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Quem sou eu

- Marcelo Castro Moraes
- Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
- Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com
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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Cine Dica: Em DVD e Blu-Ray: FRANKENWEENIE

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
Cine Dica: De Outros Carnavais em cartaz no Curta nas Telas
CURTA BASEADO EM
CONTO DE LUÍS FERNANDO VERISSIMO ESTREIA NA 39ª EDIÇÃO DO CURTA NAS TELAS
O projeto CURTA NAS TELAS apresenta, de 1º a 14 de
fevereiro de 2013, a produção DE OUTROS CARNAVAIS, de Paulo Miranda. As
exibições ocorrem na Sala 03 do Cineflix Total (Av. Cristóvão Colombo, 545),
nas sessões das 18h e 21h20, acompanhando o longa Django Livre (Django
Unchained), de Quentin Tarantino.
Adaptação do Conto de
Verão Nº 2: Bandeira Branca, de Luís Fernando Veríssimo, o curta De Outros
Carnavais narra os encontros e desencontros de Janice e Píndaro, ao longo de
vários carnavais, entre a infância e a adolescência. A vida os distancia, mas
eles ainda mantêm suas fantasias. A história de uma paixão incompleta,
melancólica como uma marchinha de carnaval. O curta de Paulo Miranda ganhou o
prêmio de Melhor Direção de Arte da 8ª edição do Festival Curta Canoa (Ceará,
2012), além de ter sido selecionado no Festival Internacional de Filmes de
Miami e San Diego Latino Film Festival, que ocorrerão em março próximo nos EUA.
A narração é da atriz Cynthia Falabella.
DE OUTROS CARNAVAIS,
de Paulo Miranda (São Paulo, ficção, 14 minutos, 35mm, 2012). Não apropriado
para menores de 12 anos.
Ficha Técnica –
Roteiro e Direção: Paulo Miranda / Produção Executiva: Marita Miranda / Direção
de Fotografia: Junior Malta / Montagem: Douglas Aguillar / Empresa Produtora:
SW-VG 94 Produtora / Elenco: Marina Merlino, Felipe Ventura, Melissa Vettore,
Renato Baragão / Narração: Cynthia Falabella.
Sobre o Curta nas
Telas
O projeto Curta nas
Telas é fruto de convênio entre a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, o
Sindicato das Empresas Exibidoras do Rio Grande do Sul e a Associação
Profissional dos Técnicos Cinematográficos do Rio Grande do Sul e Brasileira de
Documentaristas (APTC – ABD/RS). Seu objetivo é divulgar a produção nacional de
curtas-metragens, por meio da exibição dos filmes selecionados no circuito de cinemas
de Porto Alegre. Em 38 edições foram exibidos 269 curtas de todo o Brasil.
Os próximos
selecionados na 39ª edição do Curta nas Telas a entrar em cartaz serão:
MÁSCARA NEGRA, de
Rene Brasil – 15 a 28 de fevereiro de 2013, no GNC Moinhos.
A CIDADE, de Liliana
Sulzbach – 1º a 14 de março de 2013, no Espaço Itaú de Cinema.

Cine Dica: Em DVD e Blu-Ray: ATIVIDADE PARANORMAL 4

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
Cine Dica: Em Cartaz: OS MISERÁVEIS
Sinopse: Adaptação de
musical da Broadway, que por sua vez foi inspirado em clássica obra do escritor
Victor Hugo. A história se passa em plena Revolução Francesa do século XIX.
Jean Valjean (Hugh Jackman) rouba um pão para alimentar a irmã mais nova e
acaba sendo preso por isso. Solto tempos depois, ele tentará recomeçar sua vida
e se redimir. Ao mesmo tempo em que tenta fugir da perseguição do inspetor
Javert (Russell Crowe).
De
vez em outra, o gênero musical volta com tanta força, que parece que haverá uma
nova leva de filmes musicais no cinema, o que não acontece na verdade. O que
talvez tranque a retomada por completo seja o preconceito de certa parte do
publico, que não vê sentido algum dos personagens cantando em determinada parte
do filme. Ora, isso é cinema, cinema é magia e, portanto pode-se facilmente se
quebrar essa realidade “pé no chão” que tanto o publico de hoje gosta, para embarcar
numa historia mágica, no qual os personagens, mesmo no momento mais angustiante
de suas vidas, comecem a cantar.
Os
Miseráveis é mais do que um musical, é
um verdadeiro super espetáculo do começo ao fim, em que já no inicio temos uma
vaga idéia do estará por vir. Baseado mais na peça musical da Broadway, do que do livro clássico
de Victor Hugo, acompanhamos a cruzada de Jean Valjean (Hugh Jackman) na sua
busca de paz e redenção, depois de ficar vários anos preso injustamente, mas em
seu encalço estará o implacável inspetor Javert (Russel Crowe), que não medira
esforços para capturá-lo. Nestes primeiros minutos de projeção, temos o maior
acerto e o maior erro na escolha do elenco: Hugh Jackman se entrega de corpo e
alma para incorporar o protagonista Jean Valiean, onde ele consegue transmitir
a cada momento todo o desejo em buscar uma paz interior e ao mesmo tempo sempre
seguir uma linha reta para o caminho da luz. Já não é a mesma coisa com relação
a Russell Crowe, que não consegue passar a persistência, teimosia e tão pouco a
justiça cega que carrega o inspetor Javert. Para piorar, Crowe mostra que não
nasceu para cantar, pois chegamos até mesmo a nos contorcer quando ouvimos o
ator soltando a voz.
Mas se por um lado temos
esse passo em falso, por outro testemunhamos mais escolhas certeiras e Anne Hathaway é uma
delas. Embora a sua Fantine apareça pouco em cena, é mais do que suficiente
para Hathaway colocar o filme no seu bolso, já que sua interpretação é
assombrosa, onde ela passa o verdadeiro peso do mundo em que a sua personagem sente
nas costas. A cena em que ela canta e desaba em lagrimas (numa das melhores canções
do filme) é digna de levar vários prêmios e o diretor Tom Hooper (O Discurso do
Rei), foi habilidoso em criar esse incrível momento numa seqüência sem cortes,
onde vemos a atriz nos brindar com um dos melhores momentos de sua carreira.
Mas por mais que desejamos que ela continuasse em cena, a trama precisa seguir
novos rumos e é ai que o filme se torna um tanto que irregular, principalmente
quando entra em cena o casal de trambiqueiros vividos por Helena Bonham Carter
e Sacha Baron Cohen, que são tutores da filha de Fantine. Embora eles cumpram
com louvor os momentos cômicos da trama, tem-se a impressão de que eles saíram de
outro filme e embarcaram aqui como penetras. Principalmente Bonham Carter, na
qual a sua personagem lembra por demais a sua outra encarnação em Sweeney Todd
- O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet.
Após isso tudo, o
filme embarca em sua segunda parte, no qual a Revolução Francesa do século XIX
se torna a alma dominante. Se por um lado esse fato histórico pouco nos
interessa, por outro, o publico já está mais do que fisgado pelos protagonistas
e pela sua riquíssima reconstituição de época, onde edição arte, fotografia e
trilha falam por si. Surpreendentemente, embora o filme chegue perto da casa de
três horas de projeção, uma vez que o publico é conquistado, não sente nenhum
pouco de cansaço, principalmente com a montagem rápida, no qual sempre da à sensação
de que algo está acontecendo a todo o momento (embora as cenas inclinadas tenham
me incomodado um pouco até o final). Em meio a todas essas inúmeras sub-tramas,
todos os personagens (sejam eles grandes ou pequenos), irão se colidir no ato
final da historia e selará o destino de cada um deles. Embora o romance açucarado
dos personagens Cosette (Amanda Seyfried) e Marius (Eddie Redmayne) seja um
tanto que forçado demais, ele é essencial para colocar um ponto final na busca
de redenção do personagem Jean Valjean.
Embora a trama se
encaminhe para algo previsível, somos todos compensados por minutos finais
grandiosos, no qual Hugh Jackman brilha
como ninguém e o filme se encerra da maneira como começou, de uma forma
espetacularmente grandiosa e que nos faz até mesmo nos esquecer de alguns
momentos que ficaram aquém do esperado. Com o resultado mais do que positivo, não
me admiraria que alguns dos envolvidos puder futuramente embarcar em mais um
filme musical que é baseado num grande clássico. O Corcunda de Notre Dame seria
sem sombra de duvida uma ótima pedida.

Cine Curiosidade: ENTREVISTA/MÁRIO ALVES COUTINHO » Literatura em celuloide-João Paulo
Livro reúne entrevistas
com principais especialistas franceses na obra do cineasta Jean-Luc
Godard
João
Paulo
Estado
de Minas: 02/02/2013
O crítico, ensaísta e tradutor
Mário Alves Coutinho sempre teve uma relação intensa com o cinema de Jean-Luc
Godard. Das sessões de filmes e debates no Centro de Estudos Cinematográficos
(CEC) à pesquisa detida da obra do cineasta, que resultou em doutorado defendido
na França e no livro Escrever com a câmera: a literatura cinematográfica de
Jean-Luc Godard, a trajetória de Godard ocupou muitos anos da atenção do
crítico. O livro que Coutinho está lançando pela Editora Crisálidas é mais uma
etapa nesse percurso sem fim. Godard, cinema, literatura reúne entrevistas com
nomes de ponta da crítica e da pesquisa acadêmica sobre a obra do cineasta
franco-suíço. O tema que constitui o núcleo dos debates é a relação de Godard
com a literatura. Não se trata de uma pesquisa do uso da ficção e das
narrativas literárias nos filmes do cineasta, mas da forma como, por meio de
elementos cinematográficos, linguísticos e retóricos, Godard faz literatura e,
mais especificamente, poesia com a câmera.
Mário Alves Coutinho colheu consensos e polêmicas em diálogos com
especialistas, quase todos autores de livros canônicos sobre Godard. A partir
de um roteiro prévio ele se abre a outras questões, de acordo com o perfil do
entrevistado. O resultado é um livro que se acompanha como a uma boa conversa,
que vai ganhando consistência à medida que o leitor vai se assenhorando dos
temas e da linguagem dos críticos.
Além de Godard, cinema e literatura, as conversas de Coutinho com seus
interlocutores atravessam outros temas, como a crítica de filmes e o jornalismo
cultural, emergindo daí um retrato sociológico sobre as publicações francesas
do período da Nouvelle Vague e dos Cahiers du Cinéma. Não faltam observações
finas sobre intelectuais como Lévi-Strauss e Jean Cocteau, que ampliam o
espectro do tema central do livro. Os entrevistados foram Jacques Aumont,
Phillipe Dubois, Alain Bergala, Michel Marie, Jean Douchet, Jean-Louis Leutrat,
Jean-Michel Frodon, Marie-Thérèse Journot, Francis Ramirez, Jean Collet e
Marie-Claire Ropars-Wuilleurmier. Confira a seguir trechos da entrevista de
Mário Alves Coutinho ao Pensar.
O livro é resultado de suas pesquisas sobre a presença da literatura na obra
de Godard. Como chegou aos nomes escolhidos para os diálogos?
O critério para escolher os entrevistados foi simples: competência no tema que
eu queria abordar, que era exatamente a presença ou não da literatura na obra
cinematográfica de Jean-Luc Godard. Ele é autor de vários livros: roteiros dos
seus filmes, críticas de cinema, entrevistas, os textos de Histórias do cinema,
que editou em quatro volumes pela Galimard; mas eu queria examinar a literatura
nos seus filmes, e não nos seus livros. Quase todos os entrevistados escreveram
livros sobre Godard – desde Jean Collet, que publicou o primeiro da extensa
bibliografia godardiana, passando por Jacques Aumont e Philippe Dubois, até
Alain Bergala, que escreveu sobre e editou obras do próprio Jean-Luc – ou
então, ensaios importantes sobre sua obra e seus filmes. Francis Ramirez, por
outro lado, era especialista em literatura e Jean Cocteau: ora, é conhecida a
influência especial de Jean Cocteau em Godard. Já Jean-Michel Frodon, por
exemplo, entrevistei-o devido à posição que ocupava: diretor de redação da
revista Cahiers du Cinéma, lugar onde Godard escreveu, e onde conheceu André
Bazin (ninguém passava pela órbita de Bazin impunemente). Além disso, quase
todos eles eram professores na Paris 3, Sorbonne Nouvelle, universidade na qual
fiz minhas pesquisas, e onde segui alguns cursos.
Quais as principais conclusões de seu trabalho sobre a relação entre a
literatura e o cinema em Jean-Luc Godard?
Que Godard teve o desejo de fazer literatura primeiro, quando adolescente, mas
que adotou o cinema, talvez por este ser, para sua família (altamente
literária, com contatos diretos com Paul Valéry, André Gide e Rainer Maria
Rilke), uma arte vulgar e interdita. Segundo ele, tentou escrever um romance,
antes de dirigir qualquer filme, mas não passou da primeira frase. A literatura
que ele quis publicar na Galimard, ele a imprimiu no celuloide. Além disso, com
a minha tese de doutorado e meus livros Escrever com a câmera: a literatura
cinematográfica de Jean-Luc Godard e agora Godard, cinema, literatura, cheguei
a algumas outras conclusões, que venho confirmando, estendendo e escrevendo em
trabalhos posteriores: realmente existe um cinema moderno que faz literatura e
poesia através das imagens e das palavras, e cujo exemplo mais radical (mas não
o único) é Jean-Luc Godard. Outros exemplos, até mesmo óbvios: grande parte da
Nouvelle Vague, Michelangelo Antonioni, Ingmar Bergman, Jean-Marie Straub e
Danielle Huillet, Abbas Kiarostami, Satyajit Ray...
Esse tema tem ressonância no cinema brasileiro? Que cineastas você destacaria
como participantes dessa tradição?
Apresentei um trabalho em outubro, no Memorial da América Latina, em São Paulo,
exatamente sobre como se faz literatura no cinema brasileiro. Vou me ater a
alguns poucos nomes. Glauber Rocha fez literatura no cinema, e da maior
qualidade. Como? Não estou me referindo ao seu romance, Riverão Sussuarana,
lançado em 1977, pela Record, enquanto ele ainda estava vivo. Nem ao seu livro
Poemas eskolhydos, póstumo, editado pela Alhambra, em 1989. Estou me referindo
a Deus e o diabo na terra do sol, esta suntuosa ópera poética. Desde a concepção
até a efetiva realização do filme, Deus e o diabo transpira literatura, em
todas as sequências, em todos os planos, em todas as cenas, em todos os
detalhes. A começar pelos diálogos, que são uma verdadeira partitura verbal,
com a fala cadenciada, ritmada quase no metrônomo, de todos seus personagens e
com a música das palavras tudo comandando: podemos falar de uma dicção
abertamente poética. Nelson Pereira dos Santos foi mais convencional, mas não
menos genial: simplesmente adaptou, com a mesma qualidade, a obra-prima de
Graciliano Ramos, Vidas secas. Luis Rosemberg tem uma obra que também é escrita
com a câmera: Crônica de um industrial, e mais recentemente, O discurso das
imagens, Desertos e As últimas imagens de Tebas são filmes soberbos, poesia escrita
com palavras e imagens. Um outro que atua nesta área é Ricardo Miranda: seu
Djalioh, baseado numa novela juvenil de ninguém menos do que Gustave Flaubert,
é o que todas as adaptações deveriam ser e raramente são: tão inteligente,
sutil e criativa como a própria obra literária. Ricardo Miranda está
prometendo, aliás, um outro filme, baseado noutra novela juvenil de
Flaubert.
Por que, em sua avaliação, não temos hoje revistas e centros de estudos de
destaque na crítica cinematográfica, como em outros momentos relativamente
recentes da cultura brasileira?
Editar revistas e manter centros de estudos na crítica cinematográfica nunca
foi uma tarefa fácil, mas um esforço de poucos e abnegados produtores
culturais. Como por exemplo a Revista de Cinema e o CEC, Centro de Estudos
Cinematográficos de Minas Gerais, que sempre tiveram períodos difíceis, quando
as suas atividades tinham que ser paralisadas, por falta de dinheiro e
condições mínimas. Pode-se dizer, por isso mesmo, que nenhuma dessas atividades
teve uma história de vida sem problemas: sempre teve uma fase em que elas
estavam fechadas. Não sei se isto é exatamente positivo, mas tudo agora passa
pelo computador: filmes que nunca veríamos nas telas, ou então muito
dificilmente, estão a um toque de dedo na internet. Igualmente, inúmeras
revistas e jornais virtuais (do mundo inteiro, em várias línguas), com crítica
e ensaios de cinema, podem ser acessados por qualquer um, a nenhum custo. Isso,
por um lado, é muito positivo. Por outro lado, o debate presencial e o filme de
celuloide na tela do cinema são uma experiência insubstituível. O ideal era
contar com todas estas maneiras de ver, discutir, ensinar e aprender
cinema.
É possível, hoje, com as pressões da indústria e da mídia, fazer poesia no
cinema? Que autores você destacaria como herdeiros de Godard, na Europa, nos
EUA e no Brasil?
É plenamente possível. A indústria em geral e a indústria cinematográfica em
particular sempre existiram, assim como as pressões para a estandardização de
todos os produtos e produções. A indústria é necessariamente assim... O que não
impediu que sempre existissem poetas e poesia no cinema, desde os seus começos.
Basta lembrar os inventores do cinema, os irmãos Lumière, seguidos de perto por
Georges Méliès... Neste ponto sou dogmático: basta haver desejo, competência e
coragem, e teremos poesia, em qualquer circunstância, mesmo na mais
desfavorável. Aliás, diria que os tempos sombrios são os que mais precisam de
poesia, e talvez por isso mesmo, os que mais a produzem. Quanto aos cineastas
que fazem (ou fizeram, recentemente) um cinema digno de Jean-Luc Godard, eu
diria que são Jean-Marie Straub, Theodoros Angelopoulos, Béla Tarr, Jacques
Rivette, Wim Wenders (Europa), Jim Jarmusch, Terence Malick, Woody Allen
(Estados Unidos), Luís Rosemberg, Ricardo Miranda, Julio Bressane, Andrea
Tonacci, Geraldo Veloso, Nelson Pereira dos Santos (Brasil).
Você concorda que os novos cineastas parecem ter muita cultura visual, mas
não o mesmo potencial em termos filosóficos e literários dos artistas de linha
godardiana?
Quando me lembro do cinema de Tarantino e de Spielberg, tendo a concordar com
você: um conhecimento muito grande do cinema e um brilhantismo visual inegável,
mas ao mesmo tempo um pensamento muito raso, para dizer o mínimo. O cinema, as
imagens e o visual somente não bastam, e isto está sendo dito por alguém que já
foi crítico de cinema por muitos anos e que sempre amou um certo cinema
americano (Nicholas Ray, Vidor, Samuel Fuller, Walsh, Preminger), que foi
descrito predominantemente como um cinema de imagens, o que não era muito
correto: Fuller, por exemplo, era escritor e jornalista, e levou esta
capacidade para seus filmes...
O mundo está precisando dos filmes de Godard?
O mundo sempre precisou dos filmes de Godard: altamente inventivo, formalmente,
ele foi aquele cineasta que sempre falou da atualidade, fazendo sempre
reportagens etnográficas altamente filosóficas e sofisticadas, não só
analisando e mostrando os temas mais relevantes de cada momento que viveu e
vive, mas muitas vezes antecipando-os. Os melhores exemplos são A chinesa e
Week-End à francesa: realizados em 1967, eles antecipavam, com exatidão
inacreditável, o que seria o Maio de 68 na França. Além do mais, por definição,
ele é um poeta, e os poetas, como disse Ezra Pound, são as antenas da raça.
Finalmente, eles são ao mesmo tempo inexplicáveis (por mais explicações que
tenhamos sobre suas obras) e insubstituíveis: suas obras sempre pressupõem a
liberdade, a participação e a interpretação do público. Talvez seja este,
finalmente, o grande segredo de Jean-Luc Godard.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013
Cine Dicas: Estreias no final de semana (01/02/13)
Começamos como o mês de fevereiro com boas estréias no cinema. Na verdade ocorreram tantas estréias boas que fica até difícil assistir todas, mas sempre quando der, escrevo por aqui para dizer o que achei de cada um dos filmes. Destas estréias desse final de semana, quem lidera é Os Miseráveis, filme que prova que o gênero musical ainda tem espaço no cinema, mas o genial O Lado Bom da vida também não fica muito atrás e se torna uma ótima pedida também. Confiram todas as estréias.
Os Miseráveis
Sinopse: Adaptação de musical da Broadway, que por sua
vez foi inspirado em clássica obra do escritor Victor Hugo. A história se passa
em plena Revolução Francesa do século XIX. Jean Valjean (Hugh Jackman) rouba um
pão para alimentar a irmã mais nova e acaba sendo preso por isso. Solto tempos
depois, ele tentará recomeçar sua vida e se redimir. Ao mesmo tempo em que
tenta fugir da perseguição do inspetor Javert (Russell Crowe).
O Lado Bom da Vida
Sinopse: Por conta de
algumas atitudes erradas que deixaram as pessoas de seu trabalho assustadas,
Pat Solitano Jr. (Bradley Cooper) perdeu quase tudo na vida: sua casa, o
emprego e o casamento. Depois de passar um tempo internado em um sanatório, ele
acaba saindo de lá para voltar a morar com os pais. Decidido a reconstruir sua
vida, ele acredita ser possível passar por cima de todos os problemas do
passado recente e até reconquistar a ex-esposa. Embora seu temperamento ainda
inspire cuidados, um casal amigo o convida para jantar e nesta noite ele
conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), uma mulher também problemática que poderá
provocar mudanças significativas em seus planos futuros.
Caça aos Gângsteres
Sinopse: Los Angeles,
final da década de 1940. Mickey Cohen (Sean Penn) é um dos líderes da máfia do
Brooklyn. Quando ele decide expandir suas atividades pelo oeste dos Estados
Unidos, um grupo especial da polícia, o Gangster Squad, é encarregado de
capturá-lo. O filme conta com Sean Penn, Ryan Gosling, Josh Brolin, Emma Stone,
Nick Nolte, e Giovanni Ribisi nos papéis principais.
Jorge Mautner - O
Filho do Holocausto
Sinopse: O
documentário O Filho do Holocausto traz à luz a vida e obra de Jorge Mautner.
Filho de refugiados europeus (um judeu austríaco e uma católica iugoslava), ele
aprendeu apenas três acordes e realizou uma importante obra, que transcendeu o
campo musical e foi reverenciada por importantes nomes da cultura nacional,
como Gilberto Gil e Caetano Veloso.
Inatividade
Paranormal
Sinopse: Esta comédia
pretende parodiar os filmes de terror em estilo "found-footage", ou
seja, aqueles que usam imagens supostamente reais, com estilo amador, para
criar impressão de realidade. A saga Atividade Paranormal é o principal filme
parodiado, mas Filha do Mal, O Último Exorcismo e outros também são citados.
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Cine Dica: Em Cartaz: O ULTIMO DESAFIO
Sinopse: Após cair em
desgraça em Los Angeles devido a uma operação fracassada, Ray Owens (Arnold
Schwarzenegger) parte para o interior e assume a posição de xerife em uma
pequena cidade na fronteira dos Estados Unidos com o México. O que ele não
esperava era que um poderoso chefão das drogas, que escapou recentemente da
prisão, quisesse cruzar a fronteira exatamente na cidade onde trabalha. Para
enfrentá-lo Ray precisa reunir todo o pessoal que tem à disposição.
Após
o encerramento de sua vida política, Arnold Schwarzenegger começou a retornar gradualmente ao gênero
que o consagrou no cinema, que é ação e aventura, mas claro que só conseguiu
graças ao seu amigo de longa data Stallone, que com os seus filmes Os Mercenários,
provou que esses dinossauros do cinema oitentista ainda tinham o seu lugar ao sol.
Não que Arnold
esconda a sua idade, longe disso, pois no final das contas ele até brinca com
isso durante a trama desta produção, mas prova que ainda consegue segurar o
tranco, mas não quer dizer sozinho. Diferente do passado, neste filme Arnold
divide as atenções com inúmeras caras conhecidas, que dentre elas está o nosso
Rodrigo Santoro, que interpreta um ex soldado do Iraque brigão e que mesmo em
pouco tempo em cena, acaba roubando a atenção do espectador e provando que esta
cada vez mais a vontade em território do cinemão americano.
A
trama em si não tem nenhuma originalidade, sendo que não é nenhum pouco
diferente do que nos já vimos em filmes anteriores do gênero, mas pelo menos
ela possui certo charme no modo em que a câmera desfila para apresentar certas
cenas de ação bem boas. Isso se deve é claro ao ótimo diretor coreano Kim Jee-woon, que chamou atenção em Os Invencíveis, filme prestava homenagem ao gênero
faroeste e que não é a toa que O Ultimo Desafio possua alguns elementos também
desse gênero.
O ato final da trama
nos entrega inúmeras seqüências de ação, onde o diretor não tira o pé do freio
em termos e sangue e violência, sendo alias elementos cada vez mais ausentes nestes
tempos de politicamente correto, mas que talvez ainda tenha o seu publico que
possa agradar.
Ainda é cedo afirmar
se o bom e velho exterminador irá manter o pique e prosseguir no cinema, mas se
continuar andando ainda nessa linha reta, acredito que o veremos novamente,
mesmo em filmes como esse cuja a proposta seja somente nos divertir em menos de
duas horas.

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