Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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Sinopse: Uma Batalha Após A Outra acompanha Bob Ferguson (Leonardo DiCaprio) num jornada implacável para resgatar sua filha de um de seus inimigos que retorna após 16 anos sumido.
Ne Zha 2: o Renasner da Alma
Sinopse: Ne?Zha?2 - O Renascer da Alma acompanha os espíritos de Ne?Zha e Ao?Bing após a batalha final, quando seus corpos são destruídos. Reerguidos pela flor de lótus sete colorida, precisam unir forças para enfrentar dragões marinhos que ameaçam a Passagem de Chen Tang. Ao longo dessa jornada, descobrem sacrifício, amizade e seu verdadeiro destino como heróis da humanidade, com visuais grandiosos e cenas de ação emocionantes.
Missão Pet
Sinopse: Um trem em alta velocidade parte inesperadamente, levando apenas animais de estimação. Por trás dessa viagem emocionante, eles descobrem que está Hans, um texugo rancoroso em busca de vingança. Quando o acidente parece inevitável, Falcon, um guaxinim inteligente, e os amigos entram em ação para salvar todos a bordo em uma incrível missão.
Zoopocalipse - Uma Aventura Animal
Sinopse: Um meteoro libera um vírus que transforma animais de zoológico em zumbis. Uma onça-da-montanha e um lobo lideram uma equipe de sobreviventes para salvar o dia.
“Paraíso em Chamas” e “Bicho Monstro” estreiam no CineBancários em 25 de setembro. “O Último Azul”, de Gabriel Mascaro, completa a programação do cinema localizado na Casa dos Bancários
O filme sueco “Paraíso em Chamas”, vencedor do prêmio de melhor direção no Festival de Veneza, estreia dia 25 de setembro no CineBancários junto de “Bicho Monstro”, longa premiado no Festival de Gramado. Na programação da cinesemana também está o filme nacional “O Último Azul”, dirigido por Gabriel Mascaro.
Dirigido por Mika Gustafson, “Paraíso em Chamas” acompanha o cotidiano de três irmãs que vivem sozinhas em um bairro operário na Suécia, lidando com a ausência da mãe e tentando evitar a separação pelos serviços sociais. As protagonistas, Laura (16 anos), Mira (12) e Steffi (7), se mantêm unidas durante o verão, em meio a uma rotina marcada por liberdade, improviso e ausência de adultos. Quando o conselho tutelar convoca uma reunião para discutir o futuro delas, Laura tenta proteger as irmãs sem contar o que está acontecendo. Em segredo, ela busca uma mulher que aceite se passar por sua mãe para evitar que sejam colocadas em lares separados. À medida que a data do encontro se aproxima, as tensões emergem e a dinâmica entre as três começa a mudar.
O roteiro é assinado por Mika Gustafson em parceria com Alexander Öhrstrand e foi desenvolvido a partir de oficinas com as atrizes, todas estreantes. A encenação privilegia uma estética naturalista e acompanha de perto os corpos e gestos das personagens, em uma abordagem que dialoga com o cinema social escandinavo.
Dirigido pelo campo-bonense Germano de Oliveira, “Bicho Monstro” aposta no realismo fantástico para contar lenda da imigração alemã, o Thiltapes
Em um vilarejo rural de colonização alemã, a pequena Ana assiste a uma peça sobre a história do Thiltapes, um perigoso animal que vive na mata cuja forma real ninguém conhece. Duzentos anos antes, um botanista que escreve sobre a região ouve falar sobre esse mesmo animal. As histórias se intercalam, ambos em uma obcecada busca pelo Thiltapes imaginário, ao mesmo tempo em que encaram seus próprios demônios.
Esta é a premissa de "Bicho Monstro", longa do campo-bonense Germano de Oliveira, que estreia no CineBancários na sessão das 19h. A produção, rodada nas cidades gaúchas de Santa Maria do Herval e Morro Reuter, teve sua première na competitiva Novos Diretores da 48a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, onde entrou na lista dos 16 filmes favoritos do público.
O filme venceu melhor direção de fotografia e direção de arte na mostra gaúcha do 53o Festival de Cinema de Gramado, para Bruno Polidoro e Gabriela Burck, respectivamente.
O diretor Germano de Oliveira buscou inspiração no realismo fantástico e em sua familiaridade com os vilarejos interioranos. Da junção desses elementos veio o Thiltapes, o pássaro fantasioso referenciado em áreas de imigração alemã: “desse contato vem a ideia de trabalhar esse registro de um animal muito local, uma lenda muito contada na região, e tentar explorar um pouco essas diferentes versões que essa lenda, esse mito pode assumir”.
“São muitas as formas possíveis do animal imaginário, assim como o tom com que a história pode se apresentar: desde uma brincadeira engraçada até um conto de terror”, explica o realizador. “O filme busca apresentar essa profusão de formas da mesma história e o contágio dessa narrativa através do tempo. A partir dela, tanto uma menina no presente, como um botanista no passado inventam seus próprios monstros a partir de seus conflitos pessoais”, resume.
PROGRAMAÇÃO DE 25 DE SETEMBRO A 01 DE OUTUBRO
ESTREIAS:
PARAÍSO EM CHAMAS
Suécia, Itália, Dinamarca, Finlândia/ Drama/ 2023/110 min
Direção: Mika Gustafson
Sinopse: Numa região operária da Suécia, as irmãs Laura, Mira e Steffi sobrevivem sozinhas, deixadas à própria sorte pela mãe ausente. Com o verão chegando e sem os pais por perto, elas levam uma vida anárquica, sem preocupações. Mas quando o conselho tutelar convoca uma reunião, Laura precisa encontrar alguém que se passe pela mãe, ou as meninas serão levadas para um orfanato e separadas. Ela mantém essa ameaça em segredo, mas à medida que o momento da reunião se aproxima, as três garotas se veem forçadas a encarar os conflitos entre a liberdade e a dura realidade do amadurecimento.
Vencedor do prêmio de melhor direção da seção Horizontes do Festival de Veneza.
Elenco: Bianca Delbravo, Dilvin Asaad, Safira Mossberg, Ida Engvoll, Mitja Siren, Marta Oldenburg, Andrea Edwards.
BICHO MONSTRO
Brasil/ Drama/2024/74min.
Direção: Germano de Oliveira
Sinopse: Em um vilarejo rural de colonização alemã, a pequena Ana assiste a uma peça sobre a história do Thiltapes. É um perigoso animal que vive na mata, mas ninguém conhece sua forma real. Duzentos anos antes, um botanista que escreve sobre a região ouve falar sobre esse mesmo bicho. As histórias desses personagens se intercalam, ambos em uma obcecada busca pelo Thiltapes imaginário, ao mesmo tempo em que encaram os próprios demônios: o debilitado botanista ávido por uma descoberta que justifique a viagem e Ana intrigada com o pai, suspeito de ter cometido um crime brutal contra a vaca de um vizinho.
Elenco: Kamilly Wagner, Araci Esteves, Décio Worst, Daniel Tonin Lorenzon, Pascal Berten, Geraldo Souza, Alex Pantera.
EM CARTAZ:
O ÚLTIMO AZUL
Brasil/ Drama/ 2024
Direção: Gabriel Mascaro
Sinopse: Tereza tem 77 anos, reside em uma cidade industrializada na Amazônia e recebe um chamado oficial do governo para residir numa colônia habitacional compulsória onde idosos devem "desfrutar" de seus últimos anos, permitindo que a juventude produza sem se preocupar com os mais velhos. Antes do exílio forçado, Tereza embarca numa jornada pelos rios e afluentes para realizar um último desejo que pode mudar seu rumo para sempre.
Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 14 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 7. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo. Na quinta-feira, a meia-entrada (R$ 7) é para todos e todas.
CineBancários
Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre
Mais informações pelo telefone (51) 3030.9405 ou pelo e-mail cinebancarios@sindbancarios.org.br
Sinopse: Malu é uma atriz desempregada que vive das memórias de seu passado glorioso e divide uma casa em uma favela do Rio de Janeiro com sua mãe conservadora. Ela também tem um relacionamento conturbado com sua filha.
Se a Democracia brasileira de hoje é frágil, sendo que a qualquer momento pode ser atacada por um golpe de estado, é porque infelizmente esta geração Z não se preocupa em olhar para trás e estudar o seu próprio passado. No filme "Rasga Coração" (2018), por exemplo, o diretor Jorge Furtado cria um paralelo entre o passado dos tempos de chumbo como presente e revelando uma geração perdida e não sabendo ao certo pelo que lutar. "Malu" (2023) fala sobre o atrito de três gerações ligadas pelo sangue, mas cujo olhar perante o mundo faz com que elas se separem quase sempre.
Dirigido por Pedro Freire, o filme é inspirado na vida pessoal da sua mãe, a atriz Malu Rocha, que aqui é vivida por Yara de Novaes. Vemos Malu como uma atriz desempregada, que vive em uma casa caindo em ruínas ao lado de sua mãe conservadora interpretada por Juliana Carneiro da Cunha. Não demora muito para que surja Joana, interpretada pela atriz Carol Duarte e que aqui faz a filha de Malu, que procura tentar ajudar a sua mãe de todas as formas, mas que logo perceberá o inferno astral que irá adentrar por conta dessa escolha.
Pedro Freire procura, acima de tudo, filmar o seu maior trunfo que é justamente o trio central em cena e sendo que cada uma das atrizes surpreende de tal maneira que ficamos até mesmo temendo as suas próximas ações após determinado embate verbal. Malu é uma entidade da natureza, que viveu através da arte do teatro, mas que viu os seus sonhos serem destruídos a partir dos tempos de censura e retrocessos na época da ditadura. O seu temperamento explosivo não é somente por ter nascido com uma personalidade forte, como também uma sequela das perseguições que uma geração inteira passou em tempos em que a cultura era a principal arma contra a tirania.
Yara de Novaes nos brinda com uma das suas melhores atuações de sua carreira, onde a sua personagem não tem papas na língua para dizer o que pensa e principalmente contra aqueles que não compreendem a sua real natureza. Neste caso, por exemplo, temos uma avó conservadora que atravessou a linha diversas vezes para domar a própria filha, mas nos dando a entender que a própria não tem culpa por possuir uma mente tão retrógrada, já que ela foi moldada em tempos em que ser mulher era o mesmo que ser propriedade de uma realidade patriarcada. Quando ela tenta se entrosar com a filha em uma determinada cena, por exemplo, é então que ela baixa a guarda e revelando um ser frágil e vítima de um passado de erros que não se pode repetir no futuro.
Porém, nós esperamos esse posicionamento dessa senhora, mas talvez tanto Malu como as pessoas que assistem a trama deseja que a filha da protagonista procure entender esse lado da história. Joana é pertencente à geração dos anos noventa, sendo que somente viu resquícios do que era uma ditadura e pouco se preocupando com a possibilidade do retorno dela. Porém, a mãe ecoa a sua história de forma incansável, pois dá a entender que o passado sombrio ainda ecoa em seu próprio presente, mas a filha não entende ou procura não entender o seu lado.
Ambas as atrizes em cena dão um verdadeiro show de interpretação sendo, que as desavenças entre mãe e filha geram bastante tensão e revelando segredos até então guardados, pois a verdade machuca em todos os sentidos. Ao final, constatamos que Malu nada pode fazer, a não ser prosseguir com o que tem, mas tendo consciência de um mal à espreita que a filha procura ignorar. Portanto, a cena final onde ela pergunta para filha aonde elas estão indo, não simboliza somente uma mente febril, como também uma sociedade brasileira que não soube e ainda não sabe conduzir um país para uma democracia estabilizada e sem se preocupar com a sombra do passado da tirania.
"Malu" é um poderoso conto não somente de uma mulher movida pelo seu passado, como também uma síntese de um país ainda desgovernado desde os tempos de chumbo.
A cinemasemana que encerra o mês de setembro traz o relançamento de PARIS, TEXAS, o filme icônico da trajetória do cineasta alemão Wim Wenders lançado há 40 anos. Outra novidade é o longa gaúcho BICHO MONSTRO, do diretor Germano de Oliveira, inspirado em uma animal lendário que marca região de colonização alemã no Rio Grande do Sul. Também temos a estreia do longa PARAÍSO EM CHAMAS, da diretora sueca Mika Gustafson, com um olhar sobre a infância periférica do seu país. Por fim, o GHIBLI FESTIVAL entra em sua segunda semana de sucesso absoluto de público, com sessões lotadas e várias exibições extras de acordo com a demanda.
Seguem em cartaz, em horários alternados, as coproduções SONHAR COM LEÕES, entre Brasil e Portugal, e DORMIR COM OLHOS ABERTOS, que une Brasil, Taiwan e Alemanha. O público ainda pode conferir dois outros títulos elogiados pela crítica e com boa repercussão entre os frequentadores: 3 OBÁS DE XANGÔ, que destaca as trajetórias dos baianos Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé, e O ÚLTIMO AZUL, do diretor pernambucano Gabriel Mascaro, que já ultrapassou a marca de 100 mil espectadores.
Confira a programação completa da cinemateca no site oficial clicandoaqui.
Sinopse: Elio, um azarão com uma imaginação fértil, se vê inadvertidamente teletransportado para o Comuniverso.
A Pixar já foi sinônimo de estúdio que sempre acerta ao lançar longas animados que se tornaram verdadeiros clássicos. Porém esse tempo passou, sendo que recentemente o estúdio tem se preocupado mais em lançar continuações dos seus longas de maior sucesso ao invés de se arriscar e criar algo. No caso de "Elio" (2025) ele tinha algo maior para nos transmitir, mas não sendo esse desastre que todos ficaram dizendo.
Dirigido por Madeline Sharafian, Domee Shi e Adrian Molina, o filme conta a história de Elio (Yonas Kibreab), um menino de 11 anos sonhador, artístico e criativo. Sua fascinação pelo espaço e sua obsessão por aliens e vida fora da Terra acabam o levando por engano para Comuniverso, um reino onde opera uma organização interplanetária que abriga representantes de múltiplas e diferentes galáxias. Ao mesmo tempo, a sua tia deseja o seu retorno, mas mal sabendo que o seu sobrinho acabou se metendo.
Pelo que me foi dito o filme passou por diversas refilmagens, desde mudanças no roteiro, exclusão da representatividade de certos personagens e fazendo com que o resultado se tornasse diferente. Pelo primeiro ato, por exemplo, se percebe que iriamos ver um jovem em busca dos seus sonhos, mas ao mesmo tempo tentando provar o seu valor mesmo com as suas limitações, sendo que o machucado do seu olho teria ainda maior profundidade dentro da história, mas se tornando somente um pequeno detalhe que poderia ter sido até mesmo descartado no decorrer da história. Ao mesmo tempo, é curioso como o tom do filme muda gradativamente, cujos elementos dramáticos dão lugar para momentos mais coloridos, como se em alguns momentos estivéssemos assistindo dois filmes em um.
Isso, porém, não prejudica a experiência de assisti-lo, já que há sim os elementos de sucesso do estúdio dentro da trama, desde o protagonista superar os seus medos, como também abraçar no que ele estava sendo predestinado. Ao mesmo tempo, há uma exploração com relação sobre o que é família, de como os pais têm dificuldade de aceitar os seus filhos como eles são, mas jamais os abandonando, não importa o quanto difícil seja. Neste último caso, por exemplo, essa mensagem é transmitida através do personagem que menos tinha a ver com esse dilema, mas provando que esses conflitos se encontram em qualquer tipo de pessoa e não importando como ela seja.
Como sempre, é um filme que irá atrair as crianças pelo seu lado fofo e colorido, mas ao mesmo tempo atraindo um olhar mais adulto e fazendo com que os pais se identifiquem com a mensagem principal do longa como um todo. Claro que poderia ter tido chances de ter se tornado algo maior, mas a meu ver os engravatados do estúdio estão mais preocupados em obter cifras do que na realização de um longa original. Pelo visto, a Pixar acabou se tornando algo não muito diferente do que se vê em outros estúdios e fazendo com que o seu futuro se torne cada vez mais indefinido nas mãos da toda poderosa Disney.
"Elio" é um longa divertido para todas as idades, mesmo quando a gente se dá conta que ele tinha potencial maior para atingir novos horizontes.
Na sexta-feira, 26 de setembro, às 19h30, a mostra Alucinação dos Mapas apresenta uma edição especial do Projeto Raros com Amor à Primeira Vista (1975), de Rezo Esadze, obra-prima do cinema georgiano produzida nos anos 1970, no período soviético. Com entrada franca, a sessão tem apoio do Arquivo Nacional da Geórgia.
No sábado, 27 de setembro, às 18h, a Sessão Reconto apresenta a cópia restaurada em 4k de Terra Estrangeira, dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas, seguida de debate com integrantes do coletivo de psicanálise Reconto. A entrada custa R$16, com ingressos à venda no dia, a partir das 17h, diretamente na bilheteria da Cinemateca. O pagamento é feito somente em dinheiro.
Os Malditos, o novo filme do diretor ítalo-americano Roberto Minervini, entra em cartaz na sexta-feira, 26 de setembro. Deuses da Peste, de Tiago Mata Machado e Gabriela Luiza, segue em exibição. O valor do ingresso é R$ 16,00.
No domingo, 28 de setembro, serão realizadas exibições únicas de documentários restaurados: Techqua Ikachi – Terra, Minha Vida, de James Danaqyumptewa, Agnes Barmettler e Anka Schmid, em torno da resistência cultural do povo Hopi nos Estados Unidos; e Sobre Alguns Eventos Sem Sentido, de Mostafa Derkaoui, marco do cinema marroquino proibido em sua época, recentemente recuperado. Entrada franca.
Sinopse: De Stephen King e Mike Flanagan, A VIDA DE CHUCK apresenta a extraordinária história de um homem comum. A jornada de Charles "Chuck" Krantz (Tom Hiddleston) é contada de forma única e emocionante, misturando gêneros para explorar os altos e baixos da existência humana.
Mike Flanagan é um cineasta que tem ganhado certo prestígio em um momento que o gênero de horror tem feito grande sucesso, tanto no cinema como para a tv. Pela Netflix, por exemplo, ele ganhou notoriedade a partir de "A Maldição da Residência Hill" (2018) e pelo cinema surpreendeu ao fazer "Ouija - Origem Do Mal" (2026), sendo que o filme em si era muito superior ao filme original. Eis então que ele adentra ao universo do mestre da literatura Stephen King ao fazer adaptação para o cinema de "A Vida de Chuck" (2024) onde a trama adentra a ligação da vida humana com realidade infinita em sua volta.
Na trama, o filme explora sobre a vida de Charles Krantz (Tom Hiddleston) de forma inversa através de três partes que se interligam. Começando com sua morte precoce aos 39 anos devido a um tumor cerebral, a narrativa revela os eventos que moldaram sua vida, culminando na casa de sua infância, envolta em mistério e supostamente assombrada. Cada parte desvenda um aspecto crucial da jornada de Krantz, oferecendo uma reflexão sobre afirmação da vida e transformação da raça humana.
Embora não seja exatamente um conto de horror, a história possui todos os ingredientes que Stephen King, desde ao criar uma história fantástica, mas que ao mesmo tempo se entrelaça com dilemas sobre a vida. O filme vem em um momento sobre a identificação em que a humanidade se encontra atualmente, onde cada vez mais se vê assombrada tanto por políticas retrógradas, como também uma resposta da própria mãe terra. Porém, acima de tudo, o filme explora a questão sobre a vida individual de cada um, sendo que o ser humano pode guardar para si a sua própria realidade que ele testemunhou ao longo da vida e fazendo da sua jornada não só uma mera passagem nesta terra.
Dividida em três atos, a trama não nos mostra em um primeiro momento o protagonista, mas deixando que os personagens que ele havia se cruzado ao longo da vida sejam os personagens principais e cujo mesmos testemunham o fim de tudo. E quando achamos que estamos testemunhando um filme apocalíptico, eis que a trama nos surpreende ao revelar quem é Chuck, sendo que ele aparecia somente em uma enigmática cena de anúncios enquanto os demais personagens, além de nós, ficam se perguntando quem é ele.
Mike Flanagan procura não moldar o que já está feito pela escrita de Stephen King, mas sabendo conduzir a adaptação com tamanha segurança que faz com que a gente deseje que ele se torne o realizador das próximas adaptações dos livros do escritor para o cinema. O surgimento de Chuck, interpretado com intensidade por Tom Hiddleston, é talvez um dos momentos mais singelos do cinema deste ano, já que tudo culmina em um verdadeiro número musical e fazendo com que a cena encha os nossos olhos de forma imediata. Não é todo dia que um número musical surge de forma tão inusitada em uma trama que não estava dando nenhuma pista de que iria acontecê-la.
No decorrer da trama vemos as motivações que levaram o protagonista a protagonizar esse grande momento, mas em sua fase mais jovem e é então que sentimos ainda mais o universo de Stephen King na tela. Nesta fase, agora vivido pelo jovem ator Jacob Tremblay, vemos Chuck vivendo com os seus avôs, mas convivendo também com um grande mistério com relação a um quarto da casa e que não pode ser adentrado. É por esse mistério que o avô rouba a cena, mas isso graças a surpreendente atuação de Mark Hamill e que sinceramente não havia reconhecido que era o eterno Luke Skywalker em cena.
Com um grande elenco, que inclui Chiwetel Ejiofor e Karen Gillan, o filme nos faz refletir sobre a vida, de como somos um ponto minúsculo deste universo, mas tendo a possibilidade de sermos os responsáveis pelo próprio mundo em que vivemos. Confesso que o filme me fez relembrar sobre certos pensamentos que eu tive ao longo da vida, fazendo com que a sua proposta nos pegue no coração em cheio, mesmo com a sua complexidade nas entrelinhas, mas colocando acima de tudo o lado filosófico sobre a vida humana. É uma pena que nem todos irão captar a mensagem de forma imediata, mas da minha parte o filme irá com certeza obter uma certa revisão futura.
"A Vida de Chuck" é uma das gratas surpresas deste ano, ao revelar uma nova faceta do escritor Stephen King, mas também fazendo a gente identificar elementos de sucesso vindo de suas outras obras que foram adaptadas para o cinema.