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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 14 de março de 2013

Cine Dica: JONAS MEKAS GANHA RETROSPECTIVA NA SALA P. F. GASTAL



A Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da SMC promove durante a 54ª Semana de Porto Alegre uma retrospectiva do célebre diretor lituano Jonas Mekas, que até hoje nunca teve qualquer de seus filmes exibidos na capital gaúcha. A mostra acontece na Sala P. F. Gastal (Usina do Gasômetro, 3º andar) entre os dias 19 e 24 de março, e chega a Porto Alegre depois de ter passado pelo Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo e do Rio de Janeiro. A programação tem entrada franca.
Nascido na Lituânia em 1922, Jonas Mekas radicou-se em Nova York em 1949, onde comprou sua primeira câmera de 16mm. Um dos principais nomes do cinema de vanguarda estadunidense da segunda metade do século XX, o cineasta colaborou com diferentes nomes da arte contemporânea, de John Lennon e Yoko Ono a Salvador Dalí e Andy Warhol. Além do seu trabalho autoral – que inclui filmes de ficção, documentários, diários e, mais recentemente, obras de videoinstalação –, Mekas criou e mantém o Anthology Film Archives, um dos mais importante arquivos de cinema de vanguarda do mundo, e a revista Film Culture, considerada a principal publicação de crítica cinematográfica dos Estados Unidos.
Sem dúvida, esta programação é desde logo um dos grandes destaques da história da Sala P. F. Gastal e também da cinefilia local, pois será a primeira vez que Mekas - um daqueles gênios do cinema cuja obra permanece inexplicavelmente desconhecida aqui - terá seus filmes exibidos em Porto Alegre. Entre os destaques da programação, títulos como os que Mekas realizou com Andy Warhol (Cenas da Vida de Andy Warhol: Amizades e Interseções), com as irmãs Jackie Kennedy e Lee Radizwill (Esse Lado do Paraíso – Fragmentos de uma Biografia Inacabada), alguns dos seus célebres diários filmados (incluindo o gigantesco Ao Caminhar Entrevi Lampejos de Beleza, que será exibido em três partes) e o filme sobre o grupo teatral Living Theater (A Prisão). 
  
PROGRAMAÇÃO


Ao Caminhar Entrevi Lampejos de Beleza (As I Was Moving Ahead, Occasionally I Saw Brief Glimpses of Beauty). Estados Unidos, 1970-1999 /2000, 288minutos.
“Meus diários em filme de 1970 a 1999. O filme cobre meu casamento, o nascimento dos meus filhos. Nós os vemos crescer. Imagens da vida cotidiana, fragmentos de felicidade e de beleza. A passagem das estações em Nova York, a vida em casa, a natureza. Nada de extraordinário, nada de especial, coisas que todos nós vivemos ao longo de nossas vidas. Este filme é também meu poema de amor dedicado a Nova York, seus verões, seus invernos, suas ruas, seus parques.”

As Armas das Árvores (Guns of the Trees). Estados Unidos, 1962, 87 minutos.

Dois casais – um de negros e um de brancos – vivem em Nova York, onde paira, em 1960, o espectro da bomba atômica. Com interlúdios escritos e recitados por Allen Ginsberg, este filme é a única obra de ficção de Jonas Mekas.

Cenas da Vida de Andy Warhol: Amizades e Interseções (Scenes from the Life of Andy Warhol: Friendship and Intersections). Estados Unidos, 1965-82/1990, 35minutos.
Colagem das filmagens que Mekas fez de Warhol durante o período em que conviveram. O filme alterna sequências mostrando a dimensão pública de Warhol – vê-se sua retrospectiva no Whitney Museum, o primeiro concerto do Velvet Underground –, com outras retratando momentos cotidianos e íntimos: na praia, com amigos. Vemos Edie Sedgwick, Gerard Malanga, George Maciunas, Yoko Ono, John Lennon, Caroline e John Kennedy Jr., entre outros.

Esse Lado do Paraíso – Fragmentos de uma Biografia Inacabada (This Side of Paradise: Fragments of an Unfinished Biography). Estados Unidos, 1968-73/1999, 35 minutos.
Entre o final dos anos 1960 e o início dos anos 1970, Mekas passou os verões com Jackie Kennedy, sua irmã, Lee Radziwill, e seus filhos. O período ainda era muito próximo da morte trágica de Kennedy e o convívio com o cinema foi uma das maneiras que Jackie encontrou para ajudar os filhos no luto. Mais tarde, Mekas pensou em fazer uma biografia de John Kennedy, os fragmentos inacabados dessa biografia ele reuniu neste filme.

Lost Lost Lost. Estados Unidos, 1949-63/1976, 180 minutos.
“O período que descrevo nesses seis rolos de filme foi um período de desesperança, de tentativas de me enraizar nesta terra nova, de criar novas memórias. Nesses seis dolorosos rolos, tentei descrever os sentimentos de um exilado, meus sentimentos durante aqueles anos. (…). O sexto rolo é uma transição, ele mostra quando começamos a relaxar, quando comecei a encontrar momentos de felicidade”.

Notas para Jerome (Notes for Jerome). Estados Unidos, 1966-74/1978, 45 minutos.

Essa homenagem ao artista e cineasta Jerome Hill é a primeira de uma série de retratos e elegias que Mekas irá dedicar aos amigos falecidos. O Anthology Film Archives e a coleção Essential Cinema existiram graças ao apoio financeiro de Jerome Hill.

A Prisão (The Brig). Estados Unidos, 1964, 68 minutos.
Em 1964 Jonas Mekas assistiu à última apresentação da peça The Brig pela lendária companhia teatral The Living Theatre, antes que o grupo tivesse de desocupar o teatro no qual estava ensaiando e se apresentando. Impactado, ele convence o grupo a invadir o teatro e a reencenar o espetáculo uma última vez, na noite seguinte.

Reminiscências de uma Viagem para a Lituânia (Reminiscences of a Journey to Lithuania). Estados Unidos, 1971/1972, 82 minutos.

“Este filme se divide em três partes. A primeira é composta de filmes que fiz com minha primeira Bolex quando chegamos na América, sobretudo entre os anos 1950 e 1953. São imagens da minha e da vida de Adolfas [ irmão do diretor], daquilo com que parecíamos na época. A segunda parte foi filmada em 1971 na Lituânia. Quase tudo em Seminiskiai, meu vilarejo natal. Vemos minha antiga casa, minha mãe (nascida em 1887), todos os meus irmãos celebrando nossa volta. A terceira começa com um parêntese em Elmshorn, onde passamos um ano num campo de trabalhos forçados durante a guerra. Após fechar o parêntese, nos encontramos em Viena com alguns dos meus melhores amigos.”

Restos da Vida de um Homem Feliz (Out Takes from the Life of a Happy Man). Estados Unidos, 2012, 68 minutos.
“Em minha sala de montagem há uma estante cheia de latas de filmes que remontam aos anos 1950. É um material relacionado ao meu trabalho, de 1950 até hoje, mas que não encontrou seu lugar nos meus filmes. E todas elas estão se apagando, lentamente. Algumas já desapareceram. Quando da minha exposição na Serpentine [galeria londrina], decidi que era o momento de reunir todo esse material neste que será meu último filme em película.”

Walden (Diários, Notas e Esboços) (Walden [Diaries, Notes & Sketches]). Estados Unidos, 1964-68/1968-69, 180 minutos.
“Desde 1950 mantenho um diário em filme. Tenho andado por aí com minha Bolex e reagido à realidade imediata. Certos dias filmo 10 fotogramas, noutros 10 segundos, noutros ainda 10 minutos. Ou não filmo nada… Walden contém materiais dos anos 1965-69, montados em ordem cronológica.”

Zéfiro Torna ou Cenas da Vida de George Maciunas (Zefiro Torna or Scenes from the Life of George Maciunas). Estados Unidos, 1952-78/1992, 34 minutos.
Homenagem ao amigo de longa data George Maciunas, lituano, como o diretor, e com quem partilhava o entusiasmo, a liberdade e o espírito anárquico que marcaram a arte dos anos 1960. O filme traz os mais belos registros das performances do Fluxus, grupo para o qual Maciunas foi determinante.

Informações e horários das sessões, vocês conferem na pagina da sala clicando aqui. 

Cine Especial: O QUE É UM DOCUMENTÁRIO?: Parte 3


Nos dias 26 e 28/Março; 02 e 03/Abril, estarei participando do curso "O que é um Documentário?", criado pelo Cena Um e ministrado pelo jornalista Rafael Valles. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui, estarei postando sobre últimos documentários nacionais e internacionais que eu assisti nos últimos anos. 

Dzi Croquettes

sinopse: Em 1972 estreava o primeiro show dos Dzi Croquettes. Com homens usando roupas femininas, de forma a mostrar as pernas cabeludas e a barba, ele logo foi um sucesso. Apesar disto, foi também banido pelo Serviço Nacional de Teatro. Incorporando o espírito da contracultura reinante na época, os Dzi Croquettes usavam a irreverência para criticar a ditadura militar brasileira.

Na época negra da Ditadura Militar, o país sofreu muito: além de o governo controlar o povo com mão de ferro, houve uma grande perseguição contra qualquer tipo de cultura e por isso, vários filmes e musicas foram censurados na época. Em meio a esse horror, um grupo de homens radicalizou de vez, apresentando shows onde se travestiam e apresentavam, de entre outras coisas, historias com humor, musical, dança e muito teor erótico, mas nada de muito explicito que incomodava a ditadura no principio. O documentário pega do baú cenas raras desses homens que de tanto sucesso, chamaram atenção de gente famosa lá fora, como Lisa Mineli, que em pouco tempo se tornou madrinha do grupo e ajudou eles a fazerem sucesso no exterior como na França. Os depoimentos de pessoas famosas atuais, pessoas do grupo que ainda estão vivos, revelam detalhe por detalhe o dia o dia do que foi essa equipe, que sem duvida influenciou e muito a liberdade de expressão, liberdade gay e influenciou celebridades que seguiram seus passos de uma forma ou de outra, como no caso de Claudia Raia e Miguel Falabella.
Um documentário que merece registro, onde mostra um tempo em que em meio aos punhos de ferro, tinham um grupo que não se intimidava em mostrar a sua cara e fazer rir.

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terça-feira, 12 de março de 2013

Cine Especial: O QUE É UM DOCUMENTÁRIO?: Parte 2


Nos dias 26 e 28/Março; 02 e 03/Abril, estarei participando do curso "O que é um Documentário?", criado pelo Cena Um e ministrado pelo jornalista Rafael Valles. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui, estarei postando sobre últimos documentários nacionais e internacionais que eu assisti nos últimos anos.  


Fata Morgana

Sinopse: Uma viagem pela África, poética e surreal, como um sonho, fragmentária, por ser destituída de qualquer história, ainda assim amparada em uma coerência interna. Herzog confronta os mitos da criação com imagens da destruição.

Documentário com belas imagens, mas que se deve ser assistida com a mente aberta e adentrar sem pestanejar neste mundo que Herzog filma sem pressa num vasto deserto. A proposta esta sobre a criação da vida em meio ao nada e do nada surge à vida e da vida vem à destruição. Complicado? Assistindo de começo ao fim tem então uma vaga idéia da proposta do diretor. Homem surge do nada, com o nada ele cria e sua criação ele destrói gradualmente nos anos que ele passa no lugar onde nasceu. Não é para qualquer um, mas que representa muito bem o que é Herzog.
  
La Soufrière

Sinopse: Verão de 1976: há uma ameaça de uma erupção devastadora do vulcão "La Soufrière" na ilha de Guadalupe, Antilhas Francesas. A ilha é evacuada. Werner Herzog e sua equipe de filmagem ficam para filmar a catástrofe – e aguardam a erupção em vão.

Assim como seus personagens dos seus filmes, Werner Herzog é alguém que vai alem dos seus limites sem se importar com os riscos que ira aparecer a sua frente. Só mesmo explicando dessa forma para tentar entender os motivos que ele levou a adentrar em uma cidade fantasma, que havia sido abandonada com a ameaça da explosão de um vulcão. Durante o documentário, vemos imagens assustadoras de ruas desertas, casas abandonadas, assim como pobres animais que ficaram para traz e sem ter tido um pingo de esperança.
Um dos pontos altos do documentário esta na entrevista de duas pessoas, que se recusaram a sai da cidade e aceitam a morte com tamanha facilidade, unicamente pelo fato que um dia irão morrer mesmo, então ficar ali para morrer ou depois não fará a mínima diferença. São depoimentos humanos de pessoas simples, que possuem poucos recursos, mas tem muito a dizer. No fim a erupção jamais aconteceu, mas serviu para colocar no mapa a situação humilde da ilha de Guadalupe e do lado imprevisível da mãe natureza.
  
Lições da Escuridão

Sinopse: Pouco antes da segunda Guerra do Golfo, tropas iraquianas incendiaram campos de petróleo e terminais durante sua retirada do Kuait. Herzog e seu cinegrafista tentam registrar o inconcebível, o apocalipse, através de suas imagens.

Através de imagens aéreas vibrantes, Herzog testemunha o inferno na terra quando os campos de petróleo começam a pegar fogo e tanto o céu como a terra vira um mar negro em chamas com imagens e depoimentos de pessoas afetadas por uma guerra sem sentido. Curiosamente vendo essas imagens, não me surpreenderia se Sam Mendes tivesse se inspirado nessa obra de Herzog para criar uma das cenas chaves do filme Soldado Anônimo.


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NOTA: CERTIFICADO NA MÃO

Valeu CENA UM, valeu Leonardo BomFim por essa ótima atividade. 


Leia tudo sobre Brian de Palma: Poder da imagem clicando aqui.

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segunda-feira, 11 de março de 2013

Cine Especial: O QUE É UM DOCUMENTÁRIO?: Parte 1


Nos dias 26 e 28/Março; 02 e 03/Abril, estarei participando do curso "O que é um Documentário?", criado pelo Cena Um e ministrado pelo jornalista Rafael Valles. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui, estarei postando sobre últimos documentários nacionais e internacionais que eu assisti nos últimos anos.  
  
Diário de uma Busca

Sinopse: Celso Afonso Gay de Castro morreu aos 41 anos, em Porto Alegre. Exilado pela ditadura militar brasileira, ele percorreu Argentina, Venezuela, Chile e França, sempre carregando consigo sua família. Só que sua repentina morte jogou por terra o ideal político existente.

Não e fácil montar um quebra cabeça de vários fatos de quando se era criança, mesmo quando a vida dessas, era um tanto que diferente da vida de outras crianças. Mas persistente como é, Flávia Castro foi a fundo, entre fatos e meia verdades sobre vida do seu pai, Celso Castro, que morreu de causas ainda hoje misteriosas em Porto Alegre no ano de 1984. O interessante, é que o documentário não se prende ao caso policial em si, mas sim nas lembranças, pelo olhar ainda inocente de Flavia, nos anos que ela e sua família ficavam passando de país em país, num tempo em que boa parte dos países Sul Americanos vivia em conflitos e golpes políticos, tendo como o foco, as descrições bem definidas do seu dia a dia, como quando ficava por dias isolados em um único quarto enquanto o mundo prosseguia no outro lado da janela.
Os depoimentos de familiares e pessoas ligadas a Celso são outro ponto chave do filme, pois são por eles que temos uma definição de como ele era, não como um guerrilheiro ou revolucionário, mas como um homem comum e com seus defeitos. Agora o que levou a sua morte, qual é o seu verdadeiro significado, isso o filme não responde, mas sim é o próprio espectador que deve tirar suas próprias conclusões. Portanto o filme termina e Flavia nos da às costas, mas a historia processe em nossas mentes, sendo essa (talvez) a principal intenção da diretora.

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Cine Dica: Em DVD e Blu-Ray: 007 - Operação Skyfall

Leia a minha critica já publicada clicando aqui. 

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sexta-feira, 8 de março de 2013

Cine Especial: BRIAN DE PALMA: O PODER DA IMAGEM: FINAL

Bom, chego ao final desse especial sobre os filmes de Brian de Palma e que antecede minha participação do curso sobre ele pelo CENA UM. Abaixo, segue uma matéria especial de um filme ainda inédito dele em nossos cinemas e que merece ser conferido, não importa de que forma.
  
 Guerra Sem Cortes (Redacted)
  
Sinopse: Um esquadrão de soldados americanos está parado em um posto no Iraque, convivendo com a população local e a mídia instalada na região. Cada grupo destes é afetado pela guerra de forma distinta, e suas histórias são contadas pelas imagens criadas no momento: um soldado produz um vídeo-diário, uma equipe francesa filma um documentário, sites árabes colocam cenas de insurgentes plantando bombas, mulheres mandam mensagens para seus maridos via blogs e o You Tube revela a barbaridade existente na guerra.

Durante boa parte da minha vida que assisto filmes, tanto no cinema como em casa, normalmente jamais recuo ou fecho os olhos quando assisto uma imagem do mais puro terror, Talvez porque lá no fundo do meu subconsciente, algo grita dizendo que aquilo, por mais forte que seja, é uma ficção. Contudo, talvez o ser humano seja preparado a assistir a uma imagem forte, porém artificial, mas jamais estará preparado para ver o horror da realidade e meu “ser” não estava preparado para os segundos finais de uma das ultimas obras realizadas por Brian De Palma.
Mas cinema é isso: seja para entreter, fazer reflexão ou simplesmente dar uma tapa na cara e fazer o cinéfilo acordar para a realidade. Num mundo “pós governo Bush”, haverá outros filmes como esse, que não terão papas na língua para escancarar a idiotice que foi a invasão do Iraque, mas enquanto não houver mais filmes sobre o assunto, esse será o melhor representante do que foi toda essa guerra. Com pouco mais de cinco milhões de dólares do bolso e feito no formato digital, De Palma cria um falso documentário que retrata a historia real de um grupo de soldados norte americanos que estupra e assassina uma jovem de 15 anos Iraquiana, além de fuzilar toda a sua família por meio de um ato cruel e sem sentido. De Palma culpa quem nesse episódio? Culpa o governo norte americano que inventou a mais fajuta desculpa para invadir aquele país? Culpa os soldados despreparados que não souberam administrar seus atos em meio à guerra? Culpa a própria guerra em si, que faz nascer o pior de nos?
A resposta para isso talvez seja um tanto difícil e que com certeza, para encontrá-la, se alonga por muito tempo a busca, mas está mais do que provado que De Palma, assim como muitos, foi contra a essa guerra que acabou tirando inúmeras vidas de ambos os lados. O filme não tem heróis e tão pouco vilões, pois tudo que se vê são seres humanos, que acabam por ficarem cegos demais perante o que acham certo ou errado, perante as suas crenças duvidosas e perante a espera interminável pelo inevitável ataque vindo de qualquer lugar. Tudo que se vê, são pessoas que se perdem nas estribeiras de um inferno que não pediram para estarem ali. E para fazer todo esse terrível cenário, De palma está quase que irreconhecível, pois o filme em nada lembra sua pirotecnia com a câmera e sim lembra mais um filme realmente amador e cru e o diretor aproveita para escancarar que, por mais que o governo tente censurar um determinado ato, não existe mais como. Isso graças à tecnologia rápida atual como a internet, em que inúmeras pessoas usam e abusam para escancarar e fazer a sua critica, um retrato mais do que atual e que o diretor soube muito bem retratar
Os momentos de pura tensão como o ato do estupro e a decapitação de um determinado personagem feito por um grupo terrorista, são de momentos que o espectador prende a respiração. Contudo, o diretor jamais nestes momentos quer ser 100% explicito e com isso a câmera se afasta, ou determinado personagem fica na frente do aparelho, sendo isso tudo para fazer o espectador ficar ainda mais aflito, ou fazer-lo imaginar o que esta acontecendo nos segundos em que o diretor tenta esconder o terror dos nossos olhos, mas que o pior estava por vir. Após a declaração em forma de desabafo de um determinado personagem sobre o que viu na guerra, o diretor joga na tela fotos de cenas que mostram o horror desse conflito, como mortos e feridos, mas nada me preparou para a foto da verdadeira menina de 15 anos estuprada e morta pelos soldados norte americanos. Sinceramente não esperava por aquilo e foi um verdadeiro baque para o meu cérebro que tentou, mas não conseguiu esquecer-se daquela cena. Alias isso me fez me lembrar de outro filme de guerra, a animação Valsa com Bashir, no qual o protagonista tenta, mas não se lembra do que lhe ocorreu na guerra do Líbano, sendo que o motivo veio como resposta no final do filme com cenas terríveis dessa guerra no qual o protagonista, perante o horror do que viu, subconscientemente fez por esquecer daquilo tudo. No meu caso não participei de uma guerra, e sim simplesmente vi uma terrível cena na qual, depois da sessão tentei, mas não consegui esquecer, felizmente, a luz do sol da tarde me serviu de consolo.
Em Apocalipse Now foi dito que a guerra era um horror. Em Guerra ao Terror foi dito que a guerra era uma droga, sendo essas duas palavras não precisaram ser ditas no filme de Brian de Palma, elas simplesmente irão soar na mente de cada espectador que for assistir a esse filme, que é para poucos, mas basta um para dizer o que viu, seja numa guerra ou em um filme que retrate ela de maneira real, nua e crua.

Nota: Infelizmente esse filme se encontra ainda inédito nos cinemas e sem previsões de chegar em DVD no Brasil. Tive o privilegio de participar de uma sessão especial e debate seguido no Cinebancários de Porto Alegre tempos atrás. Para a direção dessa sala os meus parabéns.  
  
Leia também: BRIAN DE PALMA: O PODER DA IMAGEM: Partes 1,2,3,4,5,6,7 e 8.

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