Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte.
Me acompanhem no meu:
Twitter: @cinemaanosluz
Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com
O CineBancários estreia no dia 11 de
junho o longa Siba - Nos Balés da Tormenta, dirigido pelos gaúchos Caio Jobim e
Pablo Francischelli. O filme faz um registro do processo de criação de
“Avante”, disco mais recente do poeta e compositor pernambucano Siba, lançado
em janeiro deste ano. Este é o primeiro longa realizado pela DobleChapa
Cinematografia, produtora fundada pelos dois diretores no início de 2011, a
partir da parceria firmada nos anos de 2009 e 2010, com o programa “Pelas
Tabelas”. Veiculado pelo Canal Brasil, a série apresentou 58 compositores da
geração atual da música brasileira em 26 episódios.
Ao retomar a guitarra e afastar-se do
universo do maracatu e da ciranda - ritmos tradicionais da música brasileira,
que nortearam seu trabalho nos últimos 10 anos, o músico, poeta e compositor
Siba passa por um conflitante processo de redefinição de sua geografia
criativa, mesclando referências urbanas e manifestações tradicionais
brasileiras. Rock, música africana e poesia da mata norte do Brasil se misturam
durante o processo de criação de “Avante”, disco produzido por Fernando
Catatau, líder do Cidadão Instigado, que surge para demarcar o novo território
artístico do músico pernambucano.
Siba - Nos Balés da Tormenta, de Caio
Jobim e Pablo Francischelli.
Mais informações e horários das sessões, vocês encontram na
pagina da sala clicando aqui.
Sinopse:
Hushpuppy (Quvenzhané Wallis) é uma menina de apenas 6 anos de idade que vive
em uma comunidade miserável isolada às margens de um rio. Ela está correndo o
risco de ficar órfã, pois seu pai (Dwight Henry) está muito doente. Ele, por
sua vez, se recusa a procurar ajuda médica. Um dia, pai e filha precisam lidar
com as consequências trazidas por uma forte tempestade, que inunda toda a
comunidade. Vivendo em um barco, eles encontram alguns amigos que os ajudam.
Entretanto, o pai vê como única saída explodir a barragem de uma represa
próxima, o que faria com que a água baixasse rapidamente e a situação voltasse
a ser como era antes.
O cinema
americano por muitas vezes sempre tentou camuflar em nunca mostrar o lado da miséria
do seu país, mesmo que houvesse ao longo da historia algumas exceções (Vinhas
da Ira?). Mas chegamos há um ponto que o publico exige cada vez mais de um
cinema “pé no chão” e é ai que existem cineastas cada vez mais dedicados em
apresentar esse outro lado da historia, como no caso deste diretor estreante Benh
Zeitlin e com seu Indomável Sonhadora. Ambientado após o furação Catrina ter devastado
os pântanos da Louisiana, acompanhamos o dia a dia de uma comunidade na miséria,
que dentre eles se destaca Hushpuppy (Quvenzhané Wallis) e seu pai (Dwight
Henry), que não medem esforços para tentarem sobreviver em meio ao caos.
Praticamente
durante todo o filme o foco principal é da relação entre pai e filha, onde ambos
aprendem um pouco de cada um, desde saber enfrentar certos obstáculos, como também
certas situações inevitáveis de não acontecerem, mas que é preciso ser
encaradas. Hushpuppy por sua vez, para contornar a realidade crua que sempre
surge em sua volta, por vezes acaba criando uma espécie de mundo mágico, no
qual faz com que sinta mais forte. Portanto não se surpreenda se surgir do nada
javalis gigantes, sendo que da a entender que é o espírito forte e indomável que
ela tanto precisa despertar para encarar o mundo duro em que ela vive.
Com pouco mais de uma hora e vinte de duração,
Indomável Sonhadora é uma pequena perola sobre coragem, perseverança, amor e
união ao seu próximo.
Sinopse: O
jovem Chris Smith (Hirsch) é um traficante de drogas azarado que consegue
deixar as coisas ainda piores quando contrata um surpreendentemente charmoso
matador de aluguel, Killer Joe Cooper (McConaughey), para matar sua própria
mãe. Sem dinheiro algum, Chris concorda em oferecer sua irmã mais nova, Dottie
(Temple), como garantia sexual em troca dos serviços de Joe até receber o
dinheiro do seguro de vida da mãe. Isso, é claro, se ele conseguir botar as
mãos no dinheiro...
William
Friedkin se tornou que nem o vinho, que ficou melhor depois de velho. Essa é a
melhor definição que posso dizer sobre ele, pois depois de ter feito sua obra
prima O Exorcista na década de 70, parecia que a criatividade havia lhe
escapado pelos dedos após aquele estrondoso sucesso. Mas eis que após estar
numa idade em que alguns cineastas se aposentam, ele nos surpreende com o
genial Possuídos na década passada e agora nos crava uma pequena perola que é Killer
Joe e que será discutido por anos a fio.
Se fossemos
resumir o filme como um todo, seria na realidade uma representação da degradação
familiar texana, que somente mantém laços familiares por interesse, e quando
existe dinheiro no meio, os laços de sangue se tornam meros detalhes. A partir
do momento que Chris (Emile Hirsch, Natureza Selvagem) deseja que a sua mãe
morra, para daí então ganhar uma grande quantidade de dinheiro para escapar de
uma enrascada, se inicia uma teia de eventos em que muitos personagens (querendo ou não) saírão do armário. Seu maior erro é contratar os serviços de Joe
Cooper (McConaughey na melhor interpretação de sua carreira), um policial, mas
matador profissional nas horas vagas, que além do dinheiro que irá cobrar pelos
serviços, almeja também a irmã de Chris, Dottie (Juno Temple).
Falar mais
seria estragar as surpresas que o filme apresenta, sendo o que eu posso dizer, é
que Friedkin simplesmente descasca cada personagem principal da trama como se
fosse uma cebola e revelando a verdadeira face da vida desregrada de cada um
deles e que faz com que sejam levados para um caminho sem volta. Em meio há
isso, o personagem de Cooper sempre se revela uma pessoa segura de si, agindo de
forma profissional, mas jamais escondendo as camadas doentias que ele revela
gradualmente ao longo da projeção. O ato final é de uma explosão só, onde a violência
quase explicita e o terror psicológico que ele provoca, nos faz a gente se
apertar na poltrona e ficar sempre imaginando qual serão o seu próximo ato ou
grande perola que ele falara.
Embora pequeno, o elenco possui atores talentosos, pois além dos já citados, ainda inclui Gina Gershon (Ligadas Pelo Desejo), como uma megera e interesseira madrasta da família e Thomas Haden Church (Homem Aranha 3), um pai sem noção, mas que não esconde suas ambições. Por fim, William Friedkin cria cenas impactantes, mesmo aquelas mais simples, como quando toda a família famigerada estão jantando numa mesma mesa, mesmo todos eles estando em frangalhos e com suas mascaras caídas e destruídas pelos seus atos.
Sinopse: Nick
Carraway (Tobey Maguire) tinha um grande fascínio por seu vizinho, o misterioso
Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio). Após ser convidado pelo milionário para uma
festa incrível, o relacionamento de ambos torna-se uma forte amizade. Quando
Nick descobre que seu amigo tem uma antiga paixão por sua prima Daisy Buchanan
(Carey Mulligan), ele resolve reaproximar os dois, esquecendo o fato dela ser
casada com seu velho amigo dos tempos de faculdade, o também endinheirado Tom
Buchanan (Joel Edgerton). Agora, o conflito está armado e as consequências
serão trágicas.
Dentro da Casa
Sinopse: Um pouco
cansado da rotina de professor, Germain (Fabrice Luchini) chega a atormentar
sua esposa Jeanne (Kristin Scott Thomas) com suas reclamações, mas ela também
tem seus problemas profissionais para resolver e nem sempre dá a atenção
desejada. Até o dia em que ele descobre na redação do adolescente Claude (Ernst
Umhauer) um estilo diferente de escrever, que dá início a um intrigante jogo de
sedução entre pupilo e mestre, que acaba envolvendo a própria esposa e a
família de um colega de classe.
Depois da Terra
Sinopse: Há 1000
anos, um cataclismo tornou a Terra um lugar hostil e forçou os humanos a se
abrigarem no planeta Nova Prime, morando em naves espaciais. Depois de uma
missão, o general Cypher Raige (Will Smith) retorna à sua família e ao filho de
treze anos de idade (Jaden Smith). Mas pouco tempo após seu retorno, uma chuva
de asteroides faz com que a nave onde moram caia na Terra. Com o pai correndo
risco de morte, o jovem adolescente deverá aprender sozinho a domar este
planeta, encontrando água, comida e cuidando de seu pai.
Mundo Invisível
Sinopse: Doze
diretores convidados pela organização da Mostra Internacional de Cinema de São
Paulo apresentam sua visão sobre a invisibilidade nos dias atuais, a partir de
segmentos rodados na cidade de São Paulo.
O Que Traz Boas Novas
Sinopse:Quando a
professora de uma escola primária sofre uma morte trágica, o substituto
escolhido é Bachir Lazhar, um imigrante argelino. Enquanto as crianças passam
por um longo processo de luto, ninguém suspeita do passado doloroso do
professor, ou do grande risco que Lazhar seja deportado a qualquer momento.
Odeio o Dia dos
Namorados
Sinopse: Débora (Heloísa
Périssé) é uma publicitária que sempre privilegiou a carreira em detrimento de
sua vida amorosa. Entretanto, ambas se misturam quando ela precisa trabalhar em
uma importante campanha para o Dia dos Namorados cujo cliente é Heitor (Daniel
Boaventura), seu ex-namorado, que foi dispensado por ela de forma humilhante.
Diante desta situação, ela ainda precisa lidar com a inesperada visita do
fantasma de seu amigo Gilberto (Marcelo Saback), que tenta fazer com que ela
repense a vida e descubra o que as pessoas realmente pensam dela.
Sinopse:
Verônica (Hermila Guedes) tem 24 anos e acaba de terminar o curso regular de
Medicina. Mora com o pai, José Maria, muito mais velho que ela. A mãe morreu
quando ela era ainda pequena. A casa é cheia de discos de vinil antigos. No
momento, Verônica não tem mais tempo para discos, para cantar músicas ou mesmo
para noitadas com as amigas, pois trabalha em um ambulatório de Psiquiatria de
um hospital público. Em uma dessas noites de volta para casa, Verônica, já
cansada de tanto ouvir problemas alheios, decide usar o gravador, fiel
companheiro das provas da faculdade, para narrar, em forma conto de fadas, os
próprios problemas. E começa: Era uma vez eu, uma jovem, brasileira...
Por mais que a gente se esforce
em ser alguém na vida, às vezes sentimos uma sensação de angustia, na qual tem
a terrível sensação de que nos não nos encaixamos no mundo e não encontramos
nenhum sentido em prosseguir. No mais novo filme do diretor Marcelo Gomes
(Cinema Aspirinas e Urubus) temos a representação dessas sensações através da
personagem Verônica (Hemila Guedes), que
embora tenha se tornado médica de um hospital publico, ela se sente infeliz no
que faz, mesmo se esforçando ao máximo para ajudar pessoas com diversos tipos
de problemas, seja físicos ou psicológicos. Ao mesmo tempo, cuida de um pai
enfermo e das idas e vindas de um possível futuro marido (João Miguel).
Por mais que tente administrar
o seu dia a dia com tudo isso, sentimos a todo o momento que Verônica quer mais
é jogar tudo para o ar, sendo que a cena de abertura (onírica e com muita nudez)
e dos últimos minutos de projeção representa os seus desejos interiores que a
qualquer momento podem explodir. Gomes passa ao máximo para o espectador essa
sensação que a protagonista sente a todo o momento, pois sua câmera jamais a
perde de vista, causando então uma sensação de apreensão em nos, sobre qual será
as atitudes dela....virtuosas ou libertárias?
Um filme sobre cada um de
nos em algum momento na vida, em que procuramos uma razão de prosseguirmos em
linhas retas e sem perdermos as esperanças.
PROJETO RAROS
ESPECIAL CEMITÉRIO PERDIDO DOS FILMES B: EXPLOITATION- UP! O EROTISMO ANÁRQUICO
DE RUSS MEYER
Nesta sexta-feira, 7
de junho, às 20h, o Projeto Raros da Sala P.F.Gastal (3° andar da Usina do
Gasômetro) faz o lançamento do livro Cemitério Perdido dos Filmes B:
Exploitation, seguido da exibição de UP!, de Russ Meyer. Após a sessão, haverá
debate com os autores Cesar Almeida, Carlos Thomaz Albornoz, Marco A. Freitas e
Cristian Verardi. Entrada Franca. Censura 18 anos.
UP!
Existe algo de
anárquico na obra de Russ Meyer que eleva seu cinema além do erotismo fácil da
exploração gratuita dos corpos. Na epiderme de seu trabalho corre um humor
libertário, impregnado de violência, um deboche acurado que desestabiliza
costumes e regras morais através de uma narrativa caótica que por vezes beira o
nonsense. A profusão de corpos nus, de mulheres opulentas e homens priaprícos,
serve como arma para desnudar desejos e perversões de uma sociedade castradora
e hipócrita. A América de Russ Meyer clama secretamente por um gozo alucinante.
”Nada é obsceno desde que seja feito com mau
gosto”, costumava dizer um provocativo Meyer.Um dos últimos trabalhos de sua
carreira como diretor, Up! é uma obra crepuscular que somatiza características
peculiares ao estilo de Meyer; para ele o sexo era um elemento superlativo.
Mulheres de seios monumentais, homens brutos e apalermados ostentando ereções
monstruosas, êxtase sexual constante, violência gráfica de tons cartunescos,
tudo isso costurado por uma narrativa amalucada em prol da provocação e do
deboche das convenções sociais e dos tabus sexuais.O olhar apurado de Meyer,
que foi um notório fotógrafo da revista Playboy durante os anos 1950, capta
planos inusitados, sempre valorizando os fartos seios de suas atrizes, enquanto realiza com furor sequências de
humor, violência e erotismo.
Kitten Natividad, uma de suas atrizes fetiche,
funciona como um coro grego para narrar a estranha trama whodunit que se
desenrola em meio a maratona sexual promovida pelas personagens de Up!. Quem
matouAdolfSchwartz? Um Hitler genérico adepto de práticas masoquistas que é
castrado por um peixe colocado criminosamente em sua banheira. Esse enigma
pouco interessa às personagens, que preferem se dedicar a incessantes e
divertidas aventuras sexuais invés de se preocupar com o assassinato. Enquanto
Paul (Robert McLane) e Sweet Lil Alice (Janet Wood) gozam bucolicamente em meio
aos campos, Margo Winchester (Raven De La Croix), a garçonete local, enlouquece
os homens transformando-os em verdadeiros predadores sexuais, e o xerife Homer
Johnson (Monty Bane), despreocupado com o crime, prega a lei a sua maneira,
utilizando mais seu pênis do que sua arma.A cena de abertura com AdolfSchwartz sendo alegremente sodomizado por um
membro descomunal e submetido a sessões de sadomasoquismo, é uma verdadeira
zoação de Russ Meyer (ex-combatente e fotógrafo da 2° Guerra Mundial), não
apenas com a figura histórica de Hitler, mas com todas as autoridades morais
que impestam nossa sociedade pregando de forma ditatorial éticas sexuais
hipocritamente castradoras. A sequência histérica, onde um lenhador brutamontes
de apetite sexual descontrolado tenta violentar Margo Winchester, culminando
num hilário banho de sangue após uma luta envolvendomachados e uma motoserra, é um exemplo da
insanidade narrativa de Meyer, que mescla habilmente os gêneros, indo
prontamente do erotismo ao mais puro grand guignol.
Carl Jung disse que ”o cinema torna possível
experimentar sem perigo, toda a excitação, paixão e desejo que deve ser
reprimida numa humanitária ordem de vida”, e o erotismo libertário e
provocador proposto pelo cinema de Meyer
tende a corroborar essa afirmação, tendo o sexo e o humor como as mais
poderosas armas de subversão.
(Cristian Verardi - texto
originalmente publicado no livro Cemitério Perdido dos Filmes B: Exploitation.
Ed. Estronho).
Mais informações, vocês
conferem na pagina da sala clicando aqui.