Sinopse: A adolescente Priscilla Beaulieu conhece Elvis Presley em uma festa e o astro se torna alguém completamente inesperado em momentos íntimos.
Sofia Coppola construiu a carreira na direção criando histórias em que protagonismo feminino é predominante e onde enxergamos a realidade através dos seus olhares. Porém, foram poucos os casos em que ela realizou um projeto em que fala sobre uma personagem histórica, sendo que "Maria Antonieta" (2006) é um filme feito pela sua perspectiva e visão autoral com relação a arquiduquesa e não sendo exatamente fiel aos fatos. "Priscilla" (2023), porém, é baseado na história real da esposa do Rei do Rock e, portanto, vemos um filme que se divide aos verdadeiros fatos, tanto na visão da diretora, como também da visão da própria Priscilla.
O filme conta a história do relacionamento de um dos casais mais famosos do mundo: Elvis e Priscilla Presley. Baseado no livro Elvis e Eu, escrito por Priscilla, e protagonizado por Cailee Spaeny (Maus Momentos no Hotel Royale, Círculo de Fogo: A Revolta) e Jacob Elordi (Euphoria, A Barraca do Beijo), o filme segue o ponto de vista de Priscilla após conhecer o astro do rock em uma festa, quando ela ainda era apenas uma adolescente. Mas a paixão que, inicialmente, era formada por parceria e vulnerabilidade logo toma um rumo conturbado quando o cantor começa a mostrar um lado diferente daquele venerado nos palcos.
Sofia Coppola procurou retratar sobre a vida de Priscilla com certa delicadeza, pois afinal de contas ela era ainda uma pré-adolescente quando conheceu pessoalmente Elvis e cujo início desse relacionamento visto hoje seria polêmico em tempos politicamente corretos. Portanto, vemos uma Priscilla inocente perante o mundo em que vive, mas não escondendo no fundo o desejo de bater as suas asas, mas jamais imaginando que um dia se relacionaria com Elvis. A relação entre os dois começa gradual, nada de forma explosiva e de acordo com as lembranças da verdadeira Priscilla.
Ao mesmo tempo, Coppola parece querer lançar um olhar pessoal com relação essa realidade em que ela viveu com o cantor, onde aos poucos a mesma vai conhecendo um lado obscuro dos artistas e fazendo a gente se perguntar até onde ela aguenta. Embora ainda muito jovem Cailee Spaeny promete ser uma das grandes promessas do cinema norte americano, pois a construção que ela faz para si sobre Priscilla é digno de nota, onde vemos um ser inocente sendo aos poucos sofrendo uma metamorfose na medida em que acompanha o seu marido em meio as loucuras do sucesso. Já Jacob Elordi como Elvis nos passa uma interpretação contida, porém, explosiva nos momentos em que o personagem se encontra em pressão e descontando até mesmo em sua esposa.
Porém, me passou uma impressão de que a diretora estava com um freio de mão com relação aos verdadeiros fatos sendo retratado na tela, como se quisesse agradar ambos os lados da mesma história. A meu ver, eu acho que Elvis foi alguém ainda mais selvagem e de difícil relação com a sua esposa, mas que talvez a realizadora esteja somente sendo fiel ao que Priscilla havia escrito em sua biografia. O caso que quando se fala sobre o casal há diversas histórias e teorias sobre suas vidas e cada adaptação, seja no cinema ou para televisão, é de acordo com a visão de cada um.
Visualmente o filme possui toda aquela mudança em que os EUA e o mundo estavam passando, cuja cores quentes sintetizavam tempos mais dourados e de mudanças das quais não haveria mais volta. Priscilla seria, portanto, uma testemunha desta mudança de costumes e sendo o próprio Elvis uma peça central da cultura norte americana e que afetaria a mesma para sempre. Ao final, vemos uma Priscilla mais madura, tendo consciência da verdadeira natureza e destino do seu marido e tendo então o caminho aberto para tomar novos rumos.
"Priscilla" é uma visão particular sobre a mulher mais próxima da vida do rei do rock, sendo um tanto que conservadora, mas que vale a pena ser apreciada.
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