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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 10 de abril de 2018

Cine Dica: Em Cartaz: Jogador Nº1




Sinopse: Situado numa Terra distópica do futuro, a população gasta a maior parte do tempo em um espaço virtual interconectado chamado OASIS. Quando o fundador do OASIS morre, ele deixa a propriedade do programa para a primeira pessoa que encontrar o tesouro escondido nele (um Easter Egg), jogando e resolvendo enigmas para conseguir as três chaves (Bronze, Jade e Cristal). Uma corrida segue entre um jovem (Wade Watts) e seus amigos, porém uma megacorporação maligna disputa também pelo controle do OASIS.

Vivemos atualmente em um mundo cada vez mais conectado nas redes sociais, ao ponto que, as pessoas em sua maioria, andam se esquecendo um pouco de apreciassem mais o mundo real. Porém, eu acredito que existe cada vez mais um numero maior de pessoas que sentem falta de tempos mais simples, onde curtir uma série, filme, gibi, games ou até mesmo um RPG eram os maiores entretenimento de tempos mais dourados. Dirigido pelo mestre Steven Spielberg, Jogador Nº1 reúne então o melhor e o pior desses dois mundos, onde se cria altas doses de diversão, mas não se esquecendo também de altas doses de reflexão.
Baseado na obra de Zak Penn e Ernest Cline, o filme retrata a humanidade do futuro com poucos recursos naturais, onde a maioria vive num jogo virtual chamado OASIS, em que lá se consegue obter e ser qualquer tipo Avatar que bem entender e se esquecendo dos problemas do mundo real. Porém, após o falecimento do criador (Mark Rylance), é revelado que ele havia deixado um desafio para os jogadores e que, caso alguém consiga reunir três chaves especiais, esse jogador irá herdar OASIS por inteiro. Um jovem (Wade Watts, o Ciclope de X-Men: Apocalipse) e seus amigos decidem partir para o desafio, mas terão pela frente uma corporação ambiciosa que não medirá esforços para obter esse mundo virtual.
Por vários anos, Steven Spielberg se dedicou a filmes com teor mais histórico, mesmo não deixando de lado a sua marca autoral na elaboração de seus projetos. Porém, sempre carregou consigo o rotulo de mestre do gênero dos filmes de aventura, ficção e fantasia, ao ponto de se tornar sempre como referencia entre os nerds de plantão. Portanto, não era surpresa que, mais cedo ou mais tarde, ele se renderia novamente aos seus fãs nostálgicos, mas me dá a impressão que, tudo que o cineasta não faz ao longo desses últimos anos, ele faz tudo agora de uma só vez.
Para começar, o universo de OASIS é cheio de inúmeras referencias da cultura pop, que vai desde ao cinema, musica, HQ, RPG e vídeos games. Não se surpreenda se, já nos primeiros minutos de projeção, você for já dar de cara com inúmeras homenagens das obras do cineasta, que vai desde “De Volta para o Futuro” a “Parque dos Dinossauros”, como também até mesmo figuras conhecidas do outro lado do mundo, como no caso de Akira, Godzilla e Gudam. Tudo é então batido num enorme liquidificador e transformando, então, no filme que melhor representa esses tempos de nostalgia em que a música e o cinema, por exemplo, estão nos passando atualmente.
É difícil até mesmo dar mais detalhes sobre a obra sem estragar algumas surpresas. Porém, já adianto que o cineasta foi de uma forma tão longe, que não tem como você não soltar as palavras “não acredito” em alguns momentos surpreendentes do filme. Se você acha que eu estou exagerando, esteja então preparado quando os protagonistas adentrarem em um cenário de um dos clássicos filmes do mestre Stanley Kubrick e tornado a situação em um dos melhores momentos desse ano no cinema.
As cenas de ação podem até ser um tanto que vertiginosas, além de alguns personagens serem um tanto que caricatos. Mas tudo isso é feito de uma forma proposital para nos remeter aos bons e velhos tempos em que tudo era muito mais simples e quando nos sentávamos no chão na sala para assistir a um bom filme numa longínqua sessão da tarde. Jogador Nº1 é um delicioso convite para adentrarmos num futuro um tanto que nebuloso, mas que guarda dentro dele a esperança de sabermos apreciar momentos mais humanos e nostálgicos.    




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Cine Dica: Mostra Especial em homenagem aos 70 anos do Clube de Cinema de Porto Alegre.


Confira a programação completa e participem comigo dessa comemoração cinematográfica. 




"Persona", dia 10/04, às 19 horas
 Sala Redenção

Tempos Modernos, de Charles Chaplin (1936) 12/04, 19h e 13/04, 15h
Cantando na Chuva, de Stanley Donen, Gene Kelly (1952) 13/04, 19h
A Estrada da Vida, de Federico Fellini (1954) 14/04, 19h
Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha (1964) 15/04, 19h
O Enigma de Kaspar Hauser, de Werner Herzog (1974) 16/04, 19h
Rapsódia em Agosto, de Akira Kurosawa (1991) 17/04, 19h
Cinemateca Paulo Amorim da Casa de Cultura Mario Quintana.

 Antes Que Tudo Desapareça, do Kiyoshi Kurosawa.
Cinemateca Capitólio, 10h, Sábado, 14/04/2018




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segunda-feira, 9 de abril de 2018

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: Arábia



Nota: Filme exibido para o Clube d Cinema de Porto Alegre no último dia 07/04/18.

Sinopse: Em uma fábrica de alumínio em Ouro Preto, Minas Gerais, jovem encontra o diário de um trabalhador que sofreu um acidente.
Em tempos em tempos o cinema brasileiro serve como uma espécie de termômetro para se colocar na tela a situação atual do país. Aquarius, por exemplo, sintetiza a desconstrução de um passado mais dourado e dando lugar a metros de concreto sem brilho. E se A Vizinhança do Tigre, dirigido por Affonso Uchoa, retrata uma nova geração de esquecidos pela sociedade, Arábia, dirigido pelo mesmo, escancara a cruzada do trabalhador brasileiro sem muitas expectativas, mas que segue em frente para se manter vivo no dia a dia. 
Nos primeiros minutos de projeção acompanhamos André (Murilo Caliari) que fica andando com a sua bicicleta por uma rodovia. Em um longo plano sequência, envolvido pela da música country norte-americana, ela termina ao chegar na Vila Operária, bairro de Ouro Preto, em Minas Gerais, onde se encontra uma siderúrgica e que da qual transforma o ambiente do lugar. Curiosamente, embora estejamos envolvidos em querer saber mais sobre o personagem André, logo ele dá lugar à figura de Cristiano (Aristides de Sousa), trabalhador do local que, inexplicavelmente, cai num sono profundo e André começa a conhecer sobre a sua vida a partir de um diário que ele havia deixado.
Em narração off, começamos a conhecer Cristiano através de um grande flashback, onde descobrimos que ele havia cumprido pena na prisão e partido pelo Brasil a dentro para trabalhar. Num tom quase documental, conhecemos através do olhar de Cristiano diversos lugares, mas que dos quais, não tem muito a oferecer a ele, a não somente trabalho e uns trocados para sobreviver. Ambições para um futuro melhor se tornam então desejos frágeis e que são sucumbidos a uma realidade crua e que testa a força de vontade do protagonista.
Os cineastas Affonso Uchôa e João Dumans se prezam então a moldurar com perfeição diversas situações, sendo elas até mesmo que banais, mas que enchem a tela ao trazer um pouco de vida para o protagonista. Ele faz amigos em sua jornada, onde em uma conversa e outra, nos brinda com o lado mais humano dessas pessoas humildes, mas que possuem inúmeras histórias para contar: a cena onde ele e um colega discutem sobre os diversos pesos de sacos é um momento simples, porém, eficaz e um dos melhores.
Os prazeres são poucos, mas singelos e humanos. Quando o protagonista encontra um amor, por exemplo, os cineastas moldam a situação para parecer algo mais esperançoso, mesmo quando o mundo real bate a porta na vida de Cristiano. Quando isso acontece, não tem como o cinéfilo de carteirinha deixar de se lembrar do inesquecível Viajo porque Preciso, Volto porque Te amo e se isso foi algo criado de uma forma proposital de ambos os cineastas é algo então muito bem vindo.
O ato final reserva momentos em que se oscilam e nos lembram até mesmo da proposta inicial apresentada em A Vizinhança do Tigre. Se naquele filme há uma representação de uma geração perdida e esquecida até mesmo pelos seus progenitores, aqui há uma continuidade, onde o jovem então acaba se tornando uma engrenagem do lado de baixo, para que capitalismo do lado de cima continue pulsando e alienando cada vez mais a sociedade. A realidade acaba se tornando então um pesadelo e fazendo com que um sono profundo se torne um único meio de paz a partir do momento quando tudo não faz mais nenhum sentido, seja para o Cristiano, ou para muitos Cristianos que se encontra em situações semelhantes. 
Arábia talvez venha a ser o melhor filme em que representa a situação atual do país, onde os trabalhadores são cada vez mais usados como meras engrenagens, enquanto a elite evita de se lembrarem que eles existem.    



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