" (1997) vemos os protagonistas sobrevivendo através da era de ouro da pornografia, em "Sangue Negro" (2007) vemos o personagem de Daniel Day-Lewis completamente enlouquecido em obter rios de petróleo e se tornando uma representação sobre a obsessão dos principais líderes do mundo que vivem e morrem para obter esse tesouro a qualquer custo. Seguindo por essa mesma linha de raciocínio, "Licorice Pizza" (2022) é o filme mais leve da carreira do diretor, mas não menos do que fantástico e arrebatador.

Licorice Pizza é a história de Alana Kane (Alana Haim) e Gary Valentine (Cooper Hoffman) crescendo, correndo e se apaixonando no Vale de San Fernando, 1973. Os dois iniciam vários negócios, flertam, fingem que não se importam um com o outro e, inevitavelmente, se apaixonam por outras pessoas para evitar se apaixonar um pelo outro. Mas há um detalhe entre os dois: ela tem 25 e ele 15. Eles se conhecem em um dia de foto na escola de Gary, onde Alana está ajudando os fotógrafos no fatídico dia.

Já no primeiro ato nos damos conta que estamos diante de uma obra de Paul Thomas Anderson. Seus planos-sequência mirabolantes, onde a sua câmera sempre acompanha os protagonistas, nos convida para adentrar o passado, porém, não muito distante e cheio de cores quentes. É os anos setenta, onde uma geração de jovens começa a perder a sua inocência, onde se enveredam pelos prazeres daquela época, mas ao mesmo tempo decidindo se tornarem logo adultos para conquistarem o mundo.  Gary Valentine, por exemplo, explora as mais diversas formas para obter lucro, mesmo quando nada parece que dará certo.

Já Alana possui pés mais no chão com relação ao assunto, ao tentar se entrosar com poderosos mesmo quando corre um sério risco de se distanciar do seu melhor amigo. É neste ponto, por exemplo, que surgem astros de grande calibre dentro da trama, mesmo que suas presenças sejam breves, porém, marcantes. Tanto os personagens de Sean Penn como de Bradley Cooper seriam uma manifestação de tempos em que uma geração vivia da emoção, adrenalina e cuja uma determinada noite poderia ser sua última de suas vidas.

Os anos setenta retratados por Paul Thomas Anderson é um colírio para os nossos olhos, cuja a edição de arte e fotografia se tornam uma representação da contracultura daqueles tempos e cuja a sociedade norte americana parecia que finalmente estava acordando para o mundo real e sobre a maneira de como as coisas realmente funcionavam. Vale salientar que o filme é carregado de uma trilha sonora familiar, cujo os principais sucessos daqueles anos se tornam o coração pulsante da obra como um todo. Portanto, as faixas “Life on Mars?”, de David Bowie, e “Let Me Roll It”, de Paul McCartney e Wings são alguns dos inúmeros aperitivos que se encontram ao longo do percurso.

É claro que o filme funciona principalmente graças a sua dupla central. Ambos se apaixonam, mas cujo os sentimentos quase nunca se afloram por medo, mesmo em situações que se torna cada vez mais explicito a dependência um pelo outro. Não deixa de ser surpreendente, por exemplo, quando um vai pela procura do outro em determinados momentos da história, cuja a busca de Alana por Gary na delegacia, ou quando ambos juntos estão em uma situação envolvendo um caminhão sem combustível indo ladeira abaixo, estão entre os melhores sequências que eu vi num filme neste ano.

Tanto Alana Haim como Cooper Hoffman estão impressionantes em seus respectivos papeis, sendo que o último tem todas as chances de ser um interprete tão bom quanto o seu pai, o falecido, porém, inesquecível Philip Seymour Hoffman. Curiosamente, Anderson presta uma curiosa homenagem ao clássico "Taxi Drive" (1976) do mestre Martin Scorsese, já que ambos os filmes possuem uma similaridade sobre questões políticas. Porém, enquanto o clássico de Scorsese falava de uma parcela daquela geração que estava pronta para explodir, aqui Paul Thomas Anderson prefere optar em enxergar o outro lado dessa moeda, ao falar de uma geração que não vivia presa ao mundo fácil das coisas de hoje em dia, mas sim que possuíam inúmeros sonhos e que colocavam a mão na massa mesmo quando tudo parecia estar desmoronando.

"Licorice Pizza" é uma deliciosa  nostalgia para o nosso olhar, sobre uma época cheia de vida e cuja a sua geração perseguia as suas metas mesmo quando toda situação parecia perdida. 


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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (24/02/2022)

 THE BATMAN

Sinopse: Nos dois anos em que protegeu as ruas como Batman (Robert Pattinson), provocando medo no coração dos criminosos, Bruce Wayne mergulhou nas sombras de Gotham City. Quando um assassino mira a elite de Gotham com uma série de maquinações sádicas, um rastro de pistas enigmáticas leva Batman, o Maior Detetive do Mundo, a investigar o submundo da cidade, onde encontra personagens como Selina Kyle, a Mulher-Gato (Zoë Kravitz), Oswald Cobblepot, conhecido como Pinguim (Colin Farrell), Carmine Falcone (John Turturro) e Edward Nashton, também conhecido como Charada (Paul Dano).


Coração Ardente

Sinopse: O filme “Coração Ardente” conta a história de Lupe Valdés (Karyme Lozano), uma escritora de sucesso que investiga as aparições do Sagrado Coração de Jesus, em busca de inspiração para o seu próximo romance. 


A ILHA DE BERGMAN

Sinopse: No filme, um casal de cineastas, Chris (Vicky Krieps, de “Trama Fantasma”) e Tony (Tim Roth), viaja à ilha, onde ele participará de alguns eventos, enquanto ela tenta superar uma crise criativa, e escrever um novo roteiro.


Coração de Fogo

Sinopse: Desde criança Geórgia Nolan só tinha um sonho: se tornar bombeira, como o seu pai. Infelizmente no ano de 1932 em Nova York, as mulheres não podiam atuar nessa profissão. Quando os bombeiros da cidade desapareceram misteriosamente um a um, Georgia viu a grande chance.


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 24 DE FEVEREIRO A 02 DE MARÇO DE 2022 na Cinemateca Paulo Amorim.

 
A FELICIDADE DAS PEQUENAS COISAS 


SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES


SALA 1 / PAULO AMORIM

NÃO ABRIREMOS NO DIA 1º DE MARÇO (TERÇA).


15h - MARIGHELLA Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 155min). Direção de Wagner Moura, com Seu Jorge, Adriana Esteves, Bruno Gagliasso. Paris Filmes, 16 anos. Drama/Ação.

Sinopse: A cinebiografia recupera a trajetória do ex-deputado e guerrilheiro Carlos Marighella (1911 – 1969), que comandou um grupo de jovens na luta contra a ditadura que governava o Brasil. Ele foi um dos fundadores da Ação Libertadora Nacional, que pregava a revolução armada, e chegou a ser considerado o inimigo número 1 do Brasil. Sua morte aconteceu em uma emboscada em São Paulo, por agentes do DOPS. O filme é uma adaptação do livro "Marighella - O Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo", de Mário Magalhães.


18h - BENEDETTA Assista o trailer aqui.

(França/Bélgica/Holanda, 2021, 125min). Direção de Paul Verhoeven, com Virginie Efira, Daphné Patakia, Charlotte Rampling, Lambert Wilson. Imovision, 18 anos. Drama.

Sinopse: Benedetta Carlini é uma freira italiana que vive em um convento desde a infância, em fins do século XVII. A jovem diz que tem visões religiosas e eróticas ligadas a Cristo e outros símbolos da Igreja, o que divide as opiniões de quem convive com ela. Tudo fica ainda mais perigoso quando o convento acolhe uma jovem agredida pelo pai e ambas, Benedetta e Bartolomea, dão início a um romance conturbado. O filme é baseado no livro “Immodest Acts: The Life of a Lesbian Nun in Renaissance Italy”, de Judith C. Brown, e inspirado em uma história real.


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ

NÃO ABRIREMOS NO DIA 1º DE MARÇO (TERÇA).


14h30 - PRIMAVERA Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2018, 110min). Direção de Carlos Porto de Andrade Jr., com Ana Paula Arósio, Ruth Escobar, Werner Schunemann, Caco Ciocler. O2 Play Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: O longa recupera a trajetória de uma família que se estabeleceu no Brasil no final do século XVIII, a partir do casamento de um comerciante inglês e de uma portuguesa dona de terras. As memórias vêm de um descendente dos dias atuais, que está no leito de morte e revela ao filho passagens pitorescas e personagens incomuns desta história, num estilo que lembra a literatura de Gabriel García Marquez. Construído ao longo de duas décadas, o filme reúne muitas imagens de arquivos institucionais e particulares do país.


16h45 - DELICIOSO: DA COZINHA PARA O MUNDO Assista o trailer aqui.

(Délicieux - França, 2021, 115min). Direção de Eric Besnard, com Grégory Gadebois, Isabelle Carré, Benjamin Lavernhe. PlayArte Filmes, 14 anos. Comédia histórica.

Sinopse: Um dos longas preferidos do público no Festival Varilux de Cinema Francês, o filme trata dos primórdios da conceituada culinária francesa e da criação do primeiro restaurante do país. Tudo se passa ainda antes da Revolução Francesa, quando o cozinheiro Pierre Manceron comete algumas “ousadias” culinárias e é demitido da casa do seu empregador, o duque de Chamfort. Mas logo ele conhece Louise, uma mulher que quer aprender a cozinhar e o incentiva a buscar novos sabores e novas receitas – nesta pequena revolução pessoal, Manceron vai conquistar novos admiradores e alguns inimigos.


19h - A FELICIDADE DAS PEQUENAS COISAS Assista o trailer aqui.

(Lunana: A Yak in the Classroom - Butão/China, 2019, 110min). Direção de Pawo Choyning Dorji, com Sherab Dorji, Kelden Lhamo Gurung. Pandora Filmes, 12 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Cansado da vida em seu pequeno país, um jovem professor butanês resolve tentar a sorte como cantor na Austrália. Mas ele precisa cumprir um último ano de trabalho e é enviado a uma escola distante, em uma aldeia glacial chamada Lunana. Sem conforto algum, o professor começa a ensinar as crianças da aldeia e, aos poucos, descobre os encantos do lugar. O longa é um dos 15 títulos pré-indicados ao Oscar de filme internacional.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores têm direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional. Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'O Beco do Pesadelo'

Sinopse: Em O Beco do Medo, quando o carismático, mas sem sorte, vigarista Stanton Carlisle (Bradley Cooper) acaba entrando para um "circo dos horrores" após perder tudo. Lá ele encontra a vidente Zeena (Toni Collette) e seu marido Pete (David Strathairn), que fazem um show de leitura fria e um engenhoso sistema de linguagem codificada para fazer parecer que ela tem poderes mentais extraordinários.  

Nas mãos de Guillermo del Toro os personagens sofrem, ao ponto que um pingo de felicidade que acontece se torna o único consolo em meio a uma jornada de dor e morte. Nem mesmo o singelo "A Forma da Água" (2017) escapa dessa fórmula de sucesso, pois até mesmo no mais lírico conto de fadas se encontra o seu lado feio."O Beco do Pesadelo" (2021) fala sobre personagens desajustados, mastigados pela realidade nua e crua e que se vendem ao Diabo para obter algum lucro.

Na trama, quando o carismático, mas sem sorte, vigarista Stanton Carlisle (Bradley Cooper) acaba entrando para um "circo dos horrores" após perder tudo. Lá ele encontra a vidente Zeena (Toni Collette) e seu marido Pete (David Strathairn), que fazem um show de leitura fria e um engenhoso sistema de linguagem codificada para fazer parecer que ela tem poderes mentais extraordinários. Mas logo Pete começa a ensinar a Stan sobre os truques, fazendo com que Stan tenha uma ideia para um "passaporte" para a riqueza e tirar dinheiro da elite Nova Yorkina dos anos 1940. Anos depois, após sair do circo e se juntar com Molly (Rooney Mara), uma das intérpretes do show, Stan é conhecido como "O Grande Stanton", pondo em prática o que tinha imaginado anos antes. Mas durante uma de suas performances, ele acaba se envolvendo em um jogo de gato e rato com a psicóloga Lilith Ritter (Cate Blanchet) que tentar expor suas habilidades fraudulentas.

Estamos nos anos quarenta, época em que o planeta está em guerra contra o nazismo enquanto isso os EUA ainda tentam sobreviver se recuperando após a crise dos anos trinta. Ao entrarem na guerra que não pediram muitos soldados retornaram miseráveis, feridos ou com os nervos e almas quebrados como um todo. Portanto, o primeiro ato onde se concentra a trama cujo o cenário é um circo de horrores nada mais é do que uma representação do pouco de dignidade das pessoas que viram o horror de perto e usam desse próprio horror para sobreviverem mesmo que se humilhando.

Carlisle seria um homem transitando neste cenário de sorte e azar, onde os momentos traumáticos e não resolvidos o moldaram a ser o homem que é, mas tentando não se abalar para não cair em uma vala qualquer. Se percebe que Guillermo del Toro apresenta o personagem como alguém misterioso, porém, meio que seguro de si e cuja a sua imagem relembra a de um Humphrey Bogart dos tempos dourados do cinema. Aliás, isso é proposital, já que a trama se passa na época em que o "cinema noir" estava em alta, onde luz, sombras e damas fatais moldavam essas obras e isso graças aos realizadores alemães dos tempos do expressionismo e que fugiram para os EUA para escaparem do horror do nazismo.

Por conta disso, Guillermo del Toro usa e abusa de um enquadramento que relembra esses tempos, cuja a chuva, sombras e personagens sempre em volta de uma janela fazem com que quase nem sintamos a falta de uma fotografia em preto e branco. Ao invés disso as cores são fortes, o sangue vermelho se torna quase explicito quando surge e cuja a edição de arte fazem das cenas ainda mais simbólicas. É um filme que o cineasta presta uma homenagem ao cinema dos tempos dourados, mas ao mesmo tempo falando que as mentiras e mazelas dos homens do passado ainda persistem nos tempos contemporâneos.

Mentira, aliás, é catalisador que movem os personagens centrais, seja nos eventos vistos no circo, como posteriormente na cidade grande. Ao adquirir os ingredientes para se tornar um grande vidente, Carlisle acaba por alimentar as esperanças de uma sociedade enfraquecida, cujo os horrores da guerra e de uma cidade corrupta acabam sugando qualquer tipo de esperança e, portanto, o mesmo acaba se tornando um meio para essas pessoas acreditarem em algo. Se hoje a sociedade atual se alimenta de fake news por achar que a verdade já não o suficiente naquela época isso não seria diferente.

Com um grande elenco, quem acaba se sobressaindo é próprio Bradley Cooper, cujo o seu personagem  Stanton Carlisle acaba se tornando o melhor personagem de sua carreira. Desde o princípio sentimos que o personagem carrega um passado trágico, o que lhe faz ser alguém em busca de uma felicidade que jamais irá alcançar e cujo o seu destino acaba sendo definido antes mesmo dele chegar lá. A sua cena final, aliás, é sublime, trágica e ao mesmo tempo realista.

"O Beco do Pesadelo" é uma prova que Guillermo del Toro não se vende pelo obvio e nos brindando com um filme complexo, corajoso e não estando nenhum pouco preocupado com os seus resultados. 


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terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Cine Dica: História do Cinema Gaúcho

Em março, mês do Cinema Gaúcho,

a volta dos cursos presenciais

APRESENTAÇÃO

Pensar na história do cinema é abrir um leque de possibilidades de abordagens que envolvem, por exemplo, os processos de produção, distribuição, divulgação, exibição, recepção, fomento, etc. Normalmente, voltamos o olhar para um dos produtos do processo de produção que é o filme de ficção e em longa-metragem, mas, e se em muitos momentos esse produto final não se realiza?

Essa perspectiva também faz parte da história do cinema. E no cinema feito no Rio Grande do Sul muitos foram os momentos em que se pensou que o estado seria a terra do curta-metragem ou a terra do cinejornal. A busca pela realização do longa-metragem ficcional movimentou o campo cinematográfico gaúcho ao longo de décadas. E ainda hoje o movimenta. Entender os motivos dessa busca e os percalços para atingir tal objetivo nos leva a compreender as especificidades do campo audiovisual no Rio Grande do Sul.


OBJETIVOS

O Curso HISTÓRIA DO CINEMA GAÚCHO, ministrado por Miriam de Souza Rossini, se propõe a analisar as condições de produção do cinema do estado ao longo de um século de existência, bem como observar algumas das construções temáticas e narrativas recorrentes na cinematografia do Rio Grande do Sul.


Importante

Atividade presencial. Adotaremos todos os protocolos sanitários:

uso de máscara + álcool gel + comprovante vacinal


Ministrante: MIRIAM DE SOUZA ROSSINI

Doutora em História (UFRGS), mestre em Cinema (USP) e graduada em Jornalismo (PUCRS) e História (UFRGS). Professora Associada da Universidade do Rio Grande do Sul, onde leciona "Comunicação Audiovisual" e "Cinema Brasileiro" no Departamento de Comunicação, e "Estética das Imagens Audiovisuais" no Programa de Pós-Graduação em Comunicação. É pesquisadora do Cinema Brasileiro há quase trinta anos, já tendo ministrado cursos e palestras em diferentes instituições de ensino no Brasil e exterior. É autora do livro “Teixeirinha e o Cinema Gaúcho" (Fumproarte, 1996) e de diversos artigos e capítulos de livros sobre o cinema brasileiro.


Curso

"HISTÓRIA DO CINEMA GAÚCHO"

de Miriam de Souza Rossini

* Datas: 12 e 13 / Março (Sábado e Domingo)

* Horário: 14h às 17h

* Local:

Cinemateca Capitólio

(Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro Histórico - Porto Alegre - RS)

* Material incluído: 


Apostila

Certificado de participação

Informações

cineum@cineum.com.br / Fone: (51) 99320-2714

********

INSCRIÇÕES

https://cinemacineum.blogspot.com/2022/02/historia-do-cinema-gaucho.html


Realização

Cine UM Produtora Cultural

Apoio

Cinemateca Capitólio



segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Cine Especial: Próximo Cine Debate: "The Fundamentals Of Caring"

Sinopse: O filme  traz a história de Benjamin, um homem jovem que está passando por diversos dilemas pessoais, entre eles o divórcio, que resolve procurar emprego como cuidador. 

O subgênero "road movie", ou mais precisamente "filmes de estrada" tem rendido para os cinéfilos grandes pérolas do cinema, que vai desde "Sem Destino" (1969) ao Thelma & Louise (1991). O charme destes filmes está pelo fato dos personagens centrais se redescobrirem na vida através dessas viagens e para que assim possam enxergar muito além do que eles conviviam no seu dia a dia. Embora não seja uma obra prima, "The Fundamentals Of Caring" (2020) nos conquista pelos seus personagens carismáticos em meio a uma trama que transita muito bem entre o humor e o apelo dramático.

Dirigido por Rob Burnett, o filme conta a história de Ben (Paul Rudd), que possui um passado traumático, mas que tenta dar uma volta por cima através de um novo emprego. Como cuidador, seu primeiro cliente é Trevor (Craig Roberts), possui distrofia muscular; o jovem de 18 anos apesar de sua condição tem uma boca bem afiada, quanto aos cuidados, que receberá de Ben. Juntos, eles embarcam em uma viagem por todos os lugares com os quais Trevor ficou obcecado assistindo ao noticiário de TV, incluindo seu Santo Graal: o buraco mais profundo do mundo. No caminho, eles conhecem a jovem Dot (Selena Gomez) e também uma futura mãe, Peaches, que embarcam na aventura da dupla.

Embora pouco conhecido pelo meio artístico, Rob Burnett me surpreendeu na direção, ao criar um ritmo dinâmico para trama e cuja a edição já no primeiro ato nos conquista. Esse ritmo, aliás, se casa muito bem com a dupla central, principalmente pelo fato de ambos irem contra as nossas perspectivas. Enquanto Ben não demonstra procurar uma redenção através de Trevor, porém deseja muito ajuda-lo, esse último trata a sua situação de saúde com total sarcasmo, com direito a situações hilárias, que vai desde a sua primeira cena ao ápice da trama.

Ambos em cena possuem uma química perfeita, que somente melhora ainda mais quando os dois colocam o pé na estrada. Durante o trajeto surge Dot, interpretada pela ótima Selena Gomes e que possui um passado familiar não resolvido, mas levando a situação de forma lucida, porém, também de um modo bastante sarcástica. Durante a viagem, o filme toca em assuntos delicados, mas ao mesmo tempo não se enveredando muito para um lado mais dramático.

O passado trágico de Trevor, por exemplo, é revelado aos poucos, porém, o roteiro jamais permite que o personagem caia em desespero, mas se tornando uma pessoa bastante motivada em querer ajudar o próximo, mesmo em momentos que beiram quase ao inverossímil. No ato final o filme nos surpreende com um fantástico cenário, do qual serve para os personagens se reencontrarem em suas vidas e cada um ali em diante tomar a sua própria estrada. Atenção para os minutos finais da trama, da qual a mesma tenta nos pregar uma peça, assim como inúmeras que foram lançadas através dos personagens centrais.

"he Fundamentals Of Caring" é um filme simpático, cativante e cujo os seus personagens nos contagia desde a suas primeiras cenas. 

Onde Assistir: Netflix. 

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