Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
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A cinemasemana que encerra o mês de setembro traz o relançamento de PARIS, TEXAS, o filme icônico da trajetória do cineasta alemão Wim Wenders lançado há 40 anos. Outra novidade é o longa gaúcho BICHO MONSTRO, do diretor Germano de Oliveira, inspirado em uma animal lendário que marca região de colonização alemã no Rio Grande do Sul. Também temos a estreia do longa PARAÍSO EM CHAMAS, da diretora sueca Mika Gustafson, com um olhar sobre a infância periférica do seu país. Por fim, o GHIBLI FESTIVAL entra em sua segunda semana de sucesso absoluto de público, com sessões lotadas e várias exibições extras de acordo com a demanda.
Seguem em cartaz, em horários alternados, as coproduções SONHAR COM LEÕES, entre Brasil e Portugal, e DORMIR COM OLHOS ABERTOS, que une Brasil, Taiwan e Alemanha. O público ainda pode conferir dois outros títulos elogiados pela crítica e com boa repercussão entre os frequentadores: 3 OBÁS DE XANGÔ, que destaca as trajetórias dos baianos Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé, e O ÚLTIMO AZUL, do diretor pernambucano Gabriel Mascaro, que já ultrapassou a marca de 100 mil espectadores.
Confira a programação completa da cinemateca no site oficial clicandoaqui.
Sinopse: Elio, um azarão com uma imaginação fértil, se vê inadvertidamente teletransportado para o Comuniverso.
A Pixar já foi sinônimo de estúdio que sempre acerta ao lançar longas animados que se tornaram verdadeiros clássicos. Porém esse tempo passou, sendo que recentemente o estúdio tem se preocupado mais em lançar continuações dos seus longas de maior sucesso ao invés de se arriscar e criar algo. No caso de "Elio" (2025) ele tinha algo maior para nos transmitir, mas não sendo esse desastre que todos ficaram dizendo.
Dirigido por Madeline Sharafian, Domee Shi e Adrian Molina, o filme conta a história de Elio (Yonas Kibreab), um menino de 11 anos sonhador, artístico e criativo. Sua fascinação pelo espaço e sua obsessão por aliens e vida fora da Terra acabam o levando por engano para Comuniverso, um reino onde opera uma organização interplanetária que abriga representantes de múltiplas e diferentes galáxias. Ao mesmo tempo, a sua tia deseja o seu retorno, mas mal sabendo que o seu sobrinho acabou se metendo.
Pelo que me foi dito o filme passou por diversas refilmagens, desde mudanças no roteiro, exclusão da representatividade de certos personagens e fazendo com que o resultado se tornasse diferente. Pelo primeiro ato, por exemplo, se percebe que iriamos ver um jovem em busca dos seus sonhos, mas ao mesmo tempo tentando provar o seu valor mesmo com as suas limitações, sendo que o machucado do seu olho teria ainda maior profundidade dentro da história, mas se tornando somente um pequeno detalhe que poderia ter sido até mesmo descartado no decorrer da história. Ao mesmo tempo, é curioso como o tom do filme muda gradativamente, cujos elementos dramáticos dão lugar para momentos mais coloridos, como se em alguns momentos estivéssemos assistindo dois filmes em um.
Isso, porém, não prejudica a experiência de assisti-lo, já que há sim os elementos de sucesso do estúdio dentro da trama, desde o protagonista superar os seus medos, como também abraçar no que ele estava sendo predestinado. Ao mesmo tempo, há uma exploração com relação sobre o que é família, de como os pais têm dificuldade de aceitar os seus filhos como eles são, mas jamais os abandonando, não importa o quanto difícil seja. Neste último caso, por exemplo, essa mensagem é transmitida através do personagem que menos tinha a ver com esse dilema, mas provando que esses conflitos se encontram em qualquer tipo de pessoa e não importando como ela seja.
Como sempre, é um filme que irá atrair as crianças pelo seu lado fofo e colorido, mas ao mesmo tempo atraindo um olhar mais adulto e fazendo com que os pais se identifiquem com a mensagem principal do longa como um todo. Claro que poderia ter tido chances de ter se tornado algo maior, mas a meu ver os engravatados do estúdio estão mais preocupados em obter cifras do que na realização de um longa original. Pelo visto, a Pixar acabou se tornando algo não muito diferente do que se vê em outros estúdios e fazendo com que o seu futuro se torne cada vez mais indefinido nas mãos da toda poderosa Disney.
"Elio" é um longa divertido para todas as idades, mesmo quando a gente se dá conta que ele tinha potencial maior para atingir novos horizontes.
Na sexta-feira, 26 de setembro, às 19h30, a mostra Alucinação dos Mapas apresenta uma edição especial do Projeto Raros com Amor à Primeira Vista (1975), de Rezo Esadze, obra-prima do cinema georgiano produzida nos anos 1970, no período soviético. Com entrada franca, a sessão tem apoio do Arquivo Nacional da Geórgia.
No sábado, 27 de setembro, às 18h, a Sessão Reconto apresenta a cópia restaurada em 4k de Terra Estrangeira, dirigido por Walter Salles e Daniela Thomas, seguida de debate com integrantes do coletivo de psicanálise Reconto. A entrada custa R$16, com ingressos à venda no dia, a partir das 17h, diretamente na bilheteria da Cinemateca. O pagamento é feito somente em dinheiro.
Os Malditos, o novo filme do diretor ítalo-americano Roberto Minervini, entra em cartaz na sexta-feira, 26 de setembro. Deuses da Peste, de Tiago Mata Machado e Gabriela Luiza, segue em exibição. O valor do ingresso é R$ 16,00.
No domingo, 28 de setembro, serão realizadas exibições únicas de documentários restaurados: Techqua Ikachi – Terra, Minha Vida, de James Danaqyumptewa, Agnes Barmettler e Anka Schmid, em torno da resistência cultural do povo Hopi nos Estados Unidos; e Sobre Alguns Eventos Sem Sentido, de Mostafa Derkaoui, marco do cinema marroquino proibido em sua época, recentemente recuperado. Entrada franca.
Sinopse: De Stephen King e Mike Flanagan, A VIDA DE CHUCK apresenta a extraordinária história de um homem comum. A jornada de Charles "Chuck" Krantz (Tom Hiddleston) é contada de forma única e emocionante, misturando gêneros para explorar os altos e baixos da existência humana.
Mike Flanagan é um cineasta que tem ganhado certo prestígio em um momento que o gênero de horror tem feito grande sucesso, tanto no cinema como para a tv. Pela Netflix, por exemplo, ele ganhou notoriedade a partir de "A Maldição da Residência Hill" (2018) e pelo cinema surpreendeu ao fazer "Ouija - Origem Do Mal" (2026), sendo que o filme em si era muito superior ao filme original. Eis então que ele adentra ao universo do mestre da literatura Stephen King ao fazer adaptação para o cinema de "A Vida de Chuck" (2024) onde a trama adentra a ligação da vida humana com realidade infinita em sua volta.
Na trama, o filme explora sobre a vida de Charles Krantz (Tom Hiddleston) de forma inversa através de três partes que se interligam. Começando com sua morte precoce aos 39 anos devido a um tumor cerebral, a narrativa revela os eventos que moldaram sua vida, culminando na casa de sua infância, envolta em mistério e supostamente assombrada. Cada parte desvenda um aspecto crucial da jornada de Krantz, oferecendo uma reflexão sobre afirmação da vida e transformação da raça humana.
Embora não seja exatamente um conto de horror, a história possui todos os ingredientes que Stephen King, desde ao criar uma história fantástica, mas que ao mesmo tempo se entrelaça com dilemas sobre a vida. O filme vem em um momento sobre a identificação em que a humanidade se encontra atualmente, onde cada vez mais se vê assombrada tanto por políticas retrógradas, como também uma resposta da própria mãe terra. Porém, acima de tudo, o filme explora a questão sobre a vida individual de cada um, sendo que o ser humano pode guardar para si a sua própria realidade que ele testemunhou ao longo da vida e fazendo da sua jornada não só uma mera passagem nesta terra.
Dividida em três atos, a trama não nos mostra em um primeiro momento o protagonista, mas deixando que os personagens que ele havia se cruzado ao longo da vida sejam os personagens principais e cujo mesmos testemunham o fim de tudo. E quando achamos que estamos testemunhando um filme apocalíptico, eis que a trama nos surpreende ao revelar quem é Chuck, sendo que ele aparecia somente em uma enigmática cena de anúncios enquanto os demais personagens, além de nós, ficam se perguntando quem é ele.
Mike Flanagan procura não moldar o que já está feito pela escrita de Stephen King, mas sabendo conduzir a adaptação com tamanha segurança que faz com que a gente deseje que ele se torne o realizador das próximas adaptações dos livros do escritor para o cinema. O surgimento de Chuck, interpretado com intensidade por Tom Hiddleston, é talvez um dos momentos mais singelos do cinema deste ano, já que tudo culmina em um verdadeiro número musical e fazendo com que a cena encha os nossos olhos de forma imediata. Não é todo dia que um número musical surge de forma tão inusitada em uma trama que não estava dando nenhuma pista de que iria acontecê-la.
No decorrer da trama vemos as motivações que levaram o protagonista a protagonizar esse grande momento, mas em sua fase mais jovem e é então que sentimos ainda mais o universo de Stephen King na tela. Nesta fase, agora vivido pelo jovem ator Jacob Tremblay, vemos Chuck vivendo com os seus avôs, mas convivendo também com um grande mistério com relação a um quarto da casa e que não pode ser adentrado. É por esse mistério que o avô rouba a cena, mas isso graças a surpreendente atuação de Mark Hamill e que sinceramente não havia reconhecido que era o eterno Luke Skywalker em cena.
Com um grande elenco, que inclui Chiwetel Ejiofor e Karen Gillan, o filme nos faz refletir sobre a vida, de como somos um ponto minúsculo deste universo, mas tendo a possibilidade de sermos os responsáveis pelo próprio mundo em que vivemos. Confesso que o filme me fez relembrar sobre certos pensamentos que eu tive ao longo da vida, fazendo com que a sua proposta nos pegue no coração em cheio, mesmo com a sua complexidade nas entrelinhas, mas colocando acima de tudo o lado filosófico sobre a vida humana. É uma pena que nem todos irão captar a mensagem de forma imediata, mas da minha parte o filme irá com certeza obter uma certa revisão futura.
"A Vida de Chuck" é uma das gratas surpresas deste ano, ao revelar uma nova faceta do escritor Stephen King, mas também fazendo a gente identificar elementos de sucesso vindo de suas outras obras que foram adaptadas para o cinema.
De 23 a 26 de setembro, a Sala Redenção apresenta a “Mostra das Línguas Europeias”, em celebração ao Dia Europeu das Línguas. Com sessões em três horários – 14h, 16h e 19h –, a programação contempla nove longas-metragens em seis diferentes idiomas: Português, Espanhol, Francês, Albanês, Holandês e Alemão.
Nas sessões das 14h, a mostra apresenta filmes que tematizam a Segunda Grande Guerra, como “Adeus, meninos” (1987), de Louis Malle, “Eu tinha 19 anos” (1968), de Konrad Wolf, e “Inverno em tempo de guerra” (2008), de Martin Koolhoven. Outros destaques da programação são “O grito das leoas” (2022), de Luana Bajrami, produção do Kosovo falada em albanês; “O diário de Otsoga” (2021), dos diretores portugueses Maureen Fazendeiro e Miguel Gomes; e “Os piores” (2022), de Lise Akoka e Romane Gueret, premiado no Festival de Cannes em 2022.
A entrada é franca e aberta à comunidade em geral. A Sala Redenção está localizada no campus centro da UFRGS, com entrada mais próxima pela Rua Engenheiro Luiz Englert, 333.
“Mostra das Línguas Europeias” é uma realização do Cinema Universitário em parceria com o Instituto Goethe, Aliança Francesa, Instituto Cervantes, Consulado Geral do Reino dos Países Baixos e Vitrine Filmes.
Confira a programação completa no site oficial da sala clicandoaqui.
EXPRESSIONISMO ALEMÃO: A ARTE DA LUZ E A POLÍTICA DAS SOMBRAS
de Daniel de Bem
* Datas: 11 e 12 / Outubro (sábado e domingo)
* Local: Cinemateca Capitólio (Rua Demétrio Ribeiro, 1085 - Centro - Porto Alegre - RS)
* Horário: 14h30 às 17h30
* APROVEITE O 1º LOTE PROMOCIONAL *
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* INSCRIÇÃO COMBO COM LIVRO INCLUÍDO *
Apresentação
O Expressionismo Alemão é um dos mais celebrados movimentos ocorridos nas primeiras décadas de desenvolvimento do Cinema. Amalgamando o experimentalismo técnico de uma arte nova com influências muito marcadas do Teatro e da Pintura, os filmes constelados dentro dessa abordagem compartilham temas e linguagens que refletem tanto o espírito de sua época, quanto de seu povo.
Apostando no fantástico, no grotesco, no distorcido, no ambíguo – do enredo à interpretação, passando pela maquiagem, cenografia, iluminação, montagem –, destaca-se nos filmes do Expressionismo Alemão uma ambientação lúgubre que ressalta uma apresentação de personagens dramáticas, carregadas de emoções amplificadas e sombrias, num diálogo com as questões políticas e sociais que impactaram a vida e o imaginário da nação alemã no começo do século XX.
Objetivos
O Curso EXPRESSIONISMO ALEMÃO: A ARTE DA LUZ E A POLÍTICA DAS SOMBRAS, ministrado por Daniel de Bem oferece um panorama do movimento, explorando sua história, influências, fases e o contexto político-econômico que o moldou. A partir da análise de filmes paradigmáticos, os participantes serão conduzidos à identificação dos padrões estéticos e à interpretação dos elementos simbólicos recorrentes que definiram o estilo.
Ministrante: Daniel de Bem
Professor da UFFS (Campus Erechim), Doutor em Antropologia Social pela UFRGS. Paralelamente, dedica-se a pesquisar as interpenetrações entre cultura, política e comunicação no Cinema. Sobre o tema já publicou em coautoria com Marcelo Tadvald “O Cinema Expressionista Alemão (1895-1945)”, pela CirKula e o artigo “A Crise da Sociedade Individualista e seu duplo em o Clube da Luta”.
Este faroeste conta a história, baseada em fatos verídicos, sobre dois parceiros Butch Cassidy (Paul Newman) e Sudance Kid (Robert Redford) e sua trupe de assaltantes de trens e bancos que fogem da polícia por todo o país e depois em países na américa latina. Unidos, eles funcionam como muitas outras duplas, pois Cassidy é o cérebro, perito em moldar planos para conseguir mais dinheiro de forma rápida. Sudance é o executor, atira como ninguém.
Apesar de serem bandidos, os dois nos conquista pela simpatia graças ao lado do humor de cada um deles. Por conta disso, Roy Hill popularizou a lenda em torno da dupla de criminosos que já era conhecida, mas tornou os bandidos agradáveis diante dos cinéfilos. logicamente, isso se deve principalmente pelo lado charmoso da dupla central e graças ao sucesso desse filme ambos uniram forças novamente para a realização de outro clássico que foi "Golpe de Mestre" (1973).
O retrato elaborado para recriação sobre a vida dupla, cujo roteiro foi escrito por William Goldman, acabou se tornando uma releitura para o gênero naqueles tempos, pois fica um pouco de lado aquela aura de durão dos protagonistas e sendo retratados de forma mais humana e bem-humorada. Além disso, os diálogos e as situações se aproveitaram do gênero para aumentar o efeito do humor, por vezes, exagerado e até mesmo ironizando situações típicas dentro do gênero. Lembrando que estamos falando de tempos em que o faroeste estava em metamorfose, seja devido a mão pesada de Sam Peckinpah, ou do lado autoral identificável de Sergio Leone.
Vale destacar ainda a participação da personagem Etta Place, sendo namorada de Sundance e interpretada pela bela atriz Katharine Ross. Não faltou, logicamente, astros da época que foram apontados como possíveis protagonistas para o projeto, como no caso de Marlon Brando, Dustin Hoffman, Steve McQueen e dentre outros. Este último, por sua vez, recusou ao saber que lhe reservava o papel de Sundance Kid e que, nos créditos, seu nome apareceria depois do Paul Newman, tido como astro principal do projeto.
"Butch Cassidy" se tornou um dos grandes sucessos da história e recebeu no total sete indicações ao Oscar, dos quais ficou com os de melhor Roteiro, Trilha Sonora, Fotografia e canção, para Raindrops Keep Falling on My Head, de Burt Bacharach e Hal David. Curiosamente, a música voltaria a ser usada em "Homem Aranha 2" e conquistando uma nova geração de cinéfilos e descobrindo posteriormente que pertencia ao grande clássico do faroeste.