Quem sou eu

Minha foto
Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

Pesquisar este blog

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Cine Dica: Programaçao da Sala Redenção - Dezembro

Era Uma Vez no Oeste  
 
Mostra Animal
O Homo sapiens é uma espécie do Reino Animalia que afirma superioridade em relação às outras. Esse entendimento acaba servindo de justificativa para infligir sofrimento a seres complexos: bois, porcos, frangos e peixes são transformados em alimento; ratos e coelhos servem para testes de cosméticos; raposas e chinchilas viram vestuário; cães e gatos são comercializados em vitrines. O tratamento é baseado no especismo, um preconceito análogo ao racismo e ao sexismo, que não considera outros animais dignos de tratamento moral.
Desde 2009, a Mostra Animal exibe, em diversas cidades brasileiras, filmes que discutem comportamentos naturalizados na sociedade em relação às outras espécies. A partir de obras nacionais e internacionais, busca tornar o conhecimento acessível e proporcionar discussões relacionadas à exploração animal, a impactos socioambientais e à nutrição vegetariana. O evento será realizado pela primeira vez em Porto Alegre, com coffee break e palestras relacionadas aos assuntos dos filmes.
A organização é da Sociedade Vegetariana Brasileira, fundada há 15 anos com o objetivo de promover o vegetarianismo como uma opção alimentar ética, saudável, sustentável e socialmente justa. Por meio de campanhas, convênios, eventos, pesquisa e ativismo político, a SVB realiza a conscientização sobre os benefícios do vegetarianismo, e trabalha para aumentar o acesso da população a produtos e serviços vegetarianos.

REINO PACÍFICO
Dir. Jenny Stein | EUA |Doc | 2012 | 78 min | Legendado
Pessoas criadas no meio rural questionam convicções básicas das suas formas de viver. Ao mesmo tempo, expõem a complexidade das forças sociais, psicológicas e econômicas envolvidas.

3 de dezembro | 2°-feira | 16h
7 de dezembro | 6°-feira | 19h

QUE RAIO DE SAÚDE
Dir. Kip Andersen e Keegan Kuhn |EUA| Doc | 2017|91 min| Legendado
A coalizão e corrupção por trás de um negócio trilhonário. Com a ajuda de médicos, pesquisadores e advogados, o documentário investiga o mercado que permeia a saúde.

3 de dezembro | 2°-feira | 19h
4 de dezembro | 3°-feira | 16h


EMPATIA
Dir. Ed Antoja| Espanha | Doc | 2017 |75 min | Legendado
Ed é contratado para produzir um documentário crítico sobre a relação das pessoas com as outras espécies. Ele percebe que, para realizar o projeto, deve primeiro convencer a si próprio.

4 de dezembro | 3°-feira | 19h
5 de dezembro | 4°-feira | 16h

LEÕES DE SANGUE
Dir. Bruce Young e Nich Chevallier| África do Sul |Doc |2015|84 min| Legendado
O jornalista ambientalista e operador de safari Ian Michler testemunha a criação intensiva de leões. Sob o disfarce da conservação e da pesquisa, situações como essa se tornam cada vez mais comuns.

5 de dezembro | 4°-feira | 19h
6 de dezembro | 5°-feira | 16h


Sequencia de curtas.

O CÃO
Dir. Abel Roland e Emiliano Cunha |Brasil | 2011 | 10 min
Um cão late, um casal discute, uma família se desentende, irmãos ensaiam, amigos jogam futebol. O insuportável exercício de conviver.

A FORÇA
Dir. PETA |Alemanha | 2012 | 2 min | Legendado
Um dos mais homens mais fortes do planeta mantém o físico a partir de uma dieta à base de plantas.

PRESENTE
Dir. Zsófia Zsemberi | Hungria | 2015 | 3 minutos | Legendado
Uma história sobre responsabilidade. A mais nova integrante de uma família tem um destino cruel, porém muito comum.

42 DIAS NA VIDA DE UM FRANGO
Dir. Jose Valle | EUA | 2016 | 4 min | Legendado
Uma imersão na realidade oculta das granjas industriais e abatedouros de aves, padrões no mundo inteiro. O filme faz parte da série iAnimal, produzida pela ONG Animal Equality.

LEITÃO PURURUCA
Dir. Fiori Vonière |Brasil | 2014 | 8 min | Legendado
Uma noite de natal se transforma num velório macabro quando cristianismo e espiritualidade se chocam em poesia.

DE FORA
Dir. Andrea Guerrero | Chile | 2016 | 5 min. | Legendado
Um grupo de macacos habita um centro de reabilitação e fica perturbado com a visita de estranhos. Inquietos e mutilados, nunca poderão retornar às suas origens.

A HORA DA DECISÃO
Dir. Edward L. Dark | Reino Unido | 2014 | 2 min. | Legendado
A evolução de toda sociedade depende da avaliação do sofrimento que vai permitir. A hora da decisão chegou.

PENSO, LOGO... NÃO DURMO
Dir. Luara Lux | Brasil | 2014 | 10 min.
É difícil dormir imersa em tanta tranquilidade.
6 de dezembro | 5°-feira | 19h
7 de dezembro | 6°-feira | 16h

100 anos da Grande Guerra: Uma batalha sem Fim
(...) Nossas linhas recuam. Chegaram muitos reforços ingleses e americanos. Tem muito corned beef e pão branco; muitas armas novas e aviões. Mas nós, pelo contrário, estamos magros e famintos. Nossa comida é tão ruim e adulterada com tantos sucedâneos que ficamos doentes. Os donos das fábricas na Alemanha enriquecem, enquanto a disenteria nos corrói os intestinos. (...) Erich Maria Remarque – Nada de Novo no Front.
Cem anos do final da dita guerra para acabar com todas as guerras, aquela que ninguém queria, mas todos sabiam que viria embalada pela disputa entre os imperialismos europeus por poder. O nacionalismo e o chauvinismo foram as ferramentas que modelaram o cenário no qual milhões de jovens iludidos com promessas de vitória gloriosa e justiça se lançaram em armas por suas pátrias.

A Primeira Guerra Mundial foi o resultado de disputas Inter imperialistas intensificadas a partir de 1880. Tratava-se da corrida por colônias, uma ferrenha disputa pela garantia de mercados e fontes de matérias-primas, levando a uma hostilidade crescente entre os impérios europeus. No clima de animosidade foram formadas novas alianças e a política defensiva foi trocada por dois polos mais agressivos: a Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria –Hungria e Itália) e a Tríplice Entente (Inglaterra, França e Rússia). A busca pelas armas marca o final do século XIX e o início do século XX, um período conhecido como “Paz Armada”.

Os nacionalismos disseminavam ideais xenófobos por todos os Estados, formando um quadro caótico. Palavras como pangermanismo e pan-eslavismo (união dos povos germânicos e união dos povos eslavos) eram usadas. O revanchismo francês em relação à derrota na guerra franco-prussiana de 1870 estabelecia que a França só reconstituiria sua honra vencendo a Alemanha e recuperando os territórios da Alsácia e Lorena. Isso era acrescido pela disputa industrial, na qual a Alemanha, país de unificação tardia, porém detentora de uma indústria mais moderna, com domínio da química fina, desafiava o maior império do mundo, a Inglaterra. Outro foco de tensão foi o interesse generalizado na região dos Bálcãs (as ditas zonas quentes), para onde convergiam Áustria-Hungria, Rússia, Alemanha, Inglaterra e Império Turco Otomano. O início das hostilidades teve como estopim o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando da Áustria, em Sarajevo na Bósnia, pelo Sérvio Gravilo Princip. Com efeito, um após outro, os países das alianças, com exceção da Itália (só se envolve em 1915, trocando de lado), jogam-se na guerra.

O peso dos Estados Unidos foi decisivo, mas só foi efetivo no ano de 1918. A campanha política de Wilson para se eleger presidente em 1916, teve sua base no pacifismo e o no isolacionismo da América. Os motivos que levaram os EUA a guerra foram às altas somas de dinheiro emprestadas a França e Inglaterra desde o início das hostilidades e a ameaça de não receber seus investimentos de volta. O ataque a navios norte-americanos foi a desculpa para intervir. Os navios levavam mantimentos (e armas escondidas) para Inglaterra. Por outro lado, prolongar a neutralidade impediria os EUA de alastrar sua influência mundial.

Foi um conflito de proporções inéditas até então e anunciou para cenário internacional o fim da hegemonia inglesa, simultaneamente com a projeção da nova potência os Estados Unidos da América. Longe de dar fim a matança generalizada, indiscriminada e industrializada a Primeira Guerra Mundial foi precursora numa série de técnicas e tecnologias radicais para o extermínio do inimigo e de suas populações. Todos os países foram atingidos, direta ou indiretamente. Milhões de pessoas foram mortas, as populações civis foram alvos de ataques, a desestruturação da economia da Europa foi generalizada, milhões de pessoas sofreram mutilações físicas e psicológicas. Em 1918, dos escombros da velha Europa se soergueram as claudicantes democracias liberais, a ameaça comunista e, a terceira via, o fascismo. Os avanços das ideologias de extrema-direita nos anos seguintes levaram a Segunda Guerra Mundial, num horror de proporções e dimensões ainda maiores.

Também cabe ressaltar, quanto à Primeira Guerra Mundial, que o período foi testemunha do uso e da evolução do cinema como arma de guerra. Quer seja do lado dos aliados, onde podemos ver até mesmo Chaplin com seu Carlitos nas trincheiras, de 1918, quanto do lado alemão, onde Ludendorf criou a UFA, uma empresa que reunia todas as produtoras de filme do Reich do Kaiser Guilherme II para propaganda no esforço de guerra. Todos os países foram atingidos, direta ou indiretamente. Milhões de pessoas foram mortas, as populações civis foram alvos de ataques, a desestruturação da economia da Europa foi generalizada, milhões de pessoas sofreram mutilações. Muitas dessas mutilações ocorreram no plano psicológico.

Nesse centenário do final da primeira hecatombe mundial, em que mais do que nunca, a ação insiste ameaçar matar a razão, a Sala Redenção – Cinema Universitário convida para um ciclo reflexivo através das imagens em movimento. Partindo de uma seleção de filmes de épocas diferentes que denunciam e materializam na tela a memória da barbárie.

SEM NOVIDADE NO FRONT
Dir. Lewis Milestone | EUA | 1930 | 127 min | Legendado
Um grupo de jovens alemães é convencido por um professor a se alistar no exército. Eles ficam muito entusiasmados com a ideia de lutar por seu país durante a Primeira Guerra Mundial, pois parece uma chance de viver novas experiências e provar para a sociedade o quanto são corajosos e patriotas.

10 de dezembro | 2°-feira | 16h
17 de dezembro | 2°-feira | 19h
20 de dezembro | 5°-feira | 16h

ETERNO AMOR
Dir.Jean-Pierre Jeunet | França | 2004 |134 min | Legendado
Após o término da 1ª Guerra Mundial, a jovem Mathilde (Audrey Tautou) aguarda notícias sobre Maneth (Gaspard Ulliel), seu noivo. Mathilde fica sabendo que Maneth fez parte de um grupo de cinco soldados que, individualmente, provocaram sua própria mutilação, para que deixassem a frente de batalha da guerra.

11 de dezembro | 3°-feira | 16h
17 de dezembro | 2°-feira | 16h
19 de dezembro | 4°-feira | 19h

FELIZ NATAL
Dir, Christian Carion | Fra,Ale,Gra | 2005 | 115 min | Legendado
Natal de 1914, em plena 1ª Guerra Mundial. A neve e presentes da família e do exército ocupam as trincheiras francesas, escocesas e alemãs, envolvidas no conflito. Durante a noite os soldados saem de suas trincheiras e deixam seus rifles de lado, para apertar as mãos do inimigo e confraternizar no Natal.

12 de dezembro | 4°-feira | 16h
20 de dezembro | 5°-feira | 19h

GALIPOLLI
Dir. Peter Weir | Austrália | 1981 | 111min | Legendado
Filme australiano protagonizado por dois rapazes, Mel Gibson e Mark Lee, que, como outros jovens das áreas rurais da Austrália Ocidental, se alistam no exército australiano durante a Primeira Guerra Mundial.

13 de dezembro | 5°-feira | 16h
14 de dezembro | 6°-feira | 19h
19 de dezembro | 4°-feira | 16h

CARLITOS NAS TRINCHEIRAS
Dir. Charles Chaplin | EUA | 1918 | 46 min | Legendado
O filme se passa na França, durante a Primeira Guerra Mundial. Chaplin faz um recruta que vira um herói e é convocado para uma perigosa missão que se localiza nas linhas inimigas. Isso seria bom, se tudo não passasse de um sonho.

13 de dezembro | 5°-feira | 19h
14 de dezembro | 6°-feira | 16h
20 de dezembro | 5°-feira | 16h

LAURENCE DA ARÁBIA
Dir. David Lean | ING,EUA | 1962 | 216 min | Legendado
Em 1935, quando pilotava sua motocicleta, T.E.Lawrence (Peter O'Toole) morre em um acidente e, em seu funeral, é lembrado de várias formas.

17 de dezembro | 2°-feira | 16h
18 de dezembro | 3°-feira | 19h
21 de dezembro | 6°-feira | 16 à 19h

ANJOS DO INFERNO
Dir. Howard Hughes | EUA | 1931 | 127 min | Legendado
Quando a Primeira Guerra Mundial estoura, os irmãos Monte (Ben Lyon) e Roy Rutledge (James Hall) deixam Osford para a Royal Flying Corps (RAF). Roy, um homem com forte moral, ama Helen (Jean Harlow), mas ela tem um caso com o irmão dele, Monte, um mulherengo.

10 de dezembro | 2°-feira | 19h
18 de dezembro | 3°-feira | 16h

Parceiros
CineDhebate Direitos Humanos 2018
SEM DESTINO (Easy Rider) Dir. Dennis Hopper | EUA | Aventura, Drama | 1969 | 95 min
Wyatt (Peter Fonda) e Billy (Dennis Hopper) são motoqueiros que viajam pelo sul dos Estados Unidos. Após levarem drogas do México até Los Angeles, eles as negociam com um homem em um Rolls-Royce.

Debate com Equipe NUCA/CIESS/FACED/UFRGS.
12 de dezembro | 4°-feira | 19h

Clube de Cinema
ERA UMA VEZ NO OESTE
Dir. Sergio Leono | Itália | 1968 | 175min | Legendado
11 de dezembro | 3°-feira | 19h

Tânia Cardoso de Cardoso
Coordenadora e curadora
Sala Redenção – Cinema Universitário
(51) 3308-4081

Cine Curiosidade: Do Processo ao Golpe Parlamentar



Agradecimentos aos organizadores do Jornal do Comércio que cederam o seu espaço para eu dar a minha opinião sobre o assunto.


Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram

sábado, 1 de dezembro de 2018

Cine Especial: Cine Iberê Camargo: BANG BANG (1971)


Sinopse:Nas palavras de um dos personagens “Era uma vez três bandidos muito maus. Dizia-se que um deles era a mãe dos outros, mas nada se sabia ao certo. Roubavam tudo, matavam tudo, comiam tudo. Mas isso também não se sabia ao certo”.

Experimental, confuso, desconexo, dinâmico, alucinado. O filme de Andrea Tonacci esbanja planos sequências de longa duração que, quase sempre, não estão diretamente relacionados com o plano anterior ou seguinte. Um espectador desatento poderia até pensar que não existe relação alguma, o que não estaria de todo errado. O grande segredo de Bang Bang, para mim, é justamente esse caos narrativo. A história é o que menos importa, e Tonacci deixa isso bem claro no final quando pela primeira vez a “mãe” dos ladrões começa contar a história do filme, mas é interrompida por uma torta sem remetente. O destinatário é claro: a todos aqueles que precisam e procuram uma narrativa transparente. Para eles o diretor manda uma torta, a la Gordo e Magro ou os Três Patetas. Sem dúvida um dos melhores representantes do nosso Cinema Marginal Brasileiro. 
 
Nota: o filme será exibido no próximo domingo (02/12/18) no Cine Iberê Camargo as 16horas. Fundação Iberê Camargo: Av. Padre Cacique, 2000 - Cristal, Porto Alegre. Sessões de cinema sempre aos Domingos às 16h.



Me sigam no Facebook, twitter, Google+ e instagram

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: VERÃO

Nota: filme será exibido no próximo domingo (02/12/18) para associados as 10h15min na Casa de Cultura de Porto Alegre. 
Sinopse: No verão de 1981, o rock underground chegava na Rússia Soviética, mais precisamente em Leningrado, onde hoje localiza-se a cidade de St. Petersburg. O jovem Viktor Tsoi ganhou fama internacional e tornou-se o primeiro grande representante russo do gênero. Além da música, ele também ficou conhecido pelas polêmicas relacionadas a sua vida pessoal, como o triângulo amoroso que viveu junto com o seu mentor musical, Mike, e a esposa dele, Natasha.


Visto como símbolo capitalista do ocidente, principalmente vindo dos EUA, o rock foi por muito tempo algo subversivo nos tempos da União Soviética. Contudo, isso começou a mudar, gradativamente, nos primeiros anos da década de 80, já que naqueles tempos deu início a políticas de liberação e diálogo. As bandas puderam finalmente sair das sombras e foram liberadas a gravarem álbuns​, revolucionando, assim, o cenário musical russo.
O filme Verão, dirigido por Kirill Serebrennikov, retrata o nascimento do rock underground na Rússia Soviética​, mais especificamente em Leningrado, onde hoje se localiza a cidade de St. Petersburg, nos apresentando músicos provavelmente pouco conhecidos pelo grande público. Simplificando, o filme é uma cine biografia de Viktor Tsoi (Teo Yoo) e de seu mentor Mike (Roman Bilyk), grandes​ representantes da música russa, ainda que se preocupe menos com este fato, confirmado apenas ao final da obra, e mais com a própria música, da qual se sobressai aos seus criadores e se torna o grande destaque da obra. Mike e Viktor viveram suas carreiras num contexto de passagem, um momento anterior ao processo de abertura política.
Ainda que pudessem se apresentar, seu trabalho estava sujeito ao controle dos poderosos da época. O acesso a artistas internacionais, por exemplo, era restrito; nos shows, seguranças não permitiam nenhuma resposta vibrante com relação aos músicos, pois um simples cartaz, por exemplo, poderia ser censurado e letras precisavam ser explicadas para serem aprovadas pelos censores. É aí que a música ganha o seu espaço como elemento anarquista e revolucionário.
Embora os protagonistas quase não manifestem suas opiniões sobre aquele universo que  vivem, vale a ideia de que toda a vida se vale pela política. Os artistas se colocam no mundo através da música, invertendo as  regras e expressando os sentimentos de raiva e paixão por elas. Há também certa nostalgia com relação a época onde se passa o filme, fortalecida por sua belíssima fotografia em preto e branco e que remete os tempos mais dourados do cinemão russo do final dos anos 70.
O lado convencional da trama é quebrado no momento em que os protagonistas cantam músicas famosas, e por representar um filme amador em cores, com cenas do verão em que eles se conheceram, e onde teve início o triângulo amoroso formado por Mike, sua esposa Natasha e Viktor. Há na tela sempre aquele desejo no ar, porém, nunca consumado. A felicidade é projetada num passado idealizado ou num momento imaginado.
Essa sensação geral que o filme transmite pode estar relacionada também com seu próprio processo de produção. Infelizmente o cineasta Kirill Serebrennikov foi acusado pelo atual governo russo de apropriação indevida dos fundos orçamentários de um teatro que ele administra, e finalizou o trabalho em prisão domiciliar, sem contato algum com o restante da equipe. Mas, mesmo em uma situação difícil, Serebrennikov fez um belo filme, sensível e vibrante com as  cenas musicais.
Foi certa também a decisão de ficcionalizar em cima de fatos verídicos. A liberdade criativa em Verão se destaca, pois é pela criatividade que nos salvará, ou que pelo menos nos trará conforto em tempos retrógrados.


Siga o Clube de Cinema de Porto Alegre através das redes sociais:
Facebook: www.facebook.com/ccpa1948
twitter: @ccpa1948  
Instagram: @ccpa1948