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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 22 de junho de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'A Colmeia'

Nota: O filme entra em cartaz dia 30 de Junho. 

Sinopse: Um grupo de imigrantes alemães vive em isolamento no interior (não por acaso) do Sul do Brasil e que começa a sofrer uma opressão – de vários sentidos – em uma situação de fome e colapso.     

O filme "A Bruxa" (2015), de Robert Eggers, chamou atenção do público e da crítica do mundo todo ao criar uma atmosférica mórbida, alinhada com um terror psicológico e cujo o lado sobrenatural quase ficava em segundo plano. O filme levantou mais a bandeira do cinema "pós-terror", onde monstro tradicional fica de lado, dando espaço para o horror mais verossímil e muito próximo de nós do que imaginamos. "A Colmeia" (2021) segue uma premissa parecida, onde o isolamento de uma família alemã acaba se tornando um desafio para todos e gerando uma atmosfera pesada e imprevisível.

Dirigido por Gilson Vargas, o filme conta a história de um grupo de imigrantes alemães vive isolado no interior do sul do Brasil. Eles tentam ser invisíveis, mas o medo do que pode estar no seu entorno os faz frágeis e os leva a violentos conflitos entre si. Mayla, a jovem adolescente luta para fugir daquele lugar. Oprimida pelos adultos e traída pelo próprio irmão gêmeo, ela tem um destino sombrio e diferente do que esperava. A carne de Mayla é doce num tempo amargo e obscuro.

Se no filme de Robert Eggers citado acima o horror começa a partir da desconfiança de que há uma Bruxa na floresta, aqui a premissa é parecida, mais basicamente pelo fato dessa família ser alemã justamente em que a Segunda Guerra Mundial estava estourando e o nazismo estava assombrando o mundo. Por conta disso, vemos uma família se isolar devido ao medo do preconceito, mas tendo que enfrentar o fato de que os jovens dali não estão interessados em viver em um único lugar durante os próximos anos. Isso gera um conflito no núcleo familiar e fazendo com que a situação tome rumos que pode não haver retorno.

Tecnicamente, o filme possui uma fotografia pálida, como se aquele ponto escondido do mundo não houvesse vida, mesmo com a presença das pessoas e dos animais em volta. Vale destacar a edição de som caprichada, da qual um grito acaba ecoando de forma tão intensa que fará muitas pessoas pularem das cadeiras durante a sessão e fazendo a gente temer com relação ao que a gente for enxergar na cena seguinte.  Gilson Vargas, por sua vez, capricha no enquadramento ao focar as expressões dos atores e cujo os seus olhares fazem a gente ter uma sensação peculiar com relação aos seus personagens.

Curiosamente, o filme toca em assuntos espinhosos do passado, mas que ecoam até mesmo nos dias de hoje. Se a imigração de ontem e hoje ainda rende certos debates acalorados, o mesmo pode-se dizer com relação aos verdadeiros donos da terra, dos quais são roubados e cujos os mesmos acabam sendo isolados em qualquer ponto do mundo. Isso é muito bem representado por dois índios que se encontram isolados dentro de uma caverna e cujo os mesmos podem ter alguma ligação com os eventos que estão provocando o desiquilíbrio daquela família.

Com um final que levanta mais perguntas do que respostas, "A Colmeia" é sobre os medos que as pessoas tem sobre algo invisível e cujo o isolamento acaba sendo não a solução, mas sim a sua perdição final.  


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEBANCÁRIOS 23 A 29 DE JUNHO

Um Broto Legal 

UM BROTO LEGAL

Brasil I Drama-biografia I 2022 I 98 min

Direção: Luiz Alberto Pereira

Sinopse: Um Broto Legal conta a história da primeira cantora de rock nacional, Celly Campello. Ela, junto ao seu irmão Tony Campello, tem sua história e trajetória contada, desde Taubaté até outros estados do Brasil.

Elenco: : Marianna Alexandre, Murilo Armacollo, Paulo Goulart Filho

Confira o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=62ZXEwH0SQE


AMIGO SECRETO

Brasil l Documentário l 2022 l 128min

Direção: Maria Augusta Ramos

Sinopse: Em 2019, a entrada do ex-juiz Sergio Moro no governo Bolsonaro e o vazamento de  mensagens trocadas por ele com procuradores e autoridades abalam a credibilidade da Operação Lava Jato. Um grupo de jornalistas acompanha os desdobramentos do caso, enquanto o país mergulha em uma sequência de crises que começa a ameaçar a sua democracia.

Confira o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=xe5HVuvR7Bg


HORÁRIOS DE 23 a 29 DE JUNHO:

Não há sessões nas segundas feiras


Dias 23, 24, 25, 26, 28 E 29:


15h : UM BROTO LEGAL

17h : AMIGO SECRETO

19h30: AMIGO SECRETO


Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria do cinema . Idosos, estudantes, bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, portadores de ID Jovem, trabalhadores associados em sindicatos filiados a CUT-RS e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00.

Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.


CINEBANCÁRIOS

Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre -Fone: 30309405/Email: cinebancarios@sindbancarios.org.br

terça-feira, 21 de junho de 2022

Cine Dica: Em Cartaz - 'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo'

Sinopse: Uma ruptura interdimensional bagunça a realidade e uma inesperada heroína precisa usar seus novos poderes para lutar contra os perigos bizarros do multiverso. 

Atualmente os filmes da Marvel do cinema se encontram, como sempre lógico, interligados para explorar realidades alternativas, ou melhor dizendo o multiverso, e por conta disso estamos diante de inúmeras possibilizardes, desde ao testemunhar três Homens Aranhas na mesma tela como também diversas realidades alternativas. Recentemente, por exemplo, tivemos "Doutor Estranho - No Multiverso da Loucura" (2022), do qual o mesmo abriu um leque para se explorar bastante esse terreno, mas não correspondendo com os cem por cento que o público estava imaginando. Neste último caso o estúdio não se apressou o suficiente, pois "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" (2022) sai na frente ao nos provocar um giro de 360º graus em nossas mentes e fazendo a gente pensar sobre os nossos próprios caminhos que nós trilhamos ao longo do nosso próprio percurso.

Dirigido por Daniel Scheinert e Daniel Kwan, a trama fala sobre Evelyn (Michelle Yeoh) que parte rumo a uma aventura onde, sozinha, precisará salvar o mundo, explorando outros universos e outras vidas que poderia ter vivido. Contudo, as coisas se complicam quando ela fica presa nessa infinidade de possibilidades sem conseguir retornar para casa. A solução pode estar entre o seu marido e sua filha, além de uma contadora (Jamie Lee Curtis) que deseja multa-la.

O multiverso já é algo bastante explorado há bastante tempo, principalmente para aqueles que acompanharam HQ dos anos oitenta como no caso, por exemplo, de "Crise Nas Infinitas Terras". Dos últimos anos para cá, os estúdios de cinema e série de tv começaram a explorar essa possibilidade com o intuito de elaborar histórias criativas, muito embora a maioria termine de uma forma convencional e não aproveitando o tamanho potencial. Em um único filme, Daniel Scheinert e Daniel Kwan constroem uma narrativa tão cheia de energia sobre isso que fica até mesmo difícil ser tudo digerido em uma única sessão.

O filme possui ação, cenas de luta, carregado de efeitos visuais e uma edição tão frenética que chega até mesmo provocar vertigem em um ponto da trama. Se em um determinado momento, por exemplo, um personagem diz para o outro respirar fundo ele não somente está dizendo isso para esse último, como também para todos os que estiverem assistindo a trama naquele momento. Parece exagero, mas lembrem de respirar fundo, ou ao menos virar o rosto para lado quando as milhares de cenas virem juntas diretamente para os seus olhos.

Com toda essa parte técnica em potência máxima fica até mesmo difícil imaginar uma história que viesse a nos tocar emocionalmente, mas é exatamente isso o que acontece. Para começar, Evelyn não é muito diferente de todos nós, pois a mesma está se afogando em deveres ao tentar manter a sua lavanderia, enfrentar uma contadora que pode destruir o seu negócio, cuidar de um pai enfermo, manter um casamento desgastado e tendo que compreender a sua filha e aceita-la como ela é por dentro. Quando ela descobre que tem diversas vidas com histórias diferentes ela começa a se enxergar, além de compreender os personagens em sua volta e dos quais os mesmos ela tanto ama sem ao menos se dar conta.

Sendo assim, é uma superprodução, porém, feita de coração, sem se preocupar com aqueles que forem assistir, já que os mesmos irão sair das salas do cinema com as mentes a mil e se perguntando se estão trilhando o rumo certo em suas próprias vidas. Parece muito para um filme com pouco mais de duas horas, mas são muito bem aproveitadas, ao dosar ingredientes como ficção, ação, comédia e até mesmo umas pequenas homenagens inesperadas como no caso da hilária referência ao filme "Ratatouille" (2007).

Desde já, "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" é um dos melhores filmes do ano, ao nos fazer questionar sobre os rumos de nossas vidas e tudo embalado com o melhor da técnica atual de se fazer cinema. 


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segunda-feira, 20 de junho de 2022

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre - ‘Jesus Kid’

Nota: Filme exibido para os associados no último Domingo (19/06/22).  

Sinopse: Eugênio é um escritor de faroestes em dificuldades. Seu personagem mais famoso, Jesus Kid, está sendo um fracasso de vendas. Ele parece ter encontrado sua salvação quando é contratado para escrever o roteiro de um filme. 

A premissa de filme dentro de um filme já rendeu algumas pérolas cinematográficas bastante curiosas, pois os bastidores da realização de determinados títulos convencionais já seria o suficiente para realização de tramas que valeriam uma conferida. Pegamos, por exemplo "Adaptação" (2002) de Spike Jonze, que não somente retrata as estripulias de dois irmãos roteiristas na elaboração de uma adaptação de um livro para o cinema, como também o diretor faz uma rápida homenagem ao seu filme anterior "Quero Ser John Malkovich" (1999). Não podemos deixar de mencionar também "Barton Fink: Delírios de Hollywood" (1991) dos irmãos Coen, que não somente segue essa cartilha, como também faz uma crítica ácida a própria produção cinematográfica norte-americana.

Em tempos em que ideias criativas estão cada vez mais escassas é notório que os realizadores busquem inspiração na nossa realidade atual que cada vez se encontra mais absurda. No nosso Brasil atual, por exemplo, o absurdo de um desgoverno que está deixando o brasileiro cada vez mais desmiolado pode render por anos a fio histórias a serem contadas e fazendo a gente se perguntar aonde a gente errou na linha de nossa história. "Jesus Kid" (2019) surpreende ao nos entregar uma comédia tipicamente brasileira, porém, fugindo do convencional e nos surpreendendo com as suas mensagens subliminares nas entrelinhas.

Dirigido por Aly Muritiba, do recente "Deserto Particular" (2021), o filme é baseado na obra de Lourenço Mutarelli, que conta a história de Eugênio (Sérgio Marone), um escritor de livros de faroeste que está passando por uma crise. O mais novo livro de seu personagem mais famoso, Jesus Kid, está sendo boicotado pela editora a mando do governo atual. Quando ele é contratado para escrever o roteiro de um filme dentro de um filme, ele parece ter encontrado sua salvação, mas ao mesmo tempo o governo lhe obriga a escrever um livro sobre o próprio Presidente atual.

Sinceramente eu não li "Jesus Kid" que havia sido lançado em 2004, mesmo sendo escrito por Lourenço Mutarelli que é um escritor que eu muito admiro desde "Cheiro do Ralo". Porém, eu acredito que de lá para cá adaptação cinematográfica tenha passado por diversas readaptações, pois somente assim dá para explicar a tamanha carga satírica que o filme carrega com relação ao estado que o Brasil atual se encontra. Na abertura, por exemplo, vemos o protagonista se preparando para mais um dia de sua vida, enquanto ocorre noticiários sobre esse desgoverno e alimentando aqueles que o apoiaram.

Não faltam elementos políticos que os realizadores incrementam no decorrer do filme, desde ao infeliz símbolo do pato amarelo elaborado pela FIESP, como também figuras ilustres da corrupção do governo atual, que vai desde ao Caso Keiroz  como o Velho da Havan que dispensa apresentação. Como se ainda não bastasse há ainda uma pequena, porém, certeira piada com relação ao Juiz Sergio Moro e vindo justamente em um dos seus piores momentos dentro do universo político.

Tudo isso sendo incrementado em uma trama que já funcionaria pela sua premissa, mas que a torna ainda mais criativa e até mesmo corajosa, já que o filme não poupa nem o que se encontra sentado da cadeira principal do Palácio do Planalto. Se por um lado tudo não passa de uma grande brincadeira, do outro, o filme é uma denúncia com relação ao fato de muitos escritores, artistas e todos os envolvidos na cultura estarem sendo perseguidos por um governo que não investe no conhecimento, mas sim somente no que lhe diz respeito. Métodos da ditadura que novamente retornam e dos quais precisam ser combatidos.

Tecnicamente, o filme possui um visual quase cartunesco, fazendo uma clara referência ao universo literário e das HQ de Mutarelli, sendo que a edição é frenética, embalada com as cenas em câmera lenta e uma trilha sonora bem criativa. Os personagens, na maioria deles, são apresentados de uma forma quase unidimensional, como se eles não estivessem despertos no mundo real, mas sim somente pelos seus interesses ou aceitando serem gados e não se importando em serem jogados para o matadouro. Neste circo, sobra somente o protagonista Eugênio se encontra lucido com relação ao que está acontecendo, mesmo quando surge do nada o seu personagem Jesus Kid (Sérgio Marone) e pondo em dúvida, mesmo que rapidamente, a sua própria sanidade.

O filme, talvez, somente peca ao nos apresentar uma solução meramente fácil para o final da trama. Porém, no meu entendimento, como o filme é uma parábola sobre os eventos do Brasil atual, a história termina de uma forma abrupta unicamente porque não nos encontramos, ou tão pouco sabemos, como terminará todos esses eventos que estamos presenciando nos noticiados ou redes sócias dias a fio. Quando tudo terminar, talvez Jesus Kid retorne para dar o seu tiro final contra o principal alvo que merece pagar pelos seus pecados.

"Jesus Kid" é uma grande piada pronta, pois o Brasil atual se encontra em uma verdadeira comédia de mal gosto e o filme vem num momento certo para dar certo tempero. 


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Cine Dica: Programação 23 a 29 de junho de 2022 da Cinemateca Capitólio

SESSÃO DE PRÉ-ESTREIA DE A COLMEIA

No sábado, 25 de junho, às 20h, a Cinemateca Capitólio apresenta uma sessão de pré-estreia de A Colmeia, novo filme do diretor gaúcho Gilson Vargas. Entrada franca.

Mais informações:

http://www.capitolio.org.br/novidades/5149/a-colmeia-em-pre-estreia/


ARTE DE CLEMENTE VISCAÍNO EM DESTAQUE

No sábado, 25 de junho, às 10h, a Cinemateca Capitólio apresenta a sessão Clemente Viscaíno – Quantas vidas cabem numa cena?, com quatro curtas-metragens contemporâneos protagonizados pelo ator: Grito, de Luiz Alberto Cassol, Veraneio, de Nelson Diniz, Enquanto Está Quente, de Roger Monteiro, e Bochincho – O Filme, de Guilherme Suman.  Entrada franca.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/5147/clemente-viscaino-quantas-vidas-cabem-numa-cena/


CINEMA CHRIS MARKER

De 28 de junho a 8 de julho, a Cinemateca Capitólio apresenta a mostra Cinema Chris Marker, com sete obras do realizador francês, incluindo marcos do filme ensaio como Carta da Sibéria, La Jetée, O Fundo do Ar é Vermelho e Sem Sol. A programação da mostra também propõe um diálogo do cinema de Marker com quatro filmes de outros realizadores: Aelita, a Rainha de Marte, de Yakov Protazanov, Paris 1900, de Nicole Vedrès, A Lenda dos Beijos Perdidos, de Vincente Minnelli, e Um Corpo que Cai, de Alfred Hitchcock. O valor do ingresso é R$ 10,00.

 A mostra Cinema Chris Marker tem o apoio da Cinemateca da Embaixada da França e do Institut Français.  

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/5154/cinema-chris-marker/


OBRA-PRIMA DE FRITZ LANG E DOCUMENTÁRIO SOBRE CUBA EM EXIBIÇÃO

A partir de 24 de junho, a Cinemateca Capitólio exibe Vive-se uma Só Vez, obra-prima que o mestre alemão Fritz Lang realizou logo após sua chegada nos Estados Unidos, nos anos 1930. A pedido do público, a Cinemateca apresenta mais sessões do documentário O Último País, realizado pela cubana Gretel Marín, até o dia 29 de junho.

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/5151/vive-se-uma-so-vez/


GRADE DE HORÁRIOS


23/06 (quinta)

15h – O Deserto dos Tártaros

17h30 – Sentado à Sua Direita 

19h – O Último País


24/06 (sexta)

15h – Mulheres no Front

17h – O Último País

19h – Vive-se uma Só Vez


25/06 (sábado)

15h – Verão Violento

17h – Vive-se uma Só Vez

18h30 – O Último País

20h – A Colmeia


26/06 (domingo)

15h – A Moça com a Valise

17h – Vive-se uma Só Vez

19h – O Último País 


28/06 (terça)

15h – Dois Destinos

17h – Vive-se uma Só Vez

19h – Carta da Sibéria


29/06 (quarta)

15h – A Primeira Noite de Tranquilidade

17h30 – O Último País

19h – Level Five

sexta-feira, 17 de junho de 2022

Cine Especial: 'Revisitando o Show de Truman'

Sinopse: Truman Burbank é um pacato vendedor de seguros que leva uma vida simples com sua esposa Meryl Burbank. Porém, algumas coisas ao seu redor fazem com que ele passe a estranhar sua cidade, seus supostos amigos e até sua mulher.  

Ao longo da história do cinema muitos filmes de ficção foram lançados com o intuito de prever o futuro do nosso mundo real. "Contágio" (2011), por exemplo, retratava uma possível pandemia de escala global e não sendo muito diferente do que se viria posteriormente em nosso mundo real. O intuito dos realizadores, em alguns casos, seja alertar o público que os erros do passado não podem ser cometidos em nosso futuro, pois as consequências se tornam irreversíveis para dizer o mínimo.

O escritor George Orwell, por sua vez, criou o que para muitos é a sua maior obra prima literária, "1984", onde retratava uma sociedade futurística sendo controlada pelo o estado e sendo observada vinte e quatro horas por dia. Não é à toa, portanto, que o conto serviu de inspiração para as tvs do mundo todo criarem os seus reality shows, cuja a moda de observar pessoas dentro de uma casa se iniciou no início do século vinte e um e perdura até os dias de hoje. Antes disso, o clássico "Show de Thuman" (1998) previu até que ponto as emissoras iriam para adquirir a audiência e persuadir as pessoas em assistirem um conteúdo e se tornando alienados.

Com roteiro de Andrew Niccol, o filme conta a história de Truman Burbank (Jim Carrey), um pacato vendedor de seguros que leva uma vida simples com sua esposa Meryl Burbank (Laura Linney). Porém algumas coisas ao seu redor fazem com que ele passe a estranhar sua cidade, seus supostos amigos e até sua mulher. Após conhecer a misteriosa Lauren (Natascha McElhone), ele fica intrigado com a possibilidade de que sua realidade possa ser uma grande mentira.

É final dos anos noventa, onde cada vez mais existia uma tendencia de se questionar o mundo em que vivíamos, pois o mesmo é controlado por regras impostas por um sistema capitalista cheio de regras e que, mesmo indiretamente, nos controla. No ano de 1999, por exemplo, filmes como "Clube da Luta" e "Matrix" fortaleceram mais essa discussão, sendo que o primeiro era o que melhor soube o que foi a década de noventa e profetizando um futuro em que cada vez mais a sociedade se encontra presa. Alguns desses filmes fizeram até mesmo público questionar se realmente nós vivemos em um mundo real e levantando até mesmo teorias inspiradas no filósofo Grego Platão.

Em meio a tudo isso, talvez, "Show Truman" tenha se tornado com o tempo o filme mais verossímil com relação aos reality shows que vem até hoje impregnando a programação televisiva e atraindo cada vez mais pessoas em querer assistir outras através de diversas câmeras. Não deixa de ser um sistema controlador, não vindo através do estado, mas sim de uma mídia corporativa que gosta de alienar as pessoas, fazendo com que elas não questionem o mundo em volta e agradando, enfim, aqueles que estão um degrau a cima. Pode não ser um "1984" literalmente falando, mas que chega muito perto.

Truman é pessoa comum, solitária, mas que tem o desejo de explorar o mundo e reencontrar a pessoa que ele ama. Porém, algo parece que sempre o impede de seguir em frente, como se houvesse uma força maior sempre lhe impedindo e fazendo com que retorne ao ponto zero. É algo que nos identificamos de imediato, principalmente pelo fato de uma vez ou outra na vida ficarmos questionando isso e começarmos a observar as ações e reações do mundo como um todo.

Neste último caso, há uma cena que sintetiza muito bem esse meu pensamento, onde Truman quebra a sua rotina para ida em seu trabalho e começa a observar e ouvir as pessoas. Em um determinado momento, por exemplo, o protagonista adentra a uma porta giratória, mas ao invés de entrar no prédio, ele sai novamente para o lado de fora e começando assim a estranhar tudo em volta. Não deixa de ser uma referência interessante ao clássico literário "Alice Através do Espelho ", de Lewis Carroll, sendo que o conto serviria de inspiração antes para o filme "Vidas em Jogo" (1997) de David Fincher e posteriormente para o já citado "Matrix.

Claro que, após ter a noção de que o seu mundo possa não ser real, tentar atravessa-lo também não é uma das tarefas mais fáceis e nisso o protagonista sente na pele. Não posso deixar de mencionar o incrível desempenho de Jim Carrey como Truman, pois mesmo vindo dos filmes de comédia na época é interessante como a sua veia cómica colabora para construir um personagem que transita entre a razão e por momentos de pura explosão, já que no seu íntimo ele busca uma forma de sair, mas o seu mundo ainda o prende aja o que houver.

Neste caso, isso é muito bem representado por  Christof (Ed Harris), criador do programa e que não mede esforços para controlar a vida do protagonista. É um personagem curioso, já que ele transita pelo instinto paternal que sente pelo protagonista pelo seu lado autoritário e que chega até mesmo ameaçar vida do mesmo. Antes disso, não deixa de ser simbólico a maneira como ele consegue persuadir as nossas sensações, principalmente na cena em que vemos ele criar o reencontro de Truman com o seu pai, sendo que tudo não passa de uma verdadeira farsa e criando em nós diversas sensações de amor e raiva.

Em seu ato final, Truman parte pra fora da cidade, mas para somente descobrir que o horizonte é, enfim, uma parede e descobrindo a trágica verdade. Descendo do seu barco ele sobe em uma escada, como se o mesmo estivesse subindo aos céus e abrindo uma porta para o mundo real. Neste momento o criador chama a criatura, persuadindo a não abandonar aquela realidade, mas felizmente ele segue em frente.

O final é digno de nota, pelo fato de não somente o protagonista se livrar do sistema que o mantinha preso, como também se vendo livre das cordas criadas pelo seu criador. Seria uma forma dos realizadores em nos dizer que o ser humano precisa ser livre, seja das mãos do estado, da igreja, ou de algo acima de nossas cabeças. Atualmente e, infelizmente, vivemos presos ao sistema cheio de regras da era digital e onde se encontra a porta para fugirmos desse novo "1984"?

"Show de Truman" é um filme a frente do seu tempo, profético e que nos diz para abrirmos todas as portas o quanto possível.  


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Cine Dicas: Próxima Sessões do Clube de Porto Alegre - 'O Alfaiate' / 'Jesus Kid'

SESSÃO DE SÁBADO  

Local: Cine Farol Santander, Farol Santander

Data: 18/06/2022, às 10:15 da manhã


"O Alfaiate" (Raftis)

Grécia / Alemanha / Bélgica, 2020, 101 min, 12 anos 

Direção: Sonia Liza Kenterman 

Elenco: Dimitris Imellos, Tamilla Koulieva, Thanasis Papageorgiou, Stathis Stamoulakatos

Sinopse: Nikos mora no sótão da alfaiataria da família. Depois de o banco tentar reaver a loja, seu pai adoece e ele tem a brilhante ideia de transitar pela cidade com uma alfaiataria sobre rodas, o que pode solucionar os problemas.


SESSÃO DE DOMINGO 

Local: Sala Eduardo Hirtz, Cinemateca Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana 

Data: 19/06/2022, às 10:15 da manhã 


"Jesus Kid" 


Brasil, 2021, 90 min, 12 anos

Direção: Aly Muritiba

Elenco: Paulo Miklos, Sérgio Marone, Maureen Miranda, Leandro Daniel

Sinopse: Baseado na novela homônima de Lourenço Mutarelli, a trama acompanha os dilemas de Eugênio, um famoso escritor de faroeste e criador do personagem Jesus Kid. O problema é que o personagem não vende mais livros e a solução parece vir de um famoso diretor de cinema: ele quer que Eugênio escreva um roteiro de filme. Mas a condição é que o escritor fique isolado durante três meses, sem contato com ninguém. O filme ganhou os Kikitos de melhor direção e roteiro no Festival de Gramado 2021. 

Atenciosamente, 

Carlos Eduardo Lersch 

Diretor de Programação CCPA.


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