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Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar) apresenta entre os dias 5 e 10 de agosto a retrospectiva do cineasta alemão
Helmut Käutner. Em parceria com o Goethe-Institut, o ciclo faz parte da programação comemorativa aos 190 anos da imigração alemã no Brasil. A entrada é franca.
Helmut
Käutner (1908-1980) é um dos mais populares diretores do cinema alemão
nas décadas de 40 e 50, autor de clássicos como Adeus, Franziska!
(1941),
Por Baixo das Pontes (1946), O General do Diabo (1955) e O Coronel de
Köpenick (1956). Käutner tem uma trajetória controversa, pois dirigiu
alguns de seus filmes mais conhecidos em plena Segunda Guerra Mundial,
sobreviveu a ela e seguiu filmando após a derrocada
nazista. Graças à qualidade e ao caráter humanista de seus filmes, foi
“perdoado” por não haver abandonado a Alemanha nazista como outros de
seus pares.
Amante
da arte, Käutner estudou arquitetura, história da arte, teatro, design e
filosofia, até tornar-se ator e iniciar sua carreira no teatro.
Transitou
entre diversos círculos artísticos em uma época em que a Alemanha era
um dos grandes centros da cultura mundial. Ali estava instalada a
Bauhaus, revolucionando a arquitetura moderna com nomes como Paul Klee,
Vassili Kandinski, Mies Van der Rohe, ou Walter
Gropius. Ali viviam também escritores como Alfred Döblin e dramaturgos
como Bertolt Brecht.
Influenciado
por estes meios, Käutner passou a trabalhar inicialmente em uma
companhia de cabaré em finais dos anos 1920, mas no intervalo de apenas
uma década ele acabaria arrastado ao cinema. Começando como roteirista,
dirigiu seu primeiro filme já em 1939, em um dos anos mais críticos de
toda a história alemã.
Tendo
realizado seus primeiros filmes justamente sob os anos da Guerra,
inúmeras foram as dificuldades encontradas por ele. Mais de uma vez teve
seus
filmes censurados, ou com propagandas de guerra entre as cenas,
enxertadas pelos censores nazistas antes do lançamento. Apesar disso,
filmando a baixo custo, Käutner foi capaz de realizar, durante os
conflitos, algumas de suas maiores obras.
Entre
os destaques da mostra estão justamente as produções filmadas durante a
guerra, como o melodrama Adeus Franziska!, de 1941; e Grande Liberdade
nº 7, de 1944. Este último, retratando a miséria dos marinheiros
alemães, foi censurado pelo governo nazista e só liberado após a queda
do regime.
Merece
especial atenção, no entanto, a obra-prima Romance em bemol, de 1943,
baseado em conto de Guy de Maupassant sobre a opressão de uma mulher da
aristocracia burguesa, prisioneira das convenções sociais e obrigada a
viver uma vida dupla.
Outro
grande filme presente no ciclo e que desperta especial interesse
histórico é Naqueles dias, realizado em 1947, produção filmada entre os
escombros
das cidades devastadas pelos ataques aéreos dos aliados. Realizado a
baixíssimo orçamento, este filme oferece um interessante paralelo com o
cinema que era realizado naqueles mesmos anos na Itália, e que
frutificou no neo-realismo.
Além
destes, vale a pena conferir o drama Céu sem estrelas, de 1955, um dos
primeiros filmes a retratar a vida sob a Alemanha divida; a comédia O
Capitão
de Köpenick, de 1956, maior sucesso comercial da carreira do cineasta e
A última ponte, e 1954, sua obra mais premiada, vencedora de três
prêmios no Festival de Cannes incluindo o do Júri Internacional. Confira
abaixo as sinopses dos filmes presentes na mostra.
GRADE DE PROGRAMAÇÃO
Adeus Franziska!(Auf Wiedersehn, Franziska!)
Alemanha, 1941, 35mm, pb, 89’ | Legendas em português | Exibição em DVD
Marianne Hoppe, Hans Söhnker, Fritz Odemar, Rudolf Fernau
As
agruras amorosas de um casal, separado quando o marido, um repórter, é
enviado a trabalho para fora da Alemanha. Em Adeus Franziska!, Käutner
foi
obrigado a rodar uma sequência final ao gosto do Ministério de
Propaganda do governo nazista. A fim de manter a integridade narrativa
da obra, algumas das cenas que celebram a guerra de Hitler foram
mantidas nesta versão.
Romance em Bemol
(Romance in Moll)
Alemanha, 1943, 35mm, pb, 100’ | Legendas em português | Exibição em DVD
Marianne Hoppe, Paul Dahlke, Ferdinand Marian, Siegfried Breuer
Baseado
em conto de Guy de Maupassant, o filme se passa em Paris, na virada do
século XIX. Jovem burguesa apaixona-se por um compositor. Mantendo vida
dupla, torna-se alvo de uma chantagem e sucumbe às convenções sociais
de sua época. Uma das obras-primas de Käutner, Romance em bemol foi
considerado pelo historiador francês Georges Sadoul a única película
valiosa produzida na Alemanha durante a Segunda Guerra.
Em sua dimensão psicológica e social, o filme confronta os pressupostos
formais do nazismo para as artes.
Grande Liberdade nº 7 (Große Freiheit Nr. 7)
Alemanha, 1944, 35mm, cor, 112’ | Legendas em português | Exibição em DVD
Hans Albers, Ilse Werner, Hans Söhnker, Gustav Knuth
Marinheiro
veterano trabalha como cantor e ator num cabaré administrado por sua
amante. Três amigos seus, cujo navio está ancorado no porto, querem
levá-lo
de volta para o mar. Recuperando o universo das canções tradicionais de
marinheiros alemães, Grande Liberdade nº 7 foi proibido pelas
autoridades do país. De acordo com elas, veiculava uma imagem pouco
heróica dos trabalhadores do mar. Sua exibição na Alemanha
foi liberada apenas com o fim da guerra.
Por Baixo das Pontes (Unter den Brücken)
Alemanha, 1945, 35mm, pb, 100’ | Legendas em português | Exibição em DVD
Hannelore Schroth, Carl Raddatz, Gustav Knuth, Margarete Haagen
Dois
amigos viajam de barco pelos rios e aproveitam a vida sem maiores
problemas. Numa de suas paradas, conhecem uma bela jovem que segue a
bordo com
os dois rumo a Berlim. Mas ambos apaixonam-se por ela e, para evitar
disputas, são obrigados a fazer um acordo. Lançado depois da guerra,
Debaixo das pontes foi rodado entre maio e outubro de 1944, momento em
que o conflito já havia chegado ao território alemão.
Teve como locação a província e suas bucólicas paisagens.
Naqueles Dias (In jenen Tagen)
Alemanha, 1947, 35mm, pb, 111’ | Legendas em português | Exibição em DVD
Gerd E. Schäfer, Erich Schellow, Winnie Markus, Werner Hinz
O
fio condutor do enredo é um automóvel e a vida de cada um de seus
proprietários – um compositor, um casal de judeus, um soldado desertor e
uma velha
senhora – entre os anos de 1933 e 1947. Rodado sob os escombros de
guerra, o filme está intimamente ligado ao período de transição entre o
fim do conflito e o início da reconstrução do país. Por este motivo, foi
comparado pela crítica às produções neo-realistas
italianas.
A Última Ponte (Die letzte Brücke)
Áustria/Iugoslávia, 1954, 35mm, pb, 105’ | Legendas em português | Exibição em DVD
Maria Schell, Bernhard Wicki, Barbara Rütting, Carl Möhner
Durante
a Segunda Guerra, jovem médica alemã é raptada por guerrilheiros
iugoslavos. Num momento tenso da Guerra Fria, em que o governo da
Alemanha Ocidental
rearmava seu exército, o roteiro de A última ponte foi recusado pelos
produtores alemães, pois continha uma visão simpática aos iugoslavos –
naquele momento do pós-guerra, a Iugoslávia já estava sob a tutela
comunista.
Céu sem Estrelas (Himmel ohne Sterne)
Alemanha Ocidental, 1955, 35mm, pb, 108’ | Legendas em português | Exibição em DVD
Horst Buchholz, Erik Schumann, Eva Kotthaus, Georg Thomalla
O
romance entre um funcionário da fronteira da Alemanha Ocidental e uma
operária da Alemanha Oriental. O cenário desta história é uma estação
ferroviária
abandonada, que serve de ponto de encontro para o casal. Helmut Käutner
foi um dos primeiros diretores alemães nos anos 1950 a denunciar a
amarga experiência da Guerra Fria.
O General do Diabo (Des Teufels General)
Alemanha Ocidental, 1955, 35mm, pb, 120’ | Legendas em português | Exibição em DVD
Curd Jürgens, Marianne Koch, Victor de Kowa, Karl John
Durante
a Segunda Guerra, um general da Força Aérea alemã é encarcerado depois
de se recusar a cumprir ordens dadas por um oficial da SS. O filme é
baseado
em peça do dramaturgo Carl Zuckmayer, inspirada na vida de Ernest Udet,
pioneiro da aviação alemã que trabalhou também em filmes da diretora
Leni Riefenstahl.
O Capitão de Köpenick (Der Hauptmann von Köpenick), de Helmut Käutner
Alemanha Ocidental, 1956, 35mm, cor, 93’ | Legendas em português | Exibição em DVD
Heinz Rühmann, Martin Held, Hannelore Schroth, Ilse Fürstenberg
Malandro
sai da prisão e compra um uniforme militar de um vendedor ambulante.
Disfarçado, consegue entrar na prefeitura de uma cidadezinha e roubar um
cofre. Pela primeira vez, Käutner traz para dentro de sua obra a
experiência adquirida como artista de cabaré. O Capitão de Köpenick foi
um dos maiores sucessos de público de sua carreira.
A Ruiva (Die Rote)
Alemanha Ocidental/Itália, 1962, 35mm, pb, 94’ | Legendas em português | Exibição em DVD
Ruth Leuwerik, Rossano Brazzi, Giorgio Albertazzi, Gert Fröbe
Mulher
abandona sua enfadonha vida pequeno-burguesa e parte para a Itália. Lá,
conhece um escritor e um antigo oficial britânico que quer usá-la para
se vingar de um ex-capitão nazista. Inspirado pelos filmes de
Michelangelo Antonioni, Käutner incursiona por temas afeitos ao universo
do cineasta italiano.
GRADE DE HORÁRIOS
5 de agosto (terça-feira)
15:00 – A Ruiva
17:00 – A Última Ponte
19:00 – Adeus Franziska!
6 de agosto (quarta-feira)
15:00 – Grande Liberdade nº 7
17:00 – Céu sem Estrelas
19:00 – Naqueles Dias
7 de agosto (quinta-feira)
15:00 – O Capitão de Köpenick
17:00 – O General do Diabo
19:00 – Por Baixo das Pontes
8 de agosto (sexta-feira)
15:00 – Romance em Tom Menor
17:00 – Adeus Franziska!
19:00 – Céu sem Estrelas
9 de agosto (sábado)
15:00 – A Última Ponte
17:00 – O Capitão de Köpenick
19:00 – A Ruiva
10 de agosto (domingo)
15:00 – Adeus Franziska!
17:00 – O General do Diabo