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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Cine Especial: Filmes e Sonhos: Parte 2



Nos dias 16 e 17 de setembro eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre, participando do curso Cinema e Sonhos, criado pelo Cine Um e ministrado pelo Psicanalista Leonardo Della Pasqua. Enquanto os dias da atividade não chegam, estejam por aqui comigo, para mergulhar nos melhores exemplos cinematográficos e que tentam retratar um pouco esse nosso universo do sonhar.

O Mundo do Sonhar de Salvador Dali

Salvador Dalí (11 de maio de 1904 — 23 de janeiro de 1989) foi um importante pintor catalão, conhecido pelo seu trabalho surrealista. O trabalho de Dalí chama a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras, oníricas, com excelente qualidade plástica. Dalí foi influenciado pelos mestres do classicismo. O seu trabalho mais conhecido, A Persistência da Memória, foi concluído em 1931. Salvador Dalí teve também trabalhos artísticos no cinema, escultura, e fotografia. Colaborou com Luis Bunuel no filme Cão Andaluz 1929, com a Walt Disney no curta de animação Destino, que foi Lançado postumamente em 2003 e, ao lado de Alfred Hitchcock, no filme Quando Fala o Coração (1945). Também foi autor de poemas dentro da mesma linha surrealista.


Gabinete do Dr Caligari (1919)



Sinopse: Hipnotizado pelo maléfico Dr Caligari, sonâmbulo vai assassinando diversas pessoas, até se rebelar quando lhe é exigido que mate bela jovem.

Em certa ocasião Tim Burton disse uma vez que se inspirava e muito no diretor Ed Wood nas suas criações, mas pelo visto, a filmografia de Wood não foi sua única inspiração. Assistindo recentemente o Gabinete do Dr. Caligari (dirigido por Robert Wiene), percebo vários elementos visuais que sempre estiveram nos filmes de Burton. Pegue o filme Batman: O Retorno (92) como maior exemplo: o Pinguim (Dany Devito) na visão de Burton era idêntico a Caligari. Marco do expressionismo alemão fascina até hoje pelos criativos cenários e pela brilhante iluminação, que remetem o filme a um belíssimo clima surrealista que não deve nada ao Salvador Dali. Trazendo ainda um desfecho fabuloso e surreal, O Gabinete do Dr. Caligari talvez tenha sido uma das obras mais influentes de todos os tempos: é fácil assistir o filme e pensar o quanto dele é tomado como referência, não só em obras feitas na época depois dele, como até hoje (o desfecho deve ter sido assistido inúmeras vezes por David Lynch, por exemplo). Merece ser revisto, relembrado, ou, descoberto pelos novos cinéfilos de hoje.



Um Cão Andaluz (1929)



Sinopse: Um Cão Andaluz"Uma sucessão de imagens sem significado lógico aparente. Em uma seqüência, um jovem deseja uma mulher mas carrega o peso de seu passado. Em outra, uma mulher insatisfeita reencontra seu amante numa praia. Ambos são devorados por insetos.


Em Cão Andaluz, o filme começa com o típico letreiro de “era uma vez”, para então vermos um homem (o próprio Luis Buñuel) afiando uma lamina. Imediatamente o homem vai para uma sacada, observar uma nuvem cortando a lua cheia, cuja cena se casa com o homem cortando um olho de uma mulher. A cena chocante, imediatamente deixa a pessoa, tão acostumada com começo, meio e fim de uma trama, ficar se perguntado o que exatamente viu anteriormente. A Trama se segue, em cenas que aparentemente confusas, que a única coisa que se pode tirar dali e compreender, é de uma relação complicada de um casal, envolvido em momentos, em que homem vê sua mão se encher de formigas, para então depois a mesma mão, aparecer cortada no meio da rua.
Com a ajuda do Salvador Dali, um dos grandes representantes do surrealismo da época, Buñuel quis fazer uma espécie de conto vindo de um sonho, ou simplesmente expressar os seus sentimos que tinha em sua consciência em celuloide, mas por mais que tente explicar os significados das imagens, sempre haverá novas interpretações para serem levantadas, pois Cão Andaluz é o típico filme que possui tantas camadas de interpretação, que pode muito bem se escrever um livro sobre o assunto. Imagine então se o filme fosse um longa metragem, mas em pouco mais de 15 minutos, foram o suficientes para entrar para historia, sendo que para alguns, é o melhor que expressa  a consciência interior do cineasta. Falando em consciência, não me surpreenderia se ele tivesse a capacidade de nos hipnotizar e enganar nossa perspectiva, pois é fato que ele aprendeu muito sobre hipnotismo quando era jovem.
  

Quando Fala o Coração (1945)



Sinopse: A dra. Constance Petersen (Ingrid Bergman) trabalha como psicóloga em uma clínica para doentes mentais. O local está prestes a mudar de direção, com a substituição do dr. Alexander Brulov (Michael Chekhov) pelo dr. Edward (Gregory Peck). Ao chegar o dr. Edwards surpreende os médicos locais pela sua jovialidade e também por seu estranho comportamento. Logo Constance descobre que ele é na verdade um impostor, que perdeu a memória e não sabe quem é nem o que aconteceu com o verdadeiro dr. Edwards.


Delirante alegoria que teve a preciosa colaboração de Salvador Dalí nas cenas de sonho. Há uma arrepiante cena de violência contra um garoto durante uma cena de flashibak. Trilha sonora envolvente de Miklos Roza, premiado com um Oscar. 
Curiosidades: O diretor Alfred Hitchcock aparece em cena aos 40 minutos, ao sair do elevador do Empire Hotel. Ele está carregando um violino e fumando um cigarro. A sequência do sonho foi criada por Salvador Dali, que foi convidado a participar do filme por Alfred Hitchcock. O diretor, que era admirador de seu trabalho, acreditava que Dali seria o único que poderia criar uma imagem de sonho que inicialmente seria incompreensível ao público, para depois ser explicada através da psicanálise.


O encontro de Disney e Dalí! no Curta Destino


Em 1946, o mundo ainda tinha o privilégio de ter em vida dois grandes artistas de áreas diferentes mas com similaridades inegáveis: Salvador Dalí e Walt Disney.O que pouca gente sabe é que ambos já trabalharam juntos em um projeto que acabou não vingando. O projeto se chamava "Destino" e acabou abandonado por ambos antes mesmo de ter 20 segundos de animação, mas Dalí já tinha trabalhado em todo o storyboard que ficou arquivado nos arquivos da Disney.
Eis que, durante uma mudança de 'arquivamento' (o vulgo 'porão') um feliz funcionário achou os storyboards e resolveu terminar a animação, com o apoio de Jack Dunham, que na década de 40 havia auxiliado Dalí na produção dos storyboards e era um dos 'homens de confiança' de Walt Disney.O resultado é uma bela animação ao estilo Disney, mas com a alma de Dalí. O documentário que explica perfeitamente TUDO sobre a união desses dois gênios surrealistas, chamado "Dalí & Disney: um encontro com o Destino" está disponível na versão em BD lançada este ano do filme FANTASIA 2000.


Mais informações sobre o curso Filmes e Sonhos você confere clicando aqui.



Cine Dicas: Estreias do final de semana (18/08/17)

Annabelle 2 - A Criação do Mal
Sinopse: Em Annabelle 2 – A Criação do Mal, vários anos após a trágica morte de sua filha, um fabricante de bonecas e sua esposa abrigam em sua casa uma freira e várias meninas de um orfanato que foi fechado, e logo se tornam alvos da possuída criação do fabricante de bonecas, Annabelle.

Afterimage
 Sinopse:Cinebiografia conta a história do pintor polonês Wladyslaw Strzeminski. Sua arte encanta, mas esbarra no Partido Comunista da União Soviética. Seu trabalho é tirado de galerias e museus e muitas de suas pinturas são destruídas. Mesmo assim, Strzeminski luta para manter seus ideais artísticos diante da repressão política.

LADY MACBETH
SINOPSE:Katherine (Florence Pugh) está presa a um casamento de conveniência. Casada com Boris Macbeth (Christopher Fairbank), a jovem agora se vê integrante de uma família sem amor. É só quando ela embarca em um caso extraconjugal com um trabalhador da propriedade do marido que as coisas começam a mudar. Ela só não contava que isso iria desencadear vários assassinatos.

Corpo Elétrico
SINOPSE: O verão está chegando e Elias tem sonhado muito com o mar. Na fábrica em que trabalha, as responsabilidades aumentam à medida em que o fim de ano se aproxima. Depois de uma noite fazendo hora extra, Elias e os operários decidem sair e tomar uma cerveja. É quando novas possibilidades de encontros surgem no horizonte de Elias.

Eva Não Dorme
Sinopse:Em 1952, a primeira-dama da Argentina Evita Péron morre de câncer. Um médico fica responsável pelo embalsamento do corpo dela e se dedica por meses para deixá-la perfeita. No entanto, o país é tomado por golpes e o corpo de Eva é sequestrado pela Revolução Libertadora. Isso dá início a uma batalha pela recuperação do corpo da primeira-dama.

Uma Família Feliz

Sinopse:A família Wishbone tem enfrentado muitos problemas e seus membros vivem brigando. A alegria passa longe da casa dela. A matriarca então decide fazer uma festa para tentar acalmar os ânimos. Mas uma bruxa transforma todos da família em monstros e agora precisam também se preocupar com essa nova situação.


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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki



Sinopse:Em 1962, o boxeador finlandês Olli Mäki vê sua vida pacata se transformar. Ele tem a chance de lutar contra o campeão Davey Moore na final do Campeonato Mundial de Boxe na categoria Peso-Pena. Nessa fase ele ainda descobre estar apaixonado.
Independente de qual esporte, parece que existe uma tendência feroz na venda de um determinado esportista, ao ponto dele se tornar uma espécie de objeto de venda e gerar determinado lucro. O esporte acaba então se tornando um circo, ao ponto que não se encontra resquício para o caminho da felicidade. Em O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki, testemunhamos a cruzada de um boxeador em meio a luzes, propaganda e reconhecimento, mas a sua felicidade se encontra mesmo num mundo onde os engravatados do dinheiro já desconhecem há muito tempo.
O filme finlandês foi destaque na ultima Mostra de SP e sintetiza muito bem isso. Marcado muito mais por uma visão romântica da vida comum, do que da idealização da glória esportiva. O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki narra o período em que um boxeador finlandês se prepara para sua primeira grande luta, podendo ganhar o título mundial. No entanto, é nesse mesmo momento que Olli Mäki começa a se apaixonar por Raija, e sua cabeça fica divida entre o amor e a luta.
Dessa forma, o filme mostra justamente as diferenças entre esses dois aspectos da vida de Olli Mäk. Como algo que seria o grande momento de sua carreira acaba ficando de lado perante a descoberta que ele faz sobre o amor. Contudo, o filme não foca exclusivamente nisso e tão pouco se torna algo meramente romântico. 
O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki segue uma linha de uma trama mais realística, mas ao mesmo tempo humorada, sem deixar de ser reflexivo e moldado por boas doses de momentos de sensibilidade e humanidade por parte dos personagens. Uma vez sendo apresentada a trama, assim como os seus personagens principais, acompanhamos o treino de Olli e como aquela rotina transforma-se em algo monótono enquanto ele só consegue pensar em Raija. Mas, se por um lado o protagonista acha tudo isso monótono, isso faz com que nos identifiquemos com o personagem, pois nos damos conta, assim como ele, que não será pela riqueza e glória que irá obter a felicidade. 
Olli não precisa também abrir mão de Raija ou do esporte, há apenas uma separação entre esses dois mundos. O desdém que o protagonista tem pelo boxe ocorre quando Olli se desencontra com a Raija, como se os dois estivessem ligados um pelo outro. Isso faz com que ocorre um forte elo entre o personagem e o cinéfilo que assiste e fazendo com que obtenha nossa total atenção do começo ao fim.
Sem muitos recursos, ou até mesmo com desdobramentos da trama, o filme se diferencia com relação aos outros que exploraram o mesmo tema. Filmado totalmente em 16 milímetros, aliado a uma câmera que mais parece estar sempre correndo atrás dos personagens, o filme poderia ter sido facilmente feito na década 70 dentro do cinema americano, sendo que hoje é conhecido como o período da Nova Hollywood, ou até mesmo no período Nouvelle Vague do cinema francês, do qual se aproxima de obras como aquelas comandadas por  François Truffault e Jean-Luc Godard.
Porém, essa simplicidade não significa que o filme seja desprovido da apresentação de determinadas cenas curiosas e que diferem de um filme convencional. É curioso como o filme possui planos sequências não utilizando a longa duração dos planos para evidenciar todo artifício do filme através de movimentos mirabolantes, muito menos utilizando este fato a fim de fazer um estudo do contemplativo como se faz em muitos longas atualmente. Esse estilo conhecido como encenação do invisível, não chama atenção para si e apenas realiza movimentos e enquadramentos em função do universo da trama retratada, é o mundo de Olli que constrói o trabalho da câmera e não o contrário.
O dia mais feliz na vida de Olli Mäki retrata como uma pessoa simples, apesar das mudanças que a vida lhe proporciona, consegue manter-se fiel aos seus preceitos. Constrói o amor de maneira muito singular, pura, sutil e ingênua. Olli tem prazer em jogar pedrinhas no lago para ver quantos quiques ela vai dar até afundar. Joga dados porque isso diverte Raija e a faz sorri. Mostra que o dia mais feliz na vida de alguém é aquele em que a pessoa consegue uma paz emocional consigo mesmo. 




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Cine Dica: Corpo Elétrico estreia no CineBancários

Essa semana tem estreia aqui na nossa sala! Corpo Elétrico, dirigido por Marcelo Caetano, entra em cartaz no CineBancários dia 17 de agosto, nas sessões das 15h e 19h. O filme acompanha Elias, um jovem que tenta equilibrar seu cotidiano entre o trabalho em uma fábrica de vestuários e encontros casuais com outros homens. Em cada cama que Elias se deita um universo se abre a partir das narrativas contadas pelos personagens. São corpos enlaçados que se acariciam, vozes que falam baixo e suavemente, amantes que relatam encontros, aventuras sexuais, sonhos. “Meu desejo era falar de formas de amar mais livres e generosas, distante do amor romântico e seus conflitos já tão manjados”, diz o diretor. 
Elias ama de forma leve e solar. Ele tem 23 anos é gay e nordestino. Usa cada encontro para moldar um pouco sua personalidade se tornando uma espécie de prisma humano, capturando tudo que pode de seus parceiros. Ele transita entre o masculino e o feminino, pode ser o trabalhador empenhado, mas também um anarquista debochado. Dessa forma, Corpo Elétrico questiona também os lugares socialmente estabelecidos para gays, negros, mestiços, migrantes, operários. O longa foi exibido em grandes festivais internacionais como o Rotterdam Film Festival na Holanda e o Festival de Guadalajara no México onde recebeu o Prêmio Maguey
Nosso cinema funciona de terça a domingo e os ingressos podem ser adquiridos no local ou no site ingressos.com a R$10,00. Estudantes, idosos, pessoas com deficiência, bancários sindicalizados e jornalistas sindicalizados pagam R$5,00. Aceitamos os cartões Banricompras, Visa e Mastercard.
 
SINOPSE 
O verão está chegando e Elias tem sonhado muito com o mar. Na fábrica em que trabalha, as responsabilidades aumentam à medida em que o fim de ano se aproxima. Depois de uma noite fazendo hora extra, Elias e os operários decidem sair e tomar uma cerveja. É quando novas possibilidades de encontros surgem no horizonte de Elias.
SOBRE O DIRETOR
Marcelo Caetano nasceu em Belo Horizonte em 1982. Ele dirigiu os curtas “Bailão” (2009), “Na sua companhia” (2011), “Verona” (2013) e “Blasfêmea” (2017) co-dirigido com Linn da Quebrada, exibidos em importantes festivais como Rotterdam, Clermont-Ferrand, Indie Lisboa, Huesca, Montreal; vencedores do prêmio de melhor curta nos Festivais de Belo Horizonte, Mix Brasil, Janela de Cinema de Recife, Libercine (Argentina) entre outros. Corpo Elétrico é seu primeiro longa- metragem. Foi co-roteirista e assistente de direção de “Mãe Só Há Uma” (2016/Anna Muylaert, prêmio Männer no Festival de Berlim); assistente de direção e ator de “Boi Neon” (2015/Gabriel Mascaro, prêmio do júri na mostra Orizzonti do Festival de Veneza), produtor de elenco de “Aquarius” (2016/Kleber Mendonça Filho, seleção oficial de Cannes), diretor assistente de Tatuagem” de Hilton Lacerda. Seu próximo longa, “Baby” foi contemplado pelo Hubert Bals Fund de desenvolvimento de roteiro.
PALAVRAS DO DIRETOR
Corpo Elétrico é um romance de formação. Elias chega na fase adulta com muita dificuldade em balancear o mundo dos prazeres e o mundo do trabalho. Na verdade, ele apresenta resistência a viver determinados conflitos por não acreditar no valor que o sucesso profissional e a felicidade conjugal tem em nossa sociedade. É preciso amadurecer em uma outra chave. Buscar uma virada afetiva. Neste sentido, amo filmar os encontros. E os amo quanto mais improváveis eles são. Talvez essa seja a faceta política mais proeminente do filme, resistir a intolerância construindo elos entre pessoas socialmente distantes. Não os julgar. Nunca os julgar.
O filme tem influência do poema “Eu canto o Corpo Elétrico” de Walt Whitman, em que o autor americano celebra a beleza dos corpos, independente da idade, gênero, cor e forma. A escolha da palavra e a força da narração são estruturais no meu processo de falar desses corpos, desse grupo de pessoas. Elias é meu porta-voz: como a Sherazade de Mil e uma Noites, ele narra suas aventuras como se quisesse, pela sedução do relato, adiar o fim de sua juventude.
FICHA TÉCNICA
Brasil / Drama / 2016 / 94 min

Direção: Marcelo Caetano
Produção: Beto Tibiriçá, Marcelo Caetano
Produtor associado: Ivan Melo
Produtoras: Plateau Produções, Desbun Filmes
Produtora Associada: África Filmes
Roteiro: Marcelo Caetano, Gabriel Domingues, Hilton Lacerda
Fotografia: Andrea Capella
Edição: Frederico Benevides
Direção de Arte: Maíra Mesquita
Figurino: Flora Rebollo
Desenho de Som: Lucas Coelho, Danilo Carvalho
Mixagem: Ruben Valdez
Música: Marcelo Caetano, Ricardo Vincenzo
Elenco: Kelner Macêdo, Lucas Andrade, Welket Bungué, Ronaldo Serruya, Ana
Flavia Cavalcanti, Linn da Quebrada, Márcia Pantera, Henrique Zanoni, Nash Laila,
Georgina Castro, Evandro Cavalcante, Emerson Ferreira, Ernani Sanchez
Distribuição: Vitrine Filmes

GRADE DE HORÁRIOS (Não abrimos nas segundas-feiras)
17 de agosto (quinta-feira)
15h – Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano
17h – O Filme da Minha Vida, de Selton Mello
19h – Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano
18 de agosto (sexta-feira)
15h – Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano
17h – O Filme da Minha Vida, de Selton Mello
19h – Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano
19 de agosto (sábado)
15h – Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano
17h – O Filme da Minha Vida, de Selton Mello
19h – Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano
20 de agosto (domingo)
15h – Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano
17h – O Filme da Minha Vida, de Selton Mello
19h – Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano
22 de agosto (terça-feira)
15h – Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano
17h – O Filme da Minha Vida, de Selton Mello
19h – Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano
23 de agosto (quarta-feira)
15h – Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano
17h – O Filme da Minha Vida, de Selton Mello
19h – Corpo Elétrico, de Marcelo Caetano

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: O Estranho que Nós Amamos



Sinopse: Durante a Guerra Civil Americana, o soldado ferido John McBurney (Colin Farrell) é encontrado pelas mulheres de um internato feminino. A presença de John afeta a rotina delas, que estão enclausuradas há anos no lugar. Algumas temem que sejam punidas por terem o abrigado e outras se apaixonam pelo oficial.
Os melhores filmes da diretora Sofia Coppola são aqueles dos quais encontramos os personagens presos em suas vidas e tendo os seus desejos reprimidos. Em Virgens Suicidas e Maria Antonieta, por exemplo, as protagonistas se veem presas a regras de etiqueta e pela lei de Deus enquanto Encontros e Desencontros presenciamos o vazio do mundo contemporâneo tomar o dia a dia de uma sociedade cada vez mais desconectada de sentimentos humanos. Em O Estranho que Nós Amamos novamente esses ingredientes é colocados a mesa, sendo até mesmo fiel ao clássico escrito por Thomas Cullinan, mas correspondendo com o papel do homem e da mulher de hoje.
O filme se passa durante a guerra civil americana, mais precisamente em um internato de mulheres onde é comandada pela professora Martha Farnsworth (Nicole Kidman). Certo dia, elas socorrem um cabo da união (Colin Farrell), que se encontrava gravemente ferido na floresta. Durante a presença do estranho no local, cada uma das mulheres tem opiniões e desejos diferentes por ele e desencadeando eventos imprevisíveis.
Embora seja um drama,  Coppola cria um cenário do qual poderia ser facilmente usado num filme de terror psicológico. Com um teor sombrio, o internato mais parece um local mal assombrado, pouco iluminado, como se as pessoas que vivessem por lá fossem almas penadas e esperando por uma visita que nunca chega. Com o surgimento do cabo essa situação muda gradualmente, como se as mulheres daquele local tivessem vivido num limbo cheio de regras, mas que são gradualmente quebrados de acordo com os desejos e opiniões distintas de cada uma delas.
De forma sutil, percebemos as intenções do cabo, cujo seu desejo é continuar no local para continuar vivo, mas ao mesmo tempo, não escondendo o desejo que sente por algumas das mulheres do local. Uma vez percebendo o desejo de algumas delas, ele começa a manipulá-las sutilmente, para sim conseguir da melhor forma se sair melhor dessa. Colin Farrell se sai bem ao criar um personagem que não esbanja o seu lado sexual de forma acentuada, mas com um teor galanteador suave, porém, eficaz no que deseja.
Contudo, estamos falando de um cenário formado por mulheres, das quais se veem numa pequena disputa pela atenção do cabo, mas não significa que elas se vendem por completo. Martha Farnsworth (Kidman), por exemplo, mantém a sua autoridade no local, mesmo quando seus desejos reprimidos tendem a falar mais alto. E se a personagem Alicia (Elle Fanning, de Malévola) não teme ao colocar para fora o que sente pelo cabo, por outro lado, Kirsten Dunst surpreende ao criar uma personagem com um posicionamento ambíguo, não escondendo em querer alcançar os seus desejos, mas tendo certa consciência sobre o que está se metendo.
O ato final reserva momentos em que ambição, sonhos e desejos se colidem e se enveredando para situações imprevisíveis. Se no filme Virgens Suicidas, por exemplo, as jovens cometem um ato insano contra elas próprias, aqui não há espaço para isso, mas sim o desejo pela sobrevivência. Não que a Sofia Coppola esteja levantando a bandeira do feminismo, mas nos dizendo que a união entre as mulheres é o que fala mais alto perante os obstáculos. 
Polêmicas a parte, O Estranho que Nós Amamos é um pequeno estudo sobre o comportamento humano dividido entre a razão e desejos reprimidos.  


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